Amores Distantes escrita por Karina Barbosa


Capítulo 8
Ilusão


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo ficou enorme, mas eu adorei escrevê-lo! Espero que vocês gostem de ler!



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Jonas e eu acordamos com gritos vindos do lado de fora do quarto.

- PAI! – gritou Nicolas. Ele estava batendo na porta de maneira desesperada. – PAI!

Jonas pulou da cama e vestiu rapidamente uma calça jeans. Eu só tive tempo de pôr uma camisa e cobrir minhas pernas com o lençol. Fiquei sentada na cama. Jonas abriu a porta e Nicolas entrou com muita raiva.

- O que significa isso rapaz? – perguntou Jonas.

- Ele estava acariciando meu rosto! – respondeu Nicolas apontando para Santiago, que estava entrando no quarto.

- Fique calmo Niquinho. Você... – começou Santiago, mas “Niquinho” o interrompeu.

- Eu não vou me acalmar e não me chame de Niquinho.

- Eu coloquei a mão no seu rosto para sentir sua respiração. Você fique irresistível quando está dormindo.

- Se estava só “sentindo minha respiração” – Nicolas fez aspas com as mãos – por que sua outra mão estava descendo pelas minhas costas?

- Já chega! – falou Jonas.

- A culpa não é minha se o senhor se tranca no nosso quarto com a Liz e eu tenho de dormir no sofá. – disse Nicolas.

Os três olharam em minha direção. Devo ter ficado com o rosto muito vermelho.

- Nicolas, pare de ser escandaloso como seu tio. – começou Jonas – Tio Santiago, pare de dar em cima do meu filho. E de mim. Filho, você continua a dormir no sofá e tio, você vai dormir no quarto da Guilhermina e da Eleonora.

- Por que tenho que dormir com as meninas?

- Porque vocês têm os mesmos gostos.

Jonas abriu a porta para que os dois saíssem. Eles saíram.

- Desculpe-me pelo escândalo.

- Quem deveria estar se desculpando era eu. Mal chego à sua casa e vou logo ficando no seu quarto. Acho melhor chamar os rapazes para ficar nesse quarto.

- Não precisa. Eu gosto de você aqui comigo.

Ele veio até mim e me puxou para um beijo. Passei as mãos pelo tórax dele. Ele tinha uma tatuagem no braço esquerdo que começava no cotovelo e ia até o ombro. Um desenho tribal preto.

- A minha barba te incomoda? – perguntou.

- Não. – menti. Os olhos dele ficaram fixos aos meus. – Tá bom, eu confesso. Ela espeta.

Ele começou a rir.

- Vou tirar então.

- Depois, agora me beije. É uma ordem.

Voltamos a nos beijar. Ele começou a puxar minha blusa para cima. Eu mordi um pouco o lábio inferior dele. Precisávamos parar um pouco para recuperar o fôlego.

- Sua família é... incrível. – disse – Seus filhos são uns amores e seu tio é... uma flor de pessoa.

Ele sorriu. Ficamos sentados um do lado do outro na cama de solteiro dele.

- Onde está a Isabel? – não sei por que essa pergunta me veio à cabeça.

- Não sei. Ela não quis cuidar do nosso filho e foi embora. Sou o pai e a mãe do Nicolas.

- Que vadia! Que tipo de mãe larga os filhos e some? – ele me olhou com um sorriso meio torto. Eu captei a mensagem. – Eu sou uma péssima mãe!

- Você agiu por impulso. Agiu sem pensar. Isso acontece quando estamos apaixonados. Fazemos loucuras para ter a pessoa amada por perto.

- Você já fez alguma loucura por mim?

Ele ficou de pé e me puxou para perto. Andamos até o guarda-roupa bege dele. Ele abriu a porta e afastou as roupas para as laterais. No fundo, tinha uma foto enorme minha e dele. Eu tinha 14 anos e ele 17. Estávamos abraçados.

