Harry’s P.O.V

A claridade queimava minha cara, fazendo com que eu abrisse meus olhos, mas não era isso que me havia feito acordar.

O despertador tocava loucamente no criado mudo ao lado da minha cama. Eram seis da manhã. Tentei recordar porque tinha que acordar naquele horário e lembrei da escola.

Parecia fazer tanto tempo que eu não ia aquele lugar, que para mim havia se tornado desnecessário.

Rolei os cobertores para o outro lado da cama, levantei-me, escovei os dentes e entrei diretamente pro chuveiro.

Diferente do cotidiano, coloquei a água no gelado. A água batia em minha pele fazendo com que eu me arrepiasse completamente, quase do mesmo jeito com que eu me arrepiava quando beijava Marie.

Fechando o olhos, eu podia reviver cada imagem do acontecido de ontem. Era um prazer incontrolável se espalhando pelo meu corpo.

“ – Harry. – Marie gritara por ele. Ele não pensou duas vezes antes de tomá-la em seus braços e beijá-la.

Por Deus, como sentia falta daqueles lábios e daquele perfume que só ela carregava. Ele não queria parar o beijo, era tóxico, viciante para ele.

E ele não queria se desintoxicar. Ele queria mais e mais e mais.

Rodou a garota em seus braços, pondo-a finalmente ao chão. Tentou explicar algo.

– Marie, eu...- A garota o calou com mais um beijo. Ele não teve nem tempo de pensar. Só conseguia sentir os lábios macios da garota imprensados contra os seus.

Assim que se separaram começou a sentir falta e o espaço o vazio que se fazia sem ela o entristecia.

Antes que pudesse responder, ela tornou a falar.

– Não precisa dizer nada. – Ela fazia um carinho nos fios de cabelo do garoto. – Mason, explicou tudo, ou quase tudo. Amanhã, nós conversamos , na escola. – Ela deu um de seus sorrisos, ele não tinha como negar.

Estava sem fala, apenas assentiu, deu mais um beijo na garota e fora embora com o irmão.”

Agora, podia lembrar o motivo que tinha colocado o despertador para tocar. Ele iria vê-la, por isso precisava ir a escola. Por causa dela.

Apressei-me a por uma blusa qualquer, calças jeans e uma jaqueta, após sair completamente congelado do banho.

Desci as escadas sorrateiramente e surpreendi-me ao ver meu irmão na mesa tomando café da manhã com minha vó.

– Que milagre! Você nunca acorda cedo.- Eu comentei rindo, logo após de me sentar a mesa. – Acho que hoje fará sol por causa do seu milagre. – Brinquei com ele, já que o tempo de ColdWater sempre era frio.

– Haha, como você é engraçado, Harry. – Ele comentou irônico.

Não pude deixar de rir. Após terminarmos nosso suco, pão com queijo e maçã fomos liberados com um beijo na testa por nossa avó.

Andamos até o carro e fomos para a escola em silêncio.

Quando chegamos, Mason foi para seu grupinho, não me chateou ou irritou, como fazia, apreciei bastante sua atitude. Ele parecia estar mudando. Parecia.

Não vi Marie o dia todo, mas como só tínhamos a aula de biologia juntos, fiquei relaxado. Ela iria aparecer. Eu sabia que ia.

Eu estava errado. Como sempre.

No minuto em que eu entrei na aula de biologia e não vi Marie sentada ao meu lado, fiquei decepcionado. Depois, comecei a pensar que ela podia estar apenas atrasada.

Minhas esperanças foram arrancadas como garras afiadas quando o professor entrou na sala de aula, trancou a porta e começou a dar aula.

Algo definitivamente estava errado. Eu sabia que sim. Mas coloquei em minha cabeça que não era nada demais. Ela podia ter passado mal e esquecido de me avisar que faltaria. Sim! Foi isso que aconteceu, Harry. Acalme-se.

De novo, eu estava muito errado.

Não consegui prestar atenção na aula nem um segundo sequer, eu estava no automático, por isso não foi de muita surpresa quando o professor me perguntou algo e eu não sabia responder.

Obviamente, todos da sala riram. Menos duas pessoas.

XXXXX

O restante do dia passou rápido e o intervalo foi quase normal. Quase.

Mason decidiu que naquele dia , deveria almoçar comigo. Não reclamei nem nada, mas não entendia o porquê, apesar de eu saber a resposta.

– Mason. – O chamei enquanto ele devorava sua pizza.

– Sim? – Ele respondeu ainda com a boca cheia. Não pude deixar de rir. Mason sempre seria o Mason.

– Por que você não vai falar com a Emily? – Eu queria ajudá-la, ela havia nos salvado e gostava dele. Além do mais, eles dois se pareciam em muitas coisas.

– Por que eu deveria? – Ele franziu a testa para minha pergunta.

– Pelo fato dela ter te salvado, ou por ter nos ajudado, ou porque ela gosta de você, ou por como ela se arriscou por nós. – Falei tudo rápido.

