Ao Despertar escrita por httpsdiamandis


Capítulo 18
Resquícios do Passado


Notas iniciais do capítulo

ME DESCULPEM POR FICAR UM ANO (LITERALMENTE) SEM DAR SINAL DE VIDA!!!
Eu não sei se ainda tem algum leitor fora a Lexi (que inclusive tem uma personagem própria aqui na fic que vai ser bem comentada nesse capítulo), mas se tiver saiba que voce merece um premio por aturar todo o meu atraso peço um milhão de desculpas e dou uma boa noticia:
pretendo terminar a fic até o ano que vem ,pois pra mim é ano de vestibular e preciso amarrar essa ponta solta chamada Ao Despertar.
Eu planejava uma segunda parte, porém não sei se vai acontecer. Pensei em, futuramente, fazer um especial contando detalhadamente sobre o passado dos vampiros, lobisomens e das bruxas, o que voces acham? Isso se eu conseguir arranjar criatividade hehe
Enfim, acho que essa nota está grande demais, e finalmente trago a voces o capítulo 18, que contém muitas explicações (e não tem David DE NOVO, mas pretendo colocar ele no próximo)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/366287/chapter/18

Claro que os Underworld insistiram para que eu dormisse em um de seus 20 quartos de hóspedes(não estou exagerando). Aceitei e tentei fazer com que minha mente caminhasse para a inconsciência, mas é claro que isso não aconteceu. Virei na cama a noite inteira, imaginando qual seria a ligação entre mim e Mary Ann Tremaine. Nada parecia fazer sentido. Tudo o que eu precisava naquele instante era dos livros que havia achado no sótão de minha casa. Eles com certeza seriam esclarecedores.Ou pelo menos, eu aprenderia uns feitiços legais como... Sei lá, fazer alguém mudar de cor ou algo que me distraísse de toda a loucura vampiresca em que minha vida se tornara.

Olhei no relógio. Já passara das 3 da manhã. Levantei, mal conseguindo me manter em pé. A luta mais cedo exigira muito de mim. Desde que me tornara vampira, eu nunca me sentira tão fraca. Bem, a não ser pela vez no Halloween em que eu vomitei sangue e fiz coisas nojentas das quais prefiro não lembrar.

As portas enormes de madeira abriram sem nenhum ruído. Caminhei pelo corredor escuro que parecia não ter fim, os pés descalços na mármore fria rumo ás escadas que levavam ao andar de baixo. Eu devo ter demorado quase quinze minutos para achar a cozinha naquela casa imensa. Matthew deu um pulo ao me ver.

–Alguém andou caindo da cama. Ei, quer? – ele ofereceu um copo para mim. Sangue. Sangue fresco e quente.

–San...Mas...Oqu...

–O que foi?

–É sangue fresco – dei dois passos para trás, examinando a cozinha(que provavelmente era do tamanho da minha casa) a procura de algum humano morto e caído no chão, ou talvez um humano embalado no forno.

–E daí? – Matt inclinou a cabeça para o lado, confuso.

–Onde conseguiu?

–Relaxa...Temos nossos meios... Ei toma, você vai se sentir melhor – ele encheu um copo com o resto do sangue que havia em uma garrafa de vidro.

Virei tudo em um gole só, aproveitando a sensação de sangue quente em minha língua. Devo ter tomado mais quatro ou cinco copos até começar a me sentir saciada.

–Qual era o lance entre você e aquela garota, a lobisomem? – perguntei. Estávamos sentados no chão frio da cozinha, talvez na terceira ou quarta garrafa, meio bêbados de tanto sangue.

Matthew de repente hesitou.

–Qual é o problema?

–Ah... Bem...Eu e Lexi tivemos um lance... Há algum tempo – Matt olhou em volta. E foi ai que eu compreendi. Ele estava procurando por testemunhas, provavelmente não queria que os trocentos vampiros novos e bizarros que estavam hospedados na casa soubessem.

–Entendi... E por isso você está bravo com Nathan, não é? Ele queria ir até lá e matar todo mundo – sussurrei, desviando o olhar, culpada. Claro que eu desejava a morte deles tanto quanto Nathan, mas queria entender a perspectiva de Matt.

–É. Ele não entende... Nunca amou ninguém, em todos seus malditos 400 anos como incubus. Tem tempo para uma história? – ele olhou de soslaio para mim.

–Claro – assenti, enchendo os nossos copos com sangue.

