Agora É Guerra! escrita por LDMRPB


Capítulo 1
Aquele do meu primeiro amor.


Notas iniciais do capítulo

Aos leitores de OGDOE espero que vocês gostem, dedico-a a todos vocês!
Boa leitura!



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Nós nunca iremos nos esquecer do nosso primeiro amor. Em alguns casos raros o primeiro se torna o último, e esse era o meu objetivo. Afinal, eu sempre achei que o meu primeiro amor era perfeito, eu não precisava de um segundo, nem de um terceiro, eu só precisava dele.

Eu ainda me lembro do dia em que eu o conheci. Bem, não o conheci exatamente, mas certamente foi o dia em que eu me apaixonei, foi a faísca inicial para o fogo que iria se instalar no meu coração.Eu ainda era um novato na escola e por consequência não conhecia ninguém. Naquela época eu era apenas uma criança, tinha não mais que oito anos de idade, acho incrível, pois ainda assim me lembro com total clareza, como se tudo aquilo tivesse acontecido há apenas poucas horas. Essa era uma daquelas memorias marcantes que definem todo o resto da sua vida.

Já estávamos o segundo mês de aula e eu ainda não havia feito nenhum amiguinho. Me sentia extremamente solitário naquele ambiente, onde eu brincava sozinho, comia sozinho. Era uma tortura diária. Mas o meu isolamento não intencional não era nenhum mistério, afinal eu era considerado por todos e até por mim mesmo como muito estranho. A pele alva, os olhos azuis que eram muito claros, os meus cabelos que eram tão loiros que pareciam brancos, lisos e com um comprimento médio que batiam em meus ombros. Eu era facilmente confundido com uma garota, e claro que os meninos percebiam isso e faziam de mim o principal alvo para as brincadeiras de mau gosto e agressões. Eu sentia que aquele seria para sempre a minha vida. Sozinho, excluído e mal tratado. Odiava a ideia que ninguém jamais gostaria de mim, ou que no minimo seria gentil comigo.

Entre todos os péssimos momentos daquelas horas diárias de tortura, existia os que conseguiam se destacar ainda mais, como nessa disciplina, a maldita educação física. A única matéria que separa os brutos dos inteligentes e favorece os primeiros. Porém, entre tantos brutos, existia alguém, uma criança de oito anos que era perfeita. Uma criança que me mostrou que o mundo não precisava ser esse tom de cinza. Ele tinha chegado atrasado, explicou ao professor muito bem articuladamente para alguém da sua idade o motivo . Tentei ouvir discretamente às palavras daquela figura nova e desconhecida. Segundo ele, estava em uma viagem com os seus pais e esse seria o seu primeiro dia de aula naquela escola, mesmo estando alguns meses atrasado. Ele cumprimentou a todos com seu sorriso gigante, a primeira das muitas vezes que eu veria aquele gesto caloroso e tão único do moreno. O David já era popular desde pequeno a sua simpatia não fora algo adquirido com o tempo, ele simplesmente tinha o tom para lidar com pessoas. Aliado a sua simpatia nata o jovem ainda possuía uma beleza singular. Seu corpo era  magro, não tanto quanto o meu na época, mas era e ele mantinha um frequente sorriso sapeca em seus lábios finos. Seus cabelos eram muito pretos, quase o oposto dos meus, e caiam em seu rosto por uma franja, destacando os seus profundos olhos cinza. Entretanto, não foi a sua aparência divina que me chamou a atenção até porque eu era muito novo para reparar em algo assim, foi o seu caráter. Mesmo que na época eu não soubesse exatamente o significado daquela palavra, ainda assim eu soube reconhecer pela sua atitude.

