May - Parte VI escrita por PaulaRodrigues


Capítulo 5
Recomeçando


Notas iniciais do capítulo

Parece que a vida de May terá novos caminhos. Aqueles que ela amou um dia, não irá amar mais e aqueles que ela odiou um dia, talvez irá odiar menos. Ou também, quem sabe, aqueles que ela encontrou há muito tempo atrás, ela reencontre e novos acontecimentos poderão fazer a cabeça de May dar voltas e voltas.



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- Me perdoe Claus. Nunca quis você sofresse - foi o que finalmente consegui responder a ele. - Eu não lhe desejo mal, eu quero que você possa encontrar uma esposa e ser feliz com ela. Eu não posso te dar uma família e...

- Para o outro, o seu marido, você pode, não é?

- Não Claus... não posso. Ele já tem um filho e essa é uma das razoes por eu ter ficado com ele. Eu não seria a responsável por interromper sua geração, interromper o sangue da família dele.

Ficamos olhando um para o outro por um tempo. 

- Claus, eu não quero brigar com você.

Claus assentiu e não disse mais nada. Alguns breves minutos depois ele se levantou e se aproximou muito de mim.

- Então, tudo bem. Aqui acaba a amizade que tivemos um dia e vou fazer questão de treinar a minha mente para fingir que você nunca existiu.

Aquelas palavras doeram. Mas eu seria egoísta se pedisse a ele que me guardasse em seu coração. Conti uma lágrima, sei que estou sendo ridícula novamente, mas aquelas palavras me machucaram, afinal, eu as provoquei, eu o fiz triste, eu sou terrível.

Assenti brevemente e ele me mandou sair do quarto. Obedeci em silêncio, desci as escadas rapidamente, respirei fundo para fingir que estava tudo bem, comuniquei a Nick que estava tudo resolvido, dei um sorriso e chamei Logan para que saíssemos daquele lugar. 

Subi na moto rapidamente e dirigimos até uma estrada, eu não sabia exatamente para onde estava indo, só queria desaparecer daquele bar.

Durante o caminho na estrada, eu estava muito nervosa. Logan perguntou o que tinha acontecido comigo, eu disse que nada tinha acontecido, só que eu estava nervosa por não encontrar Max. "Eu ainda acho que é por outra razão", disse ele mentalmente. Parei minha moto de repente, o que a fez cantar os pneus. Logan parou logo em seguida, de susto, parando na minha frente.

- Logan, o que você está fazendo aqui mesmo? - perguntei nervosa, descendo da moto e colocando as mãos na cintura.

- Te ajudando a....

- Ajudando? - dei uma risada irônica. - Você não está ajudando nem um pouco, tudo o que você quer é não ficar sozinho! Se eu fosse você voltaria para a porcaria daquele Instituto. Afinal, você se dá tão bem lá, não é mesmo?

- May, você não...

- Ah! É verdade. Tem lembranças do amor da sua vida por lá, não é mesmo? Quer saber de uma coisa Logan? Eu adorei quando soube que a Jean morreu. Só fiquei chateada de não ter sido eu a fazê-lo.

Logan olhou para o chão e depois olhou diretamente em meus olhos. Seus olhos me transmitiam súplica e eu adorei isso.

- Isso mesmo Logan, eu teria matado aquela vagabunda se pudesse. Seria até justo, não é mesmo? Afinal, você matou meu namorado, não foi?

- Eu não sabia sua ligação com ele, May....

- Isso não muda nada! Por mim que todos vocês morram! Você estragou tudo Logan, você é uma peste na minha vida. Com você por perto eu fico triste, eu perco pessoas. Você destruiu meu coração, matou meu namorado, tentou matar meu filho e agora quer me ajudar? Você é a pior companhia do mundo.

Logan não respondeu, mas pude ler sua mente.

- Ah... passou por muita coisa? E eu Logan? E eu que tive que cuidar de Max sozinha, viver num bar, tentar ser um humano idiota, ou pior, um humano "normal".

- Eu não tenho culpa se as coisas ficam difíceis e você simplesmente vai embora. Você é tão imatura que acha que pode simplesmente ir embora assim e quando seu filho faz o mesmo, você fica igual uma louca. Está provando do seu próprio veneno May, espero que esteja gostando.

- Vai embora daqui! Vai embora! Pra quê você veio atrás de mim afinal? Você é um encosto, uma praga! - empurrei seu peito. - Some daqui. Não quero te ver nunca mais!

Não olhei para ele, apenas subi na moto e dei a partida. Encontrei um bar no meio da estrada. Sim, parece que eu tenho um ímã com bares, encontro qualquer um facilmente. Mas esse era especialmente para motoqueiros, algo que me deixa mais animada, afinal, tem chances de ter um ringue lá dentro, mas acredito que nesse não tenha. Afinal, é no meio da estrada, onde não há residências, sendo assim, difícil encontrar lutadores. 

Estacionei minha moto e entrei no bar da maneira mais sexy possível. Apoiei na bancada de forma que meus seios ficavam fartos e pedi um copo de vodka. E pedi no copo grande, nada de pequeno. 

