O silêncio se fez presente por alguns segundos, a surdez tomou conta dos ouvidos de Tifa por conta dos inúmeros pedaços de metal que haviam caído junto do maior mas continuou de olhos fechados, continuou pressionando o botão do pequeno aparelho em suas mãos.

Esperava o enorme pedaço de ferro cair sobre sua cabeça mas estranhou a demora do desastre e elevou os olhos, se deparando em seguida com uma forma feminina que segurava o enorme objeto erguido no ar, como se tivesse o peso de uma pena:

–Acho que você já pode parar de apertar o sinalizador Tifa, de perto o som dele é meio irritante não acha?

–A..... Azera......

–Achou mesmo que eu não viria?

–Como... você.....

–Não foi difícil achar você sabe?- Larga o enorme objeto ao seu lado-

–Mas....O que?- Loz se aproxima incrédulo-

–Isso... é impossível....É aquela garota...... COMO ELA FEZ ISSO? -Yazoo nega com a cabeça-

–Impossível? Pode ser para humanos como vocês, mas não é nada complicado para mim.

–Tifa! - O loiro corre para perto da morena-

–Cloud, você está bem?

–Não se preocupe comigo, você está ferida?- Se ajoelha e analisa-a -

–Eu estou bem, graças a ela.

–Quem é ela?

–Ela.... é uma amiga.

–Tifa, saia daqui, deixe que eu resolvo o resto. - Azera da alguns passos para frente-

–Mas, não podemos deixá-la sozinha.

–Apenas confie em mim, depois eu lhe explico melhor.

–Certo, então vamos. Tenha cuidado Azera.

–Terei, agora vão.

Cloud atende o pedido e tira Tifa dali carregando-a em seus braços, coloca-a na garupa da Fenrir, monta na moto e logo, sai dali com velocidade total. Azera suspirou por debaixo da máscara e virou o corpo em direção aos três que estavam lhe encarando desafiadoramente:

–Olhem só, nossa presa voltou para nós!

–Você é o tal Kadaj certo? Veja lá como me chama, eu não sou e nunca serei sua presa.

–Ah é mesmo? Mas não se esqueça que somos três e você é só uma garota.

–Só uma garota? Acho melhor você rever seus conceitos moleque, ou eu deveria chamá-lo de pirralho? Acho que combina mais com você.

Kadaj encheu-se de ira diante das palavras da moça, os três cercaram-na mas no exato momento em que iam atacar, Yazoo para onde estava, atordoado ao ver um brilho dourado sair das membranas que cobriam os olhos dela na máscara.

Uma risada abafada saiu do fundo de sua garganta e ela ergueu a mão esquerda em direção ao ar que se movimentou rapidamente, tomando forma como se fosse um tipo de metal. Em sua palma, surge uma longa foice branca, ornada do cabo até a lâmina:

–Vamos começar a festa.- ela ergue a cabeça e permite os longos cabelos caírem sobre sua face-

Ela girou a foice com a mão que a segurava e passou para a mão direita em um rápido e sutil movimento, os três não tiveram tempo de pensar no que fazer, Azera se lançou ao ataque muito antes deles. Seus movimentos não podiam ser acompanhados por olhos humanos, seus passos não produziam som mas eles puderam ouvir o som da lâmina cortando o ar quando esta já estava próxima demais deles.

Em poucos minutos, derrubou os três sem dificuldades, Kadaj estava imobilizado, Loz estava com um fundo corte no quadril e Yazoo com um extenso corte na perna, estavam caídos um perto do outro já que ela golpeou pontos centrais dos músculos destes:

–Como... você..... - Kadaj levanta a cabeça-

–É simples essa resposta, já disse que para mim seria fácil- A foice desaparece.

–A MÃE nos mandou ir atrás de você... Mas até agora eu não sei dizer o que você é.

–Eu vou dizer o que sou, mas vocês já deveriam saber não? Sou um dragão elemental.

