Eu estava correndo, sentia o vento gelado bater contra minha pele e espinhos cortando meus pés. Havia muita neblina e estava frio, e por algum motivo eu usava apenas uma camisola de seda que cobria meus pés e me fazia tropeçar de vez em quando. Eu não sabia por que estava correndo, mas meus instintos me diziam que era melhor eu ser rápida, novamente tropecei na barra da camisola e cai sobre os espinhos, cortando meu rosto e meus braços, gritei de dor, mas ouvi sua risada sinistra e rapidamente me levantei e corri para o mais longe possível. Eu agora sabia o que estava me ameaçando, de modo que corri ainda mais rápido. Cheguei a beira de um penhasco e me vi sem saída.

Escutei sua respiração perto de mim e não me atrevi a virar, me sobressaltei quando ouvi uma voz feminina.

— Não tenha medo, não faremos mal a você mamãe. - me virei assustada e vi Renesmee, que já estava com aparência adulta ao lado de James, sua voz transbordava ironia e maldade. Vi o que parecia ser um corpo aos pés de ambos e por um tempo fiquei tentando descobrir o que era, ou melhor, quem era. - Isso é só um presente que eu e papai preparamos para você. - ela segurou a mão de James e sorriu carinhosa para ele. Papai? Ela realmente havia o chamado assim?

— Não está curiosa amor? Meu anjo porque não mostra para sua mãe o que preparamos? - ele olhou para Nessie que já arrastava o corpo para a luz, aonde eu pudesse enxergar o rosto.

Gritei quando vi de quem pertenci o rosto. Seus cabelos bronze empapados de sangue que saia de um corte profundo na cabeça, seus olhos fechados sem poder me transmitir confiança, os lábios em linha reta nem pareciam os mesmo que sorriam torto para mim. Seu rosto ainda perfeito, agora estava sem luz nenhuma, não havia vida nele. Cai de joelhos ao seu lado, chorando desesperadamente, gritando, implorando para ele acordar.

— Ele não está morto. - Renesmee falou. - Ainda.

— O que? -perguntei assustada, James me puxou com força me tirando do lado do meu amor. - NÃO, NÃO!

— Sua surpresa amor. - ele disse rindo enquanto Renesmee puxava uma faca e cravava no coração de Edward, no instante em que ele abria os olhos.

— Não.-  gritei enquanto me debatia furiosamente nos braços de James.

— Bella.- James me sacudiu e de repente sua voz estava mais calma, quase igual a de Edward. - Bella, acorda.

Me senti sendo puxada daquele lugar e abri os olhos, quase pulando da cama. Havia sido apenas um sonho. De novo.

— Você tá bem? - Edward perguntou puxando meu rosto para eu poder olhar para ele. Balancei a cabeça negativamente e ele me puxou para seus braços me aninhando, enquanto eu chorava. -Calma, foi só um sonho, vai ficar tudo bem. Foi o mesmo sonho de novo?- eu me limitei a balançar a cabeça concordando. - Isso não quer dizer nada meu amor, tudo vai ficar bem, você vai ver.

Já fazia um pouco mais de uma semana, desde que quase levaram Nessie no jantar de casamento da Rose e do Emm, e desde então meu sonhos estavam bem agitados, essa semana especialmente tive esse mesmo sonho todas as noites.

— Promete tomar cuidado por ai? -perguntei com a voz rouca pelo choro e pelo sono.

— Claro que sim meu amor, mas nada vai acontecer ok? Com ninguém.

— Ok, é só que esse mesmo sonho, me parece um alerta, e perder você e Nessie seria como se alguém estivesse arrancando meu coração. - Edward me apertou ainda mais em seus braços.

— Você não vai me perder, nem Nessie, estaremos sempre aqui para você. Agora vamos dormir, que amanhã é só segunda-feira. - Edward disse com a intenção de deixar o clima mais leve, mas sentia a preocupação em sua voz. - Boa noite meu amor, eu te amo. - ele disse e em seguida beijou minha testa.

— Boa noite, também te amo. - me aninhei ainda mais em seus braços e tentei dormir, demorou um pouco, mas ali no calor dos braços do Edward, com sua respiração em meus cabelos, foi impossível não me sentir segura o bastante para adormecer.

...

Acordei com o despertador tocando, sai, com dificuldade, dos braços do Edward e desliguei.

