Era um choque para ambos vê-la acordada. Depois de incontáveis meses velando por ela naquela cama de hospital, sem nunca mostrar uma reação, ela simplesmente acordava. Sem nenhum tipo de aviso médico ou evolução cerebral, ela acordou como se voltasse de um sonho.

– Damon, Stefan, o que eu faço aqui? – ela choramingou mais uma vez, sua boca estava seca demais e algo doía quando ela falava.

– Calma querida. – Damon sentou-se na beirada da cama, tomando a pequena mão de Elena na sua. Foi o primeiro a ter alguma reação, já que Stefan continuava a encará-la admirado – Está tudo ok, certo? Não se preocupe. Você sofreu em acidente de carro e te trouxeram aqui, mas você agora está bem. Vamos ligar para a sua tia, e ela virá aqui.

– Talvez fosse uma boa ideia chamar a Dra. Fell também. – Stefan balbuciou, e virou-se de volta para o corredor. Ele estava chocado demais, admirado demais, e não seria útil no quarto se apenas ficasse encarando-a abobalhado.

– Acho que vocês não entenderam... – ela tentou falar, mas Damon a interrompeu.

– Não querida, fique quietinha que a Dra. já está chegando e te explicará tudo. – e falando isso, ele levantou-se e dirigiu-se a porta – Vou lá fora buscar um copo de água para você, imagino que esteja morrendo de sede.

Ela quis pedir para ele ficar, mas ele saiu rápido demais. Ela também pensou em ir atrás dele, mas seu corpo dolorido não queria colaborar... O que era muito estranho. Ela era uma vampira, não deveria sentir dores ou cansaço...

– Bom dia Elena! – uma mulher de longos cabelos castanhos e um sorriso gentil entrou no quarto, com Stefan atrás – Me chamo Meredith Fell, e sou sua médica. Sinta-se a vontade para me tratar pelo primeiro nome.

Ela puxou uma cadeira para sentar-se perto de Elena, apoiando a prancheta que carregava em suas pernas. Stefan acomodou-se aos pés dela e logo Damon voltou com a sua água, sentando-se em um pequeno sofá em um dos cantos do quarto.

– Espere... – Stefan levantou-se da cama para ajuda-la a se sentar e beber sua água, afofando um pouco o travesseiro no processo – Pronto – ele sorriu, e ela retribuiu em agradecimento.

– Bem, Elena – a Dra. Fell começou – Há alguns meses atrás, você e seus pais sofreram um acidente de carro, e bem, eles infelizmente não sobreviveram. Meus sentimentos. Você está aqui desde então, sem apresentar nenhuma melhora... Até agora.

– Mas... – a cabeça de Elena rodava um pouco. Ela sabia da morte dos pais, já faziam dois anos. E ela acordou no dia seguinte. Sobre o que Meredith falava? E o que os Salvatores faziam ali a olhando com caras tão confusas? – E Silas? E Katherine? Cadê a Caroline?... Oh meu Deus, cadê o Matt? Está tudo bem com ele? E por que eu sinto tanta fome?

– Opa, calminha mocinha – Damon levantou-se e parou ao lado da cama dela – Uma pergunta de cada vez. Não sei que é Silas e não sei o que você quer com a Katherine. Ela não é lá muito legal com você...

– Matt e Caroline vêm aqui constantemente te visitar, e está tudo bem com eles, eu acho. Podemos ligar e pedir para eles virem, se te acalma. – Stefan continuou – E você tem sobrevivido na base de soro, é normal que sinta fome.

– Não, não é. – Elena o interrompeu de uma forma tão brusca que ela temeu que ele se ofendesse – Eu sou uma vampira, eu não devo sentir fome, ou dor!

– Certo... – Meredith fez uma cara preocupada – Todo esse tempo pode ser mexido um pouquinho com a sua mente. Nada para se preocupar, querida. Essa sua ideia que é uma vampira vai sumir rapidinho, garanto.

– Mas... Eu sou... – a voz dela terminou fraquinha. Bem, ela se sentia humana. Mas o que foi tudo aquilo então? - Era um sonho?

