May - Parte VI escrita por PaulaRodrigues


Capítulo 7
Tomas King


Notas iniciais do capítulo

Finalmente eles estão cara a cara, qual terá sido a reação de Tomas? De decepção? Será que esse encontro será tão perturbado quanto o de Claus?



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- May?

Ele finalmente perguntou. Tomas estava diferente, mas seus olhos ainda transmitiam aquela juventude de que eu nunca esquecera. Seus cabelos castanhos estavam sendo trocados por uns pequenos fios brancos, mas não era de velhice e sim de charme. Ele estava com uma camisa social branca, o que o deixou ainda mais charmoso. Ele realmente parecia um adulto, dono de restaurante bem sucedido.

- Olá - respondi com um sorriso desajeitado.

- Meu Deus, será possível? - ele deu uma risadinha e tapou a boca ainda surpreso.

Tomas pegou uma cadeira de outra mesa e colocou na nossa, colocou perto de mim.

- Você... está mesmo aqui é... nossa!

- O que foi? - dei uma risadinha.

- Você está tão... bonita. Não que não fosse mas... não sei... está diferente daquela garota que encontrei na estrada.

- Tanta coisa aconteceu Tomas. Mas antes, quero saber de você! - eu disse animada. - Como chegou a isso tudo?

- Com licença - disse Logan saindo da mesa. Assentimos rapidamente e voltamos a olhar para o outro.

- Bom... minha mãe não queria chegar a isso tudo, ela disse que perderíamos a essência do local, mas eu sabia que não perderíamos.

- E não perdeu mesmo. Vi que as pessoas saem daqui do mesmo jeito que saíam na antiga Road.

Sorrimos.

- E você? O que anda fazendo?

- Não, não, quero saber de você primeiro. Se casou?

- Sim, me casei - continuei sorrindo, mas aquela notícia me abalou de alguma forma. - Mas agora sou divorciado.

- Divorciado? Por que? - eu realmente fiquei mal pela notícia.

- Ela era muito chata, sabe? Mas ela ganha o dinheiro da pensão, então por isso não reclama.

- Pensão? Você tem filhos? - disse feliz.

- Tenho uma filha. Doroty. 

- Doroty? É um nome lindo - sorri.

- É... ela tem dez anos. Parece muito comigo, ainda bem - rimos juntos. - É uma versão feminina de mim, eu a amo muito. 

Acabei lembrando do meu Max, de como eu o amo também e como não posso tocá-lo, ou abraçá-lo, ou apresentá-lo.

- O que foi? - ele perguntou.

- O quê? - perguntei.

- Você... ficou triste de repente.

- Ah - dei uma risadinha e olhei para minhas mãos. - É porque... eu também tenho um filho, sabe.

- Você tem filho? - ele perguntou surpreso. - Pensei que...

- Eu também pensei que não pudesse ter filhos - dei uma risadinha boba.

- Isso é bem interessante, por que não me conta?

- Bom... - dei uma risadinha e comecei a tirar minha aliança discretamente e guardei no bolso debaixo da jaqueta. - Eu tive um namorado e surpreendentemente eu consegui ficar grávida. Meu filho se chama Max, não me lembro mais quantos anos ele tem, mas ele parou de envelhecer aos dezessete, assim como eu.

- E o que aconteceu com o pai dele? 

- Ele... morreu.

- Nossa, eu sinto muito.

- Tudo bem - dei uma risadinha. 

- O pai dele era como eu, ou como você?

- Como eu - respondi. - Ele era muito rápido. Tinha cabelos praticamente brancos, ou meio cinzas, não sei ao certo.

- E como é seu filho? Parece com você?

- Nem um pouco - ri e ele me acompanhou. - É uma cópia do pai, até no jeito. Parece comigo só em algumas atitudes estúpidas.

Como fugir sem dar satisfação nenhuma.

- Entendo. Ele é seu namorado?

- Quem? Logan? - dei uma risadinha. - Não, somos amigos. Nos conhecemos no Instituto. Ele teve a função de me fazer falar, porque me recusava quando fui capturada.

- O quê? - ele perguntou surpreso com o que eu dizia.

- Oh, nada demais. É que... eles me prenderam achando que eu fosse uma criatura perigosa.

- Que absurdo!

Nós conversamos durante um bom tempo, rimos. Ele me contou como a mãe dele começou a enxergar o restaurante quando ele começou a expandir, ela brigou tanto com ele, tão típico da Mary. Disse que Doroty gostava de passar mais tempo com ele do que com a mãe e que ele adorava os finais de semana ao lado dela onde eles pescavam, viajavam, vinham para o restaurante passar um tempo, ou até mesmo acampavam. Contei a Tomas todos os momentos que tive como mãe, todos os momentos que tive no subúrbio, até que, devido a animação, falei sobre meu casamento com John.

