Eu queria pergunta-la algumas coisas, mas, sei lá, eu estava envergonhado. Não sei por que, não sei como. Sim, eu sou bem tímido. Mas, não tinha explicação pra eu não conseguir pergunta-la o que eu queria. Começou a tocar “Hurt” de Johnny Cash no meu celular, estávamos em silêncio ali. Ela não conhecia até então. E ela gostou.

Voltei pra casa. Vendo que meu mundo estava desmoronando em minha própria cabeça. E, sabe quando você sabe que esta perdendo algo que nunca teve? É, era assim que eu me sentia naquele momento. Nada fazia sentindo. E talvez fosse melhor ficar sem explicação como eu poderia me apaixonar por alguém tão rápido. Mas eu quis evitar. Não estava totalmente recuperado do outro relacionamento. Alex Eime havia me deixado tão mal que eu não queria mais sentir nada. Aquela pequena coisa chamada amor não foi feita pra mim. Nem pra você, nem pra ninguém.

Eu sei, sou um lindo pessimista. Mas, faz sentido, não? O amor só nos ferra.

De fato, há algo errado comigo. E eu nunca mais vi aquela menina. Mas ela nunca mais saiu da minha cabeça. De vez em quando eu ia até o Middletown Hotel esperando vê-la novamente, mas nunca aconteceu. Aconteceu de novo? Sim, aconteceu. Ela não morava aqui. Só estava para as férias e me sinto bobo por não perceber e nunca ter perguntado.

-O que? Como assim a garota sumiu? –Johnny perguntou-me pelo telefone.

-Não sei, acho que ela não mora aqui e foi embora.

-Ai, sinto muito, mas eu vou ter que desligar. Vou sair com a Larissa. Mais tarde nos falamos tudo bem?

-Tudo b... –Ele desligou antes de eu me despedir.

Eu queria entender o porquê de eu estar chateado, triste. Na verdade, eu não sabia o que eu estava sentindo. Sabia que ela não era daqui, então por que me decepcionar tanto? Eu não sei. Mas, quando você vê alguém que, no primeiro momento, parece ser especial, você pode não conseguir esse alguém para resto de sua vida. Mas, eu não queria isso, não mesmo.

Resolvi me distrair de tal decepção e vi se tinha algo para fazer na internet. Mais precisamente no Facebook. Quando entrei, tinham algumas pessoas me marcando em coisas que eu não estava nem um pouco interessado e uma solicitação de amizade. Era ela. Bem, eu abri um sorriso que eu nem sabia por que eu estava sorrindo, mas, estava. Aquilo foi automático. Eu aceitei sem hesitar, assinando assim os meus seis meses no inferno, é.

No dia 7 de Outubro de 2012, mesmo que fosse á distância, eu a pedi em namoro.  E eu sei que estava tudo sendo muito, muito rápido mesmo. Mas eu não ligava, eu queria tê-la para mim, só isso. Ela não disse nada.

-Eu fiquei com medo.

-Não tem problema, eu não sou como as outras. –Bem, ela sabia que ela era. Mas mentiu para me confortar.

-Jura que nunca vai me deixar?

-Juro. –Ela mentiu novamente.

Não sei, mas tudo me dizia que ela era a garota certa. Por mais que eu não fosse o garoto certo, eu queria aquilo pra mim. Uma ilusão, pois bem. Mas, quando se está apaixonado, nada mais importa. Só aquela pessoa. Você mal sabe qual o seu nome. Mas, você deve ter certeza que sabe que aquela pessoa te ama, mas tudo não passa de bobagem poética.

Eu estou sozinho em casa, são três horas da manhã e eu resolvo ligar pra ela.

-Não liga, minha voz é uma merda. –Eu disse.

-Sua voz é linda! –Ela disse puxando sotaque do Sul.

-Não, eu prefiro a tua.

-Quer discutir?

-Não. –Nós rimos.

Por mais que eu queira viver aquele momento novamente todas as vezes que deito em minha cama, eu tenho que aceitar: A vida, bem, continua sem ela.