- Você era tão sedutor nessa época.

- Era?

- Era.

- Você é má.

- Eu sei.

- E você...

- O que?

- Era menos saidinha.

- Eu sou casada.

- Com Erick e nós dois acabamos de...

- Já entendi. O Nicolas é a sua cara. Ainda bem que ele não puxou a mãe.

Na frente da foto tinha um pote de vidro com muito dinheiro dentro. Nele estava escrito o meu nome.

- Qual é a razão do meu nome estar nesse pote? – perguntei apontando

- Junto dinheiro para um dia ir te buscar. E essa é a loucura que eu faço por você.

Olhei para ele sem entender nada.

- Eu poderia ter pegado toda essa grana e ter gastado comigo. Poderia ter arranjado uma mãe para os meus filhos. Poderia estar namorando a Eleonora como ela sugeriu...

- Cachorra!

- Me deixa continuar! Poderia ter seguido minha vida em frente, mas eu não paro de pensar em você.  Eu queria constituir uma família com você. Só você.

Voltamos para cama. Ficamos abraçados.

- Eu te amo Liz.

- Também te amo Jonas.

Dormimos.

Acordei com batidas na porta.

- Quem é? – perguntei.

- Sou eu, Santiago. Trouxe seu café-da-manhã. Posso entrar?

- Claro! – por que eu disse aquilo? Eu estava usando apenas lingerie. Me escondi em baixo do lençol. Ele abriu a porta.

- Não se preocupe, eu não vou olhar seu corpo nu. Se você fosse o Jonas, quem sabe né?

- Estou me sentindo uma intrusa na casa de vocês.

- Que besteira! Você é muito bem vinda.

Fiquei sentada. Ele colocou a bandeja nas minhas pernas. Café com torradas e ovos mexidos. Meu sutiã ficou totalmente visível.

- Onde está o Jonas?

- Trabalhando. Guilhermina está na escola e Niquinho está na faculdade.

- Quantos anos o Nicolas tem?

- Tem 19 anos. Faz faculdade de engenharia. Gato e futuro engenheiro. – ele olhou para cima com um rosto sonhador - Bom, tenho que ir trabalhar.

- Com quem eu vou ficar?

- Com Eleonora.

- Ela não gosta de mim!

- Não é que ela não goste de você é que... é, ela não gosta de você. Mas tenho que ir. Tchau.

Ele saiu. Comi minha refeição e fui tomar banho.

Durante o meu banho, a cortina do banheiro se abri de uma vez. Eu pulei de susto.

- Com licença Eleonora, preciso de privacidade. – falei.

- Eu não me importo. – me enrolei com a toalha – Quanto tempo vai ficar aqui?

- Não é da sua conta.

- Mas eu quero saber!

- Problema seu!

Voltei para o quarto. Ela veio atrás de mim.

- Eu gostaria muito de poder trocar de roupa em paz! – falei.

- Problema seu!

- Por eu me odeia tanto?

- Porque você abandonou seus filhos, largou seu marido que faz tudo por você e fica só iludindo o Jonas, que deveria ser meu! Todos sabem que você não ficará aqui por muito tempo. Pare de iludir todo mundo!

- Mas...

- Mas o que? Você deve achar que eu sou atirada. E eu sou. Porém é melhor ser como eu do que como você: uma mulher sem graça, sem pudor e traidora. Ela andou em direção a porta e se virou para me olhar.

- Eu sei que quando você foi embora para os Estados Unidos, Jonas ficou com uma amiga sua. Não se preocupe. Quando você partir, de novo, eu vou cuidar muito bem do meu Jonas. – ela saiu do quarto com um sorriso vitorioso na cara branca como leite.

Eu queria poder queimar os belos cabelos negros dela. Porém, ela tinha razão. Eu não ficaria aqui por muito tempo. Vesti minha roupa e saí do quarto. A desgraçada da Eleonora perguntou:

- Aonde você vai?

