Nothing Left To Say escrita por Jules


Capítulo 4
Atacada


Notas iniciais do capítulo

Tá aí mais um *-* Espero que gostem... hahaha.
Um obrigado super especial pra Leni ♥
Nos vemos nas notas finais ;)

PS: essas conversas da Peg com o cérebro dela serão necessárias mais tarde, ok? Não estranhem... e também eu gosto desse tipo de coisa nos caps. kkk.
Boa leitura *-*



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Pare com isso imediatamente!, Meu cérebro repreende-me. A expressão de Ian me dá a resposta que eu não desejava: eu havia o contado. Havia desfeito o meu trato com a Melanie.

Concerte esse erro, Peregrina. Agora!

Não é preciso que meu cérebro mande-me fazer isso.

- O que eu estou dizendo? Não, não acredite. – Suplico-lhe. – É tudo mentira. Eu sou uma mentirosa, me desculpe.

Sufoco um soluço enquanto ele balança a cabeça diversas vezes, tentando organizar as informações.

- Peg, não tente se redimir, por favor. – Ele sussurra, com os olhos fechados. É muita informação, e isso parece pesar na cabeça dele. – Eu não entendo.

- Apenas esqueça tudo o que eu disse, por favor. – Suplico chorando – Eu sou uma mentirosa, é tudo mentira. Ian, eu não sei o porquê eu falei aquilo.

- Peg, pare! – Seu tom de voz me assusta – Não tente desfazer o que já foi feito. Por favor, me explique isso tudo.

- Ian, eu não posso... - Sou interrompida, não por uma voz, mas por um movimento.

Há um homem alto e magro na extensão da porta. Ele mantém a forma brusca e série de sempre, mas seus olhos estão o denunciando. Há ares de completo pavor em seu olhar.

- O que... – ele começa – Você não deve estar... – Jared se dirige até nós.

Dou um salto e estou fora da cama, assim como Ian. Não, não pode ser verdade, não mesmo. Tudo está piorando.

- Jared, eu... – ele não me deixa terminar. Ele se curva e aparentemente vai ficando verde. Está prestes a vomitar.

- Apenas... Repita o que disse. Por favor. – Ele suplica, se controlando para não por tudo o que comeu para fora.

- Eu não posso, desculpe-me. – Estou chorando novamente.

- Peg! – Ian repreende-me. Seus olhos azuis estão arregalados, repleto de angústia.

- Eu não posso fazer isso. – Apenas movo meus lábios, de modo que apenas ele entenda.

- Diga-me você, Ian. – Jared contorce-se. Algo parece doer dentro dele.

Não, Ian não iria cutucar a minha ferida. Confio nele.

- Jared, eu não sou a melhor pessoa para te dar essa explicação. – Ian fala baixinho. Ele aponta com o queixo para as costas de Jared. Seus olhos não estão focados nos de Jared, mas ao horizonte, de modo que nós seguimos o rastro que seus olhos fazem. Na porta.

A forma da porta está preenchida por um vulto pequeno, magro. Os grandes olhos de Melanie estão inundados e sua boca esta entreaberta. Entendo o que ela quer. Correr, fugir, morrer. Ela abraça a si mesma. Tudo está piorando para ambos os lados.

E ficará pior.

Obrigada.

Pessimismo. Quantos sentimentos novos irei experimentar em um dia?

Jared se dirige até a porta bufando e o pior passa em imagens devastadoras em minha mente. Se ele irá cometer alguma coisa, na minha frente, tenho que tentar ao menos intervir.

- Por que não me contou, mas contou a ela? – Jared berra, esticando o dedo indicador para mim.

Melanie me fuzila com os olhos, incrédula.

Você está ferrada.

Obrigada.

Melanie não sabe o que falar, aparentemente está assustada demais para quaisquer reações. Sei como ela está se sentindo agora, todos a encarando como se fosse um animal. Quase como se fosse uma ameaça.

Sinto-me com o coração apertado novamente. Ela parece tão indefesa. Toda aquela postura autoritária que Melanie assumira durante os anos como humana resistente foi abatida com um simples levantamento de voz que Jared lhe dera. Não aguento vê-la assim, então o nó em minha garganta fique frouxo e sinto a primeira lágrima escorrer.

As veias saltam sobre o pescoço de Jared e posso sentir cada músculo dele se enrijecendo, seu punho se fecha aos poucos. Ian parece perceber também, e empurra a minha cintura, me pondo para trás de si.

