O resto da semana não foi tão fácil como todo mundo esperava. Katherine, Damon e Elena não tinham embora de Nova Orleans. Segundo eles, tudo o que tinha acontecido anteriormente teria uma grande volta. Mas no fundo Caroline sabia que Katherine só continuava lá por uma razão: Elijah. Era impossível alguém não perceber o quanto Katherine estava apaixonada pelo Original, mas esse não estava raciocinando muito bem. Ele ia e voltava da rua com a boca cheia de sangue como se quisesse se encher de sangue e esquecer o que tinha acontecido com a irmã. Porém não era tão fácil assim. Elena fez de tudo para falar com Bonnie, pedindo que ela ajudasse a encontrar um jeito de trazer Rebekah de volta dos mortos, mas já era muito tarde para isso.

   Já Elena não ia embora por dois motivos: tinha que ficar perto de sua amiga Caroline e ficar de olho em Katherine. Ela nunca se esqueceria do que a Petrova tinha feito com o seu irmão e com ela. Elena apenas disfarça sua raiva enquanto ficava conversando com Damon ou com Caroline.

   A semana também não estava muito fácil para a loira. Klaus sumia de tempos em tempos e voltava apenas para confirmar que a irmã estava mesmo morta. Ele ainda não conseguia acreditar naquilo tudo. Era muito para a sua cabeça. Perdeu todos os irmãos que tinha, menos Elijah, mas perder Rebekah foi como tirar um pedaço do seu coração. Ela foi a pessoa com quem Klaus passou mais tempo e em quem mais confiou. Agora ela estava morta graças a um imortal que queria estragar a vida de todos. Klaus odiava Silas mais do que tudo. Esteve atrás das pistas deixadas por ele por quase toda semana. Tinha se esquecido do mundo onde habitava. Ele só estava atrás de uma vingança.

   – Caroline? – Klaus a chamou enquanto entrava no apartamento.

   O ar estava gélido e a maioria das janelas estavam abertas a algum tempo. Klaus olhou ao redor do apartamento tentando sentir alguma presença ali, mas não tinha ninguém. Apenas o ar gelado e uma atmosfera solitária. Klaus começo entrar em desespero. Caroline não estava no apartamento deles e Silas estava por ai matando vampiros. Se ele tivesse pegado sua Caroline... Não, Klaus pensou enquanto andava em direção ao quarto que eles dividiam.

   Seu coração se apertou e parou de bater quando viu que a cama estava arrumada perfeitamente e as portas do guarda-roupa abertas, mostrando que as roupas que agora estavam ali eram apenas de Klaus. Caroline não estava ali e nem voltaria para ele. Ela tinha ido embora e aquilo era culpa apenas de duas pessoas: Silas e Klaus. Se Silas não tivesse matado Rebekah, Klaus não estaria como um louco procurando por ele e se esquecido completamente de sua namorada. A mulher que ele tanto demorou pra conquistar agora tinha o abandonado. Então ele se lembrou da noite em que disse para Caroline que ela estava livre.

   Klaus se perguntava onde mais gostava de ficar: nos braços de Caroline ou no meio das pernas dela? Eram lugares muito convidativos e ele sempre sentia o carinho dela em seus cabelos. Ele adorava aquilo e adorava que Caroline fizesse aquilo. Eles estavam completamente nus e Caroline estava com o rosto em no peitoral do híbrido enquanto passava as pontas dos dedos nos bíceps dele lentamente. Klaus se arrepiava quase toda hora e um sorriso não saia de seu rosto. Então ele se lembrou da razão de Caroline ainda estar com ele. Tinha hipnotizado Caroline a ficar com ele. Ele olhou para o monte de cabelos loiros e passou a mão neles enquanto falava:

   – Sweet, acho que tenho que lhe falar uma coisa.

   – Sim? – Caroline aguardou enquanto continuava as carícias no braço de Klaus.

   Klaus puxou o rosto de Caroline delicadamente para cima e olhou nos olhos dela. Ele se lembrou de todos os momentos que havia passado perto de Caroline, brigando ou não. Klaus certamente amava essa loira mais do que amou alguém na vida.