– Bem... Eu nasci nos anos 20, não conheci meus pais, pois fui largado na porta de uma mulher, a Rose, quando eu tinha apenas dias de idade... Acontece que ela era uma bruxa, não que meus “pais” soubessem disso. Rose cuidou de mim e tudo mais, só que eu era uma criança esquisita, curiosa, que vivia mexendo aonde não deveria. Ela ficava louca quando eu fuçava nos livros de feitiço dela – Matthew riu, fitando o chão sem realmente ver, lembrando de sua infância. Então, de repente, ele ficou sério. –Até que um dia eu quebrei um espelho, desses de corpo inteiro. Só que não era bem um espelho, não que eu soubesse na época, tinha apenas oito anos. Rose ficou louca, gritando sobre como eu arruinara o destino de Aislin e...

–Espere... Aislin? –arfei. Mas é claaaro que a bruxa doida devia estar no meio da história.

–Sim... Acredito que Liam já deva ter te contado, certo? Bom, décadas após esse incidente com o espelho, eu vim a descobrir, através de Nikolaos, que aquilo não era um espelho, e sim um portal para outra dimensão. Rose planejava tirar Aislin de onde quer que ela estava. E eu arruinara tudo o que os ancestrais de Rose vinham construindo em décadas. Voltando aquele dia, em 1928... A mulher que tinha sido tão carinhosa comigo,a quem eu considerava minha mãe, que havia dado o amor que eu nunca tivera, apesar de todas as travessuras que eu fazia... Ela ficou com tanta raiva da destruição do portal... Que me lançou um feitiço, e assim essas tatuagens surgiram. – Matthew engoliu em seco, um lágrima brotando de seu olho esquerdo.

–Ei, está tudo bem. Bruxas são i-i... idiotas, não são? – gaguejei, renegando minha linhagem. –Não precisa continuar a história se não quiser.

–Não, eu quero – Matthew enxugou a lágrima e virou o copo de sangue de uma vez. –Ela lançou o feitiço da “Solidão Eterna”. Parece algo de um filme de ficção não é? Bem... O próprio nome já diz o que aconteceria comigo. Eu fui expulso de casa e por meses andei pelas ruas de Londres, visto, mas não realmente enxergado. As pessoas passavam por mim e era como se eu não existisse. Até que... Encontrei Alexis. Ela era uma menina de rua, tinha seis anos na época e foi a primeira em quase dez meses que me viu em meio a multidão. Nós então passamos a viver juntos, roubando comida e dormindo em telhados, galpões... Parece triste para você? Bem, era até que legal, viver sempre em perigo sabe? E com o tempo, nós dois passamos a nos amar de verdade. Até que em uma bela noite de lua cheia, Lexi e eu estávamos numa fazenda abandonada nos arredores, comemorando seu aniversário de quinze anos com muita comida roubada... Quando era se transformou em um lobisomem. Deve imaginar o quão assustado eu fiquei. Acontece que estávamos perto demais, se é que me entende, quando isso aconteceu, e eu fui estraçalhado por ela, que, horrorizada, me deixou lá e fugiu, tentando voltar à forma humana, mas sem sucesso. Por sorte, Anne e Liam andavam me vigiando há algum tempo, por causa das tatuagens, e me salvaram há tempo; então tenho 17 anos pra sempre. E quanto à Lexi... Bem, o clã a quem ela pertence hoje também nos sondava, esperando pela transformação dela, e quando isso ocorreu, eles a orientaram e contaram muitas histórias sobre lobisomens, bruxas e vampiros.

Nós voltamos a nos encontrar décadas depois, no fim dos anos 50 e começo dos anos 60, novamente em Londres. Eu era um vampiro razoavelmente maduro, ela um lobisomem controlado. Mesmo com naturezas distintas, que sempre se repelem, nós ainda nos amávamos, e isso significou uma luta que durou bastante tempo entre os Underwold e os Hale. Por fim eu e ela decidimos nos separar, porque juntos éramos como fogo e gasolina... E nunca mais nos vimos. Não até ontem. E agora a história está se repetindo de novo e de novo. Só que dessa vez tem a sua amiga, Tessa. Ela foi a segunda desde o feitiço lançado em mim que viu além do que os outros. Embora eu não comente, gosto muito dela. Só espero que isso não seja nenhuma pegadinha outra vez, porque a última garota que me amou acabou me destruindo graças a esse feitiço estúpido. Ei, por que está me olhando assim Sarah?

