19 anos depois...

– LILLY – A voz esganiçada de Janina soou ao longe fazendo a garota tapar os ouvidos e revirar categoricamente os olhos. – Devolva agora o controle do vídeo game do seu primo.

– Não antes de ele devolver meus fones mamãe. – A menina respondeu descendo as escadas apressadamente e encarando James com uma cara nada amigável.

– Brigando outra vez crianças? – A voz de Andrews chamou a atenção de todos para si.

– Não nos chame de crianças. – Ambos responderam concordando com algo pela primeira vez depois de varias horas de discussão.

– Vá comprar um controle novo James, e vá comprar um fone novo Lilly. – O homem disse sorrindo e jogando uma nota de 50 dólares nas mãos de cada um deles. – Só, por favor, tentem nãos e matar ou matar a Jane dos nervos.

– Certo papai.

– Certo tio.

Os dois jovens responderam como duas crianças mimadas fariam e sumiram pela porta no instante seguinte, ainda entre gritos e insultos desnecessários.

– Não seria mais fácil ter feito sua filha devolver o tal controle e seu sobrinho devolver a ela o tal fone? – Janina perguntou enquanto segurava nos braços a pequena Alice, que acabava de chegar a sala.

– Lilly implica demais com James. – Janina continuou a conversa agora brincando distraidamente com o cabelo da filha mais nova.

– James implica demais com a Lilly. – Andrews respondeu rindo de leve.

– E eles vão acabar se casando. – A voz divertida de Layane chamou a atenção dos dois. – Derek está chegando em... Agora. – Ela falou assim que viu o marido passar pela porta.

– Não tenho boas noticias. – Ele falou diretamente encarando a todos seriamente.

– Imaginei desde que me falou que precisávamos conversar. – Andrews falou e sorriu para Janina. – Estamos a sós.

– Onde estão as crianças? – Derek perguntou agora um tanto preocupado.

– Andrews deu dinheiro a eles para irem comprar brinquedos novos. – Janina respondeu revirando os olhos. – Como sempre. Acho que else esquece as vezes de que eles já cresceram um pouquinho.

– Não devemos deixar os dois sozinhos por ai. – Derek falou parecendo um tanto exasperado. – Eu andei olhando os vídeos das câmeras de segurança e identifiquei dois dos carros que parecem estar por aqui no mesmo horário nas ultimas duas semanas. E eles não pertencem a nenhum dos nossos vizinhos e nem a possíveis visitantes de suas casas. Sendo assim...

– Temos problemas. – Foi Janina quem completou a frase bufando resignada.

– Arrumem as malas. Vamos deixar a cidade dentro de três dias. – Andrews disse seriamente e Derek concordou com um aceno positivo de cabeça.

– Estamos nessa vida nômade há anos. As crianças não param em lugar nenhum. Isso precisa parar. – Janina reclamou e viu um brilho de fúria se apossar dos olhos de Andrews.

– Você sabia que seria assim, desde que aceitou vir viver comigo. – Ele retrucou e Janina o encarou descrente.

– Preferia que eu tivesse feito outra escolha? – Ela perguntou levantando a voz e vendo a filha esconder o rosto entre os seus próprios fios de cabelo. A criança parecia assustada coma briga repentina dos pais.

– Vamos lá, não é hora para desentendimentos. – Derek tentou em vão acalmar os ânimos.

– Não mande Janina parar só por que sabe que ela está certa Derek. – Layane defendeu a amiga e viu o marido bufar irritado assim como Andrews fazia.

– Vamos começar com isso tudo outra vez? – Andrews perguntou parecendo ainda mais irritado. – Já está claro que alguns de nós realmente não estão satisfeitos com as escolhas que fizemos. Me desculpe, mas 19 anos não dá pra esquecer e voltar atrás. Temos muito mais em jogo agora. Portanto, eu sugiro que Janina e Layane vão agora mesmo começar a empacotar as coisas que levaremos conosco e avisar as crianças que vamos nos mudar ainda nesse fim de semana.

– Por que vamos nos mudar papai? – A voz de Lilly fez um silencio se instalar no local.

– Não é uma boa hora filha. – Janina tentou apaziguar antes de a situação se tornar critica.

– Por que é que você chamou a tia Jane de Janina mãe? E por que o Tio Andrew chamou você de Layane? – James perguntou e viu seus pais e tios segurarem um gemido de desespero.

– Não é hora nem lugar para conversamos sobre isso crianças. Só subam para o quarto e arrumem as malas. – Derek impôs e viu o olhar de duvida ainda estampado no rosto do filho.

– Eu não quero me mudar. – Lilly inquiriu alto atraindo a atenção de todos para si. – Não agüento mais viver assim. Eu quero uma vida.

– E é justamente por isso que estamos nos mudando nesse fim de semana. – Andrews levantou do sofá e encarou seriamente os olhos da filha. – Não vou dar espaço para discussões ou birras agora Lilly. Teremos muito o que conversar, mas só quando estivermos todos seguros.

– Mas papai... – Ela começou a retrucar com uma frase que nunca terminaria. No instante seguinte um grito de Derek assustou a todos e a confusão estava instalada uma vez mais. Um tiro havia perfurado a janela da sala onde eles estavam.

Janina corria escada a cima com a pequena Alice nos braços e Andrews se lançou sobre Lilly a protegendo com seu próprio corpo.

– JAMES! SIGA A SUA TIA JANE E LEVE A LILLY COM VOCÊ. SÓ SAIA DE LÁ QUANDO TUDO ESTIVER BEM. – Ele gritou empurrando o filho para as escadas e puxando Lilly do chão.

Layane correu para a cozinha em busca das armas e Andrews a seguiu junto com Derek passando pela cortina de balas que parecia mais densa a cada segundo.

Janina abriu uma porta antiga atrás do armário de seu próprio quarto. Era um antigo closet que agora servia de esconderijo em caso de uma situação como a que estava vivendo agora. Ela viu Lilly chegar amparada por James.

– Entrem aqui e fiquem com a Alice. Cuidem-se e cuidem dela. Digam as avós de vocês que ficaremos bem. Amamos vocês. – Ela disse tudo rapidamente e fechou aporta trancando a mesma por fora e descendo as escadas para ajudar o marido e os amigos. Não demoraria para o silencio voltar a reinar.