Capuz Vermelho escrita por Greensleeves


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

tédio infernal!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/364862/chapter/12

  "O que esta fazendo vó?" -Logam perguntou entrando na cozinha.

  "Bom dia querido." -A velha sorriu- "Outra torta." -Ela disse pegando uma colher de pau na gaveta.

  "Outra?" -Logam riu e sentou se cadeira.

  "Sim...Mas eu acho que não tem farinha." -Ela disse olhando dentro do armário- "É, não tem. Você poderia ir comprar no mercado?"

 Logam suspirou.

  "O mercado fica tão longe daqui." 

  "Querido, são só alguns minutos."

  "Por que você não vem comigo para casa, passamos no mercado e eu compro a farinha, e você já faz a torta em casa." -Logam disse se levantando.

  "Mas..."

  "Já vou pegar meu casaco. Você precisa tomar um ar, vó. Quando tempo não sai de casa?" -Ele disse rindo.

  "Alguns dias..." -Ela disse tirando o avental.

  "Então." -Ele sorriu- "Do mercado a minha casa é mais perto do que aqui, ai eu só fazemos um caminho." 

  "Tudo bem Logam, tudo bem." 

 Ele lhe entregou o casaco e o cachecol.

  "Onde esta o dinheiro?" -Ele perguntou.

  "na caixinha da sala."

 Logam foi até a sala e avistou uma caixinha de madeira em cima da lareira. Ele a abriu e pegou algumas notas.

  "Pronto vó?"

  "Calma." -Ela disse abotoando o casaco.

 Logam abriu a porta e uma rajada de vento entrou.

 Os dois saíram e caminharam junto até a floresta.

  "Eles poderiam por uma plaquinha para indicar o caminho." 

 Logam assentiu.

 O dia estava frio, mas ensolarado. O que deixou tudo mais agradável; dias nublado o deixava aborrecido.

 Eles atravessaram a floresta em silêncio. Em algumas parte do caminho, Logam tinha que esperar a avó, e, em outras, ajuda-lá. Mas ele tinha toda paciência do mundo para isso. Alias, ele que a obrigou a isso.

  "Você faz todo esse caminho para me ver?" 

  "Sim. Ida e volta."

 Ambos saíram da floresta e andaram pelas ruas desertas de Innsbruck. 

  "Quer ir comigo ao mercado?" -Logam perguntou.

 Sua avó o olhou e negou com a cabeça.

  "Vou para casa, minhas pernas já estão doendo."

  "Quer que eu te acompanhe?"

  "Eu sei o caminho querido. Vá logo comprar a santa farinha." -Ela disse indo para o lado aposto da rua.

 Logam pois a mão no bolso e sentiu as notas do dinheiro. Ele esperou um carro passar e então atravessou a rua em passos rápidos. Deu uma rápida olhada para trás e viu sua avó andando na rua de sua casa. 

 Ele deu as costas e foi para o mercado.

 Por ser cedo, haviam poucas pessoas no estabelecimento, o que era bom, pois em dia de pagamento, era impossível comprar algo.

  "Bom dia." -Logam disse entrando.

  "Bom dia." -Disse Lohan, acenando com a cabeça.

  "Onde fica a farinha?" -Logam perguntou se apoiando no balcão.  

  "No segundo corredor, perto dos pães."

  "Obrigado." 

 Logam foi até o corredor e avistou o saco de farinha. Pegou pois e voltou para o balcão.

  "Como andam as coisas?" -Logam perguntou pegando o dinheiro.

  "Um pouco difíceis, mas estamos superando."

 Logam assentiu.

  "Se precisarem de alguma coisa..."

  "Obrigado Logam." -Lohan pegou o dinheiro e estregou os sacos de farinha em uma sacola.

  "Obrigado." -Logam se despediu e saiu.

 Logam voltou para casa levando a sacola num dos braços, o outro ele mantinha dentro do bolso para aquecer. 

 Quando chegou no portão de casa, pois a mão no bolso para tirar a chave, mas não sentiu nada. Ele olhou para a janela da cozinha e viu uma movimentação. Provavelmente sua avó havia entrado com a chave dela e fechado o portão, por segurança.

 Ele pensou em gritar, mas seria muito inconveniente para os vizinhos, e mesmo que tentasse, não conseguiria pular o portão. 

  "Acho que isso te pertence." 

 Logam se virou e viu um par de chaves sobrevoando seu a centímetros do seu rosto.

 Haskel sorriu e entregou para o garoto.

  "O que faz com elas?" -Logam perguntou a pegando.

  "Você deve ter deixado cair ontem, quando escorregou. Eu as achei hoje de manha quando vinha para cá."

  "Obrigado." -Logam abriu o portão e entrou- "Aqui está." -Ele disse entrando e fechando a porta.

  "Demorou." -Sua avó disse da cozinha.

  "Eu achei que tinha perdido as chaves." -Ele pois a sacola na mesa.

  "Quer me ajudar ou vai falar com seu amigo?" -Sua avó olhou para ele.

  "Amigo?"

 Logam olhou pela janela da cozinha e Haskel estava parado na frente do portão.

  "Já volto." -Ele disse indo para a porta.

 Ele saiu e foi até Haskel, que amassava uma plantinha com os dedos.

  "O que quer?" -Logam perguntou fechando o portão.

 Haskel riu.

  "Acho que fui muito chato com você ontem." -Ele disse.