–Elemental..... qual a diferença.... - Yazoo resmunga com a mão sobre o corte-

–Os dragões elementais têm habilidades e poderes muito mais elevados do que um dragão comum, nós podemos ir além disso, vamos além do que os humanos conhecem.

–Você.........huuunf.....

–Não consegue falar muito não é? Eu golpeei seus pontos nervosos, ou seja, vocês vão ficar ai por um tempinho, só até seus nervos destravarem mas isso não dura muito.

–Não adianta correr, nós vamos pegá-la mais cedo ou mais tarde.

–Não deveria enfrentar de frente o que você não conhece, de qualquer maneira, deveriam ter perguntado para a tal MÃE que os mandou atrás de mim, ela não explicou nada direito hun?

Azera assobiou em bom a alto tom, Fafnir surgiu de uma das ruas e parou diante dela com o compartimento de armas aberto. Subiu na moto mas quando ergueu a cabeça se deparou com muitos animais estranhos ao seu redor, lembravam cães e ao mesmo tempo lembravam felinos mas sua arcada dentária era uma arcada humana:

–O que achou das minhas invocações? - Kadaj ri.

–Feias para ser franca, mas você acha que eles são páreos para mim?

–Eles podem matar qualquer coisa que estiver diante do caminho deles, PEGUEM-NA!

Os animais rosnaram e partiram em ataque contra a draconiana que apenas riu e estendeu a mão na direção deles, disse algo em seu dialeto e invocou uma espiral de espinhos de gelo, dizimando todos os monstros e jogando Kadaj e seus irmãos para longe.

Os três estavam tontos mas viram o momento em que Azera partiu em alta velocidade com a moto sem olhar para trás, um ato meio imprudente que deu brecha para Yazoo atirar. Já estava irritada com aqueles tiros e logo pegou uma de suas armas favoritas e virou o corpo mirando na arma de Yazoo, e acerto na mesma danificando-a.

Em poucos minutos ela chegou na avenida principal da cidade, cansada mas queria saber como estava Tifa. Quando entardeceu parou Fafnir em uma rua secundária segura e foi até a casa desta, sendo surpreendida por Cloud que estava sentado nos degraus da escada:

–Hun?

–Boa noite...

–Eu não imaginava que viria até aqui... - Cloud se põe de pé-

–Queria saber como Tifa estava.

–Hun...Gostaria de agradecer pelo que fez hoje.

–Só devolvi um dos mil favores que ela me concedeu.

–De onde conhece Tifa?

–Eu estava sendo perseguida por Kadaj quando levei um tiro, escapei mas só me recuperei com a ajuda dela e das crianças.

–Também conhece as crianças? Só eu que não sabia de nada?

–Creio que ela achou melhor não preocupá-lo, não fiquei muito tempo.

–Afinal de contas, o que você é? Um humano normal não segura um pedaço de ferro naquela velocidade...Muito menos daquele tamanho!

–Eu sou um dragão elemental.

–Dragão? Como assim dragão?

–Dentre as diversas espécies de dragões que existiram e que ainda existem, os elementais se destacam por terem habilidades únicas.

–O quais seriam?

–Se transformar em humano, controlar elementos diferentes, mudar o tom das escamas de acordo com a situação e outras mais.

–Entre, vamos terminar a conversa lá dentro. - Abre a porta e da passagem para ela.

–Obrigada, então você é o famoso Cloud de que tanto ouvi falar.-Se senta no sofá a pedido do loiro.

–Ouviu falar de mim? Aposto que foram as crianças.

–Também, mas seu nome era muito comentado em meu antigo trabalho humano da adolescência.

–Que trabalho humano seria?

–Eu era uma SOLDIER, ala feminina, batalhão de operações especiais.

–Uma SOLDIER? Você?

–É, eu cheguei a me tornar general, mas quando houve toda aquela confusão há quatro anos, eu perdi toda a minha tropa....... Eu fui a única sobrevivente.

