A Vida Continua Sem Ela escrita por Pietro Araujo


Capítulo 1
Middletown Hotel




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Sabe aqueles dias em que você não quer fazer nada? Esses são os meus dias padrões. Por mais que seja esquisito, essa é minha rotina: Não querer fazer nada. Sei que a vida não pode ser assim, mas pra mim pode muito bem ser assim, me sinto bem assim.

Era um sábado, mais precisamente, dia 29 de Novembro de 2012.  Por que eu não esqueço? Porque foi daí que a minha vida se transformou num inferno.

Estava chovendo e eu estava aparentemente mal. E, então, resolvi sair. Não sabia o porquê, mas, eu queria. Coloquei uma blusa da minha banda favorita, pelo menos na época, o Red Hot Chili Peppers. Saí. Enquanto passava pelo parque da cidade, me sentei. Estava molhado, pois me esqueci de pegar o guarda-chuva. E, naquele momento, em alguns segundos, alguém me tocou. Seus dedos estavam gélidos e sua pele era branca, muito branca para quem morava numa cidade de praias.  Depois de me tocar, ela me fez uma pergunta breve e que a resposta era óbvia:

-Oi, você curte Red Hot Chili Peppers, né? –Ela soltou um breve sorriso em seu rosto.

-Sim, sim, lógico! –Respondi entusiasmado. –Tem como não curtir? –Sorri.

-Ah, eu também! –Ela sentou-se ao meu lado. –Qual a sua música favorita deles?

-Hum... Deixe-me pensar... Don’t Forget Me!

-Ah! Essa é muito boa, pena que não escuto muito.

-Por quê? –Eu aumentei o tom de voz, mas só brincando.

-Ah, sei lá! –Rimos.

Ficamos conversando por um bom tempo ali, a chuva aumentou a frequência. Trocamos palavras até demais. Mas, eu havia saído de um relacionamento no máximo há um mês. Contei tudo á ela, ela prometeu ajudar e me disse que eu era muito legal, eu fiquei melhor depois da tal conversa. Fui pra casa sorrindo.

-Pelo menos não sinto nenhuma borboleta no estomago. –Falei a mim mesmo.

Mas eu sabia desde o momento que eu a vi que iria dar errado. Seus olhos verdes, cabelos vermelhos, pele branca e gélida. Estava na cara que eu ia ser feito de bobo novamente, mas fazer o que? Estava ali e era pra ser, eu acho.

Deitei-me na cama e descansei. Com a tal garota ainda em minha cabeça. Ah, isso não vai dar certo. Não? Eu poderia ser um pouco mais otimista, eu acho. Mas, nesse quesito, não dá! Isso sempre dá errado.

-Eu vou convida-la pra sair, o que você acha? –Perguntei ao Johnny.

-Ah, sei lá.

-Você só sabe falar isso?

-Acho que sim. –Começamos a rir como dois bobos ao telefone.

-Mas e se ela me der um fora?

-Cara, tu ainda não aprendeu a lidar com foras? Você já levou milhões! –Ele riu.

-Não teve graça, ta? –Mesmo assim, eu ri.

Eu não sei pra onde eu queria leva-la. Talvez pra tomar um café? Não sei. Então, liguei para ela no dia seguinte.

-Ei.

-Quem ta falando? –Ela perguntou.

-Ah, seu amigo.

-Que amigo?

-O fã de Red Hot.

-Ah, você! –Ela riu. –O que você quer?

-Queria saber se você quer tomar um café, sei lá.

-Ah, não dá. Eu estou resfriada. É isso que dá ficar conversando com alguém num dia de chuva, sem um guarda-chuva. –Ela riu e eu comecei a rir também. –Enfim, não consigo nem levantar da cama.

-Não tem problema, eu levo pra você.

-Sério?

-É, sei lá. Na onde você mora?

-Aqui no Middletown Hotel.

-Logo estou ai, até.

Fui comprar o café. Pedalando e ouvindo música. Depois desde Março de 2012 não me sentia tão bem como aquele dia. Estava tocando “Funny Face” do Red Hot Chili Peppers e quando cheguei lá, ela tirou o fone de meus ouvidos e disse que tal música era sua favorita.

-Então essa é a nossa música. –Eu sorri.

-Então ta. Isso é bom, não é? –Ela riu pra mim também. –Mas, enfim, você não vai tomar seu café? Vai esfriar, seu burro!

-Vou, sim, vou.

Rimos e conversamos a tarde inteira. E eu me sentia bem. Naquele momento eu estava feliz e eu sabia que a felicidade não era duradoura, mas o que importava é que eu estava ali e estava feliz. Então, se você esta feliz agora, não importa o que vem depois, aproveite o agora. Antes que o agora se vá.


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Notas finais do capítulo

Próximo capitulo: 15/05
Espero que tenha gostado, dê review!



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