Já havia amanhecido e eu ainda estava naquele cativeiro, e naquela mesma posição, com minhas mãos presas, e com meu estômago roncando, eu estou morrendo de fome, que saudade dos bolos do Watari...

-Beyond! Eu sei que você pode me ver, então, eu uma vez que você me sequestrou, eu sou sua responsabilidade, e eu estou com fome, então trata de arranjar alguma coisa pra eu comer – Eu gritei olhando para a câmera.

Minutos se passaram até que a porta foi aberta e Beyond entrou com um pote de geleia e uma colher.

-Você não deveria ser tão exigente, não se esqueça de que eu posso de matar a qualquer hora – Beyond disse se aproximando de mim.

Por um momento eu fiquei com o mínimo de medo, mas depois me acalmei, afinal o que ele ganharia me matando agora?

-Mas como agora somos amigos eu decidi te alimentar – Beyond disse abrindo o pote e pegando a geleia com a colher.

-Sério? – Eu perguntei inclinando minha cabeça para o lado.

-É só isso que eu tenho – Beyond disse aproximando a colher da minha boca.

-Não rola nem uma bolachinha? Uma torrada? – Eu perguntei fazendo com que ficasse irritado.

-Não, agora come logo antes que eu me arrependa – Beyond disse irritado.

Eu suspirei e abri minha boca para sentir o gosto doce da geleia de morango, não era a melhor refeição do mundo, mas como dizem, quando se está com fome é possível comer até pedra.

-Viu não é tão ruim assim – Beyond disse sorrindo.

-Eu tô morrendo de fome, então eu comeria qualquer coisa – Eu disse desviando o olhar dos olhos de Beyond.

-Muito bem, agora me responda – Beyond disse afastando a colher da minha boca.

Que comece os jogos mentais...

-O que L sabe sobre Kira até agora? – Beyond perguntou em um tom sério.

Eu pensei por um momento, tentando encontrar a melhor mentira possível, afinal eu não posso falar que o Raito é o principal suspeito.

-Eu estou trabalhando no caso Beyond Birthday, então não sei muita coisa sobre o caso Kira – Eu disse despreocupadamente.

-Então me fala o que você sabe – Beyond disse irritado.

-Tudo o que eu sei é que Kira está matando criminosos para limpar o mundo, e que de alguma forma ele pode controlar as vitimas antes da morte – Eu disse, nossa, eu me sinto tão mal por entregar o jogo assim... Pelo menos eu salvei a pele do Raito.

Beyond suspirou.

-Tem certeza que isso é tudo que você sabe? – Beyond perguntou com um tom sombrio em sua voz.

Eu concordei lentamente com a cabeça.

Ele apenas suspirou novamente e levou mais uma colher da substancia vermelha até minha boca.

Assim que eu terminei minha “refeição” Beyond fechou o pote vazio e foi em direção à porta.

-Eu vou sair por umas horas, querida, tenho algumas coisas para fazer – Beyond disse enquanto abria a porta.

-“Algumas coisas”? Você não vai... - Eu fui interrompida pela risada de Beyond.

-Quem sabe? – Beyond disse fechando a porta atrás de si.

L P.O.V

Vinte e duas horas.

Sede de investigação.

Eu e o resto da equipe acabamos esquecendo o caso Kira e o caso Beyond, agora estávamos nos dedicando em encontrar a Yukki.

Eu não sei o porquê, mas ultimamente não estou conseguindo me concentrar no trabalho, quando começo investigar eu penso no quando a Yukki pode estar sofrendo na mão daquele psicopata... Eu preciso de açúcar...

-Eu vou até a cozinha, continuem a trabalhar – Eu disse para Near e Raito.

Quando cheguei à cozinha vi Watari terminando de decorar um bolo.

-O que está fazendo aqui Ryuuzaki? Você não deveria estar trabalhando agora? – Watari me perguntou quando percebeu minha presença.

-Eu não estou conseguindo me concentrar, eu preciso de açúcar – Eu disse olhando fixamente para o bolo.

-Entendo... – Watari disse pegando um prato e um garfo no armário.

-Devo supor que sua falta de atenção não tem nadar á ver com a senhorita Scarllet, estou certo? – Watari perguntou colocando o prato em cima da bancada que o bolo estava.

Eu suspirei, pelo fato que Watari tinha acertado na mosca.

-Eu... Eu não sei... Ultimamente eu me pego pensando nela... Eu... Essa é a primeira vez que eu estou tão confuso – Eu murmurei olhando para o bolo que estava sendo cortado por Watari.

-E você quer saber o que é isso que você está sentindo? – Watari perguntou colocando o pedaço de bolo no prato e me entregando.

-Sim... Eu acho... –Eu disse mais confuso.

Eu peguei o prato de bolo e o garfo da bancada.

-Ótimo, então vamos começar – Watari disse virando-se para mim com um sorriso nos lábios.

Começar...?

-Ryuuzaki, eu vou fazer umas perguntas para você, e eu quero que você me responda com toda a sinceridade – Watari disse seriamente.

-Tudo... Bem – Eu disse um pouco confuso.

-Quando a senhorita Scarllet estava aqui, como você se sentia ao redor dela? – Watari perguntou para mim.

-Bem... Ela realmente me fazia bem... Ela é aquele tipo de pessoa que você quer ficar conversando o dia inteiro... - Eu disse me lembrando dela.

-Isso é bom, e quando ela estava com outro rapaz, o que você sentia? – Watari me perguntou sorrindo ligeiramente.

