Capuz Vermelho escrita por Greensleeves


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Desculpa não ter postado esses dias, é que eu tive que fazer um trabalho e foi tenso. E semana que vem... (a do dia 17) eu não terei muito tempo para postar, entrarei em semanas de prova.. Mas assim que der, nas sextas, prometo tentar postar.. Espero que gostem desse e se der eu posto mais um hoje =)
>> http://www.rainymood.com E se você clicarem em ''Today's Music: Chopin'' terão o prazer de ouvir a musica junto com Logam e Haskel. ^-^



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 Logam chegou em casa e ouviu risadas vindo da cozinha, então foi para lá.

  "Olá, querido." -Disse sua tia.

 Sua avó mexia alguma coisa em uma tigela de vidro e sorriu ai ver o neto.

  "Mãe, a próxima vez que o Logam te obrigar a sair de casa não de ouvidos a ele."

  "Por que?" -Logam sentou na cadeira e olhou para a tia.

  "Por que? Bem, digamos que você fez com que sua avó saísse de casa para fazer o bolo e já comprasse a farinha. Mas esqueceu que o resto dos ingredientes ficou na casa dela."

 Logam olhou para a avó assimilando a besteira que havia feito.

  "Desculpe vó." -Ele disse.

  "Não se preocupe querido. Sua tia já comprou o que precisava."

 Logam sorriu e assentiu. Então se lembrou do envelope no seu bolso e o pegou.

  "O que é isso?" -Sua tia perguntou.

  "Convite para a festa de Thomas."

  "Pelo visto, todos os anos eles fazem isso."

 Logam assentiu.

  "Thomas disse que é tradição da família."

  "Tradição ou condição?" -Sua avó comentou.

 Logam deu de ombros.

  "Você irá esse ano de novo?" 

  "Pretendo." -Logam olhou para a tia.

  "Achei que você iria passar o natal conosco." -Ela disse tristemente.

 Logam desviou o olhar. Todos os anos Thomas fazia a festa, e todos os anos ele ficava entre a cruz e a espada... Ou entre a família e a festa.

  "Deixe o garoto ir, Bertha." -Disse sua avó.

 Logam olhou para a tia e sorriu.

  "Bem..." -Ela deu de ombros e Logam entendeu aquilo como um sim- "Mas aqui diz que será um baile de mascaras. Temos uma mascara?" 

 Logam pegou o convite e leu. Dizia que a festa teria um baile de mascaras e que os convidados poderiam ir fantasiados.

  "Fazemos uma fantasia para você, querido. Eu te ajudo." -Disse sua avó.

  "Obrigado, vó." -Logam sorriu.

  

XXX

 No dia seguinte, Logam acordou cedo. Ele estava decidido a ir a biblioteca e pegar novos livros. Tomou um café reforçado feito pela tia e quando estava preste a sair, a mesma o mandou acompanhar a avó para a casa, já que ele que havia a trazido.

  "Espero não estar ocupando seu tempo." -Disse sua avó atravessando a rua.

  "Não se preocupe com isso, o dia ainda é bem longo." -Ele disse sorrindo.

 Logam não estava surpreso com o clima. Estavam quase na metade de dezembro e ainda não havia nevado, mas algo no ar dizia que em breve isso ocorreria. 

 O dia estava nublado, mas não parecia que iria chover; e Logam torcia para isso, já que não queria voltar ensopado para casa.

 Os dois tinham acabado de entrar na floresta, quando foram detidos pelo guarda.

  "Você de novo aqui, rapaz?"

  "Eu já disse que minha avó mora aqui." -Logam respondeu.

  "O que esta havendo?" -Sua avó perguntou.

  "Minha senhora, é proibida a entrada de pessoas não autorizadas nessa área."

  "E desde quando existe essa lei?" 

  "Dês da semana passada." -O guarda disse meio sem certeza, mas segundos depois ficou serio, mostrando autoridade.

  "Bem, meu senhor, como meu neto disse, eu moro do outro lado da floresta, e sou uma mulher de idade para dar a volta. Então, se o senhor me permite, nós continuaremos a andar e espero que o senhor não nos interrompa mais, pois se não vou querer falar com o seu responsável. Esta entendido?"

 O homem olhou para Logam e para a senhor a sua frente.

  "Mas..."

  "Sem mas." -Ela segurou a mão de Logam e a puxou- "Vamos Logam."

 Os dois voltaram a andar pela floresta, como se nada tivesse acontecido.

 Logam olhou para trás e viu o guarda olhando para ele, e não pode deixar de sorrir.

  "Parabéns vó." -Logam disse segundos da casa.

