Até que seguram a porta do elevador e alguém entra. E eram as pessoas que eu “mais” queria ver. Meu pais.

Eu o Simon ficamos olhando pra eles. E eles olhando pra gente. Minha mãe parecia um pouco chocada e ouvi ela murmurar “safados!”. Olha quem fala! A pessoa que tirava a virgindade dos novinhos! A porta ia fechar de novo, mas meu pai segurou. Eu já estava rezando pra todos os santos e quase fazendo macumba. Juro que nunca vi meu pai tão nervoso desse jeito. Ele entrou no elevador. Quando minha mãe ia entrar, a porta fecha. Agora que fudeu de vez! Ela, que poderia amenizar a situação, ficou do lado de fora!

- Eu não to acreditando nisso! Dentro de um elevador, Sophie?! Vocês dois não tem vergonha na cara, não?!

- Olha, tio…

- Olha o cacete, moleque! - Meu pai socou o Simon! Ai meu senhor Jesus Cristo! Vai ter morte nesse elevador!

- Pai, não precisa disso.

- Como é, Sophie? Dentro de um elevador! Sabia que tem câmeras aqui?! Tá querendo virar vadia agora?

- Era só um beijo. - Disse baixo. Eu sabia que não tinha sido “só isso”.

- Um beijo? Você enlouqueceu! Vocês estavam quase transando aqui dentro!

- Tio, não precisa exagerar. - Alguém manda o Simon calar a boca?! Ele falando não tá ajudando muito.

- Exagero vai ser o que vou fazer a tua cara! - Meu pai bateu no Simon de novo. Ai meu Deus! O elevador abriu no nosso andar.

- Acho melhor a gente sair daqui. - Disse. Meu pai deu outro soco no Simon. Socorro! Ouvi o barulho do outro elevador e pouco depois vi minha mãe segurando a porta.

- Dá pra vocês saírem daí? - Ela disse irritada. Olhei pra ela como se eu dissesse “ajuda!”. - Agora não adianta me olhar assim. Vamos, Jason. - Meu pai saiu do elevador. Eu e o Simon esperamos um tempo. Vish, o olho dele vai ficar roxo. Saímos do elevador e meu pai esperava a gente no corredor. Merda…

- Quero falar contigo. - Ele disse pra mim. Simon não falou nada. Só foi quase correndo pro quarto dele. Frouxo! Entramos no quarto dos meus pais. Minha mãe não tava. Ela foi ver o Logan. Sentei na cama. - Dentro de um elevador! Tá querendo o que? Virar motivo de piada entre os funcionários do hotel?! Tá querendo ficar com fama de vadia?!

- Pérae, né, pai. Eu sei que foi errado, mas não precisa apelar.

- Eu teria apelado se tivesse jogado aquele franguinho do décimo quinto andar! Não, espera. Isso não seria apelar. Isso é o que to com vontade de fazer! - O momento seria cômico, se não fosse tão trágico. - Só vai pro seu quarto. - Não pensei duas vezes. Levantei e fui quase correndo pra porta. Até que senti uma queimação na bunda. Me virei de frente pro meu pai. - Isso é pra parar de fogo no rabo. - Mas que absurdo! - E se eu ver você indo pro quarto do Simon ou ele indo pro seu, a gente vai embora na hora. Ouviu? - Assenti e fui pro meu quarto com a minha bunda ainda doendo.

(…)

Ouvi alguém bater na porta. Porra. São 03h30 da manhã, galera! Resolvi ignorar. Bateram de novo. Bufei levantando da cama.

- Quem é? - Perguntei antes de abrir.

- É um serial killer. - Revirei os olhos. Óbvio que era o Simon. Abri a porta.

- Se meu pai te pega aqui…

- Ele me atira pela janela. To sabendo… - Ele entrou, com o olho direito roxo e inchado, e eu fechei a porta. Simon foi direto pro frigobar. - Mas… Cadê a comida desse quarto?

- Procura no seu. Aproveita e fica por lá.

- To afim não. Lá tá frio.

- Mentiroso. - Ele achou uma barra de chocolate, pegou e deitou na minha cama. Depois bateu com a mão no lado vazio da cama, me chamando. - Que que tu quer?

- Tua companhia. - Deitei do lado dele. Simon continuou comendo o chocolate. - Quer?

- Um pedacinho. - Ele se aproximou e foi me dar um pedaço na boca. Mas, ao invés de fazer isso, acabou me roubando um selinho. - Babaca. - Ele sorriu e me puxou pela cintura, fazendo eu cair por cima dele. - Você é um safado, Simon. - Ele riu e começou a acariciar meus cabelos. Depois meu rosto. E depois o meu pescoço, com o nariz, me arrepiando. Ele mordeu meu pescoço. - Machucou. - Fiz bico. Ele riu e começou a distribuir beijos por ali.