Há silêncio. Apenas o silêncio perturbador e cortante. Nesse exato momento seria possível escutar o tilintar de um alfinete sendo jogado contra o chão. Todas as respirações estão irregulares.

A mão de Jared sobe e as costas dela vão em direção à Melanie. Ian consegue ser mais rápido e agarra seu punho, o dobrando e fazendo Jared gemer baixinho. Melanie dá um pulo, mas logo os dois já estão separados. Jared bufando e controlando-se para não levantar o punho novamente. Estou mais próxima de Ian agora.

- Vamos resolver essa situação a tapas? – Ian fala em um tom sério.

Jared parece rebaixado. Ele obviamente foi humilhado.

- Se for preciso. – Jared fala seco, e investe as costas da mão direita a Ian.

Meu instinto é maior e logo estou na frente de Ian, tendo como última visão o chão se aproximando e a lateral de meu rosto ardendo. Mel dá um suspiro pesado de surpresa, e Ian investe de vez contra Jared. Ambos rolam aos socos sobre o piso rochoso.

Sou ajudada por Mel, que abre um sorriso sem mostrar os dentes para mim. Não entendo. Ela não deveria estar zangada comigo?

Volto minha atenção às duas crianças que estão brigando. Isso é tão infantil de ambas as partes.

Ian investe um soco na lateral do rosto de Jared, ele está por cima. Jared não o perdoa e dirige seus punhos cerrados na direção do rosto de Ian. O nariz de Ian sangra, mas o rosto de Jared parece pior. Mel não parece se importar com a briga que está sendo formada atrás dela, ela apenas trata de ver como está a lateral do meu rosto. Não compreendo.

Ambos os homens estão de pé agora. Jared lhe dá um chute, mas Ian investe um soco na boca de seu estômago e ele parece vacilar. Esse tipo de cena me deixa horrorizada, e vou me encolhendo aos poucos. Quero ficar do tamanho de uma ervilha. Homens estão se matando em minha frente e eu não posso fazer nada para impedi-los.

Tento me levantar do chão, mas minhas pernas vacilam e Melanie me puxa para baixo novamente. Encaro-a, mas ela desvia o olhar e volta a tocar em minha bochecha.

Os homens voltam a rolar pelo chão. Urram como animais, socando um ao outro e tentando sempre pegar no pronto frágil de seu oponente. Isso é cruel - doentio. Ian parece imobilizar Jared, pondo seus joelhos sobre seus braços e jogando seu peso sobre o abdômen do homem caído.

Jared lança a cabeça na direção do rosto de Ian, o acertando e o fazendo cambalear. Ambos entram novamente em uma guerra, até serem interrompidos pelos pedaços de rochas que caem assim que uma bala da espingarda de Jeb atinge o teto. É assustadora a forma que esse homem consegue se manter silencioso nesse tipo de situação. Ele abriga outra bala no cano e encara a cena que está sendo prestigiada por seus olhos.

Jared caído, e Ian em cima dele. Mel agachada sobre os pés, agarrando meu rosto completamente esfolado. Isso parece engraçado em sua visão. Ele irrompe um sorriso mediano nos lábios e se dirige ao centro do quarto sem dizer uma única palavra.

- Bater em mulheres é covardia, meu amigo. – Ian fala entre dentes ainda sentando em cima de Jared, impedindo quaisquer movimentos. – Principalmente quando essa mulher não lhe pertence.

Ian se retira de cima de Jared e se dirige a mim. Ele sacode a roupa cheia de poeira rochosa e se agacha ao meu lado, movendo os lábios em um “Está tudo bem?” duvidoso.

- O que está acontecendo aqui? – A voz de Jeb é passiva e isso me deixa um tanto mais tranquila. Se depender dele não teremos assassinatos por enquanto.

Jared está cambaleando, enquanto tenta retirar o sangue das narinas.

- Ela... – Sua voz falha e ele decide gesticular com as mãos. Aponta para Melanie e ruge. Ele linha com a ponta dos dedos um circulo desde abaixo do peito, até abaixo bacia.

Jeb fuzila Melanie com os olhos, que se encolhe ao meu lado.

- Esta dizendo que... Melanie, você... – Jeb não consegue terminar a fala, assim como ninguém consegue falar para ele. – Oh, meu Deus... – Sussurra alto o suficiente para que todos consigam ouvir. Ele coça a barba e suspira. – Tudo bem. Tudo bem.

Ele vira-se para Jared e continua.