Demorou um tempinho para me entregar a vodka, peguei o copo e me sentei numa mesa. Tomei um gole enorme e então um homem senta ao meu lado na mesa, olho pra ele e reviro os olhos, nervosa, era Logan.

- O que você tá fazendo aqui? - perguntei.

- Vim beber.

- Não estou vendo seu copo.

- Não precisa ver. O que você veio fazer aqui?

- Não te interessa.

- Aqui não tem ringue de luta, você sabe disso, não é?

Olhei para ele com desdém. Só me faltava essa, um assassino tentando conter outro assassino. Chega a ser patético e cômico ao mesmo tempo. Logan deu uma risadinha, ele sabia o que eu tinha acabado de pensar. Vi seu sorriso, era um sorriso que não via há muito tempo. Era aquele sorriso bonito que ele dava quando éramos colegas e amantes no Instituto e ele lutava comigo no quarto.

"Então quer dizer que ainda gosta do meu sorriso?", ele perguntou mentalmente.

Arregalei os olhos, bebi mais vodka e virei a cara.

- Quer saber? - Me aproximei do rosto dele. - Vou começar uma briga.

- May, esses homens não brigam.

- Fodas - sorri delicadamente.

Levantei da cadeira, me aproximei de um cara barbudo e lhe dei um soco na cara. Todos me olharam e eu sorri. O homem levantou meio cambaleante.

- O que deu em você moça? - ele perguntou meio sem entender.

- Nada, só me deu vontade de bater em alguém - sorri e soquei a cara de outro cara próximo. 

E fui socando mais um e quando fui socar outro, Logan parou minha mão com a mão dele.

- Você não vai socar mais ninguém. Chega.

- Me obrigue! - larguei minha mão da dele. - Lute comigo então e aí não bato neles - sorri.

Então, de repente, um homem veio e me deu um soco na cara. Comecei a rir, pois a mão dele quebrou graças aos meus ossos de adamantium. Fui socá-lo de volta, mas Logan parou o meu soco e então soquei o estômago do homem com a outra mão. Um pouco de sangue saiu da boca dele.

- Uhuuu! É isso que eu quero ver, sangue!

- Você está fora de si May.

Soquei a cara de Logan.

- Anda, lute comigo seu, covarde.

Todos os homens e mulheres ao redor fizeram uma cara de que eu estava ferrada por ter chamado-o de covarde. Eu sabia que ele não estava nervoso, mas eu queria muito que ele me batesse, ou tentasse.

Logan então me deu um soco, muito forte, minha boca sangrou, passei meus dedos por ele e sorri.

- Aháá, era isso mesmo que eu queria - sorri.

- Chega - ele disse sério.

- Vamos lá Logan. Nós sabemos o quanto queremos bater no outro. Vamos, lute comigo, anda! Preciso matar alguém pra isso? - ele sabia que eu me referia ao caso da Jean. - Tudo bem.

Peguei a cabeça de um homem por perto e taquei contra a mesa, ele caiu desacordado e eu não tinha ideia se o matei ou não. Logan de repente pegou meu pescoço.

- Pare com isso, May!

- Me... obrigue - e cuspi na cara dele.

Ele me deu um soco e então começamos a brigar. Ele me deu cotoveladas, me jogou contra a parede, socou minha cara de modo que fiquei desacordada por alguns segundos. Até que ele me imobilizou no chão e eu comecei a chorar.

- Vai, me mata! Me mata que será bem melhor, pra todos! - o pior era que eu não estava simplesmente dramatizando, eu realmente queria morrer naquele momento. - Eu sou um monstro Logan, um monstro. Eu desaponto as pessoas, não sei ser gentil com elas, eu só destruí pessoas durante toda a minha existência, eu não quero mais existir. Por favor, me mata. Você é bom com isso. Suas namoradas já morreram por sua causa, porque comigo é diferente? Eu também quero morrer.

- Nós não temos esse luxo May. Infelizmente.

Continuei a chorar, Logan me pegou e me carregou no colo pela estrada até encontrarmos um hotel. Durante a caminhada eu estava chorando e implorando pra ele me matar e acabar com o meu sofrimento. Chegando no hotel, uma senhora se aproximou desesperada.

- Está tudo bem? - ela perguntou.

- Sim, só precisamos de um quarto.

- Ah sim, claro, venham comigo. Ela está bem mesmo?

- Não! - gritei pra ela e a olhei com olhos suplicantes. - Eu não estou bem moça. Meu filho sumiu! Você viu meu filho? Viu meu Max? Por favor diga que viu, por favor!

- Eu... não vi, me desculpe - ela disse meios em jeito.

- Nãaaaaaaaaaaaaao - gritei. - Eu quero morrer. Me mate Logan, por favor, não quero viver num mundo onde eu não possa ter meu filho!!!

Logan entrou no quarto.

- Obrigado moça - ele disse.

- Boa noite. Qualquer coisa, só avisar que ligaremos pra um médico ou...

