She Is... Everything escrita por Whimsy


Capítulo 2
Chapter Two




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–Shhh... -Ela sussurra, descendo da janela quebrada.

–Mas... Que diabos...? -Começo a me levantar da cama e a jogar as cobertas no chão.

A garota à minha frente tinha cabelos longos e pretos que começavam lisos e terminavam em uma cascata de cachos selvagens descendo até a cintura e usava um casaco de couro onde levava uma pequena pistola no bolso. Seus olhos azuis claros eram inacreditáveis e pareciam brilhar na escuridão. Deus, ela era linda. Acredito eu que esta é a melhor palavra para descrevê-la por enquanto. Ela andou um pouco pelo quarto com um dedo sobre os lábios implorando por silêncio.

Eu franzi o cenho para ela, paralisado devido à pistola.

–Ei... Ei, o que foi? -Eu disse tentando desviar os olhos da arma.

Ela balançou a cabeça como se não pudesse responder. Depois indicou silêncio novamente.

Ela apontou para a minha enorme mala bege pronta no chão do quarto ao lado de minha cama desfeita e depois repetiu um "não" com a cabeça. Eu torci o nariz para ela, não entendendo nada.

Ela suspirou como se estivesse conversando com uma criança que ainda não sabia falar. Bem, estranha, é você que não sabe falar por aqui.–Pensei, bufando.

Por fim ela esboçou com os lábios algumas palavras confusas, como que ditas com um sotaque muito forte de alguém de outro país, repetindo algumas vezes até que eu as compreendesse.

"Não vai. Vai acontecer uma coisa, não vai"

Depois de repetir as palavras várias vezes ela indicava a mala com um dedo.

Mas por quê diabos aquela garota estava ali? Logo no meu quarto? Eu suspirei andando até ela.

–Eu vou sim. Você pretende me matar? -Indiquei a arma com a cabeça quando ela fez uma expressão ingênua.

Quando compreendeu balançou a cabeça, negando. Depois ela me lançou um olhar decepcionado e revirou os olhos como que se estivesse se dando por vencida. Depois eu caí.

Simplesmente caí e rolei no chão duro e frio de madeira e logo percebi que estivera sonhando. Ah, faz mais sentido agora, não é? A luz já entrava pelas brechas da persiana e eu andei, ainda abismado e em choque devido ao sonho, até o banheiro para me livrar do sono que me invadia, mas ao mesmo tempo a água que logo caía sobre meu corpo enquanto tomava banho também parecia levar consigo para o ralo a lembrança do sonho até eu não conseguir me lembrar sequer qual era a cor dos olhos da garota. Eu logo estava entrando novamente no quarto empoeirado com alguns mapas de pesquisa à minha esquerda e com informações precisas que eu necessitaria na viagem. Eu estava me livrando da toalha presa à minha cintura quando a janela rangeu, me assustando e me provocando flash-backs da garota estranha do sonho. É óbvio que não era ela, eram apenas os galhos da árvore arranhando minha janela.

Me livrei da toalha e escolhi um jeans preto e um suéter azul escuro para me salvar do frio da manhã. Se estava frio ali Janett já nos dissera que no mar o frio era gritante. Por cima do suéter decidi usar uma jaqueta que ganhara de meu pai no aniversário. Ela tinha o símbolo da Adidas estampado atrás do colarinho, mas eu não costumava ligar para isso e disse para o meu pai, no dia que a ganhara, um tanto decepcionado: "Roupas de novo, papai?" Ele me lançara um olhar cortante e triste que me obrigou a fingir animação e completar: "Tô brincando!". A partir deste momento eu me acostumara a mentir para agradar meus pais e eles costumavam ter muito orgulho de mim até eu falar-lhes sobre Undone. Aquele se tornou o foco de qualquer reunião de família e isso não era bom. Meus pais criticavam a minha ilha paradisíaca e eu nem sequer poderia contradizer o que diziam porque aquilo já era considerado uma imperdoável falta de respeito.

Eu me acostumara a ser criticado em silêncio, apenas encarando a cena como um fantasma, um ser desprezível inferior à todos. Mas aquilo não se repetiria a partir de hoje. Ao menos era o que eu me obrigava a acreditar enquanto calçava uma botina marrom de caminhada que Janett recomendara para a embarcação. Já deu para notar que Janett era a mente da navegação? Ela sabia tudo que era possível aprender em livros sobre o assunto no ano em que estávamos e nos livros os quais tínhamos acesso. Tobytown não era uma cidade rica e bonita como as que mostram em cartões-postais, mas era o suficiente para nos oferecer vária informações precisas.

Eu estava descendo para tomar café quando ouvi um barulho na cozinha. Eu em aproximei devagar, um pouco chocado por encontrar alguém acordado em casa nesta hora da matina, não deveriam ser nem ao menos cinco horas!, e também assustado com a possibilidade de estar presenciando um assalto... Ou algo pior. Fui até a mesa da sala pegando um canivete suíço por precaução antes de me alastrar pelo portal da cozinha. Assim que fiquei no centro do portal eu escutei um pulo e um suspiro de alívio, ou seria um arfar de constrangimento?, ah, que seja.

–Deus, Zac?! -A voz feminina desesperada, constrangida e desconhecida invadiu meus ouvidos. Eu arrisquei, abrindo um olho devagar enquanto empurrava cuidadosamente uma faquinha do canivete para cima com a unha da mão esquerda, erguendo minha arma minúscula para quem quer que estivesse ali.




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Notas finais do capítulo

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