Tentei abrir meus olhos e não consegui, imagens horríveis passavam pela minha cabeça e eu só conseguia pensar que a minha vida tinha acabado. Duas mãos chacoalharam meus ombros e só ai abri meus olhos. Marcus me olhava de forma preocupada.

— Bella, está tudo bem? – ele perguntou cautelosamente.

— Eu não... eu não... Minha cabeça está doendo.

— Tudo bem, porque nós não voltamos para a sede?

— Edward. Cadê ele? - perguntei sentindo as lágrimas descerem pelas minhas bochechas.

— Bella, eu acho que a gente precisa conversar. – Marcus disse e eu vi lágrimas em seus olhos.

— Não... Não... –as imagens de antes vieram na minha cabeça. – Ele não pode... Eu não... – me levantei com dificuldade e sai correndo para onde ele havia ficado trancado. –Edward! Cadê você? – eu chorava e gritava alto, fazendo com que todos olhassem para mim. – Você não pode me deixar aqui assim. Cadê você? –perdi minhas forças e cai de joelhos no chão frio.

Marcus me puxou para seus braços me reconfortando. Chorei abertamente. Chorei, por ter perdido meu melhor amigo, meu eterno namorado, meu amante, meu marido, o amor da minha vida. Seus olhos verdes e seu sorriso perfeito não me saiam da cabeça, e a última imagem que eu tinha dele ainda permanecia em minha memória, se eu soubesse o que estava por vir, não teria deixado ele sair de perto de mim.

Marcus me ajudou a me levantar e fui andando lentamente por onde antes eu corria desesperada. Chegamos na sede um tempo depois, meus amigos estavam lá na expectativa, eles ainda não haviam sido informados. Todos me olharam angustiados.

— O que aconteceu? – Emmett foi o primeiro a acontecer.

— Era uma armadilha. – minha voz era apenas um sussurro.

— Cadê meu irmão? – Alice perguntou, lágrimas já brotavam em seus olhos.

— Ele... Ele... – balancei a cabeça me entregando completamente às lágrimas.

— Não! Não!- Alice gritava, ela estava prestes a cair no chão, mas Jasper a impediu, todos choravam na sala, mas ninguém era capaz de sentir o que eu sentia, eu havia perdido tudo que eu havia demorado para conquistar, minha família perfeita quebrou como se fosse de porcelana.

Minhas forças estavam esgotadas, eu não conseguiria encontrar Renesmee desse jeito, a tristeza parecia não ter fim, parecia que nunca iria embora.

— Eu sei que esse é um momento difícil para todos, mas preciso passar os informes para vocês. – Marcus entrou na sala silenciosamente e falava em um tom baixo. – Não temos pistas do paradeiro de Renesmee, James conseguiu bloquear nosso rastreador. – ele olhou para mim.- Eu não tenho outra forma de falar, então, a explosão foi muito grande, tão grande a ponto de não haver corpo. – meu coração doía. – Nós estamos tentando capturar as imagens das câmeras do local. Por hora, é melhor vocês irem para a casa, eu me responsabilizo de informar os pais de Edward.

Eu não conseguia me mexer, todos levantavam aos poucos e eu continuava lá, parada, chorando. Emmett me ajudou a levantar e ele e Rose me levaram para casa.

— Você quer companhia Bella? –Rose perguntou delicadamente.- Quer que a gente fique com você?

— Não, eu preciso ficar sozinha, qualquer coisa eu ligo. – abri a porta do carro e me dirigi à minha casa.

Parei na porta e peguei a chave abrindo lentamente. A escuridão era total, fechei a porta atrás de mim e subi as escadas em direção ao quarto da Nessie, deitei em sua pequena cama e chorei ainda mais. Depois de uns minutos fui para o meu quarto, e meu coração se despedaçou novamente, olhei para a cama que tinha dividido com ele inúmeras noites, cama em que nos amamos intensamente. Havia algumas fotos espalhadas pelo quarto peguei uma e me deixei cair no chão.

Olhei atentamente para ele, sentindo uma dor inimaginável. Olhei para a foto sabendo que eu nunca mais veria seus olhos extremamente verdes, não veria seu irresistível sorriso torto, não sentiria mais suas mãos em meu corpo, nem seus lábios nos meus. Eu só o veria assim, por fotos, não poderia mais rir com suas piadas, ou chorar com nossas brigas infantis. Me arrastei para a cama, dormindo abraçada com a fotos de nós três.