–Eu... nem fazia ideia Matt... Pensei que você fosse...

–Um babaca por natureza? – ele riu, mas senti tensão em sua voz.

–Não, er... Pensei que estivesse brincando com Tess, não sabia que era assim tão sério. E quanto a Lexi... Eu tenho todos os motivos do mundo para odiar lobisomens, mas eu realmente te entendo. Sei como é se sentir sozinho no mundo, acredite.

Ficamos em silêncio por alguns minutos.

–Ei, está tudo bem agora, não está? – coloquei a mão em seu braço.

–Eu achei que sim. Mas ver Alexis de novo... Ah droga, isso mexeu comigo. Eu realmente queria que Nathan fosse lá com aqueles vampiros que ele arrumou sabe-se lá de onde e matasse todos aqueles malditos lobisomens... Mas eu não posso deixar, Sarah. Eu ainda amo Lexi. E por motivos óbvios nós não podemos ficar juntos. Somos inimigos mortais.

Então me senti uma estranha, sabendo daquilo tudo de uma vez só. Ou Matt realmente confiava em mim, ou ele estava tremendamente desesperado. Ou só bêbado de sangue.

–Sei o que você deve estar pensando “o que eu tenho a ver com isso”? – Matthew disse, como se lesse meus pensamentos. – Bem... Fica... Fica longe de David.

–O quê? – minha voz subiu três oitavas.

–Ah quer saber? Esquece. Ele é um cara legal... Foi só... Um pressentimento. Ah, deixa pra lá. Tem mais sangue na geladeira, se você quiser. Boa noite – ele se atrapalhou e então saiu da cozinha.

Sozinha naquela cozinha enorme e escura, tentei interpretar o que Matt havia dito. Isso somado ao sonho que eu havia tido há dias atrás... Seria David um lobisomem? Ah droga, claro que não. Mitchell com certeza tinha virado um. Mas não David. O meu David, não.

Suspirei e dei meia volta em direção ao quarto. Hesitei ao passar pela porta do quarto de Liam, intimidada por Cameron e Henry guardando a porta. Henry assetiu discretamente para mim. Suspirei e então abri as enormes portas de madeira.

Mal pude acreditar no que tinham feito com Liam. Ele dormia na enorme cama, e correntes grossas estavam amarradas aos seus pés e mãos, ligadas ao chão, uma ‘reforma’ de última hora no quarto. Eu estava prestes á dar meia volta e gritar com Cameron e Henry, obrigá-los a soltar Liam, quando finalmente entendi. Liam não poderia ficar solto porque ele provavelmente causaria sua própria morte.

Dei alguns passos em sua direção, decidida a curá-lo, mesmo não sabendo como. E quando estava a um passo da cama, fui interrompida.

–Não pode ficar aqui – uma voz vinda de um dos cantos escuros do quarto me fez pular.

Olhei em volta. Dois dos novos vampiros estavam dos dois lados da cama.Um tinha cabelos negros e curtos e a pele branca feito giz. Enquanto os olhos azuis do outro vampiro pareciam brilhar. Eles eram inumanamente lindos... Ah, merda. Então quer dizer que Nathan não só havia recrutado cerca de 30 vampiros, como havia recrutado 30 incubbus como ele?

Revirei os olhos.

–E quem é que disse que eu não posso ficar aqui? – cruzei os braços.

–Nikolaos Underworld ordenou. Ninguém pode interromper o sono dele –Sr. Olhos Azuis apontou para Liam.

Contei até três, fechei os olhos e amaldiçoei Nathan secretamente por ter trazido aqueles idiotas para Richlands.

–Cameron? Pode por favor pedir para esses... cavalheiros... Se retirarem? -perguntei ao ver os dois guarda-costas entrarem no quarto parecendo querer matar quem quer que estivesse fazendo barulho àquela hora da noite.

–Acho melhor deixarem a senhorita sozinha com Sr. Undeworld – Cameron respondeu de tal modo que eu sairia correndo se fosse uma dos dois vampiros que ali estavam. Claro que eles foram inteligentes o bastante para não contrariá-lo e, em menos de cinco segundos eu estava sozinha no quarto.

