Agora É Guerra! escrita por LDMRPB


Capítulo 3
Aquele em que eu tomei coragem.


Notas iniciais do capítulo

Uma boa leitura (:



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O fim de semana se passou vagarosamente. Eu o passei inteiro pensando no que poderia fazer para conversar com o David e confessar meu amor ao moreno. Eu já tinha planejado tudo em minha cabeça. Iria chegar bem cedo na escola e colocar um papel na banca do David, lá eu iria escrever que precisava de ajuda com uma matéria e perguntar se ele podia me encontrar no final da aula para me explicar o assunto. Como ele era inteligente e prestativo me ajudaria e não iria acompanhado dos amiguinhos chatos dele, e dessa forma nos conheceríamos melhor.

 Mas afinal estamos falando de mim, é obvio que não aconteceu como previsto. Eu cheguei todo animado na sala, duas horas antes do horário, mas o faxineiro ainda estava limpando e só me deixou entrar quando terminou o serviço. Quando ele terminou a limpeza faltava apenas meia hora para começar as aulas, sendo assim, já tinha varias pessoas da minha classe por perto, e eu não tive  coragem de fazer isso na frente delas.

Fiquei as três primeiras aulas do dia distraído, imaginando como eu entraria em contato com o David. E teria que ser ainda hoje, não queria esperar nem mais um dia. Passadas as três primeiras aulas, chegou a hora mais horripilante do dia: A educação física. Eu sempre arrumava alguma desculpa e ficava na arquibancada fingindo ler algum livro enquanto secretamente apreciava o David, ele jogava muito bem qualquer esporte.

Dessa vez algo diferente aconteceu, o treinador velho que acreditava em minhas desculpas esfarrapadas não estava mais lá, agora um homem jovem seria nosso novo professor.

— Quero todos os meninos aqui. — Me aproximei do grupo que se formava em volta do professor, enquanto as meninas ficavam na arquibancada conversando ou fazendo qualquer futilidade do gênero.

— Daniela, você não entendeu? Só os meninos. — Um garoto chamado Sean falou se referindo a mim, fazendo todos os outros rirem. Menos David e o treinador. Este último se apresentou e disse que se chamava Russel. Olhou atento, me analisando, acho que ele ficou em duvida se eu era um menino ou uma menina e não queria fazer nenhuma suposição errada em seu primeiro dia.

— O Daniel não é muito fã de esporte, treinador. — David falou, marcando bem a palavra Daniel, no masculino.

— Daniel, você tem algum problema de saúde? — Eu balancei a cabeça negando, estava odiando toda aquela atenção voltada para mim. — Bom, então infelizmente você terá que jogar. — Eu o olhei com a minha melhor cara de coitado tentando com muito esforço o fazer ter pena de mim, mas mesmo assim ele insistiu em me colocar no jogo. — Quem aqui já jogou basquete? — Todos levantaram a mão, menos eu. — Vejo que foi a maioria, então quero dois meninos para serem os capitães dos times. — O Sean levantou a mão no mesmo momento que o treinador falou capitão e ficou me encarando como se me ameaçasse a ser o próximo capitão, virei meus olhos para ignora-lo. Os outros meninos começaram a nomear o David e ele disse que queria ir. — Ótimo, agora quero que vocês escolham o time. — Eles ficaram em frente ao treinador e jogaram pedra papel e tesoura. O David ganhou. — David, escolha um menino para ficar no seu time. — Ele olhou ao redor, todos os amigos dele, que não eram poucos, o olhavam com expectativa de ouvir seu nome sendo chamado pelo garoto.

— Daniel. — Todos olharam para mim, e eu olhei para trás. Deveria ter dois Daniels na turma, porque ninguém em sã consciência me escolheria. — É você mesmo, loirinho. — Senti minha face esquentar, ele me chamou de loirinho. Caminhei até atrás de si, o Sean me olhava com ódio, até hoje nunca soube o que ele tinha contra mim, ele era assim desde... Sinceramente? Ele sempre foi assim. Adorava me importunar e parecia ter um prazer particular em fazer da minha vida um inferno. Após um decorrido tempo os times estavam todos formados.

— É o seguinte, o time que ganhar terá a chance de participar da seleção para os jogadores oficiais do Colégio. — Todos arregalaram os olhos com as palavras do treinador. Estar em uma equipe esportiva do colégio, era o auge de popularidade, algo que parecia ser de grande valor para aqueles pré-adolescentes.

