Rachel

Depois de pensar muito em como iríamos falar, eu e a Quinn resolvemos que era melhor o pessoal ficar cada um no seu quarto, e eles não discutiram.

Já eram duas horas e eu andava de um lado para o outro da sala, sem conseguir ficar quieta.

- Rachel, por favor, para. – a Quinn disse – Eu não agüento mais te ver assim.

- Eu to nervosa.

- Relaxa um minuto ok? Vai dar tudo certo.

Eu fui até o sofá e me sentei do lado dela.

- É estranho. – eu disse – Quero dizer, como você conta para o seu tio que está grávida?

- A gente descobre na hora.

Nós ficamos ali abraçadas por alguns minutos, até que ouvimos um barulho na porta.

- Ta na hora. – a Quinn cochichou no meu ouvido e nós fomos ao encontro do meu tio, mas, para minha surpresa, ele não estava sozinho. Meu pai estava com ele.

- O que você ta fazendo aqui? – eu perguntei.

- Oi filha. – ele disse.

- Já disse para não me chamar de filha.

- Para Rach. – a Quinn cochichou para mim – As coisas já vão ser complicadas, você quer dificultar mais ainda?

Eu simplesmente virei e fui para a cozinha, enquanto a Quinn fala com o meu tio e o meu pai.

- Então, o que vocês querem falar? – o tio Will perguntou depois de sentarmos todos em volta da mesa.

- Eu falo ou você fala? – a Quinn perguntou.

- Acho melhor eu contar. – eu disse e ela segurou minha mão – Tudo bem. – murmurei para mim mesma antes de começar a falar – Bom, eu queria dizer que... Bem, eu... Eu não consigo. – eu disse abaixando a cabeça.

- O que esta acontecendo? – o tio Will perguntou serio.

- Tudo bem Rach. Eu falo. – a Quinn me disse, virou para os dois e soltou de uma vez – A Rachel ta grávida.

- O que? – o tio Will e meu pai gritaram ao mesmo tempo, ambos ficando de pé e batendo a mão na mesa. Se eu não estivesse tão encrencada poderia ter achado aquilo engraçado.

- Como você pode Rachel? – o tio Will gritava – Eu confiava em você garota! Caramba! Você só tem dezenove anos.

- Desculpa, – a Quinn disse – mas eu acho que vocês estão fazendo tempestade em um copo de água.

- Cala a boca. – o tio Will gritou – Não estou falando com você ainda.

- Tio eu...

- Eu não quero ouvir desculpas Barbra. – meu tio disse e eu abaixei a cabeça, chorando. Eu já tinha deixado ele bravo muitas vezes, mas nunca chegou ao ponto de ele gritar daquele jeito comigo – E não adianta chorar agora. Você fez uma besteira enorme. Poxa vida! Como você foi deixar isso acontecer? – eu simplesmente continuei de cabeça baixa, e a Quinn me abraçou de lado – E você garota? Nunca ouviu falar... Espera, o que você tem a ver com isso?

- Eu sou namorada dela.

- Mas ainda é uma garota. Não tem como o filho ser seu. E alias, outra coisa, desde quando você resolveu se assumir gay? – meu pai perguntou.

- Assumir?

- Eu sempre soube que você não ficava sentada na arquibancada vendo as lideres de torcida treinar porque gostava das seqüências. Em fim, o assunto principal, o que você tem a ver com isso? – se virou para a Quinn.

- Bem, eu a amo. E não importa quem é o pai dessa criança. A Rachel precisa que eu fique do lado dela agora, e eu vou ficar.

- E o que vocês pretendem fazer? – o tio Will perguntou respirando fundo.

- Eu pretendo casar – a Quinn disse depois de hesitar por um minuto, deixando ate a mim surpresa – assim que passar essa confusão com a Santana.

- Vocês acham o que? Que casamento é só assinar um papel? Como vocês vão se sustentar?

- Eu nunca gastei um centavo do que recebia. – eu disse.

- E minha carreira como cantora esta rendendo bastante dinheiro. – a Quinn completou.

- Vocês são muito jovens. – o tio Will disse – Como vão criar uma criança?

- Eu sei que vamos conseguir. – a Quinn disse sorrindo, enquanto passava a mão na minha barriga – De alguma forma, eu sei que vamos. Sei que uma criança é muita responsabilidade, mas eu sempre quis ser mãe. E já me considero mãe dessa criança. E não vou desapontar nem ele nem a qualquer outra pessoa quando se tratar do meu filho.

- Vem comigo. – meu pai disse apontando para a Quinn.

Ela olhou para o meu tio, que balançou a cabeça positivamente, e subiu atrás do meu pai.

Quinn

- Você chama essa criança de seu filho, mas você sabe que ele nunca vai ser seu de verdade não é? – o pai da Rach disse, fechando a porta da sala em que entramos.

- É sim. – eu o encarei – Porque pai e mãe são aqueles que criam e dão amor e segurança para a criança. Não quem a trás para o mundo. Se é que você me entende.

- Chega! – ele gritou e puxou uma arma não sei de onde.