Quase corri em direção á cama, me sentando ao lado de Liam.O suor escorria em seu rosto e as sobrancelhas estavam franzidas, provavelmente ele estava tendo mais pesadelos. Na verdade,ele parecia apenas estar com febre, e não prestes a morrer. Suspirei e tirei os fios de cabelo de sua testa. Se ao menos eu conseguisse achar uma cura...

Ele abriu os olhos devagar, sonolento. Sorri, tentando não pensar na cena que havia presenciado horas mais cedo, na sala.

–Desculpe por acordá-lo – minha voz ecoou pelo quarto, e bufei ao ter uma nítida intuição de que não só Cameron e Henry, como os dois incubbus estariam ouvindo nossa conversa.

Liam não disse nada, só gemeu como uma criança e disse estar com frio. Eu o cobri com um cobertor feito de algo que pareceu ser pele de urso de verdade(vai entender...) e tentei pensar em um jeito de curá-lo sem que os caras lá fora entrassem e descobrissem que eu era uma bruxa. Merda, não havia solução. Após ter certeza que Liam estava bem, dei meia volta.

–Mary! Não me deixe sozinho, eu suplico –Liam gritou.

Olhei para trás. Bem, se havia um jeito de saber que doidera era aquela de Mary Ann sei-la-oque, essa hora era agora. E dane-se que tem quatro vampiros ouvindo nossa conversa.

–Tudo bem... Alteza – decidi entrar no jogo e me aproximei, fazendo uma reverência, controlando o riso.

–Sente-se, por favor. Preciso que me explique o que está acontecendo. O que houve com seus cabelos alvos, por que estão negros como as penas de um corvo? E o que são essas marcas em sua bela face?– Liam indagou.

Meu Deus, quando foi que vim parar em um pesadelo medieval?

–Er... É... Isso não vem ao caso agora... Milorde. O que eu gostaria de saber é... O que eu, Mary Ann, represento para... tu? – fiz uma imitação mal feita do linguajar que eu imaginara que a galera da idade media usava. Juntei as mãos de um jeito teatral igual ao que eu vira a atriz que interpretara Guinevere numa peça sobre o Rei Arthur que eu assistira uma vez fazer.

–Ora, minha amada, mas que tipo de pergunta é esta? Tu significas tudo para mim. É minha futura rainha, que me ajudará a governar este reino – Liam sorriu de um jeito doce.

Mordi o lábio. – Não foi isto que eu quis dizer Milorde. Durante... A batalha que deixaste tu nesse estado eu também fui ferida, e... estou com problemas relacionados à minha memória. Eu não me lembro quem sou –dei a pior desculpa da história da humanidade.

Liam franziu o cenho, sem parecer se convencer.

–Bom... Tu és Mary Ann Bruce Tremaine Drummond, princesa da Escócia, da casa de Bruce, filha de David II. –Liam riu –E futura rainha da Inglaterra.

Filha de David II? Não consegui parar de rir da infeliz coincidência.

(N/A: O rei David II da Escócia realmente existiu bem no período que o Liam viveu na minha história e sim, isso foi realmente uma mega coincidência).

Compartilhe da insanidade dele e terá a chave para este mistério. A voz de Aislin sussurrou em minha mente. Me instruindo, me dizendo exatamente o que fazer. Não pude me conter.

Coloquei as mãos no rosto de Liam e me concentrei.

Então, de repente, fui sugada para as profundezas de sua loucura.

*************

Encaro meu rosto no espelho. A linda jovem no espelho se parece comigo, mas não sou eu. Olhos azuis e vivos. Pele branca e frágil. Lábios cheios e bochechas rosadas. Ela poderia ser minha irmã mais velha,talvez com três anos diferença... a não ser pelos cabelos loiros quase brancos e lisos que descem abaixo da cintura. Ela,ou melhor, eu, uso um vestido de veludo azul do exato tom dos meus olhos.Uma tiara de ouro adorna minha cabeça e uso um colar com um “T” pendendo de uma corrente, incrustado de pedras preciosas.

Já vi este colar antes. Tia Juliet tem um colar igual.

Dou as costas para meu reflexo no espelho e atravesso o enorme aposento –que parece ter saído direto de um conto de fadas –em direção às enormes portas de madeiras, que abro num ímpeto e corro pelo corredor de blocos de pedra. Meu vestido se esvoaça durante o processo. Estou em um castelo. Procuro por alguém loucamente, subindo e descendo escadas. Encontro sua mãe no pátio.

–Sinto muito, Mary. Ele não resistiu.