- Se casou? - ele perguntou surpreso.

- Sim...

- Mas, você não tem documentos, registros e...

- Eu sei. Foi um casamento não oficial, foi apenas a cerimônia para nos dois e nossos filhos - preferi não falar a respeito de ter ganhado um sobrenome.

- E por que não está com ele, ou o Max?

- Max desapareceu, saí pra ir atrás dele.

- E... John?

- Praticamente separados - respondi.

Sei que eu não me separei de John, mas também não foi uma mentira, fui obrigada a separar de John para encontrar meu filho.

- Divórcio? - disse ele em tom de brincadeira e eu o acompanhei no riso. - Então, onde vai passar a noite?

- Deve ter um hotel a algumas milhas daqui.

- Então você vai dormir lá em casa. Você e seu amigo - ele sorriu.

- Tom, não quero ser um incômodo.

- Jamais será. Seria uma enorme alegria de ter lá em casa pelo menos por uma noite. Assim você fica confortável e recompõe as energias pra continuar a busca pelo seu filho.

Pensei um pouco, mas na verdade eu queria responder rapidamente um aceito. Era tudo o que eu queria, ficar perto de Tomas nem que seja apenas por uma noite.

- Ótimo! Combinado. Onde está seu amigo? Vamos falar com ele.

Tomas o procurou pelo salão do restaurante, assim que o encontrou, esticou os braços e o chamou para se juntar a nós.

- Olá, sou Tomas - ele disse animado oferecendo a mão para Logan.

- Sou Logan - Logan pegou a mão de Tomas e eles se cumprimentaram.

- May me disse que vocês são amigos. Amigo da May, é meu amigo também - ele sorriu, esqueci de comentar o quanto o sorriso dele era lindo, aliás, sempre foi e agora estava mais ainda. Também esqueci de comentar que ele estava com uma leve barba mal feita, o que fez meu corpo esquentar. - Convidei vocês para passarem a noite na minha casa. Espero que aceite Logan.

- Eu... - aceite, disse em sua mente. - Am.... tudo bem.

Ele sorriu meio sem jeito e Tom lhe deu um tapa amigável no ombro. Tom nos pediu licença da mesa para resolver uns assuntos do restaurante e então ficamos a sós.

- Você é muito safada sabia disso?

- Cala a boca - respondi rapidamente.

- Por isso não queria que John viesse não é?

- Do que você tá falando?

- Ora, você vai passar a noite na casa dele.

- Vou apenas dormir lá.

- Então por que tirou sua aliança?

Foi então que percebi que estava com as mãos sobre a mesa, um entrelaçada na outra e apoiada em meus cotovelos. Escondi minha mão esquerda com a mão direita desnecessariamente.

- Não diga nada - pedi a Logan em voz baixa.

- May, May... quais os seus planos hem?

- Você não entenderia?

- Será? Por que, não sei se faria o mesmo.

- Se estivesse casado com a Jean, aposto que não.

Logan deu de ombros.

- Nunca se sabe...

Não seria comigo, tenho certeza. Arregalei os olhos e lembrei de que Logan poderia ter escutado o que falei. Então, decidi não olhar nos olhos dele. Logan e eu conversamos tranquilamente e quando ficou a noite, Tomas nos chamou para que o acompanhássemos até a casa dele. Logan e eu subimos em nossas motos. Logan estava me enchendo a paciência, mas não fiquei nervosa, era engraçado, me lembrava o lado divertido dele e era bem melhor que o lado dramático ou silencioso. Acompanhamos Tomas em seu carro luxuoso até sua casa.

A casa de Tomas era enorme e tinha um quintal enorme, ela ficava bem no início da civilização após a longa estrada que se seguia após o Road Restaurant. Sua casa era marrom atijolado e tinha dois andares, as janelas eram enormes e o quintal era comprido. Ele entrou com o carro na garagem e nos disse para colocarmos as motos lá dentro também. Fui colocar minha moto, mas percebi que Logan não vinha comigo.

- Você não vem? - perguntei virando para trás e jogando meus cabelos.

- Melhor não - "acho que vou atrapalhar seus planos", ele completou mentalmente.

Deixe de ser ridículo, respondi mentalmente.

"Vou te dar a noite a sós", ele respondeu.

- Prefiro passar a noite num hotel - ele disse em voz alta.

- Que é isso, pode ficar Logan - respondeu Tomas.

- Obrigado, mas me sinto mais confortável lá. Sabe, tenho pesadelos - nessa parte ele não estava mentindo.

Tomas aceitou e eu também, no fundo fiquei até um pouco agradecida. Estacionei minha moto e desci jogando os cabelos.

- Seu amigo é meio anti-social - ele disse.

- Nem sempre - dei uma risadinha. - Mas houve um período em que nós dois éramos.

Sorrimos para o outro e ele me chamou para segui-lo para dentro de casa.


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