  "Quem ele pensa que é para me proibir de voltar para casa. Nunca saio e quando saio tenho que ficar ouvindo isso." -Ela disse rindo no final.

  "Bem vó, deixou a senhor aqui." -Logam disse.

  "Tudo bem querido, vá fazer suas coisas. Muito obrigada." -Ela sorriu e o beijou na testa.

 Logam deu a volta e voltou para a floresta. 

 Apesar de o sol já estar alto, o dia parecia esfriar mais. Logam fechou o casaco até a gola e pois as mãos no bolso para esquentá-las, mas mesmo assim sentia seu corpo tremer instantaneamente algumas vezes.

  "Sua avó tem muita autoridade." -Haskel disse aparecendo de trás de uma arvore.

  "Você ouviu?" -Logam perguntou o olhando.

  "Sim." -Ele riu.

  "Ela apenas queria ir para casa." -Logam deu de ombros.

  "Gostei dela." -Haskel olhou em direção a casa da avó, como se pudesse vê-la.

  "Não é muito cedo para você esta aqui?" -Logam perguntou.

  "Eu digo o mesmo." -Haskel sorriu.

  "Bem, eu tenho uma desculpa. Como você viu, vim acompanha-la."

  "Eu acordo cedo." -Ele assentiu.

 Logam riu.

  "Você foi embora ontem." -Logam disse lembrando do dia passado.

 Haskel coçou a nuca, um pouco desconfortável com a afirmação do outro.

  "Eu tive um imprevisto." -Ele respondeu por fim.

  "Sei..." -Logam alisou a grama com o pé- "Vai fazer algo agora?"

 Haskel o olhou.

  "Não... Não sei."

  "Quer ir comigo a biblioteca? Assim você já sabe o caminho." -Logam deu de ombros.

  "Pode ser." -Haskel sorriu.

 Os dois andaram para fora da floresta, e dessa vez, o guarda não disse nada. Logam ficou em duvida de era por causa da sua avó, ou por apenas conhecer Haskel. Mas não perguntou nada.

 O sol pareceu acompanhar os dois, pois quando ambos chegaram a rua, um pequeno raio saiu pelas nuvens.

  "Aqui estamos." -Disse Logam parando em frente aos degraus branco da biblioteca.

  "Parece um museu." -Haskel disse.

  "Vamos." 

 Logam subiu o pequeno lance de escada e entrou logo atras de Haskel.

  "Bom dia, Logam." -Disse Margoh sorrindo- "Novo amigo?"

 Logam olhou para Haskel e sorriu.

  "Haskel, Margoh. Margoh, Haskel." 

  "Olá." -Margoh disse sorrindo.

 Haskel acenou com a cabeça.

 Logam então se lembrou que havia esquecido o livro em casa. Ele fez uma careta e apoiou no balcão.

  "Não me venha com essa cara, senhor. Já é a segunda vez que esquece o livro." -Margoh disse cruzando os braços.

  "Eu sei... Eu juro trazer assim que puder." -Logam disse- "Mas mesmo assim posso pegar outro? Você me conhece a tanto tempo, sabe que eu não fiz de propósito."

 Ela suspirou e assentiu lentamente.

  "Obrigado." -Ele sorriu.

  "Só para não causar mau impressão ao seu amigo." -Ela disse quando os dois já haviam sumido entre as montanhas de livros.

  "Gosta de ler?" -Haskel perguntou seguindo Logam entre as estantes.

  "Sim... Não há muito o que se fazer aqui, por isso virei amigo dos livros.

 Haskel riu.

  "O que?" -Logam o olhou.

  "O jeito que você fala as coisas..." -Ele negou com a cabeça e riu novamente.

 Logam deu de ombros e foi até a sessão D, onde Margoh disse que havia livros novos. Ele não tinha visto direito os livros na ultima vez que veio, então decidiu olhar melhor.

 Ele foi até a estante e foi passando de livro em livro, até chegar em um que chamou sua atenção. Ele o pegou e começou a folhear.

  "Eu posso pegar qualquer livro, sem precisar pagar?" -Haskel apareceu entre o vão que a falta do livro havia formado. Logam o olhou pelo retângulo e sorriu.

  "Você precisar ter um cartão para isso." -Ele disse- "Mas se você quiser, eu posso pegar para você." -Ele sussurrou.

 Os olhos de Haskel brilharam. Ele sorriu e assentiu.

  "Mas como eu faço um cartão?" 

  "Tem que pagar um tava e dar alguns dados seu." -Logam disse.

 Haskel pareceu pensativo, ele passou os olhos pelos livros a sua volta e disse por fim.

