O Castelo Dos Meninos escrita por Lady Padackles


Capítulo 2
Capítulo 2




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Cap 2.

Assim que retornou ao seu quarto, Sam aproveitou para desfazer suas malas que ainda estavam fechadas. Finalmente teve tempo de olhar pela janela e apreciar a maravilhosa vista que tinha da praia. O mar azul esverdeado, revolto, batendo nas pedras e nas areias douradas de um paraíso quase intocado.

O garoto refletiu sobre todos os acontecimentos do dia. Estava aliviado por ter sido aceito logo de cara por um grupinho de colegas. A única coisa que o incomodava era o fato de ter que judiar de alguns meninos para poder "sobreviver" naquela escola. Mas não via outra saída... Era isso ou aceitar ser ele mesmo alvo de bullying. Isso ele não queria.

Pensou também em Dean: belo e misterioso. Aquele menino o intrigava. Sam imaginou como devia ser difícil para o louro viver daquele jeito, sendo maltratado o tempo todo. E aos olhos de Sam, Dean tinha tudo para ser aceito por qualquer grupo de garotos populares e valentões... Será que a força do seu caráter não o permitia? Será que além de bonito, aquele garoto tinha um coração de ouro?

E pensando nisso, Sam deitou-se em sua cama. Custou a dormir, mas finalmente o sono chegou, embalado pelo barulho entorpecente das ondas do mar.

No dia seguinte ele acordou cedo e se uniu aos colegas para tomar o café-da-manhã. Sentou-se a mesa juntamente com Castiel, Clark e Oliver. Castiel era muito descontraído, e Sam já se sentia muito a vontade ao seu lado. Brincaram de escavar suas panquecas fazendo carinhas alegres e tristes, e conversaram sobre as próximas aulas que teriam. Clark imitou a professora de história, fazendo uma voz anasalada e todos caíram na gargalhada.

Durante as primeiras aulas do dia, os quatro meninos sentaram-se próximos e Sam sentiu-se feliz por ter sido tão bem aceito pelos outros três. Gostava de estar entre eles. E então veio a temida hora do roubo de lanches.

– O que vamos lanchar hoje? – perguntou Clark bem humorado.

Castiel e Oliver riram com gosto, e Sam acabou soltando um risinho tímido. Já ficava nervoso só de pensar que teria que se portar como um idiota de novo.

– Que tal tomarmos sorvete? Hoje está calor! – sugeriu Oliver.

Nesse momento Sam viu Dean passar tomando sorvete, e um frio subiu pela sua espinha. Por um motivo que nem ele sabia, ficou em pânico só de pensar que Dean poderia ser atacado pela sua gangue.

– Hei, Sam... – Castiel lhe deu um tapinha nas costas, vendo o amigo pensativo – Vem, você precisa participar da brincadeira também.

Sam olhou para ele suplicante.

– Vamos lá, grandão... não seja frouxo! – o garoto lhe disse sorrindo, ao mesmo tempo que agarrava um sorvete de morango que dava sopa nas mãos de um ruivinho franzino.

Oliver e Clark, que haviam se afastado, em poucos segundos voltaram carregados de sorvetes de todos os sabores. Aquilo para eles era uma grande diversão.

– Você ainda não conseguiu nada, Sam? – perguntou Oliver em um tom de reprovação.

Castiel, querendo ajudar, olhou em todas as direções a procura de sorvetes ainda disponíveis. Sam observou em pânico quando o olhar de Castiel se focou em Dean, que estava sentado sozinho com o sorvete ainda quase intocado nas mãos. O moreno de olhos azuis deu um enorme sorriso.

– Não acredito que nenhum de vocês notou o veadinho do Dean tomando sorvete! – ele disse animado.

Oliver e Clark desviaram olhares furiosos para o louro.

– É a sua chance, Sam! Aquele é o garoto mais insuportável de toda a escola! Arranca o sorvete dele! – Clark disse apontando para Dean.

Sam ficou impassível e em pânico. Não sabia o que fazer. Notando o desespero do moreno, Castiel riu e completou:

– Não precisa ter medo, ele não reage. Vai ser mais fácil que tirar pirulito de criança – E dizendo isso, Castiel segurou Sam pelo braço e foi conduzindo-o até chegarem bem próximo ao louro – Vai lá, seja corajoso!

Castiel deu um empurrãozinho em Sam que se viu frente a frente com Dean. Sam ficou parado e boquiaberto. Sentiu que não conseguiria fazer nada contra aquele garoto. O louro lhe olhou diretamente nos olhos, com um ar interrogativo.

– O... Oi – gaguejou Sam.

Dean então pareceu finalmente reconhecê-lo, e deduziu quais eram as suas intenções.

– Ahh, você é garoto novo, amigo do Clark e dos outros da gangue da merenda, né?

– S... Sim – respondeu.

– Ah, que bom... Pelo menos não é da gangue do chute! – E dizendo isso Dean simplesmente estendeu o braço e entregou-lhe o sorvete. – É de brownie – disse com o sorriso mais encantador do mundo.

Sam ficou surpreso e acabou segurando o sorvete. Antes que pudesse dizer qualquer outra coisa, Castiel já estava ao seu lado puxando-o para perto de seus amigos.

O garoto se sentou ainda trêmulo. Sorvete de brownie era o seu predileto, mas Sam não sentia a menor vontade de comê-lo. Enquanto isso Clark, Oliver e Castiel riam, chupavam e se lambuzavam com todos os sorvetes que haviam roubado.

– Por que vocês não gostam do Dean? – Sam então perguntou abruptamente.

– Ele é um veadinho – respondeu Oliver.

– Ele não tem jeito de gay... – Sam comentou incrédulo.

– Ah, mas ele é sim... Anda com um caderninho de poesias de baixo do braço, e gosta de pintar e tocar piano. É totalmente viado! – acrescentou Clark.

– Mas a gente detesta o Dean porque ele se acha o máximo. Ninguém aguenta esse narizinho empinado dele... – disse Castiel – Os valentões mais agressivos aqui da escola vivem querendo esganá-lo.

Sam sentiu-se triste. Então a verdade é que Dean era esse amor de pessoa, e faziam bullying nele só porque era gay. E o pobrezinho aceitava essa situação com toda a docilidade do mundo, e sem mostrar qualquer sinal de agressividade. E os outros ainda o julgavam metido, Sam nem sabia porque. Sentiu vontade de se levantar e ir pedir desculpas, mas não teve coragem.

O sinal tocou avisando aos alunos para voltar às suas respectivas salas de aula. Sam ainda segurava o sorvete, agora todo derretido, na mão. Ele nem ao menos o tinha experimentado. Sentiu-se péssimo quando jogou a guloseima no lixo, e foi lavar suas mãos.

Durante todo o resto do dia, o garoto não conseguiu pensar em outra coisa. Não tirava Dean da cabeça. Ele e seu sorriso puro... Sam queria poder se aproximar do menino louro e ser seu amigo. Não queria que Dean o visse como o menino idiota que só chega perto dos outros para roubar lanches. Sim, porque afinal de contas, Sam apenas disse "oi", e Dean já foi lhe entregando o sorvete... Que espécie de gente era ele, para intimidar os outros assim?

Aquele noite, Sam teve dificuldade em pegar no sono.


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Notas finais do capítulo

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