 Logam o olhou.

  "Jura? Veio até aqui para dizer isso?" -Ele cruzou os braços.

  "Ah, por favor. Não dê chilique." -Haskel riu, mas Logam estava bem serio- "Admito que fui um pouco idiota. Entendo você agora."

 Logam revirou os olhos.

  "Por que você não me mostra a cidade?" 

  "Você é estranho." -Logam disse cerrando os olhos.

  "Tem cinema aqui?" -Haskel perguntou andando.

 Logam o olhou se afastando, até que o outro se virou e acenou com a cabeça. Uma parte dele queria ignorá-lo, mas a outra gostou da ideia de ser o guia do garoto.

  "Não, não ha cinemas em Innsbruck." -Logam disse acompanhando os passos do outro.

  "E o que você fazem por aqui?"

  "Tem uma biblioteca virando a rua." -Logam disse pondo as mãos no bolso.

  "Biblioteca são legais." -Haskel assentiu- "Você se lembra quando disse que fui criado por um alemão? Então ele tinha uma enorme biblioteca na casa, era fantástico."

 Logam o olhou.

  "Você não parece que gosta de ler." 

  "Não." -Haskel riu- "Mas eu gosto de ouvir histórias." -Ele deu de ombros.

 Logam sorriu. Aquilo havia soado estranho, mas legal. 

  "Aquela com você era sua mãe?" 

  "Não, minha avó. Mas na verdade eu moro com a minha tia."

  "E seus pais?" -Haskel o olhou.

  "Minha mãe morreu quando ei tinha sete anos e eu nunca conheci meu pai. Moro com minha tia desde então." 

  "Sinto muito."

  "E você? Qual é sua história?"

 Haskel cerrou os olhos como se tentasse se lembrar.

  "Tenho muitas histórias." -Ele disse.

 Os dois entraram no parque e sentaram em um banco qualquer.

  "Você ainda mora com o alemão?" -Logam perguntou o olhando.

 Haskel negou com a cabeça.

  "Ele faleceu a um tempo."

  "E seus pais?"

 O garoto fez uma pausa e desviou o olhar.

  "Não quero falar sobre isso." -Ele disse por fim.

  "Desculpe." -Logam olhou para o outro- "Mas o que o fez vir para cá?"

 Haskel suspirou e encostou no banco.

  "É uma longa história... Mas resumindo, depois da morte dele eu não tinha mais o que fazer na sua casa. Eu não era bem vindo na família dele, então não precisava mais ficar. Peguei o primeiro trem que vi e vim para Innsbruck. No caminho, conheci um senhor e viramos amigos, ele disse que havia perdido o filho na guerra e que estava disposto a me transforar em seu ajudante e aprendiz. Mas quando chegamos aqui, ele pegou uma gripe e se foi. Desde então, fiquei com a sua casa e trabalho junto com os outros lenhadores."

 Logam assentiu. Haskel tinha uma estranha ligação com a morte, o que era triste e ao mesmo tempo sombrio para um garoto como ele.

  "Por que não volta para a Polônia?" 

  "Não tenho mais o que fazer lá?" -Haskel o olhou.

  "Você não tem nenhum parente?"

  "Devo ter? Mas... acho que eles não me querem por perto. Não sou uma pessoa tão boa assim." -Ele riu.

  "Não a nada melhor do que estar perto da família." -Logam disse para si mesmo.

 Haskel o olhou e sorriu. 

  "Podemos ir um dia a biblioteca." -Haskel disse mundano de assunto.

  "Podemos." -Logam riu e o olhou.

 Longe da floresta, Logam podia ver melhor o garoto. Sempre havia uma pequena camada de neblina por lá, o que embaçava a visão, mas agora, ao céu aberto, era mais visível as feições de Haskel. 

 Como por exemplo, uma fina cicatriz ia do canto direito do seu queixo até a área da orelha. Mas essa era a unica imperfeição no seu rosto, sua pele era clara, o que fazia suas bochechas ficarem vermelhas no frio. E se você olhasse bem de perto, perceberia que um dos deus olhos era azul e o outro um verde claro; Logam já tinha lido isso em um livro de genética uma vez, era uma anomalia bem rara... Mas o deixava um pouco especial.

  "Você tem muitos amigos aqui, Logam?" -Haskel perguntou.

  "Alguns, não muitos." -Logam deu de ombros.

  "Huum..." -Haskel assentiu e olhou para o céu.

  "Logam! Finalmente te achei." -Thomas disse vindo em sua direção.

 Logam acenou com a cabeça.

 Thomas se aproximou e olhou para Haskel.

  "Novo amigo?" -Perguntou sorrindo.

  "Esse é Haskel." -Logam disse.

  "Olá." -Haskel arqueou as sobrancelhas.

 Thomas assentiu.

  "Onde você estava ontem? Fui na sua casa duas vezes."

  "Eu fui para minha avó."

  "Ah... Tenho que te entregar uma coisa." -Thomas disse tirando um envelope verde claro do casaco- "Você viu a Annita?"

  "Só a quela vez que estava com você." -Logam disse pegando o envelope.

  "Preciso entregar o dela." -Thomas disse- "Se a vir, pode dizer que a estou procurando?"

 Logam sorriu e assentiu.

  "Obrigado, até." -Thomas se virou e andou apressado para fora do parque.

 Logam se virou para Haskel, mas o banco estava vazio.

  

  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!