  "Acho que é mais fácil você pegar para mim... Se quiser, é claro."

  "Não te, problema." -Logam sorriu.

 Haskel sorriu de volta e levantou o olhar para o livro em sua mão.

  "Vai pegar esse?" 

  "Acho que sim." -Logam olhou para o livro.

 Haskel assentiu.

  "Acho que você vai gostar desse." -Ele disse passando um livro pelo retângulo vazio.

 Logam pegou o livro e olhou a capa.

  "Crianças e Tales domésticos*." -Logam leu em voz baixa.

  "Conhece?"

 Logam assentiu.

  "Já li alguns contos deles na escola." 

  "Meu preferido é O Flautista de Hamelin." -Haskel disse sorrindo.

 Logam pois o livro em cima do outro e olhou para o garoto.

  "Vai querer algum?" -Logam perguntou dando a volta na estante e encontrando com Haskel do outro lado.

  "Acho que não. Não tenho tempo..." -Ele deu de ombros.

  "Você quem sabe." -Logam disse indo até o balcão.

 Margoh o olhou e pegou o carimbo na gaveta.

  "Só esses?" -Ela perguntou.

  "Sim." -Logam disse pondo os livros em cima do balcão e tirando o cartão da biblioteca do bolso do casaco.

 Margoh carimbou no quadrado marcado e entregou os livros.

  "Devolva semana que vem, junto com o outro." -Ela disse.

  "Pode deixar." -Logam sorriu e pegou os livros.

 Logam passou pela porta e se surpreendeu. Estava chovendo.

  "Droga." -Ele disse.

  "O que foi?" -Haskel perguntou.

  "Esta chovendo, não era para chover."

  "Chuva é legal." -Haskel sorriu.

 Logam olhou para ele e para a chuva que caía e cobria toda a cidade.

  "Onde fica sua casa?" -Logam perguntou.

  "Do outro lado da floresta. Acho que na mesma rua que a da sua avó." -Ele respondeu.

 Logam analisou a situação. Da biblioteca a sua casa daria uma boa caminhada, e ele acabaria se molhando e molhando os livros. Sem contar que a casa de Haskel ficava mais longe ainda.

  "Vamos para minha casa, então." -Logam disse decidido.

  "Com vamos, você quer dizer eu também?" -Haskel levantou uma sobrancelha.

  "Claro. Sua casa fica do outro lado, vai se molhar todo. Você fica em casa até a chuva parar, que eu não acredito que será logo, e depois vai para sua casa." -Logam olhou para ele.

  "Você sabe que só nos conhecemos a alguns dias."

  "Eu sei." -Logam disse aumentando seu tom de voz por causa do barulho da chuva.

  "Eu sou um estranho ainda. Quer mesmo me levar para sua casa?" 

  "Não é uma opção." -Logam abriu o casaco e pois os dois livros dentro e depois o cobriu.

  "Você é louco." -Ele ouviu Haskel comentar, mas fingiu não ter escutado.

  "No três." -Logam disse olhando para o outro.

  "Não acho isso uma boa ideia."

  "Não foi você que disse que a chuva é legal?" -Logam levantou uma sobrancelha.

  "Sim mas..." -O outro deu de ombros."

  "Três." -Logam disse puxando o braço de Haskel e descendo rapidamente os degraus da biblioteca.

 Os dois correram pela rua, desviando de pessoas, postes... Com a chuva, era muito difícil de enxergar e Logam se odiava por não ter cortado o cabelo, pois o mesmo batia em seu rosto e as vezes no seu olho.

 Quando avistou o portão de casa, suspirou aliviado. Ele apontou para a casa e Haskel assentiu. Ele parou em frente ao portão e o abriu, agradecendo por sua tia ter deixado aberto. Ele correu para a porta e quando entrou em casa quase caiu de cara no chão. Haskel entrou segundos depois e fechou a porta, com um pouco de dificuldade, pois ventava muito.

  "Conseguimos." -Logam disse feliz.

 Haskel riu e assentiu.

 Logam tirou seu casaco, deixando-o no chão mesmo, e pois os livros em cima da mesinha da sala.

  "Bonita casa." -Haskel disse.

  "Obrigado. Venha, eu tenho toalhas lá em cima." -Logam disse subindo as escadas.

  "Sua tia não esta aqui?" 

  "Ela deve estar trabalhando." -Ele respondeu entrando no quarto e acendendo a luz.

 Haskel passou a mão no cabelo e tirou seu casaco. Sua blusa estava um pouco grudada no corpo e aquilo o incomodava.