- Garoto, vá. – Ele aponta para a porta. – Trate desses machucados. E... Ah, veja se consegue tomar vergonha na cara e levante a mão para um homem, e não para uma mulher. – Jeb ruge, e sinto a mão de Melanie apertar sobre a minha.

- Jeb, eu... – Jared não tem tempo para continuar.

- Não quero suas desculpas e muito menos as suas explicações. Vá garoto.

Jared sai batendo os pés com força e fungando. Há uma leve brisa, e o ar dentro do quarto parece ficar mais ameno com a sua saída.

Relaxo meus músculos, enquanto Mel se levanta e vai até Jeb. Ela chora e ele retorce a cabeça, suspirando de pena.

- Mel, meu amor... – Ele a abraça e a retira do quarto.

- Me desculpe. Eu sinto muito. – Ela diz e suas palavras vão se perdendo de acordo com que vai se afastando com Jeb.

Ian ainda está ao meu lado, agachado. Assim que as vozes somem ele agarra meu queixo e vira o lado atingido pelo tapa para si. Ele grunhe. Está tão ruim assim?

- Prometo arrancar a pele inteira daquele desgraçado. – Ian fala ameaçador, e eu solto uma risada baixa.

- Não será preciso. Obrigada.

- Você tentou me defender, mesmo sabendo que não conseguiria. – Ele acaricia meu rosto e quebra a tensão com um sorriso e uma risadinha.

- Nunca duvide de mim, Ian O’shea. Não sabe do que eu sou capaz. – Empino o nariz e ele ri, logo me dando um beijo.

Suas mãos tocam o meu ferimento e eu resmungo. Está doendo, e muito.

- Desculpe. – Ian faz uma careta. – Vamos, vou levá-la ao Doc.

Levantamos-nos e seguimos até a cabana. Jeb está a nossa espera na cabana de Doc, e aparentemente Jared já terminou sua cessão ali. Estamos sozinhos.

- Vejamos... – Doc analisa a lateral de meu rosto com cuidado assim que sento sobre o catre. – É, realmente, Jared precisa cortar as unhas. Ele te arranhou bastante. – Ele entrega-me o pequeno espelho e eu analiso o estrago. Há três longas linhas vermelhas. A linha dos três dedos cobre desde o fim da dobra da maçã até a mandíbula, se estendendo por dois centímetros de onde seus dedos rasparam.

Ian está recostado em um catre com os braços cruzados sobre o corpo, apenas observando. É visível o tamanho de seu esforço para conter a raiva que ainda mantém de Jared.

 - Nada preocupante. – Doc termina.

Então, Jeb dá um passo à frente, aninhando a arma cuidadosamente. Aquilo me faz tremer e ele percebe, mas não muda a posição.

- Os mantimentos estão acabando, precisamos de uma nova incursão. – Ele vai direto ao ponto. – Suponho que Melanie e Jared não entrarão nessa, portanto somente vocês dois partirão. Se concordarem, obviamente. – Olho de relance para Ian, e ele concorda com a cabeça assim que eu o faço também. – Ótimo.

- E quanto ao Kyle? Ele não irá conosco? – Arrisco perguntar.

- Três dias de invalidez. Ele caiu enquanto limpava os espelhos. – Doc está agrupando criotanques sobre uma bancada. Ian dá um suspiro. – Nada grave.

- E não podemos esperar três dias? – Pergunto novamente.

- Precisávamos desses mantimentos para ontem, Peg. – Jeb ri, e eu o acompanho sem maior entusiasmo.

- Não acho que seja uma boa ideia irmos apenas nós dois. – Ian irrompe o silencio mantido por ele mesmo. – Não é seguro.

- É mais seguro que mandar quatro humanos resistentes para o meio daquela “civilização”, Ian. – Jeb fala calmamente. – Estão de acordo?

- Sim. – Respondemos em uníssono.

- Tudo bem. Partirão amanhã pela tarde. – Ele fala e sai às pressas da cabana. 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem c: e me desculpe se tiver algum erro.
Então, mil desculpas por ficar dois dias sem postar. Eu mesma fiquei meio assustada com esse meu bloqueio de criatividade, porém foi por causa da minha invalidez durante esse final de semana, ok? Eu to doente ;/
Whatever... É AGORA QUE A HISTÓRIA COMEÇA REALMENTE! É agora esse negócio da incursão, e é agora que o negócio pega fogo! kkk. Aguardem os próximos, que eu posso garantir que serão melhores que esse. :)
Ah, não esqueçam de comentar! Bjus, até o próximo ;*