   – Você está livre para parti se quiser. Não quero que você fique comigo porque eu estou forçando você a isso. – ele disse enquanto passado os dedos pelos lábios dela.

   – Klaus, acredite, você não está me forçando a nada. Além disso, sua companhia é extremamente agradável agora. – ela sorriu e beijou os lábios dele delicadamente. – Eu não quero ir embora.

   Klaus sentiu o coração bater mais forte naquele momento. Caroline o amava de verdade então. Não apenas manipulação. Ele teve mais certeza ainda que os dois haviam sido feitos um para o outro.

   Uma lágrima rolou pelo rosto de Klaus enquanto ele se sentava na cama ao lado de um bilhete. Ele não estava muito a vontade para ler aquilo, mas talvez ali encontrasse uma solução ou talvez uma razão para explicar porque Caroline tinha ido embora. Klaus ainda não queria acreditar que ela havia partido.

   “Querido Klaus,

   Você terá que me perdoar por deixá-lo assim de repente. Não foi fácil para mim se você está interessado... Eu te amo e você sabe disso, mas eu estou preocupada com você e até onde vai esse seu plano de vingança. Acho que deveríamos agir juntos para acabar com ele, mas você não cooperou comigo quando eu disse isso para você. Vou ignorar o fato de você ter gritado comigo e depois feito amor lentamente enquanto se desculpava. Tudo bem, eu não vou esquecer nós dois fazendo amor. É impossível. Mas não quero mudar o foque desse bilhete. Eu estou voltado para Mystic Falls com Elena e Damon. Estou voltando para a minha mãe e talvez eu até tente uma faculdade. Não estou tirando você da minha vida, apenas... Estou dando um tempo para você pensar. Eu te amo.

Com amor, Caroline.”

   Klaus quis morrer. Ele foi um completo idiota com Caroline e ele havia deixado-o. Como ele pode ser tão estúpido a esse ponto? O híbrido então se lembrou da discussão que havia tido com a amada alguns dias atrás e como eles se afastaram depois disso. Tudo isso por culpa de Silas... Klaus jurou que iria matá-lo de um jeito ou de outro. O odiava mais do que tudo agora. Mas não poderia ir atrás dele sozinho. Caroline estava certa nesse ponto. Ele devia ter lhe escutado.

   Ele pegou o celular do bolso e olhou por alguns segundos o plano de fundo até se apagar. O sorriso de Caroline iluminava ainda mais a tela e o jeito que os olhos dela estavam encarando a câmera, encarando os olhos de Klaus. Ele teve vontade de quebrar o celular só para fazer com que a saudade passasse

   – Caroline, sou eu, Nik. – Klaus ficou sem reação ao falar seu apelido para Caroline. – Ou Klaus. Bom, você sabe. Eu só queria que você me ligasse assim que recebesse essa mensagem. Eu fui um estúpido com você e eu quero em desculpar com você. Eu te amo e nunca queria que você fosse embora. Enfim, me ligue.

   Klaus colocou o casaco preto que tinha tirado e pegou as chaves do carro. Tinha que encontrar Elijah e programar algum plano para matar Silas. Katherine provavelmente estaria com ele e Klaus teria que suprimir todo o sentimento de saudade que aparecesse nele.

   A primeira coisa que a xerife Liz fez ao ver a filha, foi quase sufoca-la em um abraço. Mas isso era tecnicamente impossível porque uma humana nunca teria mais força que uma vampira então... Caroline se sentiu com 5 anos novamente. A xerife não abraçava Caroline assim por muito tempo. Talvez a última vez que elas se abraçaram tão fortemente assim foi quando Caroline acordou no hospital depois de ter sofrido o acidente de carro causado por Tyler. As duas conversaram um pouco e Caroline passava a mão do bolso de trás da calça a cada minuto de silêncio. Elena tinha recolhido o celular da loira para que ela não ligasse para Klaus a cada cinco segundos o que Caroline seria muito capaz de fazer. Seu peito doía de saudades, mas ela era orgulhosa demais para voltar com o híbrido. Tinha que fazê-lo pensar em tudo antes de falar com ele de novo.