-Eu sentia uma coisa estranha quando ela estava perto de outro cara... Principalmente se era o Yagami-kun – Eu disse enquanto mastigava um pedaço do bolo de chocolate.

-Isso o que você sentia é chamado de ciúmes – Watari disse ainda sorrindo.

Ciúmes? Eu nunca havia sentido ciúmes antes...

-Agora a última pergunta, uma vez que ela corre risco de morte, como você se sente? – Watari perguntou olhando diretamente em meus olhos.

-Eu... Eu estou tentando me empenhar ao máximo para encontra-la, mas eu só consigo pensar nela, como ela pode estar... Se ela está pensando em mim... Quer dizer, em nós – Eu disse pensativo.

De repente Watari riu levemente me tirando dos meus pensamentos.

-O que foi? – Eu perguntei preocupado.

-Eu estou tão orgulhoso de você – Watari disse sorrindo e segurando meu ombro.

-Por quê? – Eu perguntei mais confuso do que antes.

-Você está apaixonado – Watari disse com seu sorriso aumentando.

Eu? Apaixonado?

-Não... Eu nunca me apaixonei, eu não sei como é se apaixonar – Eu disse olhando para o chão.

-Ryuuzaki, você se sente bem ao redor dela, você tem ciúmes dela, e você só consegue pensar nela, e se ela está pensando em você, agora não tem mais volta, uma vez apaixonado tudo o que você pode fazer é admitir que você a ama, e fazer de tudo para dê-la ao seu lado – Watari disse ainda com um sorrindo estampado em seu rosto.

Será que isso era realmente possível? Quer dizer, eu nunca havia me apaixonado antes, então era isso o amor? Você ama tudo naquela pessoa, você ama seu sorriso, você ama sua voz, ama seus olhos, você ama completamente tudo nela, e quando você não pode vê-la, é como se um pedaço de você fosse arrancado, você fica á esperando mesmo sabendo que ela não irá voltar, você fica pensando nela a cada segundo... E tudo que você quer é vê-la sorrir de novo ao seu lado... Então isso era o amor...

-Ryuuzaki – Matsuda do nada apareceu e gritou na porta da cozinha.

-O que aconteceu? – Eu perguntei tentando manter a calma.

-O Beyond... - Matsuda disse tentando recuperar o fôlego.

-Diga logo, o que aconteceu? – Eu ergui o tom de minha voz, se ele fez alguma coisa com ela...

-Ele matou outra pessoa – Matsuda disse recuperando o fôlego.

Eu rapidamente terminei de comer o pedaço de bolo e segui para a porta da cozinha.

Quando eu estava quase saindo da cozinha, eu me virei.

-Watari – Eu chamei o velho homem, que olhou para mim esperando eu continuar.

-Eu admito – Eu disse o fazendo sorrir e murmurar um “Boa sorte”.

Quando cheguei á sala de investigação me sentei em frente aos telões entre Near e Raito.

-Quem foi desta vez? – Eu perguntei ainda preocupado pelo fato que poderia ser a Yukki.

-Yuzo Taro, ele foi morto em um beco, ele não tinha ficha na policia, ele era dono de uma loja de conveniências – Near respondeu calmamente como sempre.

-Que horas? – Eu perguntei.

-Á uma hora – Raito me respondeu.

-Então... Ele deixou pistas? – Eu perguntei enquanto observava o telão que mostrava o beco em que Yuzo foi assassinado, e seu corpo sem vida que foi largado em um canto do beco escuro.

-Bem... Os peritos encontraram essa carta – Near disse com um pouco de receio em sua voz enquanto mudava a foto do beco para a foto de uma carta manchada de sangue.

“L, todos nós sabemos que você á quer de volta, mas você nunca quis saber o que eu queria... Eu quero uma troca, você me dá Kira e eu te devolvo a garota”.

Então era isso que ele queria o tempo todo? Ele quer Kira, ou seja, a hipótese que ele e Kira estão trabalhando juntos já pode ser descartada, mas então por que ele matou todos aqueles criminosos? Você só está brincando comigo Beyond?

-Ryuuzaki... -Raito me chamou tirando-me de meus pensamentos.

-O que nós vamos fazer agora? – Raito me perguntou.

-Eu acho melhor nós pegarmos Kira logo para fazer a troca, você não se incomoda com isso, não é Yagami-kun? – Eu perguntei olhando diretamente para Raito.

Ele olhou para mim um pouco surpreso e depois soltou um suspirou.

-Você está me testando de novo? Quantas vezes eu vou ter que falar? Eu não so

Raito foi interrompido por um toque de telefone.

-Eu já não disse para desligarem os celulares quando estiverem aqui? – Eu disse virando para o resto do grupo.

-Éeee... Ryuuzaki, esse telefone que está tocando é da Yukki, ela teve ter esquecido quando a luz acabou – Mello disse enquanto segurava o telefone.

-Quem está ligando para ela? – Eu perguntei curioso.

-O número é desconhecido... – Mello disse olhando para a pequena tela do aparelho.

-Deixe-me ver – Eu disse me levantando e pegando o celular das mãos de Mello.

Sem pensar duas vezes eu atendi ao telefone.

-Alô? – Eu disse esperando a voz do outro lado da linha.

-L? Eu não achava que ia ter a honra de falar com você, meu amigo – Uma voz rouca e maliciosa falou do outro lado da linha.

O que ele pretende ligando para cá?

Beyond...

Fim do capitulo 9!!!