— Acorda amor. -falei enquanto me levantava. Fui em direção ao banheiro, fiz minha higiene matinal, e tomei um banho rápido.

Fiz toda a rotina matinal, coloquei uma roupa normal, acordei Nessie, arrumei ela, depois fui me arrumar e em seguida fui tomar café. Tudo normal. Edward terminou de se arrumar e se juntou a nós o café.

— Empolgada para voltar as aulas? - perguntei para a Nessie enquanto ela terminava seu cereal. Ela apenas balançou a cabeça assentindo. Eu estava um pouco preocupada e aliviada, com a volta as aulas, eu não precisaria me preocupar a cada segundo que James apareceria na casa dos pais do Edward, mas não tinha tanta certeza quanto à segurança do colégio.

Terminamos de comer e fomos trabalhar deixando Nessie na escola, me certificando que ela havia entrado. Fomos para o FBI e a cada segundo eu ficava mais angustiada. Edward reparou e tentou me acalmar apesar de estar angustiado também.

Chegamos em pouco tempo, já comemorando a volta da Rose e do Emm, que teriam uma lua de mel maior quando tirassem férias, o que aconteceria que alguns meses. Conversamos, rimos, brincamos, e tudo parecia normal.

Eram cinco horas, quando Edward e eu decidimos ir para casa, e no caminho buscaríamos Nessie. Faltava pouco para chegarmos a escola, quando meu telefone tocou, atendi rapidamente sem checar o número antes.

— Sra. Cullen? - perguntou uma mulher, que eu não reconheci.

— Sim, quem gostaria? - perguntei já um pouco aflita.

— Boa tarde meu nome é Sharon, eu trabalho na escola da sua filha Renesmee, e estou ligando para conferir se a senhora autorizou mesmo que a sua filha saisse com sua cunhada Alice e o marido dela Jasper Hale. - Alice e Jazz?

— O que? Eu não autorizei, e minha cunhada não me falou nada sobre isso, tem certeza que é ela? Baixinha, cabelos no ombro, castanho escuro... - a frase morreu no meio e Edward começou a sentir a preocupação na minha voz e acelerou o carro.

Sharon não disse nada e quando voltou a falar o barulho de dois tiros me fez pular.

— Acelera mais Edward. - quase gritei para ele.

— Só estou pegando uma coisa emprestada. - agora James estava ao telefone, ele desligou, não sem antes eu escutar uma risada feminina que não pertencia à Sharon.

— Ele pegou Renesmee. - disse já sendo tomada pelas lágrimas.

Chegamos em menos de dois minutos, Edward e eu pulamos para fora do carro. As crianças estavam, juntamente com algumas professoras, no pátio e eu procurava desesperadamente minha filha. A diretora estava na porta e tentou nos impedir.

— Por favor senhores, ninguém entra, temos uma jovem baleada e uma criança desaparecida. - ela disse visivelmente abalada.

— Que criança? - perguntei apesar de ser óbvio.

— Renesmee Cullen.

Senti o ar sair dos meus pulmões, eu já sabia que ele tinha levado ela, mas ter a confirmação, parecia ser algo novo.

— Senhora, somos os pais de Renesmee, estávamos falando com a sua funcíonária quando ela foi baleada, mas também somos do FBI, nos deixe ajudar. - Edward tentou passar calma, mas o horror estava estampado em sua face e voz.

— Oh meu Deus! Isso foi algum tipo de vingança pessoal ? Com vocês? - ela perguntou ainda mais abalada.

— Sim, um homem e uma mulher vieram aqui, eles pediram para levar Renesmee e se fizeram passar pelos tios dela, Sharon me ligou para checar e então quando eu não confirmei... Bom, o homem é uma pessoa do nosso passado. - eu disse tentando não alterar minha voz.

— E a mulher? - a diretora perguntou.

— Eu não faço ideia. - eu já não enxergava nada por causa das lágrimas.

— Nos deixe ajudar Sharon, e tentar entender como eles entraram e sairam com nossa filha. - Edward falou, seu rosto banhado pelas lágrimas.

— Entrem. - a diretora nos deixou passar.