   Ao chegar em casa, Caroline se jogou na cama e ficou olhando para o teto enquanto pensamentos e imagens com Klaus apareciam em sua mente. Não era algo novo para ela. Quando Klaus a trancava no quarto, Caroline passava horas pensando nele e algumas coisas para afasta-lo dela. Nunca deu certo esses pensamentos e agora eles estavam juntos, mas separados. Ela queria voltar correndo para Nova Orleans e beijar cada parte da boca de Klaus enquanto passava as mãos sem suas costas macias. Caroline choramingou e escondeu o rosto no travesseiro. Ela tinha que se ocupar com alguma coisa. Então teve uma ideia não muito brilhante, mas a única em que conseguia pensar. Ligou para Elena e pediu para ela lhe encontrar no Grill.

   Ao chegar lá, as duas escolheram dois bancos altos para se sentaram perto do balcão de bebida. Matt tinha recebido a notícia que Rebekah tinha morrido e não estava com uma cara muito boa, mas no fundo Caroline sabia que Matt não era um cara muito fácil de apaixonar. O coração dele ainda não tinha sido completamente de Rebekah quando ele morreu então ele se superaria mais fácil que algumas pessoas. Antes de começar a pensar em Klaus novamente, Caroline virou vários copos de tequila pura sem se importar com o gosto ruim que a bebida possuía. Não pensaria em Klaus naquela noite.

   Klaus já havia tomado quase uma garrafa interia de uísque sozinho enquanto esperava o celular tocar. Já fazia um bom tempo que tinha deixado a mensagem para Caroline, mas parece que ela não tinha visto. Ou tinha visto e ignorado. Ele suspirou enquanto jogava o celular longe. Por sorte, ele não quebrou, mas rachou a tela fazendo com que o sorriso de Caroline ficasse estranho. Klaus suspirou e guardou o celular no bolso novamente. Tinha que esperar uma ligação de Caroline antes de quebrar o aparelho por completo. O encontro com o irmão Elijah não tinha sido muito fácil. Katherine e o vampiro Original estavam juntos definitivamente e ela nunca parava de passar a mão nas costas de Elijah, o que deixava Klaus desconfortável e estranho. Elijah lhe perguntou sobre Hayley, mas Klaus até tinha esquecido a existência dela nesses dias. O bebê já deveria estar para nascer. Meu filho, Klaus pensou. Klaus não queria filhos com Hayley. Queria filhos com Caroline. Crianças lindas com cabelos loiros brilhantes e olhos claros. Dois ou três. Klaus queria uma família com Caroline.

   Ele olhou para o celular novamente e o sorriso de Caroline ainda estava lá. A saudade apertou no peito e ele não resistiu quando pegou as chaves do carro. Ele tinha programado um caminho agora em sua cabeça. Estava indo para o aeroporto para pegar um avião. Não aguentava mais ficar sem sua Caroline. Mas antes que ele saísse pela porta, Katherine estava parada nela com Elijah atrás dela. A Petrova olhou para as chaves na mão do híbrido e disse:

   – Sinto muito, Klaus. Mas o que você está programando terá que ficar para depois. Achamos uma pista de Hayley.

   Antes que Katherine continuasse sua notícia, o telefone de Klaus tocou e um nome apareceu na tela: Caroline. A loira estava ligando para ele. Finalmente.

   – Caroline? – Klaus atendeu rapidamente.

   – É. Sou eu. Eu só queria ligar para ouvir a sua voz e... – ela parou e pareceu estar soluçando.

   – Sweet, você está bem? – Klaus perguntou preocupado.

   – Não. Eu não estou bem, Klaus. Eu estou terminando com você. Eu não posso mais ficar assim você.

   – Não. Você não está terminando comigo. Você me ama e eu te amo.

   – Você tem razão. Eu não posso terminar com você. Droga. Eu te odeio. Eu me odeio. Eu odeio todo mundo nessa porra de mundo.

   – Você bebeu?

   – Sim.

   – Sweet, vá descansar agora. Eu te amo.

   – Eu também te amo.

   O telefone ficou mudo e Klaus suspirou de alívio. Caroline não estava terminando com ele. Ela só estava bêbada. Ele olhou para o casal na sua frente e fez um gesto com a mão, indicando que eles começassem a dizer o que sabiam. Klaus sentia que seria uma longa noite.