– Espera ai. Ela gosta de mim? – Assenti com a cabeça. Ele olhou para onde ela se encontrava. Sentada. Embaixo de uma árvore. Sozinha.

– Anda, vai lá.

– Sinto que está tentando me juntar com ela. – Sim, eu estou! Gritou minha mente, apenas limitei-me a revirar os olhos.

– Vamos não custa nada ser gentil. Além do mais, vocês tem muitas coisas em comum. – Ele levantou as mãos para o alto em forma de rendição, se levantou do seu lugar e foi em direção a garota morena de cabelos escuros.

Sorri com a cena. Eles formavam um belo casal.

Mason’s P.O.V

Eu sabia que Harry queria me ajudar. Sabia que isso era outra forma dele tentar me agradecer pelo que eu havia feito, mas eu não queria aquilo.

Não me leva à mal, Emily era uma garota linda e maravilhosa mas eu estava confuso demais para sequer tentar pensar em gostar de outra pessoa.

Caminhou lentamente até a garota e sentou-se ao seu lado, ela levantou os olhos do livro que lia para encarar seus olhos.

– Algum problema? – Ela perguntou docemente, com um belo sorriso. Ela tinha belos olhos e... “Pare!” Ordenou meu cérebro.

– Não, claro que não. – Eu respondi sorrindo de volta. Por que estava sorrindo? Ele não queria sorrir, havia perdido Marie para seu irmão e estava sorrindo por ai pra outra garota?

– Então... - Droga, maldita hora que havia seguido o conselho de Harry e ir até ali. "Pense rápido, Mason" disse para si mesmo.

– Eu só queria saber se você gostaria de ir a um piquenique comigo após a escola. - Eu disse. Espera o que eu acabei de dizer?

– O que? - Ela arregalou seus belos olhos castanhos, a cara que ela fazia era tão linda e... "Pare, Mason!" ordenei a mim mesmo.

– Quer dizer, - eu fiquei apreensivo. "Por que eu estava apreensivo? Eu deveria estar torcendo para ela dizer não e no entanto estou querendo que ela aceite?!" Não conseguia parar de pensar. - você não precisa ir se não quiser...

– Não, quer dizer, eu adoraria. Seria ótimo. - Ela deu um sorriso que me derreteu por dentro e... espera. O QUE? "Me derreteu por dentro?" Mas que diabos estava acontecendo comigo?

– Então, nós nos encontramos as três em frente a escola. - Ele sorriu e saiu dali.

Estava feliz e confuso ao mesmo tempo. Será que... NÃO. Não, seria isso. Eu estava apenas confuso era só isso.

XXXXX

Assim que chegara em casa, pedira ajuda da avó para saber o que levar para um piquenique.

A vó, aparentemente, adorara a notícia de que ele estava levando uma garota para um piquenique. Ele não sabia como ela tinha tanta certeza de que ele iria levar uma garota. Mas ela tinha.

Essa era uma das coisas que Blythe Grey sempre sabia. Ela sempre sabia que envolvia garotas.

Obviamente, ela me fez várias perguntas do tipo "como ela é?" "qual o nome dela?", e após uma longa hora, ela tinha me ajudado a terminar a cesta.

Havíamos preparado sanduíches, sucos, cupcakes, além de estar levando algumas frutas.

Saí andando com aquela cesta na mão. Se alguém me visse daquele jeito , com certeza iria ser motivo de zoação. Eu era Mason Cipriano, eu não levava garotas a um piquenique. Muito menos as convidava. Mas lá estava eu indo em direção a escola, esperar uma garota que eu havia convidado para um piquenique.

Fiz uma nota mental para lembrar-me de esmurrar a cara de Harry por isso.

XXXXX

Depois de alguns minutos esperando, Emily apareceu. Ela estava encantadora, não parecia ser uma híbrida que matara os tios e um anjo poderoso para salvar a vida de dois estranhos.

Vestindo um vestido amarelo com florezinhas brancas, ela caminhou até onde eu estava. Levantou-se na ponta dos pés e beijou minha bochecha.

Não entendi porquê meu coração começou a palpitar mais rápido.

Andamos em silêncio até uma clareira. Sim, era a clareira onde eu vira Harry e Marie. Parecia mesmo um deja vú, a única diferença era que ao invés de os protagonistas serem Harry e Marie, éramos eu e Emily.

Sentamo-nos no meio das flores, em cima da típica toalha xadrez vermelha e branca que minha vó me emprestara. Emily riu.

– Típico não? - Ela riu mais um pouco. Não consegui deixar de rir.

– Sim, típico da dona Blythe Grey. - Ri e dei uma piscadela para ela que ficou corada na hora.

Comecei a tirar tudo que havia preparado. Emily arregalou os olhos e deu um sorriso irônico.

– Não acredito que preparou tudo isso sozinho.

– Por que não?

– Você não parece ser o tipo de cara que cozinharia tudo isso apenas para um piquenique. - Ela riu pelo nariz, o que fez o som sair abafado.

– E eu não sou. - Ela estudou meu rosto. - Mas quando pedi ajuda a minha vó, ela me obrigou a fazer tudo isso.

