Agora É Guerra! escrita por LDMRPB


Capítulo 2
Aquele dos conselhos.


Notas iniciais do capítulo

Gente, fiquei muito feliz com os comentários, então estou postando bem rapidinho *-* Boa leitura e obrigada a Louise Chan por favoritar (:



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Foi somente aos meus 12 anos que eu comecei a entender o que aquele sentimento desconhecido, aquele calor no peito e sorriso involuntário significavam. Desde o incidente à quatro anos atrás eu e o David não voltamos a nos falar, aquela havia sido a primeira e última vez.  Durante todos esse anos ele continuava em minha turma, mas parecíamos ser de universos diferentes, ele andava com os populares e eu andava sozinho.

Acho que foi nessa época que eu descobri que estava apaixonado pelo David, afinal é com cerca de doze anos que os garotos normais começam a perceber as meninas. No vestiário eu sempre os ouvia comentar barbaridades sobre o corpo das meninas mais velhas, mas eu não dava a minima importância para isso. Eu percebia coisas diferentes deles, eu percebia que o David, meu herói de cabelos negros, ficava cada vez mais alto, que seus olhos cinza brilhavam mais que as estrelas, que ele teve a sua primeira espinha. Eu percebia o David e nada mais ao meu redor.

Eu lembro de uma vez em que eu estava tendo uma conversa com um dos meus pais, e agradeço a ele desde então pelo conselho, afinal foi por essa conversa que eu tomei uma atitude.

— Pai? — Entrei no quarto meio incerto. Meu pai Rodrigo era o mais calmo e mais facil de conversa, eu tinha até um pouco de medo do meu pai Marco. Espera, acho que isso deve estar confuso para você, não você não leu errado. Eu tenho dois pais homens, e apesar de ser filho de um casal homoafetivo eu  não sou adotado. Meu pai Marco era meu pai biologico, ele engravidou a namorada acidentalmente ainda no ensino médio, quando ambos tinham dezesseis anos, mas não deu certo. Bom o motivo é obvio, meu pai é gay. Mas isso é conversa para outra hora, deixe-me continuar com a conversa anterior, onde eu parei? Ah sim...

— Pai? — Perguntei com um tom de voz baixo entrando no quarto sem permissão.

— Danny, o que foi filho? — Meu pai Rodrigo era um homem muito lindo, tinha uma cara de bravo, mas o coração mole. Ele era muito alto e tinha um corpo musculoso, devido ao seu vício em academias, era comum as pessoas se precipitarem e lhe julgarem como grosseiro pela sua aparência.

— Pai, quando é que a gente sabe se ‘ta gostando de alguém? — Meu pai sorriu ao ouvir isso, me pegou nos braços facilmente, como se eu não pesasse nada, e deitou junto a mim na sua cama de casal.

— O primeiro passo é se perguntar se está gostando da pessoa. — Ele riu melodicamente. — Quem é a garota? Ela é bonita? É do seu colégio? — Disparou perguntas, possuído por curiosidade paterna.

— É u-um m-m-menino. — Senti meu rosto esquentar. Eu gaguejei tanto que eu até hoje não sei como o meu pai decifrou o que eu lhe falei, mas ele pareceu entender e acima disso, não se importar.

— E como ele é? — Meu pai perguntou enquanto acariciava os meus cabelos. Aos doze anos meus cabelos loiros estavam maiores, desde que o David os elogiou eu nunca mais cortei, eles agora chegavam até a minha cintura, o que piorava a minha cara de menina, mas eu aprendia a não me importar.

— Ele é lindo! — Suspirei ao imaginar o moreno. — Mas ele nem sabe que eu existo. — Mudei o foco da aparência dele, se eu começasse a me lembrar provavelmente babaria.

— Eu duvido muito disso filho, um garoto como você se destaca. — Rodrigo afirmou seguro me fazendo sorrir ao ouvir aquilo. Meus pais ficavam extremamente preocupados com o fato de que eu não tinha amigos e estavam sempre tentando aumentar a minha baixa estima. Eles achavam que era culpa deles por eu ser filho de um casal gay. Não que alguma vez eles tenham me dito isso, mas eu sabia. Devido as suas aparências eles poderiam facilmente se passar por dois amigos homens, mas eles eram o tipo de casal que gostava de demonstrar afeição em público, eu nem lembro a última vez que estiveram juntos sem dar as mãos. Eles sempre me falavam que apesar dos, ainda frequentes, olhares de reprovação aquele simples ato ia além de uma demonstração de afeto, era também uma afirmação de luta.

— Pai, eu queria perguntar... — Deixei a frase incompleta, por falta de coragem de continuar.