  "Posso te emprestar uma camisa se quiser." -Logam disse lhe entregando uma toalha.

  "Obrigado." -Haskel a pegou e a pois em cima da cama.

 Logam tirou sua outra blusa e secou seu cabelo com a toalha. Quando se virou, Haskel estava sem camisa e secava o braço com a toalha que ele havia dado.

 Logam já havia dormido varias vezes na casa de Thomas, e varias vezes tinha visto outros garotos sem camisa. Mas, estranhamente, ver Haskel o deixou incomodado e estranho. 

 Ele tinha que admitir que Haskel tinha um belo físico, porém o corpo do garoto era marcado por algumas cicatrizes, umas mais longas e profundas, outras mais finas e quase sumindo na pele. Sem contar nos hematomas nas costas e na lateral do corpo, como se tivesse apanhado.

  "Pode me emprestar a camisa?" -Haskel disse olhando para Logam, que desviou rapidamente o olhar quando percebeu que o garoto havia notado que ele o encarava.

  "Claro." -Logam disse indo até o guarda-roupa.

 Ele pegou uma das camisas e entregou para o outro.

  "Obrigado." -Haskel agradeceu vestindo a camisa.

 Logam trocou de camisa também e vestiu outra calça.

  "Esta com fome?" -Ele perguntou vestindo uma blusa.

 Haskel negou com a cabeça, mas na verdade estava, só não queria ser mal educado.

  "Vamos." -Logam disse saindo do quarto.

 Ele desceu as escadas até a cozinha e acendeu a luz da mesma. Sua tia havia preparado macarrão ao molho branco, oque fez Logam salivar.

  "Tem certeza que não esta com fome?" -Ele perguntou pondo o prato na mesa- "Minha tia cozinha muito bem."

 Haskel riu.

  "Tudo bem... Só porque você esta insistindo muito." -Ele disse.

 Logam sorriu, pegou outro prato e serviu ambos. 

 Os dois comeram em silêncio. E quando acabaram, Logam pois os pratos na pia e foram para sala.

  "Sua tia trabalha em que?" -Haskel perguntou sentando no chão, enquanto Logam acendia a lareira.

  "Ela é garçonete." -Ele disse sentando-se a sua frente.

  "Isso explica o porque do macarrão estar tão bom." 

  "Vou dizer isso para ela."

 Os dois riram.

 Haskel abraçou as pernas junto ao peito e percorreu os olhos pela sala.

  "Você confia mesmo em mim." -Ele disse.

  "O que quer dizer com isso?" -Logam o olhou.

  "Me chamou para sua casa, me emprestou uma roupa... Ou você confia em mim, ou acha que sou um necessitado."

 Logam riu.

  "Confio... E por que não?" -Ele o olhou- "Você parece ser uma pessoa legal... E se quisesse fazer algo, acho que já teria feito." -Ele deu de ombros.

 Haskel o olhou.

  "E se eu não for uma pessoa legal?" -Haskel o olhou.

  "Eu acho você legal." 

 Haskel soltou o ar pelo nariz, como uma risada interna.

  "Você não é?" -Logam estreitou os olhos.

  "Não sei."

  "Não fiz coisas legais." -Ele sussurrou, como se não quisesse que Logam ouvisse.

  "Todo mundo merece um perdão, não importa o que fez." -Logam disse o olhando.

 Haskel o olhou de volta.

  "Você é legal, Logam." -Ele disse.

  "Eu sei, sou muito legal." -Logam disse e depois riu.

  "Sua tia não vai se importar de me ver aqui?" 

  "Ela só chegará anoite." 

 Um trovão ecoou pelo céu e depois tudo ficou em silêncio. Um silêncio desconfortável e chato. Logam olhou para o toca disco no canto da sala e teve uma ideia.

  "Quer ouvir música?" -Ele perguntou.

 Haskel piscou, saindo de seus devaneios e olhou para ele.

  "Qual música?"

 Logam levantou-se e foi até o toca disco. Ele olhou para o pequeno monte de disco do lado e pegou seu preferido. Levantou a agulha e pois o disco, que começou a rodar, então ele a soltou e o som começou a invadir a sala. 

 Logam voltou a se sentar e cruzou as pernas. Os dois ficaram em silêncio e apreciaram a música. 


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Notas finais do capítulo

~~Espero que esse cap. não tenha ficado tão grande e cansativo...

Nossa! Na minha escola esta tendo um concurso literário, mas eu nem o que escrever... alguma ajudinha pra mim kkkkkkk (brincadeira...)




*- "Contos de Grimm (no original alemão Kinder- und Hausmärchen)"