- Tá amenizando a dor?

- Que dor? - Perguntei rindo e ignorando o que tinha acontecido antes. Ele me beijou. Simon foi mais carinhoso dessa vez. Por incrível que pareça. Ele me tocava com tanta delicadeza, que eu me arrepiava. Era bom. Deixei um beijo no seu pescoço. Ele sorriu me apertando mais contra ele. Sorri. Simon me beijou de novo. As mãos dele foram parar na barra da minha blusa. Eu não tinha mais dúvidas. Só levantei os braços e deixei que ele tirasse. Invertemos as posições. Ele tirou meu shorts do pijama e o dele também.

- Tudo bem? - Ele perguntou.

- Tudo. Eu acho. - Ele me beijou de novo. Sentia a sua mão boba andando pelo meu corpo, mas nem ligava. Isso não era nada comparado ao que vinha a seguir. Ele beijou meu busto, minha barriga e depois ficou com o rosto frente a frente ao meu.

- Eu amo você. - Sorri.

- Também amo você. - Ele sorriu também.

(…)

- Ultimo dia do ano! - Simon berrou no meu ouvido, me acordando.

- Filho da puta! Viado!

- Levanta logo. Quero ir pra praia.

- Ai meu Deus! Que horas são?!

- Quase meio dia.

- Vai pro seu quarto agora! Se alguém te pega aqui, fudeu tudo! - Ele subiu em cima de mim e beijou minha bochecha. - Sai, Simon! - Gritei e ele riu.

- Ontem foi bom. - Sorri envergonhada.

- Eu preciso me trocar.

- Você fica linda de pijama. - Revirei os olhos.

- Mentiroso. E é sério. Não quero ver meu pai te socando de novo.

- Ele não vai. Te encontro daqui a 20 minutos?

- Quarenta. - Ele revirou os olhos.

- Tá. Quarenta. - Simon beijou minha testa e saiu do quarto. Claro que olhando pra ver se tinha alguém no corredor. Fiquei lembrando de ontem. Meu Deus! Ele já me viu inteira! Isso é… Um pouco estranho. Tipo… Simon já viu até minhas gorduras mais escondidas! Ou que, pelo menos, eu consigo esconder com as minhas roupas. Ai que vergonha!

Resolvi levantar. Tomei banho correndo. Quando saí, minha mãe estava no quarto em pé do lado da minha cama.

- O que é isso? - Ela perguntou olhando pra blusa do Simon. Ele fez curso de idiota ou é de nascença mesmo?

- É uma blusa ué. E bom dia pra você também. - Ela me analisou.

- Meu Deus! Mentira! Deixou de fazer cu doce com o menino?

- O que?

- O seu jeito de andar. Tá doendo ainda? Não esquece de marcar ginecologista pra você, quando voltar de viagem.

- Mãe, calma.

- Ele tá com o olho roxo ainda? Deve estar né. Tadinho. Seu pai ainda tá puto. Acho que é mais pelo fato de você estar crescendo do que qualquer outra coisa.

- Ah…

- E você vai ter que tomar pílula? Acho que sim. Ou não. Não sei se vocês vão resolver virar ativos nisso.

- Mãe!

- Imagina sua vó quando souber! Ele gostou? - Ignorei. Fui pra frente do espelho e comecei a arrumar meu cabelo que estava parecendo um ninho de magafagafos. - O que você achou? Foi bom?

- Alguma vez alguém já disse que é ruim?

- Hm safada. - Botei a mão na testa. Jesus, onde é que esse mundo vai parar?! - Ah! Eu, sua vó e a Ruth vamos fazer compras agora. Vai querer ir?

- Eu tinha combinado de ir na praia com o Simon. Mas acho que prefiro compras.

- Já tá pronta? - Simon brotou no meu quarto.

- Eu vou fazer compras com a minha mãe. - Ele olhou com a sobrancelha arqueada pra ela. Quando olhei pra minha mãe, tive vontade de me atirar pela janela. Ela sorria com cara de surpresa pra ele.

- Tão bonitinhos. - Ela disse.

- Mãe, chega. Até mais tarde, Simon. - Saímos do quarto. Ele ficou com uma cara de cachorro que caiu da mudança, tadinho. - Não volto tarde. A gente dá uma volta pela praia depois.

- Mas acho que vocês vão demorar.

- Hm… - Resmunguei.

- Tem a festa de ano novo hoje de noite. - Minha mãe disse. - Dão um perdido no Jason. - Sorri envergonhada.

- Até mais tarde, Sophie. - Ele me deu um selinho e eu e minha mãe entramos no elevador.

*LEIAM AS NOTAS FINAIS*