— Filho, pode perguntar qualquer coisa, eu juro responder. Não tenha medo. — Seu tom de voz me trazia segurança, incentivando-me a continuar. Algo que apenas o Rodrigo conseguia fazer tão sutilmente.

— O papai gostava de meninas, né? Como o senhor fez ele se apaixonar por você? — Ele foi visivelmente pego de surpresa e ficou sem saber o que falar e pareceu por um momento perdido em suas próprias lembranças do passado.

— O seu amiguinho gosta de garotas? — Questionou mudando de assunto.

— É, ele já namorou todas as meninas bonitas da sala. — Meu pai fez uma careta ao ouvir isso.

— É complicado, com o seu pai foi algo assim. Eu sempre gostei de garotos e o seu pai sabia disso, ele era meio preconceituoso, mas mesmo assim era meu amigo, no fim ele descobriu que gostava de mim. Sabe filho, o único modo de você saber é ficando mais próximo dele. Você é um garoto legal, por que não conversa com ele e deixa-o perceber isso? Na pior das hipóteses você faz um novo amigo. —

— Eu não sei se consigo, ele é muito popular. — Falei cabisbaixo.

— Filho, você gosta dele? — Indagou.

— Gosto! — Afirmei sem pensar duas vezes.

— Certeza? Existe uma diferença em gostar e dizer que gosta. —

— Pai, eu gosto mesmo dele. — Falei resoluto.

— Então tente, se for difícil é por que vale a pena. — Ele sorriu e eu fiquei pensando no que ele havia dito enquanto aproveitávamos a companhia um do outro com o silencio sendo quebrado apenas pela televisão e enquanto recebia seus gentis toques em meu cabelo, até o meu pai Marco chegar.

— Boa noite, amores! — Ele se dirigiu ao meu pai e lhe deu um rápido beijo nos lábios. Depois me deu um beijo na bochecha.

— Amor, você não vai acreditar!— Rodrigo falou, eu o olhei apavorado suplicando com o olhar para que ele não contasse. — O Danny está apaixonado.— Não adiantou. Botei as mãos em meu rosto, tentando me esconder sentindo meu rosto esquentar em vergonha. Marco fez uma cara estranha, não sei bem explicar exatamente, é como se tivesse passado um misto de emoções em sua cabeça. Ele respirou fundo.

— Eu sabia que esse dia um dia chegaria.— Falou com uma voz chorosa. Marco era totalmente diferente do Rodrigo, ele era mais baixo, mais magro e tinha cabelos loiros quase brancos como os meus. — Quem é a garota? — Perguntou enquanto sentava-se próximo a nós.

— Essa é a melhor parte querido, é um menino — Rodrigo falou todo animado, mas o Marco não pareceu gostar muito. Ele fez uma cara de nojo ou decepção, não sei bem qual foi.

— Não, mil vezes não, um garoto não, Daniel! — Viu? Era por isso que eu não queria contar. Meu pai sempre vivia falando como adoraria me ver na igreja, esperando a minha noiva de branco.

— Querido, você não tem muita moral sobre esse assunto. — Rodrigo falou risonho, mas recebeu um olhar mortal do marido pela brincadeira fora de hora.

—Mas existem tantas meninas lindas nesse mundo, ele ainda é novo, não sabe o que quer! — Falou mais para si mesmo que para qualquer um de nós naquele comodo.

— Eu sei sim, eu quero o David.— Gritei, fazendo com que ambos me olharam assustados pela reação exagerada. Eu nunca havia levantado o tom de voz para ninguém.

— Filho, tudo bem. Seu pai só está surpreso só isso, calma.— Rodrigo tentava me acalmar, eu estava ofegante.

— Não é bem isso.— Agora foi a vez de Marco receber um olhar fatal, ao terminar de falar. — É só que... — Ele se ajoelhou em frente a mim. — Filho, os meninos são mais brutos, são malvados, com meninas você sofre menos acredite, é melhor. — Até mesmo eu, uma criança de doze anos, sabia que não era legal dizer isso na frente do homem com quem você é casado. Eu ia responder alguma coisa, mas o Rodrigo foi mais ágil.

— Mesmo, Marco? Então você está arrependido! — Meu pai falou com uma voz carregada de raiva.

— N-n-n-não amor não é isso.— Marco foi atrás do meu pai, que bateu a porta do banheiro da suíte com força. — Abre essa porta, amor! — E nessa hora eu decidir deixar o quarto, quem manda meu pai falar besteira?


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Notas finais do capítulo

Beijão, e não deixem de comentar :3
Para a Zashiki Chan, espero que tenha feito boas provas (:
Ps: Eu amo o Marco e o Digão, espero que vocês também gostem deles ^^