– Então não queria estar aqui? - Arregalei os olhos.

– Se eu não quisesse estar não teria lhe convidado. - Ela pareceu ponderar minha resposta e olhou para o chão. - Então o que você quer comer?

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Comemos toda a comida e rimos depois porque estávamos cheios demais.

Descobri vários coisas sobre Emily e vi que Harry tinha razão, tínhamos mesmo muitas coisas em comum. Ela gostava de filmes de ação e terror, ela gostava dos vilões ao invés dos heróis, ela adorava uma boa briga e, o mais importante, ela não parecia se preocupar com o que eu era.

– Não acredito que se você tivesse que salvar entre Thor e o Loki, você salvaria o Loki. - Eu disse gargalhando alto. Ela riu junto comigo.

– Você ainda não entendeu que eu sou diferente das garotas histéricas que gritam pelo Thor? - Ela deu um sorriso maroto. - Mas é claro que eu salvaria o Loki, sem ele não haveria graça nos filmes, além do mais, ele é uma gracinha e super charmoso. (N/A: Olha ai meu gosto por vilões na personagem ehehehe)

– Ok, ok.Você venceu. - Eu disse gargalhando. - Mas ainda não entendo como consegue gostar do malvado e gostar de um dos mocinhos.

– Simples, Loki me surpreende , Steve Rogers me agrada. - Ela sorriu e deu uma piscadinha pra mim. (N/A²: Olha ai eu na personagem de novo ehehe)

Eu corei imediatamente, virei o rosto pro lado e prossegui andando. Continuamos o assunto com coisas bobas do tipo e nos perguntando quem venceria uma luta : Bruce Wayne ou Tony Stark, Thor ou Super-Homem, Viúva Negra ou Mulher Maravilha? Cada resposta vinha com uma teoria louca e várias gargalhadas.

Durante uma das respostas o cabelo de Emily cobriu seu lindo rosto, a atitude foi meia involuntária. Quando vi, já estava colocando o cabelo dela atrás da orelha e fazendo um carinho em seu rosto. Nós dois coramos.

Fiz mais uma nota mental naquele momento, depois que desse uma boa surra em Harry, o agradeceria por isso.

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Após deixar Emily em sua casa, fui em direção a minha casa e encontrei um Harry paranoico.

Ele estava sem notícias de Marie. Havia ligado para ela o dia todo, mas o celular só dava caixa postal. O desespero dele era imenso.

– Harry, você tem que se acalmar. - Eu disse em um tom baixo e reconfortante.

– Como você espera que eu me acalme? - Ele gritou novamente.

– Por que não fazemos assim? - Ele olhou para mim. - Por que não vamos a casa dela?

Ele concordou com a ideia e quando vimos, já estávamos na mesma trilha que havíamos feito ontem.

Stranger's P.O.V

A garota havia acordado na manhã bem cedo. Estava assustada e tentava se soltar a todo custo.

Eu ria da tentativa patética que ela fazia. Sua boca estava amarrada, seus pés e braços também. Não tinha como ela fugir , nem gritar por ajudar.

Ela não devia nem saber porquê estava ali. Mas eu sabia. Fazia tudo parte de um plano, que eu deveria colocar em prática naquele momento.

Virei-me para a garota e sussurrei para ela:

– Calma, querida. - Ela se assustou com o som da minha voz. Eu permanecia no escuro, escondido da visão de seus olhos. - Logo, logo isso vai ter um fim. Ele irá te salvar, eu sei que vai. Mas agora, eu tenho que ir. Seja uma boa menina e fique quietinha, ta bom?

Ela tentava me encarar horrorizada. Estava como um animal , enjaulada, confusa e sem saber o que fazer. E eu adorava isso.

Caminhei lentamente até o meu destino e os observei novamente. Procurava a maneira perfeita de me esgueirar e fazer o plano entrar em ação.

Mas o outro gêmeo também tinha uma garota e aquela eu conhecia. Era a sobrinha de Meirida. Ela estava do lado deles. Aquela vadiazinha.

Logo, outro plano veio em minha mente. Seriam dois coelhos em uma tacada só. Sorri com aquilo.

Segui o casal o dia todo, mantendo uma distância adequada para que não me vissem. Pelo menos eles não eram tão patéticos quanto os outros dois.

Esperei que ele a deixasse sozinha. Seria mais difícil do que a outra, mas não impossível.

Quando ela se deu pela minha presença era tarde demais. Taquei-a no chão e fiquei por cima dela.

– Você... - Ela disse com nojo na voz.

– Sim, querida. - Dei um sorriso. - Vejo que você está do lado deles, péssima escolha mas explica como seus tios morreram. Foi você. - Ela estava com os olhos arregalados.

Antes que ela pudesse responder, peguei um pano molhado e coloquei em seu rosto. Não demorou muito para ela apagar. Elas sempre apagavam.

Mais uma vez, ele carregava uma garota. Mais uma vez, pelo mesmo motivo. E mais uma vez, ele a levava consigo pela escuridão da noite.