- Liga pra polícia! Mandem achar meu filho! - gritei de repente.

- Obrigado por tudo moça - disse Logan fechando a porta do quarto.

Eu estava deitada na cama.

- Logan, eu vou achar meu filho? - perguntei soluçante.

- Vai sim, May - ele fez carinho em minha cabeça. - Nós o encontraremos custe o que custar.

Assenti rapidamente e apaguei. Dormi sem sonhar. No dia seguinte, acordei e fiquei olhando pela janela enquanto Logan dormia. Eu o observei por um momento e era como nos velhos tempos, como vê-lo dormindo ao meu lado depois de uma noite juntos. Me deu vontade de mexer em seu cabelo, mas me lembrei de que ele preferia que Jean estivesse mexendo em seu cabelo e não eu. Então voltei a olhar melancolicamente para a janela. Após um tempo, Logan acorda, sua voz fica mais grossa quando acorda.

- Bom dia - ele disse esfregando os olhos.

- Eu sou tão horrível assim? - respondi.

- Como? - ele não compreendeu o sentido de minha pergunta.

- Sou tão horrível a ponto de meu filho fazer as mesmas coisas horríveis que eu? Por que ele tinha que ser tão estúpido como eu? Por que, Logan? - olhei pra ele com lágrimas nos olhos novamente.

- Hey, eu já te disse - ele se aproximou e pegou em meu ombro. - Vamos encontrá-lo. Vou te ajudar porque você é minha amiga e eu gosto muito de você. Acredite ou não May, mas eu realmente já amei você.

- Como segundo plano.

- Mas eu amei. E é isso que importa. Aposto que sou seu segundo plano também.

- Agora você deve ser meu quinto plano - disse sem rir.

Ele deu uma risadinha e foi ao banheiro lavar o rosto. Assim que nos arrumamos, saímos do hotel. As motos estavam no estacionamento, provavelmente Logan as trouxe de volta. Me despedi da moça do hotel meio envergonhada pelo que fiz na noite anterior e então subimos nas motos. Logan e eu não discutimos por um bom tempo. Eu sei que ele lerá meus pensamentos agora mas, confesso que não estou achando ruim a companhia dele nesse momento. Não pelo que ele disse no hotel, aquelas palavras não são suficientes para que eu mude tão rapidamente e não quer dizer que eu não o odeio, claro que o odeio, creio que jamais irei perdoá-lo. Mas não vejo porque não ir com a cara dele por algum tempo. No fundo, eu sei que tipo de pessoa ele é e eu gosto daquela pessoa que não pensa na Jean. Eu gosto do Logan que conheci naquele quarto frio do Instituto. 

Enquanto andávamos pela estrada, Logan veio ao meu lado e começou a gritar.

- Ei, que tal pararmos para um almoço reforçado?

- O que você tem em mente?

- Tem um restaurante a alguns quilômetros, de acordo com aquela placa lá atrás.

- Tudo bem - sorri

O estacionamento do restaurante era enorme, haviam carros luxuosos e de classe média e algumas motos estilizadas e caras. E foi então que eu li o nome do restaurante. Minha boca se abriu, eu não podia acreditar. Olhei ao meu redor, era tudo tão grande e espaçoso. Fiquei paralisada.

- Você não vem? - Logan perguntou se dirigindo à escada.

- Eu... já estive aqui - disse meio delirante.

- Aqui? Quando? - Logan perguntou voltando-se para perto de mim.

- Há muitos anos atrás...

Sim, eu já estive no Road Restaurant.


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Notas finais do capítulo

O QUE ACONTECEU COM CLAUS:
Bom, sei que tem muitas pessoas que se tornaram fãs do Claus, então vou contar o que aconteceu com ele, uma vez que May nunca mais irá vê-lo.
Depois daquele dia, Claus fez de tudo para esquecer de May. Não tocava no assunto com Nick e evitava qualquer pessoa que tivesse o nome parecido com o dela. Foi um processo de esquecimento que durou um ou dois anos mais ou menos, afinal, a paixão de Claus era unilateral. May o achava charmoso e nada mais que isso. Ela nunca demonstrou que o amava, como fez com Logan, John e Tom.
Claus então saiu do bar, arranjou um emprego numa grande firma de negócios e, devo confessar, ficou muito mais gato de terno. Ele conheceu uma mulher chamada Violet. Ela era delicada, de cabelos pretos e olhos azuis. Ela tinha um sorriso maravilhoso que o deixava encantado. Ao passar um tempo, Claus se casou com Violet, foi um casamento maravilhoso num parque durante a manhã. Eles tiveram dois filhos, George e Lucy. Ambos tinham os olhos de Claus e os cabelos de Violet.
Claus conseguiu ter uma vida feliz e conseguiu, realmente, esquecer que um dia conhecera May. Claus praticamente apagou sua vida de bar e agora tinha uma família feliz e bonita, onde, claro, haviam pequenas discussões, mas nada que o fizesse desistir de sua maravilhosa Violet.



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