 Ele apitou e o jogo começou sem ninguém me explicar nada, por sorte eu costumava assistir aos jogos de basquete com o Marco, então sabia algumas coisas, apesar de nunca ter jogado. Eu fiz a coisa mais sensata, fiquei fora do caminho do time inimigo. Deu certo até o final do quarto tempo, nosso time estava perdendo por um ponto, e o David fez uma coisa muito idiota. Ele estava cercado por três meninos, incluindo o Sean, que já com doze anos, era enorme. Então o David olhou para os lados desesperado, todos estavam marcados, ele olhou para o placar, e depois olhou para mim. Eu não entendi direito, até que a bola laranja veio em minha direção. Faltava meio minuto para o treinador apitar o término do jogo, droga! 25 segundos restantes. Então eu corri quicando aquela bola como eu via nos jogos, não foi tão difícil quanto eu imaginei que seria, saltei e coloquei a bola dentro da cesta. Droga, eu toquei no aro! Após minha jogada todos olharam para mim com surpresa, até mesmo o treinador, que se esqueceu de apitar o fim do jogo. O David veio até mim com os olhos arregalados e a boca entreaberta.

— Vo-você... — Ele gaguejou chocado. Como eu era idiota, perdi a única chance de impressionar o David.

— Desculpa. —  Falei cabisbaixo, antes dos meninos do meu time começarem a gritar em comemoração. Eu fiquei tão confuso. O que estava acontecendo? Eu cometi uma falta, nós perdemos.

— Como você fez isso? — David perguntou boquiaberto.

— Isso o que? — Indaguei.

— Como você conseguiu enterrar a bola? —

— É fácil acertar a cesta assim. Não é proibido? —

— Não, pelo contrario, é raro e muito, muito legal! — Nós não pudemos terminar de conversar, porque os meninos do nosso time se jogaram contra nós, fazendo-nos cair no chão, gargalhando e elogiando a minha jogada. Foi a primeira vez que eu pude entender, pessoas podem ser legais. Após muita comemoração do nosso time, e até mesmo de me carregarem no ar. Restou no vestiário apenas eu e o David, todos os outros meninos já haviam se retirado.

— Já vou indo Daniel. — Ele falou enquanto colocava a sua mochila nas costas.

— Espera! — Ele virou os olhos para me olhar. — Você vai tentar entrar pro time? —

— Vou sim, e você? — Perguntou gentil.

— Eu não ia, mas agora eu vou. — Tampei a minha boca com minha mão assim que as palavras saíram.

— Agora que descobriu que pode enterrar uma bola, eu também tentaria. — Ele deu um sorriso largo. Suspirei pesadamente, ele não havia entendido. Eu não estava feliz com isso. Eu queria que ele soubesse o que eu sinto.

— Não é por isso. — Ele me olhou confuso, estreitando os seus olhos cinzas, fazendo com que seus cílios grossos e compridos quase se encontrassem. — É porque você vai tentar, e eu quero passar mais tempo com você. — Expliquei receoso.

— Então acho bom você se esforçar para entrar no time, porque eu definitivamente vou passar. — Falou convencido inflando seu peitoral. Ele foi se virando para ir embora novamente. Segurei o seu braço, e olhei em seus olhos cinza, muito próximo do seu rosto.

— Eu gosto de você. — Ele pareceu não entender muito bem o que eu havia dito.

— Bom, isso é uma péssima ideia.—

— Por que? — Questionei.

— Porque eu não me apaixono. Olha cara eu sinto muito ‘tá legal? Mas eu sou inteligente e apenas os idiotas se apaixonam. Mas se quiser ser meu amigo, então ‘tá tranquilo. — Ele se afastou de mim me dando leve tapinhas nas costas — Até amanhã, loirinho.— E saiu me deixando sozinho no vestiário.

Cambaleei até um dos bancos sentando, pois sentia minhas pernas tremularem. Isso era complicado, um cara que não se apaixona. Porém eu fiquei muito feliz por ele não me achar estranho ou nojento por gostar dele e além disso, ele ainda quer ser meu amigo. Ia ser difícil conquistar o David.

— Se é difícil, é porque vale a pena. — Falei para mim mesmo, lembrando-me do que o meu pai havia dito alguns dias atrás. Acabei sorrindo em pensar na possibilidade do David gostar de mim. Sai do vestiário pensando no quanto eu teria que treinar para entrar no time, quando esbarrei em alguém.

— Você não olha por onde anda? — O Sean estava sentado próximo a porta do vestiário, com a cabeça baixa. Olhou-me com raiva, seus lábios tremendo e os olhos vermelhos, provavelmente irritado por ter perdido o jogo.

— Desculpe, eu não te vi. —

— Idiota! — Resmungou irritado me encarando com a sua expressão raivosa. Levantou e me deixou ali sozinho. Ah, quer saber? Eu decidi ignorar, meu dia tinha sido ótimo, não ia me preocupar com alguém como ele.


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Notas finais do capítulo

Bom, espero que gostem. Desculpe a demora, e principalmente por não responder os reviews, mas estou com ainda menos tempo, jpa que o meu colégio virou integral T_T Enfim continuem mandando reviews, eu juro que assim que eu poder eu responder.Quanto a OGDOES, já está sendo terminado ^^Beijos, e vou tentar voltar em até 45 dias (: