Road Restaurant. Como cresceu. Não era mais aquele restaurante pequeno e simples da estrada. Era um restaurante enorme e pelo visto, luxuoso. Olhei para todos os lados, as pessoas saíam felizes, o local parecia estar bem cheio. Algumas memórias das pessoas saindo quando esse restaurante não passava de um lugar pequeno e acolhedor e as pessoas sorriam da mesma forma. Sim, ainda havia aquela essência de alegria e familiaridade.

Coloquei meu óculos em cima da cabeça e entrei no restaurante. Havia muita conversa, crianças corriam, as mesas estavam com um forro vermelho e tinha o aspecto de um restaurante fino. Eu estava surpresa com tudo aquilo, mas sorria em meu interior. Imagine como a esposa e os filhos de Tom estão felizes aqui. Sim, esse restaurante será passado de geração a geração. Instintivamente comecei a procurar por Tomas.

- Vamos sentar ali, que tal? - Logan apontou para uma mesa separada por uma pequena parede, de outra mesa.

Assenti brevemente e comecei a caminhar atrás de Logan. Haviam muitos garçons. Lembro que eu e Tomas éramos os garçons e atendentes de sua mãe. Um sorriso brotou em meu rosto e sentei de frente para Logan. Senti que Logan me olhava com bastante curiosidade e também sabia, ao ouvir seus pensamentos, que estava intrigado com o meu jeito. 

Confesso que não sei dizer onde é o banheiro, onde é a porta dos fundos, onde um dia fora nosso quarto. Está tão enorme o local que eu só consigo ver gente. Na mesa há uma florzinha delicada e branca. Toquei nela e me lembrei que a mãe dele sonhava em ter esses tipos de enfeites nas mesas do restaurante um dia. Estaria ela viva e fizera tudo isso acontecer? Participara do inicio dessa construção?

- Boa tarde, sejam bem vindos ao Road Restaurant. Aqui está o cardápio e sintam-se a vontade. 

Olhei para o lado e um garçom dissera aquelas palavras e se fora. Olhei para baixo e vi o cardápio. Não resisti e o alisei. Sua capa era firme e almofadada, do jeito que Tomas disse que faria um dia. Road Restaurant está escrito no centro da capa com uma letra dourada muito bonita. Passei os dedos pela letra e sorri novamente.

- Não vai escolher? - Logan disse, interrompendo meus pensamentos.

- Vou sim - respondi devagar.

- Ok, qual a história desse lugar?

- É uma longa história - eu disse olhando para os lados procurando Tomas.

Abri o cardápio. Era tão lindo, fino e delicado. Sabia o que ia pedir, pediria o sanduíche que a mãe dele mais se orgulhava em ter. O X-Road Bac. Ele tinha um especial com bacon duplicado. Era muito gorduroso e muito pedido pelos viajantes. Logan esticou o braço e o garçom apareceu para nos atender.

- Pois não? - ele chegou sorrindo com a caneta e bloco em mãos.

- Vou querer dois desses super hambúrguers e um refrigerante - disse Logan.

- E a senhora? - ele olhou pra mim.

- Eu... posso te perguntar uma coisa? - aquela pergunta estava entalada em minha garganta, eu precisava saber.

- Claro, senhora.

- Quem é o dono desse restaurante?

- O Sr. King.

- King? - esse eu não conhecia...

- Sim, Tomas King.

Tomas, esse eu conhecia. E então esse era o sobrenome dele. Mas precisava de mais provas antes de deixar meu coração palpitar constantemente.

- Tomas King... ele é filho de Mary King não é? A fundadora de Road Restaurant, quando era apenas um restaurante pequeno?

- Sim. Bom, não sei muito bem desse período do Road, mas pelo que vejo nas fotos na parede, sim, ele é filho de Mary King.

- Fotos? Há fotos do restaurante antigo aqui? - perguntei, animada demais para o meu gosto.

- Sim, senhora - ele respondeu meio assustado com minha animação.

Procurei por todos os lados e então me aquietei.

- Vou querer um X-Road Bac. com refrigerante - respondi rapidamente.

- Ok, em breve trarei o pedido de vocês.

- Só mais uma coisa! - levantei o braço rapidamente antes que ele se fosse. - Tomas está aqui?

- Não senhora. Ele chega mais tarde, ele diz gostar muito do ambiente do Road.

- Pode avisá-lo que quero falar com ele?

- Algum problema, senhora?

- Não, nenhum - sorri animada. - É só que... nos conhecemos de muitos anos atrás.

- Tudo bem, irei avisá-lo, senhora.

- Obrigada.

E então o deixei ir.

- Que interrogatório foi esse? - perguntou Logan.

- Desculpe. Eu precisava saber de Tomas.

- Quem é Tomas? Mais um que você abandonou?

- Estava indo bem demais pra... - comecei a dizer nervosa.

- Desculpe, desculpe - disse Logan me fazendo parar de falar.

Suspirei pesadamente.

- Tomas foi a primeira pessoa a me aceitar como sou... imortal.

Logan pareceu compreender.

- Mas então por que você foi embora?

- Ele merecia ter uma família para continuar seus negócios. Eles são pessoas muito boas e essa bondade não merece morrer por minha causa.

- Você é meio dramática sabia?

- Cala a boca.

Demos uma risadinha. Então me levantei e decidi ir olhar os quadros com imagens do Road antigo. Sim, haviam várias fotos que aliás, eu havia tirado. E para minha surpresa, lá estava uma comigo. Eu estava sorrindo com uma bandeja na mão. Tom estava ao meu lado, me abraçando. Estávamos muito felizes na foto. Sorri ao ver como eu parecia mais nova do que sou agora, como eu tinha um olhar inocente e alegre de finalmente ter saído do pesadelo que estava minha vida. Eu parecia me sentir que seria feliz pra sempre ao lado de Tom e Mary. Talvez eu seria, quem sabe?

Toquei na foto. Toquei em mim e em Tom. Fiquei um tempo analisando o rosto de Tom, o quanto era belíssimo e juvenil. Como ele estaria agora? Decidi então voltar para a mesa onde eu e Logan estávamos. 

- Então, o que tinha naquela foto?

- Eu - dei um sorriso ao lembrar daqueles tempos. 

Olhei para Logan e ele sorriu de volta. Nossos pedidos chegaram alguns minutos depois. Comemos e conversamos. Logan e eu chegamos até a rir em certas ocasiões. Era como se nada tivesse acontecido. Mas infelizmente, eu lembraria daquelas coisas para sempre e elas sempre me fariam lembrar que Logan não é nada mais que um amigo imortal.

Alguns minutos depois de finalizarmos nosso lanche, ainda ficamos conversando por mais um tempo. Até que um homem se aproxima da mesa.

- Boa tarde, ouvir dizer que queriam conversar comigo.

Arregalei os olhos, eu estava preparada para ver o novo Tomas? Seria um encontro diferente, bem diferente do que o nosso primeiro. Respirei fundo e olhei para ele devagar.

- Olá Tomas - disse devagar.

Ele ficou me olhando por um tempo até que finalmente arregalou os olhos. Eu realmente estava diferente, meus olhos transmitiam muita coisa além de medo do governo. Eu estava maquiada e arrumada agora e com um corpo mais adulto, apenas alguns anos, mas ainda adulto.