Entramos na sala e a garota estava no caída por cima da cadeira. Eu chorei ainda mais, ela devia ter 18,19 anos, tinha uma pele clara como a minha, seus cabelos lisos e loiros estavam espalhados no chão, grande parte coberta de sangue, seus olhos estavam fechados.Ela era linda. E se vestia do mesmo jeito que Alice se vestia nessa idade.

Edward e eu nos abaixamos ao seu lado, verificamos o pulso e confirmamos que não havia mais nada a ser feito. Ela estava morta. Teve a juventude tirada por um psicopata. James havia acabado com mais uma vida inocente.

Apenas balançamos a cabeça para a diretora que pareceu finalmente ver o que tinha acontecido e ela desabou em lágrimas ao meu lado. A polícia chegou e pediu para nos levantarmos e colocar as mãos atrás da cabeça.

— Eu sou a diretora... eles... eles... - ela não conseguiu completar.

— Nós somos do FBI. -Edward falou.

— Identificação. - pediu o policial da frente. Nós mostramos e o policial ainda continuava desconfiado. - E o que dois agentes Sênior do FBI fazem aqui? - ele perguntou irônico.

— Nós somos pais de uma aluna, ela desapareceu. - Edward contou toda a história, enquanto eu telefonava para Marcos e nossos amigos e família.

 Em menos de 10 minutos Marcos chegou ao local, conversou com os policiais e nos encaminhou de volta para o FBI.

Eu não conseguia parar de tremer e chorar, só de pensar no que aquele canalha poderia fazer com a minha menina, um arrepio passava pelo meu corpo e despertava meus piores sentimentos. Edward não estava muito melhor que eu.

Marcos falava, falava e eu não entendia nada.Meus amigos e mais uns agentes estavam na mesma sala.

— Isabella, Edward, eu nem posso dizer o quanto eu sinto muito, nem posso saber como vocês estão sentindo, mas agora vocês precisam por um momento esquecer que esse caso se trata da filha de vocês e se concentrarem, finjam que esse é um caso qualquer de uma criança desaparecida, se vocês não se concentrarem não conseguirão fazer o que fazem de melhor. Eu preciso, Renesmee precisa que vocês sejam os melhores que naturalmente são. - escutei aquelas palavras com atenção. Respirei fundo e assenti, Edward fazia o mesmo.

— Tudo bem. - disse limpando as lágrimas.

— Câmeras de segurança. - Edward disse.- Vamos checar as câmeras da rua.

— Isso assim podemos ver a placa do veículo e rastrear, e também reconhecer a mulher que estava com James.

— Mulher? - Marcos perguntou espantado.

— Sim, antes de desligar o telefone eu escutei uma risada, que me era muito familiar, e também ela se passou pela Alice, e logicamente tem o físico bem diferente, pois quando descrevi a Allie, Sharon percebeu que não era a mesma pessoa.

— Tudo bem. Vamos checar as câmeras.

Ficamos horas a fio chegando as câmeras e tentando pegar algo, depois de varias horas conseguimos capturar uma imagem de uma van azul parando em frente a escola, dela saíram um homem e uma mulher, não dava para reconhecer, mas com certeza era James e sua parceira, depois de alguns minutos eles saíram com uma criança, ali estava a comprovação. Jazz pegou uma imagem mais próxima e conseguimos enxergar a placa. Não tivemos sorte com a mulher já que ela parecia saber que as câmeras a pegariam.

Depois de encontrar a placa, a rastreamos para saber os lugares em que ela passou e aonde ela tinha parado. Um serviço que demorou mais algum tempo. Depois de mais duas horas tínhamos o itinerário completo. Verificamos as câmeras de segurança de cada lugar e ele apenas saiu com Nessie no último ponto de parada, um galpão abandonado.

— Só podia ser ai. - eu falei já bolando um plano.

— O que? - todos perguntaram.

— Esse galpão costumava ser um laboratório para pesquisas. Pelo que vejo James não perdeu essa vontade de ser um cientista maluco.

— Tudo bem, agentes vamos arrumar uma equipe...

— Espera ai Marcos, não precisa de nenhuma equipe, iremos apenas Edward e eu. - Edward concordou.

— Mas é perigoso demais

— Exatamente, não vamos por ninguém em perigo, e você sabe que nós conseguimos. - falei tentando mais me convencer do que a ele, a verdade era que não queria por meus amigos na mão daquele canalha de novo.

— Tudo bem qual será o plano?

...