–Eu...... Sinto muito.

–Obrigado, Já faz um bom tempo mas depois daquilo eu perdi a minha ancestral, Zeras, era minha mãe adotiva...... Já que eu não conheci meus pais.

–O que aconteceu com eles?

–Foram em uma batalha para defender nosso povo e nunca mais voltaram, eu era pequena e como precisavam dos meus pais, fiquei sobre os cuidados de Zeras.

–Você teve que aprender a se virar cedo não é? a Shinra sabia da sua origem?

–Pois é...Mas não, é uma informação complicada de se digerir...... Vocês são a exceção a regra.

–E você sempre usou máscaras?

–Sempre, é parte da minha cultura usar máscaras quando estivermos em forma humana, nem minhas companheiras de equipe conheceram meu rosto.

–Você nunca tira a máscara?

–Não costumo, aprendi a viver com ela.

–Entendo, então eu acho que nós temos certos pontos em comum.

– Creio que temos sim, incluindo o fato de querermos a Shinra bem longe.

–Claro, creio que Tifa já está acordada, que ir vê-la?

–Seria muito bom, agradeço.

Cloud guiou-a pela casa até o quarto de Tifa, Denzel e Marlene estavam com ela e quando a viram correram para cumprimentar a draconiana. Passou boa parte do tempo ao lado de Tifa, conversando com ela e com todos os presentes. Já se passavam das dez horas quando Azera se despediu de Tifa e das crianças, Cloud levou-a até a porta mas chamou-a antes que a mesma sumisse em meio as sombras:

–Azera!

–Sim?

–Você disse que Kadaj estava perseguindo você, se você desejar seria uma honra recebê-la em nossa casa e em nossa equipe.

–Agradeço Cloud, mas eu não sei, já se passou um bom tempo desde a última vez que eu participei de um grupo humano.

–Mesmo que tenha grande poder, as vezes não podemos lutar sozinhos, precisamos dos nossos amigos.... Pense na minha proposta certo?

–Prometo que vou pensar, Obrigada e boa noite.... Soldado.

–Boa noite..... General.

Azera ri com um tom de voz alegre, vira as costas e desaparece entre as sombras, Cloud ainda pode ouvir o som da bota de salto que a mesma usava e a última coisa que ouviu foi o ronco do motor de Fafnir se afastar rapidamente.

Suspirou e olhou para o céu estrelado, voltou a pensar que se não fosse por Azera Tifa não estaria mais ali, ele estava com uma grande culpa em sua alma e decidiu se redimir com ela. Entrou em casa, fechou a porta e viu as crianças assistindo Tv na sala, subiu as escadarias e entrou no quarto de Tifa silenciosamente:

–Cloud...... é você?

–Sou eu Tifa, como está se sentindo? - Se senta na beira da cama dela.

–Melhor, já não sinto tanta dor.

–Tifa........... Perdoe-me.

–Perdoar por quê?

–Eu falhei com você, se Azera não estivesse lá........

–Cloud, a culpa não foi sua.

–Eu prometi a você que protegeria minha família, mas hoje eu falhei.

–Por favor, pare. - Segura a mão dele com ternura.

–Tifa.....

–Você não quebrou sua promessa, eu sei que você teria me protegido sim, não se culpe por favor, isso me corta o coração.... Está bem?- Olha no fundo dos olhos azuis.

–Está bem, obrigado Tifa.

Ela sorri e se ergue um pouco, sentindo um pouco de dor nas costas e na barriga mas aquilo não a impediu de abraçar o ex-SOLDIER que retribuiu o abraço, sendo cuidadoso para não ferir a morena que apoiou a cabeça em seu ombro delicadamente.

Ele ajudou-a a se deitar mais uma vez, lhe dando boa noite antes de seguir para a sala, ficaria mais um pouco com as crianças antes de dormir e aproveitaria para refletir sobre seus sentimentos.