Eu sei que é meio precipitado achar que Marissa foi a tributo morta. Afinal,alem de mim e dela ,sobram mais 7 possível tributos que agora podem ser cadáveres... Incluindo Caius. Mas encontra-la agora me deixaria bem mais calma.

Com esse pensamento, arrumo as coisas de volta na minha mochila, já que quando caçamos levamos nossas mochilas e armas, pro caso de nos separarmos , como agora.É idiota sair desse lugar,porque a qualquer minuto ela pode voltar,não me encontrar e achar que a morta sou eu.Mas se ela estiver precisando de ajuda... Eu vou ajudar.

Descer da árvore é horrível, com o machucado e meu “incrível” talento para escalada, mas consigo depois de uns dois minutos. Corro na mesma direção que Marissa foi a momentos atrás.

Não chego a correr nem um quilômetro, por que quando me encontro numa espécie de clareira que vimos ontem pela primeira vez, encontro dois corpos femininos jogados na neve, um a dois metros do outro.

Um é loiro, e apesar do cabelo emaranhado e do sangue espalhado em todo lugar consigo identificar com a garota do D4.

O outro é moreno e definitivamente é de Marissa. Tento conter o mar de lagrimas,mas é praticamente impossível.Porém, antes de perder  o juízo de vez,eu lembro que apenas um canhão foi disparado.Com a lança em punho,vou na direção da garota do 4.

Tudo que consigo pensar, é que se ela não estiver morta, vai estar em um segundo. Começo a pensar também em separar os braços  e as pernas do corpo pra mostrar que ninguém mata minha amiga e fica inteiro.Vou me aproximando com a lança em punhos,mas a garota está definitivamente morta.Antes mesmo de concluir esse pensamento,eu ouço um gemido baixo :

—Uhh

Meus olhos praticamente saltam das orbitas, corro desesperada até de junto da minha amiga que está respirando com dificuldade, quase me esborrachando no chão ao me agachar.

—Oh céus! Que bom que você está viva!—não consigo conter minha felicidade

Mas Marissa não responde. Ela está desmaiada e sua respiração é lenta.Temo que seu canhão seja o próximo a disparar.Por um momento eu só penso em deitar ali e chorar.Mas algo dentro de mim grita para que eu tome uma atitude.

Tento localizar seus ferimentos e começo a tratar deles com o kit de primeiros socorros. Penso que não vai ser suficiente,e quando dou uma olhada ao redor,vejo uma mochila azul jogada a alguns metros,provavelmente a mochila da garota morta.Corro até lá e vejo que ela também tem um kit,mas por sorte este é maior e tem algumas cartelas de remédios diferentes.

Marissa tem um corte grande no rosto, bem na bochecha. Também seus pés estão feridos pela corrida,e quando tiro seu casaco ensanguentado eu vejo  que ela tem um grande corte em sentido horizontal  na direção do estomago e provavelmente levou uma facada nas costelas,porque sangra muito.

Vendo como os ferimentos são graves, tenho que me esforçar muito pra não entrar em desespero. Algo que eu nunca confessei a ninguém,é que eu odeio sangue.Por que se tem sangue é porque  alguém se feriu.E Marissa tem sangue por todo lugar.

Então basicamente o que tem que acontecer é um milagre. Eu,uma pessoa que não entende nada de cura,vou ter que fazer com que aquele corpo ensanguentado vote a ser minha amiga.

Eu tento trabalhar o mais rápido possível, verificando sua respiração de tempos em tempos. Quando esterilizo tudo com um pouco de álcool,e Marissa faz uma careta,eu fico feliz.Talvez ela acorde logo . Eu termino os curativos e ouço outro gemido.Penso em nos arrastar dali,mas Marissa não vai aguentar.De qualquer forma,os gamemakers tem tirar o corpo da garota do 4 daqui,então eu a puxo pelos pés pra mais longe,onde poderão recolhe-la em paz.

Monto um pequeno acampamento embaixo da árvore mais próxima, tendo extremo cuidado ao por Marissa em cima de um saco de dormir.

Quando estou amolando a ponta da minha lança, ouço um gemido. Olho atentamente para minha amiga,que geme,abre os olhos e diz:

—Me mate.