Era o final da tarde e ao término da aula eu me encontrava sozinho no vestiário. Sempre tive o costume de deixar todos saírem para poder me arrumar sem ser incomodado pelos outros garotos. Eu havia acabado de sair do banho e me enxugava quando um garoto mais velho entrou no vestiário. Ele tinha cerca de treze anos de idade e era bem mais alto do que eu. Ele me olhou com malícia e maldade, um olhar assustador que hoje em dia me teria feito sair correndo, mas na época, por pura inocência infantil, eu apenas ignorei. Estava parcialmente de costas para o garoto então fui pego totalmente de surpresa quando ele se aproximou de mim e me prendeu contra a parede fria. Fui pego de surpresa e estava completamente assustado, mas não pude fazer nada, pois ele puxou os meus cabelos e sussurrou claramente:

— Quieto princesa, se gritar eu te mato. — Só de pensar ainda me arrepio com a maneira que ele falou aquelas palavras e em seguida puxou a toalha do meu corpo me deixando exposto apenas com a cueca. Não gosto nem de imaginar o que teria acontecido comigo se ele não tivesse aparecido, um garoto nanico e cheio de marra que gritou com a sua voz fina e irritante fazendo sua voz ecoar pelo vestiário vazio.

— Larga ele agora! — O mais alto se assustou e me soltou por puro impulso, mas ao olhar quem o enfrentava apenas riu.

— Moleque, vai embora e finge que não viu nada.—

— Acho que você não me ouviu bem, eu mandei largar ele. Vá embora e eu não te machuco. — Ele ordenou bravamente fincando os seus pés firmemente no chão, fazendo com que o mais alto caísse em gargalhadas maldosas.

— Pirralho, desse jeito até parece que quer participar da festinha também.— Ele se aproximou do belo garoto de cabelos negros com os seus olhos brilhando assustadoramente e colocou seu braço em volta do delicado pescoço do menor lhe dando uma chave de braço.

— Você até que é bonitinho também. — Eu fiquei aterrorizado, meu corpo tremia e eu sentia fortes calafrios passando pela minha espinha. O que eu poderia fazer? O menino me salvou e eu não conseguiria salvá-lo. Mesmo assim, sabendo que eu não tinha nenhuma chance contra ele, avancei contra o mais velho e puxei o seu cabelo, voltando a sua atenção novamente para mim. Ele não teve tempo para me atacar, pois o garoto que ele apertava o pescoço o mordera fortemente, fazendo-o sangrar e gritar de dor.

— O que você está fazendo? — Gritou em horror ao olhar para o seu braço ferido. — Eu vou te matar, pirralho!— Mas nada ele pode fazer para se defender, pois o ''pirralho'' foi mais rápido, com o punho fechado acertou no baixo ventre do garoto mais velho, fazendo-o cair ajoelhado no chão pela dor. Ele então puxou a minha mão e me tirou dali correndo. Então nós corremos, corremos por aquele vasto colégio vazio, até que estivéssemos cansados demais para continuar.

Ele me olhou de cima a baixo e pegou a sua mochila azul marinho, que só agora eu havia percebido que estava em suas costas, e de lá tirou uma calça e uma blusa e me entregou.

— Por mais que você seja bonito, não é legal andar por ai só de cueca.— Ele falou fazendo-me olhar para o meu corpo e morrer de vergonha ao perceber que me encontrava apenas com a roupa intima. Peguei as roupas que ele me dera e as vesti rapidamente.

— Depois eu te entrego a sua roupa. — Respondi constrangido.

— Não precisa. Tenho que ir, tchau.— Respondeu apressadamente.

— Espera!— Eu segurei em seu braço impedindo-o de ir. — Obrigado!— Agradeci forçando me a olhar naqueles olhos cinza hipnotizantes.

— Sério? As roupas são velhas, não precisa agradecer.— Ele sorriu o sorriso mais lindo que já pude presenciar.

— Não é por isso, é pelo que você fez lá no vestiário.—

— Ah, de nada. Aquele cara vai pagar caro, eu vou falar com a minha mãe, ele vai ver só! — Eu sorri agradecido, não queria encontrar aquele monstro novamente. — Você também foi bem corajoso, formamos uma bela dupla de heróis. — Ele sorriu novamente. — Até mais, herói de lindos cabelos loiros. — Ele sorriu antes de ir embora, e a medida em que a adrenalina deixava o meu corpo permaneceu com um sentimento que na época eu não reconhecia.


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Notas finais do capítulo

Olá, essa fic é complementar da minha outra fic, mas para o entendimento de uma não depende da outra (:
Se quiser dar uma lida nela ta aqui: http://fanfiction.com.br/historia/331897/O_Garoto_Dos_Oculos_Escuros/E então, o que acharam? Continuo com a historia do Daniel?