– Provavelmente. – o sorriso de Meredith agora saiu esperançado – Não há nada para se preocupar, certo? O turno de Damon acabou – o enfermeiro de olhos azuis iria lançar um olhar suplicante para que ela não o obrigasse a ir embora – E sim, ele vai para casa. Mas Stefan ficará aqui, com você.

Meredith saiu rapidamente do quarto, gostava muito de Elena, mas tinha outros pacientes para atender.

– E você comigo Salvatore! – ela avisou antes de passar pela porta e deixa-la propositalmente aberta.

– Certo... - ele arrastou-se atrás dela, mas não sem antes lançar um sorriso e um beijo a Elena – Nos vemos mais tarde querida.

Stefan continuou ali, sentado na beira da cama observando-a. Ela era bonita, sempre achou isso, mas era particularmente mais encantadora acordada. Seus olhos chocolate eram profundos e expressivos, e seus lábios curvavam-se lindamente quando ela sorria.

– O que houve? – sua cabeça inclinou-se levemente enquanto perguntava, e Stefan a achou adorável.

– Nada... Quer dizer, fiquei curioso com algo. Por favor, me avise se eu estiver invadindo sua privacidade, ok?

– Claro, pergunte logo!

– Você não pareceu triste com a morte dos seus pais... Por quê? – isso realmente intrigava Stefan. Tanto seu pai quanto sua mãe já haviam morrido, e ele tinha ficado triste em ambas as situações. Por que Elena não parecia nem minimamente abalada?

– Eu estou abalada, Stefan, estou abalada por que tudo que aconteceu em minha vida não foi real. Mas, de uma forma ou de outra, eu já sabia que meus pais estão mortos. Já fazia quase dois anos nos meus sonhos.

– Me conte o seu sonho. – disse Stefan. – É engraçado você falar em vampiro, por que nesses meses eu lhe contei várias historias e grande parte de bruxos e de vampiros.

– Você era um, Damon também, muitas pessoas eram foram transformadas, eu também fui transformada... Você e eu éramos namorados, você me amava, e Damon também. Mas nada foi real... - ela se sentiu triste ao pensar que não era de verdade. Ela também amava Stefan e Damon, e queria que ao menos esse amor continuasse real.

– Meu amor foi real, Elena. Por todo esse tempo que você esteve aqui, eu te amei. Sei que não te conhecia realmente, mas você era sempre tão linda adormecida, e contavam-me histórias tão encantadoras sobre você... Eu não pude evitar. – disse Stefan se aproximando da garota e colocando sua mão no rosto dela.

Elena pós sua mão sobre a de Stefan e sorriu enquanto uma fina lagrima corriam pelo seu rosto.

– Muitas coisas aconteceram nesse tempo que eu estava em coma, você vai ter que me contar tudo. – disse Elena.

– Eu te contei, enquanto você dormia. – disse Stefan.

– Jeremy, meu irmão ele está...?

– Vivo, veio te visitar semana passada, ele viajou, até veio se despedir terça passada. -

Elena soltou uma gargalhada de felicidade. Jeremy, seu irmãozinho amado, estava vivo!

– E minha tia também está viva, e o Alaric?

– Alaric? – perguntou Stefan.

– Nosso professor de historia. –disse Caroline entrando no quarto sorrindo.

– E como ela sabe disso? – perguntou Stefan.

– Eu contei a ela. – disse Caroline indo abraçar a amiga. - Que bom que você está de volta... – disse a loira.

– A avó de Bonnie? –perguntou Elena.

– Ela morreu, de infarto, pouco tempo depois de seu acidente. – falou Caroline triste.

– Então nem todas mortes que aconteceram em meu sonho foram irreais, quem mais morreu?

– Acho que foi só isso, mas que negocio de sonho é esse? – perguntou Caroline.

– A Elena tem sonhando com vampiros e bruxas enquanto estava em coma. – disse Stefan.

– Verdade, é meio estranho, na verdade – Elena riu – Te conto depois, é uma longa história. Aliás, quando vou poder sair daqui?

– Em breve... – respondeu Stefan.