– James... O que ela está fazendo aqui?

– Eu... Só... - Ele abriu a boca várias vezes e depois abaixou a cabeça.

– Obrigada James. - Falei entre dentes e me virei para a bruxa - Meu aniversário estava perfeito, até eu escutar a sua voz e olhar para essa sua cara de cavalo. Me dêem licença. - Soltei a mão do James, ele ainda tentou vir atrás de mim, mas, eu lancei meu olhar super ameaçador e saí enfurecida do salão.

Fui até uma sacada que havia ali , queria respirar.

Calma Mellody. Apenas, calma.

– Mellody?

– Oi Kend. - Forcei um sorriso.

– Posso saber por que você não está na SUA festa?

– Rachel.

– Hum... Tá explicado. A Monique viu você saindo, e me mandou vir aqui... Disse que eu era a única pessoa capaz de entender você. - Dei um sorriso.

– É verdade! Mas, era pra você estar se divertindo lá dentro com a sua namorada.

– Eu não iria deixar minha melhor amiga aqui, sozinha, triste, abandonada...

– Já entendi Kendall.

– E... - Ele disse em meio a um sorriso - A Kiki foi dar alguns gritos no James. - Kend percebeu que eu não estava bem mesmo.- Quer desabafar?

– É dificil Kend, muito dificil. É só que... Eu não entendo o James, ele sabe que eu não gosto da Morgana, e que eu tenho ciúmes. Porque eu sou ciumenta, até você sabe que eu sou ciumenta. - Ele assentiu. - Então... Eu não ligo se eles forem amigos e tudo mais, só que ... Ela me tira do sério.

– Deixa eu terminar pra você. É só que - ele tentou imitar a minha voz, e eu dei um sorriso - ela não quer ser apenas amiga dele.

– Hum rum.- Abaixei a cabeça.

– Mas, ele está errado, Mel. Essa é sua festa de aniversário. O James não devia ter convidado ela.

– Mel! Acho bom você ir dar um jeito no seu namorado. - A Kiki nos assustou - Ele ta virando todos os copos de bebidas que encontra pela frente. - Dei um suspiro longo.

–Vou tentar conversar com ele. - Entrei novamente no salão, e fui até o bar. James estava sentado, virando um copo, com um líquido azul. O que era aquilo? Me aproximei devagar, e vi que a Rachel estava na pista de dança, olhando descaradamente pra ele.

–James?

– Mel, eu... - Ele fechou os olhos procurando as palavras. - Só convidei ela... é uma ótima pessoa, me ajudou a...

–Me esquecer?

– Me desculpa- Ta! Com certeza ele estava bêbado. - Eu te amo, me desculpa...

– James, não precisa se desculpar.

– Você não está com raiva?

– Não... Eu só não vou fingir que está tudo bem, hoje não. - James colocou a mão no meu rosto e tentou me beijar ,eu virei o rosto.

– Não faz isso. - Percebi que havia uma pontada de raiva em sua voz.

– E você quer que eu faça o que? Que fique toda feliz... Não posso. Eu não sou assim.

–É? Eu também não sou assim.- Ele se levantou derrubando metade das coisas que haviam em cima do balcão, caminhou até a pista de dança , puxou a Rachel pela cintura e começou a dançar com ela.

Senti uma imensa vontade de chorar, de gritar, de bater.Mas, me levantei e saí do salão,sem que ninguem percebesse.Fiquei do lado de fora,sentada na calçada, até que ouvi passos e escutei a voz da Rachel, dei um jeito de me esconder.

–Calma James. Deixa eu te ajudar. - James estava com a mão nos ombros da Rachel.

– Eu estou bem.

– Eu sei que você está bem, bobinho. Vamos comigo para o meu apartamento? Eu dirijo.- What? Que oferecida. Resisti novamente a vontade de ir lá e dar uns tapas nela.

– E os meninos?

– Qual é Jay? Eles sabem que você sabe se cuidar. - Os dois caminharam até o estacionamento, fiquei esperando o carro virar a esquina. ÓTIMO. Sejam felizes. Vi um táxi passando e dei um grito (eu sou escandalosa).

A Titi e o tio Rob ainda deviam estar na festa, sorte que eu tinha o dinheiro pra pagar o táxi dessa vez. Entrei em casa e fui direto para o meu quarto. Me joguei na cama, e uma lágrima escorreu do meu olho.

Respira Mel. As coisas são como devem ser.

Olhei para o lado e vi o meu violão lindo,quando foi a última vez que eu havia tocado? Em um piscar de olhos já estava com ele.

Olhando lá de baixo,

O luar quebrado no mar

Reflexos ainda parecem os mesmos para mim

Como antes de eu afundar

E é pacífico lá no fundo

Uma catedral onde não se pode respirar

Não é preciso rezar, não é preciso falar

Agora que estou no fundo

E está arrebentando sobre mim

Mil milhas no fundo do mar

Achei um lugar para descansar minha cabeça

Nunca me deixe partir, nunca me deixe partir

Nunca me deixe partir, nunca me deixe partir

E os braços do oceano estão me carregando

E toda esta devoção estava saindo de mim

E os choques são o paraíso, para uma pecadora como eu

Os braços do oceano me libertam

E acabou

E estou afundando

Mas não estou desistindo

Estou apenas me rendendo

Oh, deslizando para o fundo

Oh, tão frio, mas tão doce

Nos braços do oceano, tão doce e tão frio

E toda esta devoção que nunca conheci

E os choques são o paraíso para uma pecadora liberta

E os braços do oceano,

Libertam-me

Nunca me deixe partir, nunca me deixe partir

Nunca me deixe partir, nunca me deixe partir

Coloquei meu violão do lado da cama, eu já estava chorando, me deitei, meu dia havia começado perfeitamente e terminado em um desastre, com o rosto completamente molhado, uma dor no peito, em pouco tempo acabei adormecendo.