A Riddle escrita por petit_desir


Capítulo 6
TEXAS II




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Ela tinha os olhos pequenos, mas, eram fortes. Ela sempre falava encarando as pessoas, e quando não encarava, não sabia para onde olhar. Ela jamais sorria, por que tinha algo que a impedia de sorrir. E ela também quase nunca ria. Pelo menos, de verdade. Havia uma certa sensação de falsidade naqueles risos que ela soltava. Eram apenas para quebrar o gelo.

Ela tinha a voz grossa, fala masculinizada. Ela tinha a cabeça de um menino. Conseguia conversar como se fosse um, com aquela cabeça perdida em pensamentos tão sórdidos como qualquer um. Ela parecia como uma qualquer, mas, quando a conhecia bem, sabia que era uma mulher diferente. Sabia distinguir “gostar de prazer” de “ser uma puta”. Era engraçado, quando ficávamos, ela sabia exatamente como era isso, sabe? “Gostar de prazer”. A menina parecia saber onde tocar, como arranhar e lamber.

Ela ouvia músicas boas, mas, tinha um gosto peculiar e bem particular. Ela era mesmo assim, toda cheia de particularidades. Acho que ela jamais soube direito como as coisas funcionavam na sua cabeça, mas, sabia como as coisas funcionavam na cabeça dos outros. Ela sabia dar conselhos, o que falar e como falar. Ah, e como ela gostava de falar. Um dos maiores desafios na sua vida sempre foi se manter calada. Mas, palavras jamais lhe faltaram. Ela costumava ser uma pessoa cheia delas.

Seu temperamento era complicado, mas, um pouco previsível. Aliás, ela tinha um padrão de como agir, apesar, de não conseguirmos ler o que passava na sua mente. Às vezes ela parecia um buraco negro, às vezes ela parecia cheia de luz. Mas, ela também nunca parecia ligada à luz. Ela só parecia querer se distanciar das pessoas, segundo ela, ela jamais foi diplomática. Não sabia lidar com muitas pessoas ao mesmo tempo. Com o temperamento que tinha, jamais suportou falta de caráter. Jamais suportou viver na mentira. Ela apenas não conseguia dormir, caso algo estivesse errado.

Ela jamais mostrou seu coração, pelo menos, não tão fácil. Ela sempre escondia o que sentia. Fingia-se de forte, dura como pedra. Era uma pessoa fácil de chutar, entretanto, justamente por isso. Ela jamais choraria, era o que se pensava. Mas, era frágil como qualquer um. Pequena como qualquer um. Seu coração havia sido quebrado muitas e muitas vezes, por todos acreditarem que existia nela esse pedaço de pedra em seu peito. Ela jamais falaria. Jamais deixaria que alguém tocasse fundo em sua alma. Ela preferia ser assim, mesmo sendo a que mais sofria no final das contas. Ela apenas queria ser forte e achava que sangrar poderia significar isso.

Ela havia significado muito na minha vida.


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