...

A luz invadiu meu quarto e meu despertador tocou.

— Amor, desliga o despertador. – pedi já que ficava do outro lado da cama. Porém, o despertador continuou a tocar. – Amor? – me levantei encarando o quarto vazio, e foi ai que cai em mim.

Não havia sido um pesadelo como eu tinha desejado. Era tudo real. As lágrimas, a dor, a solidão. Passei a mão pelos lençóis vazios ao meu lado e voltei a chorar, não sabia como parar. Não tinha como parar.

A campainha começou a tocar incessantemente. Desci e pelo olho mágico vi que Marcus esperava ansioso do outro lado. Abri a porta e vi seus olhos mudarem de tristeza e ansiedade para pena.

— Bom dia! – disse com a voz rouca, sem saber se era do sono ou das lágrimas que ainda escorriam pelo meu rosto.

Marcus não disse nada, apenas entrou e me abraçou. Novamente me entreguei às lágrimas. Tentei me recompor e limpei as lágrimas. Nos sentamos na sala e ele começou a falar.

— Bella, eu vim te informar sobre o enterro. – cada palavra parecia uma faca em meu coração.- Nós conversamos com Esme e Carlisle ontem.

— E como eles estão? – perguntei já sabendo a resposta óbvia.

— Devastados. Bem, não há corpo, mas os Cullen concordaram em fazer um enterro simbólico, com homenagens. Tudo bem para você? – apenas assenti, voltando a chorar novamente.

— Desculpa, eu...- disse enquanto tentava parar de chorar. – Eu fico pensando em como parar, mas não dá. É uma dor muito forte, nunca senti nada igual, e cada hora fico mais longe de Renesmee, o que me deixa ainda pior. Eu só queria acordar e ver que tudo não passou de um sonho.

— Eu queria poder fazer alguma coisa.- ele disse com lágrimas nos olhos.

— Tudo bem, eu vou ficar bem. Quando vai ser o ... as homenagens? – não consegui dizer aquela palavra.

— Amanhã a tarde, tudo bem?

— Ok.

— Você pode demorar o tempo que for para voltar ao trabalho, quando você se sentir pronta, enquanto isso nós continuamos nossa busca pela Renesmee.

Apenas assenti, não estava pronta para voltar agora, mas isso não queria dizer que eu não trabalharia em casa, eu tinha que encontrar minha filha.

Marcus ficou mais um pouco e logo depois foi embora. Tomei um banho e comecei a separar tudo que eu sabia sobre o sequestro de Nessie. Peguei o computador e consegui algumas imagens de câmeras para tentar ver quem era a mulher que estava junto. Quem sabe ela fosse a chave para tudo. Volta e meia a tristeza me apossava, sabia que não deixaria de sentir isso de uma hora para outra, mas tinha que continuar por Nessie, eu tinha prometido a Edward. Até seu nome fazia meus olhos lacrimejarem novamente.

Consegui reunir algumas informações e fiz um grande quadro no meio da sala. No quadro tinha tudo o que eu sabia até agora. O carro, a placa, todos os locais que ele havia parado. Eu também sabia que ele tinha uma mulher o ajudando e também tinha alguns comparsas. Não sabia muita coisa, na verdade não sabia quase nada, mas iria atrás de novas informações.

Quando terminei já era noite. Comi algo sem muita empolgação. Preferi dormir na sala, aonde as lembranças não eram tão fortes. Demorei um pouco, mas consegui adormeci profundamente, acordando no meio da manhã seguinte.

E tudo aconteceu de novo, chorei até não poder mais. Me levantei e vi que Marcus tinha me enviado uma mensagem com o horário da cerimônia, tinha ainda quatro horas. Comi algo rápido e fui tomar banho. Entrei no quarto e tentei não dar muita atenção. Peguei no closet um vestido preto qualquer. Coloquei o primeiro sapato que vi, peguei minha bolsa e sai. Ainda faltavam duas horas, mas não conseguia ficar mais naquele ambiente. Peguei meus óculos na sala e sai. Iria dirigindo, mas desisti. O carro me lembrava ele, na verdade tudo me lembrava, mas o carro era o que ele mais amava depois de mim e de Nessie esbocei um sorriso com esse pensamento. Chamei um táxi e em alguns minutos me dirigia ao local combinado.