Nós duas no abraçamos pelo o que parece uma eternidade, uma tentando sanar a dor da outra. Meu amado não resistiu à Peste e sucumbiu. Iríamos nos casar em sete dias. A falta que sinto dele dói em meu peito como uma flecha em meu coração.

************

Um mês depois.

Papéis estão espalhados pelo chão de meu aposento. Não consigo acreditar no que descobri. Meu amado não está morto. Segui as pistas deixadas para trás pelo Conde e Condessa de Underworld e agora me deparo com a verdade. O três estão viajando rumo ao Japão. Engulo em seco. As lendas eram verdadeiras. Tudo o que minha mãe, ex-amante de David II e feiticeira da linhagem de Aislin me dissera era verdade.

Vampiros são tão reais quanto nós, bruxas.

Como Liam pôde fazer isto?

Amasso a carta de amor que tenho em minhas mãos. Não se deixa uma Tremaine no altar como ele deixou. Liam I, Rei da Inglaterra, da Casa de Plantageneta, filho de Eduardo II e Isabel de França irá pagar caro por ter se afiliado com vampiros.

***********

Ele está encolhido no chão, em posição fetal, com a coroa entre as mãos, girando-a. Suas mãos tremendo. Finalmente o achei, após semanas e semanas vasculhando os vilarejos pelos quais ele e os malditos vampiros passaram. A cabana na qual se encontra é medíocre e fede a camponeses.

–Como um rei pôde se rebaixar a isto? Eu pensei que tivesse morrido! Tem ideia da dor que causou em sua mãe, em seus irmãos, em seu povo... em mim? E o pior de tudo é que desperdicei meu precioso tempo vindo até aqui ver a verdade. Tu pagarás por isso, Majestade –cuspo as palavras, cega de ódio.

–O que aconteceu, meu amor? Tu costumavas ser tão doce – Liam se levanta, a mágoa estampada em seus olhos.

Ele está diferente de como eu me lembrava. Está mais forte, seus olhos estão mais brilhantes, o cabelo mais sedoso. Tudo nele me atrai como um imã. Não consigo resistir a isso.

Nosso amor é consumado, em meio à lágrimas, raiva e muita paixão, como se só houvéssemos nós dois no mundo. E então, em meio aos lençóis da cama medíocre, Liam sussurra “Quero passar a eternidade com você”.

Ele beija meu pescoço suavemente e logo, meu corpo arde como se eu tivesse sido picada por uma cobra. Grito de dor.

Eu estava certa. O Conde e a Condessa de Underworld o transformaram em um vampiro. E agora ele está tentando me transformar também.

–Você... é um monstro... N-não! – grito entre dentes, com o corpo queimando. Consigo sair da cama e tento me arrastar para fora dali. Mas a dor é insuportável.

–O que está fazendo? – Liam me levanta do chão, me pegando em seus braços.

–Eu sou... uma.... feiticeira, Liam –um grito de dor não me deixa continuar. Liam me encara, horrorizado. –Não vou... t-trair minha linhagem assim... Prefiro morrer a me tornar como você.

Minhas palavras o feriram, e aproveito o momento para pegar sua espada que está encostada na porta e atingir meu coração.

Mal consigo ouvir os gritos de Liam. Sorrio, caminhando em direção à Aislin, à morte, à minha recompensa, por ter me apaixonado por um vampiro.

*********************

Tiro as mãos do rosto de Liam como se tivesse levado um choque. Agora tudo faz sentido. Ele me trouxe de volta à vida quando cai daquela ponte porque eu me parecia com ela. Porque talvez assim ele pensasse que conseguiria se redimir com ela. Mas o que Liam talvez não sabia, era que eu,Sarah Colleman, sou descendente de Mary Ann Tremaine, e cometi o mesmo erro que ela.

Sou uma bruxa que me apaixonei por um vampiro.

Mas, ao contrário dela, eu não sucumbiria assim, tão fácil.

Mesmo que metade de mim estivesse imersa no primeiro amor. Imersa em David, que poderia, ou não, ser um lobisomem.

As semelhanças entre mim e Mary ficariam apenas nas aparências, porque eu, Sarah Colleman, sou forte o bastante para enfrentar meu destino, seja como uma bruxa, uma vampira, ou só uma adolescente, com 16 anos para sempre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Leitores que sobraram, me digam o que vocês esperam dos próximos capítulos?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ao Despertar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.