- Você tem certeza que está bem para ir? – perguntei a Annabeth.

- Sim, meu braço está bom, estou bem. – ela respondeu pegando suas coisas.

- Você está pronta para o que quer que aconteça lá? – ela perguntou.

- Você quer dizer pronta para ver minha mãe? Não mesmo, mas não temos mais tempo. – eu disse.

 Pegamos nossas coisas e fomos até o quarto onde os outros estavam.

- Tudo pronto? – Bes perguntou, nós assentimos que sim.

 Sadie abriu um grande portal de areia como ela tinha feito no Brooklyn, eu não gostara, mas não tínhamos muitas opções. Caímos em rua pouco movimentada, de frente a uma enorme mansão em New Orleans.

- Eu estou ficando melhor com portais. – Sadie falou animada, talvez porque ela e Bes foram os únicos que não caíram de cara no chão.

- Vamos para a Whisper Street. – Percy disse.

- Fica a três quadras daqui, vamos andando. – Annabeth falou.

 No caminho passamos por algumas casas antigas enormes, New Orleans era cheia de mansões velhas, era também uma cidade linda, aconchegante, cheia de histórias, estava um dia frio, não havia muitas pessoas nas ruas.

- Ninguém me falou que aqui era tão frio, eu teria trazido um casaco. – Thalia disse, Bes parou de caminhar olhou pra ela e estalou os dedos, um casaco preto, fofo apareceu sobre Thalia.

- Mais alguém? – Bes perguntou, todos nós levantamos as mãos, ele estalou os dedos mais uma vez e casacos pretos iguais o de Thalia apareceram sobre nós, o casaco de Bes era azul escuro.

 Continuamos andando.

- Como você está? – Nico perguntou aparecendo ao meu lado, o resto do pessoal estava um pouco mais a frente.

- Estou bem. – falei. – Nico sobre aquele beijo...

- É eu sei... me desculpe.

- Não se desculpe, aquele dia no cassino foi muito divertido, obrigado. – eu disse olhando pra ele.

  Andamos em silêncio até o pessoal a nossa frente parar. Quando olhei pra cima vi uma placa escrita “Whisper Street”, fui até a frente do grupo e vi o que eles estavam encarando, a Whisper Street era um enorme campo verde, não havia absolutamente nada lá, apenas um enorme gramado.

- Tem certeza que no circulo tinha esse nome escrito? – Carter perguntou olhando para Percy.

- Sim, estava lá escrito em baixo de New Orleans, estamos no lugar certo, mas deveria ter alguma coisa aqui. – Percy disse.

 Andamos pelo gramado verde e nenhum sinal de vida ou alguma coisa que indicasse que estávamos no lugar certo, não havia nada lá.

- Com certeza não estamos no lugar certo. – eu disse.

- Estamos falando de Gaia, então provavelmente estamos no lugar certo, apenas no lado errado. – Annabeth disse estudando a grama.

- O que quer dizer? – Sadie perguntou.

- Acho que sei o que ela quer dizer. – Nico falou se abaixando e tocando a terra, depois olhou para Annabeth.

 Nico tirou sua espada da cintura e cravou-a na terra, como havia feito no museu antes de levantar seus guerreiros esqueleto.

 A terra tremeu e um grande buraco se abriu ao nosso redor, nós caímos dentro dele. Tudo que me lembro foi o impacto de quando cai no chão e alguns fios de areia caindo sobre mim.

 Tossi com o cheiro forte de terra e tentei me levantar, percebi ao meu redor meus amigos que também tentavam se levantar. Quando consegui me sentar vi que havia um corte na minha perna, mas mesmo assim me levantei.

- Que sutil Nico, na próxima vez avise quando for tentar nos enterrar vivos. – Thalia disse já de pé.

- Desculpe, não planejei que a queda fosse tão grande. – ele disse se levantando.

- Eu estava certa! – Annabeth falou e depois acenou para Nico que acenou de volta.

- Você me paga garoto! – Bes falou saindo de debaixo de um pedaço de pedra, ele estava coberto de terra, Sadie não se conteve e soltou uma risada.

- Estão todos bem? – Percy perguntou ajudando Carter a se levantar, nós afirmamos que sim.

 A caverna onde tínhamos caído era grande e escura.

- Esperem. – Carter disse, ele pegou seu cajado e acendeu uma luz dourada. – Vamos.

 Carter e Percy foram na frente iluminando o caminho. Talvez fosse coisa da minha cabeça, mas eu achava que estava ouvindo o sussurro de uma mulher, a mulher dos meus sonhos, procurei afastar esses pensamentos da minha mente. A caverna parecia um labirinto.

- Cuidado a caverna pode ter armad... – quando Annabeth começou a falar, duas estacas finas e longas de madeira saíram de dentro de uma das paredes da caverna, se Carter não tivesse parado a tempo e puxado Percy os dois teriam sido atingidos.

- Ótimo reflexo! Obrigado Carter. – Percy disse, Carter ficou um pouco pálido.

 Passamos por debaixo das estacas e continuamos andando, agora, mais cuidadosamente, chegamos a um ponto da caverna que dava pra ver uma luz azul fraca, nós entramos em uma parte ampla da caverna, lá estava minha mãe. Ela não estava totalmente materializada, como Anúbis dissera, ela era brilhante, mas ainda sim pude reconhecer os cabelos pretos, curto e repicado, ela usava uma calça e uma blusa, e seu olhar marcante e alegre continuava lá, mas agora não havia tanta alegria, sua imagem tremulava dentro de uma grande jaula de ferro, alguns ramos de plantas se enrolavam nas grades.

 Chegamos perto da jaula.

- Mãe? – perguntei tocando as grades da jaula.

- Sarah. – ela disse, ela tentou se mover, mas seus pés estavam presos a terra dentro da jaula. – eu sinto muito, não pude lutar contra ela.

- Porque? Porque ela quer você? Você está morta, isso não faz sentido... eu não... não entendo... – eu não conseguia mais falar, senti meus olhos se encherem de lágrimas.

- Não posso dizer querida, mas sei que vocês vão conseguir...

- Porque você não pode dizer? Você tem que me dizer! E se não conseguirmos? E se você estiver errada? E se isso for uma armadilha? – eu disse, Thalia me puxou pelo braço me afastando da jaula, e me abraçou, as lágrimas escorreram pelo meu rosto.

- Calma... – Thalia disse ainda me abraçando.

- Senhora... Você pode, hum... nos dizer como tirá-la daí? – Bes perguntou.

- É Mary, eu não sei, Gaia me mantém aqui por meses, eu... eu não sei. – ela falou atordoada.

- Galera, acho que temos companhia... – Sadie falou.

 Limpei as lágrimas do rosto e vi três gigantes humanóides saindo da terra, os três eram iguais, da cintura para cima homens de armadura grega, da cintura para baixo, pernas e calda de dragão, seus rostos me lembraram Nárkimi, eles tinham olhos enormes de gato e uma boca gigante rasgada.

- Saudações da mãe terra! – os três monstros disseram ao mesmo tempo.