So Let The Games Begin. escrita por Anne


Capítulo 3
Colheita.


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu peguei algumas partes do livro Jogos Vorazes, pra no caso de alguém ainda não ter lido poder entender tudo.



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Não me contenho e assim que fecho a porta caio no chão, e começo a chorar. Isso tudo é tão injusto. Comigo e com todos nós. Ninguém tem culpa de uma guerra que aconteceu a mais de setenta anos. Eu não tenho culpa de ser filha do prefeito e de meu nome não estar lá. Bom, ninguém sabe, mas muita gente só me odeia só pelo fato de eu não precisar de tésseras para sobreviver, e meu nome estar lá poucas vezes. Isso já seria ruim o suficiente, mas não está nenhuma vez. Nenhuma. E eu não aguento mais isso.

Eu não aguento mais as pessoas me vendo como a filha mimada do prefeito. A que nunca teve que lutar para sobreviver. A que não trabalha. A inocente, a doce, a fora da realidade do mundo. Eu estou bem dentro da realidade. Eu sei o que está acontecendo e eu não estou fora desse sofrimento alheio. Não é porque não passo fome que não tenho problemas, eles deveriam saber disso. Não é porque não tenho chances de ir pros jogos que não odeio a Capital e tudo que fazem com as pessoas. Eu não sou uma garota inocente e inofensiva. Não. E eles precisam saber disso. Todo mundo precisa saber disso, e eles vão. Hoje. 

Olho para o ponteiro no relógio, que marca quinze pras duas. Em quinze minutos eles irão saber quem sou eu de verdade. Em quinze minutos, todo o esforço do meu pai para me manter longe dos jogos não terá mais valido a pena. Tenho que me preparar pra isso. Tenho que criar coragem. E eu vou.

(...)

Então as duas, eu e meu pai nos dirigimos a praça. Comparecer é obrigatório a não ser que você esteja quase morrendo. De noite, oficiais irão verificar se é verdade. Caso contrário...

A praça está rodeada das mesmas bandeiras brilhantes penduradas nas construções de todos os anos. Um grupo de câmeras, empoleiradas no telhado. 

Pessoas andam em fila silenciosamente e assinam. Me dirijo até a fila como todos os anos, para fingir que meu nome vai estar ali. A moça cujo nome está escrito no crachá, Haven, espeta meu dedo para retirar um pouco de sangue, e assim que ela o faz, vou para a fila onde estão todos os jovens.

Os nossos familiares se enfileiram ao redor do perímetro, segurando apertado a mão um do outro. Mas existem outros, também, que não tem ninguém que eles amam em perigo, ou que não se importam mais, ou deslizam pela multidão, fazendo apostas nas duas crianças cujos nomes serão puxados. As apostas são feitas pela idade, se eles são da Costura ou comerciantes, se terão um ataque e chorarão. 

E assim que todos os nomes foram colocados dentro dos dois globos de vidro em cima do palco temporário que é colocado em frente ao Edifício da Justiça, posso observar três cadeiras. Em duas das três cadeiras está o meu pai, Prefeito Undersee, e Effie Trinket, escolta do Distrito 12, vem da Capital com seu assustador sorriso branco, cabelo rosa e terno verde de primavera. Eles cochicham um para o outro e então olham com interesse o assento vazio. 

Então meu pai começa a ler, o mesmo discurso de todos os anos. 

Ele fala da história de Panem, o país que se levantou das cinzas de um lugar que já foi chamado de América do Norte. Ele lista os desastres, as secas, as tempestades, os incêndios, as invasões dos mares que engoliu muita terra, a guerra brutal pelo pequeno alimento restante.

O resultado foi Panem, uma iluminada Capital rodeada por treze distritos, que trouxe paz e prosperidade para os cidadãos. Então veio os Dias Negros, a revolta dos distritos contra a Capital. Doze foram derrotados, o décimo terceiro obliterado. O Tratado de Traição nos deu novas leis para garantir a paz e, como nosso lembrete anual de que os Dias Negros nunca deveriam ser repedidos, deu-nos os Jogos Vorazes.

As regras dos Jogos Vorazes são simples. Como punição pela revolta, cada um dos doze distritos devem providenciar uma garota e um garoto, chamados tributos, para participar. Os vinte e quatro tributos serão aprisionados numa vasta arena ao ar livre que pode conter qualquer coisa, de um deserto ardente a uma devastação congelada. Pelo período de poucas semanas, os competidores devem lutar até a morte. O último tributo de pé ganha.

Tirando as crianças dos nossos distritos, forçando-as a matar um ao outro enquanto eles assistem – essa é a hora da Capital de nos lembrar como estamos totalmente a mercê deles. Quão pequena chance nos teríamos de sobreviver a outra rebelião.

E a Capital nos obriga a tratar os Jogos Vorazes como uma festa, um evento desportivo que coloca cada distrito contra os outros. O último tributo vivo recebe uma vida de tranquilidade de volta para casa. E seu distrito terá uma chuva de prêmios, consistindo largamente de comida. Todo ano, a Capital mostrará ao distrito vencedor presentes como grãos e óleo e mesmo delicadezas como açúcar enquanto o resto de nós batalha contra a fome. 

Então ele lê uma lista de antigos vitoriosos do Distrito 12. Em setenta e quatro anos, nós tivemos exatamente dois. Apenas um ainda está vivo. Haymitch Abernathy, e nesse exato momento ele aparece gritando algo ininteligível, cambaleia para o palco, e cai na terceira cadeira. Ele está bêbado. Muito bêbado. Como de costume. A multidão responde com aplausos simbólicos, mas ele está confuso e tenta dar em Effie Trinket um grande abraço, ao qual ela mal consegue defender-se.

Então é a vez de Effie dar seu brilhante discurso de sempre. 

— Bem vindos, bem vindos. Sejam todos bem vindos! Feliz Jogos Vorazes! E que a sorte esteja sempre ao seu favor! Chegou a hora de selecionarmos um corajoso homem e uma corajosa mulher, para a honra de representar o Distrito 12 para a 74ª edição dos Jogos Vorazes anuais.

É a hora do sorteio. E antes que ela pudesse escolher um nome, eu já devia ter me voluntariado. Mas não consigo, me falta coragem. É muita coisa pra enfrentar. Eu com certeza vou morrer naqueles jogos. Mas preciso, não importa se eu morrer ou não, aliás o que se tem nos Distritos não é lá o que se pode se chamar de vida. Antes que eu possa dizer algo, Effie Trinket diz como ela sempre faz:

— Damas primeiro.

Ela cruza o globo de vidro com os nomes das garotas. Empurra a sua mão fundo no globo, e puxa pra fora uma tira de papel.

— Katniss Everdeen!

Olho ao meu redor tentando encontrar Katniss, mas a única coisa que meus olhos conseguem ver, e que eu consigo ouvir, é Prim, a irmãzinha dela, gritando desesperadamente. E então eu sei que é a hora. 

 Katniss, não, Katniss!

— Sou voluntária como tributo.

Então nada mais ouço em relação a Prim, que se acalma. Só comentários surpresos vindos por toda parte. Quem diria, a mimada Madge, indo para os jogos. Quem diria. Nem mesma eu. Nesse exato momento meu corpo estremece, e caminho em direção ao palco.

— NÃO! ELA NÃO! MADGE, POR QUE ESTÁ FAZENDO ISSO CONSIGO MESMA?


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Notas finais do capítulo

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