Cheguei e já estava tudo pronto. Não estava vendo ninguém, caminhei até o local a lápide já estava fixada no chão, me ajoelhei ali e novamente me debulhava em lágrimas, nunca havia chorado tanto em tão pouco tempo. Despertei com uma mão no ombro, levantei rapidamente encontrando Esme, ela estava com uma aparência horrível e imaginei se estava pior que ela. Ela me abraçou e choramos juntas, Carlisle nos abraçou tentando nos reconfortar, mas acabou chorando junto.

Não dissemos nada, apenas choramos. Paramos quando Emmett e Rose chegaram. Eles nos abraçaram e choraram também. Me sentei junto a eles na primeira fileira e depois de alguns minutos Alice e Jasper chegaram. Ela também estava horrível, as lágrimas ainda caiam no seu delicado rosto. Ela abraçou Esme e Carlisle e depois me abraçou sempre chorando ainda mais que antes.

As homenagens começaram e eu me sentia cada vez mais sufocada. Várias pessoas falaram, Marcus, alguns amigos da época do colégio, alguns colegas do FBI, família e finalmente Emm e Jazz, é claro que nem as garotas, meus sogros ou eu tínhamos a mínima condição para dizer algo, apenas escutamos e choramos mais um pouco com suas lembranças. Nós cinco nos reunimos apenas para nos certificar que iriamos ficar bem, apesar de saber que não iríamos, foi então ai que eu cheguei a conclusão. Edward não tinha morrido, ele não podia ter partido e me deixado aqui, eu ainda sentia sua presença e era como se ele estivesse perto, eu poderia estar louca, mas não me entregaria a dor tão facilmente.

Emm e Rose me deixaram em casa novamente, se segurando que eu estava bem. Tomei um banho e retomei minhas investigações para encontrar Nessie, quando já não tinha o que encontrar, tentei pegar os vídeos do galpão onde havia ocorrido a explosão porém não obtive sucesso.

E assim se passaram os dias, entre lágrimas, investigações e fortes dores de cabeça.

...

2 meses depois...

Gritos, explosões, choro, e morte. Meus sonhos eram constantemente atormentados por estes, desde que eu perdi minha vida. Cada vez mais triste e sem saída. Era assim que eu estava.

Ainda não tinha voltado ao trabalho. Todos os dias ia pegar o metro, já que o carro ainda era um obstáculo, e tentava ir adiante, mas por mais que já tivessem passado dois meses, não conseguiria enfrentar os rostos transmitindo todas suas condolências a mim.

Não falava com meus amigos há um mês, quando eu briguei com Alice, Emm e Rose ainda me ligavam de vez em quando. Eles não pareciam aceitar o fato de que o Edward estava vivo, conclusão que eu tinha dito a eles na mesma noite das homenagens. Ele tinha que estar vivo. Eu não ia aceitar tão facilmente que ele se foi e que eu nunca mais o veria. Para todos os meus amigos e principalmente Alice eu estava louca, o que era justificado pela minha “pré- depressão”, eu ainda, segundo ela, estava em um período de negação. Mas não era verdade, eu ia provar que ele estava vivo, não importava quanto tempo fosse levar.

Eu estava mais focada em Nessie, fui atrás de vários lugares e pessoas e nada me levou a lugar nenhum. Eu não iria desistir de encontrar minha filha, eu ia encontrar ela e James, e o faria pagar por todo o mal que ele me fez.

Enquanto tentava encontrar mais pistas meu telefone tocou. Atendi o telefone depois de ele muito tocar.

— Alô? – falei com a minha habitual voz cansada. Não obtive respostas e por um momento me passou pela cabeça ser o James, como no dia em que ele voltou. – Alô? – perguntei novamente e novamente fique sem respostas. – Tem alguém na linha? – Tentei mais uma vez. – James? Eu sei que é você. Então saiba que eu não vou medir esforços para te encontrar. Eu vou acabar com cada pessoa que estiver envolvida com você, e quando eu te encontrar e minha filha estiver a salvo, eu vou acabar com você do jeito que você vem acabando com a minha vida, lenta e dolorosamente. É melhor se preparar porque quando eu achar você e eu vou te achar, eu vou fazer você pagar por cada lágrima que você me fez derramar, por cada vida que você tirou de mim. Eu vou acabar com você. Aquela Isabella frágil que você conheceu e teve nas mãos, morreu no dia em que você sequestrou minha filha e matou meu marido. – e quando achei que ele fosse responder, o telefone foi desligado, me deixando sozinha com meus pensamentos.

...