- Se eu disser que vou embora agora você fica feliz?

Ela fez sim com a cabeça.

- Então não. – falei. Ela bufou de raiva. – Vou ficar com o Jonas.

- Não se eu puder impedir!

Ela correu para a porta e eu a segui. Minha ideia era fazer com que ela me levasse até o restaurante de Santiago, já que eu não sabia onde ficava. Corremos por vários quarteirões. Eu já estava quase sem fôlego. Chegamos num prédio de três andares cor berinjela. Tinha um letreiro enorme azul neon escrito: Restaurante do Alfredo! Quem era Alfredo? Eleonora entrou e tentou fechar a porta de entrada para que eu não entrasse. Eu empurrei contra ela. Consegui entrar. Tinha várias mesas com toalhas vermelhas. Eleonora puxou meu braço e começou a mandar em mim para que eu saísse.

- Saia você! – gritei.

- Eu odeio você! Vá embora daqui!

- O que está acontecendo aqui? – perguntou Jonas. Ele estava usando uma roupa toda preta com avental vermelho vinho. Todos os fregueses ficaram observando a confusão.

- Jonas, que bom que você apareceu! – começou Eleonora – Eu estava morrendo de saudades! Sabe que eu não aguento passar um minuto longe de você, amor. – ela o abraçou. Agora pegou pesado!

- Eleonora, vá para casa! – ordenou Jonas.

- Mas...

- Agora!

Ela olhou para mim com um olhar de: “isso não vai ficar assim”! Ela foi embora.

- Vem comigo! – chamou Jonas. Fui em direção ao caixa.

- Oi! Eu estava torcendo para você – disse Santiago. Eu ri.

Me sentei ao lado dele. Fiquei observando Jonas trabalhar. Ele atendia os clientes e limpava as mesas. Olhei para Santiago e perguntei:

- Quem é Alfredo? – ele ficou sério e respondeu:

- Foi um amor do passado. Ele me ajudou a construir esse restaurante. Ele era tão gato. Aqueles olhos verdes e pele bronzeada. Aqueles músculos. Fizemos promessas de amor um para o outro. Foram noites de verão inesquecíveis. Mas vou poupar os detalhes. Eu o amei e ele me largou por causa de uma tal de Michele. Aposto que ela usa silicone. Aquele cafajeste. Amiga você me entendi?

- Eu te entendo... amiga! – ele me abraçou.

Passou meia hora e Nicolas chegou. Ele trouxe Guilhermina.

- Hoje está movimentado! - disse Nicolas.

- Oi Niquinho! – falou Santiago.

- Você está me provocando.

- Sem confusão! – falou Jonas – Elizabeth eu vou ajeitar seu almoço. Depois você pode levar Guilhermina para casa?

- Claro! – respondi.

Almocei e fui para casa. Ajudei Guilhermina com o dever de casa. Fui assistir televisão. Evitei ao máximo ter qualquer contato com Eleonora. Coloquei Guilhermina para dormir e fui tomar um banho. Fiquei olhando a foto minha e de Jonas que tinha no guarda-roupa. Eu queria poder voltar no tempo. Ter me casado com ele e não com Erick. Troquei de roupa. Eu já estava para me deitar quando ouvi batidas vindas da porta, então abri.

- Tive um pesadelo. – falou Guilhermina – O papai me deixa dormir com ele quando tenho pesadelos. – chamei ela para se deitar comigo.

- Como foi o pesadelo?

- O papai ia embora e nunca mais voltava. Eu não quero ficar sem o papai.

- E não vai ficar! Ele te ama e nunca vai te abandonar.

Ela me abraçou e disse:

- Você é namorada do meu pai! Então você é minha mãe?

- Eu não sei! Mas eu gosto muito de você!

Nós duas dormimos.

Eu estava usando meu vestido de noiva. Branco, justo até os joelhos e rodado abaixo dos joelhos. As mangas chegavam até os cotovelos. Meu cabelo estava preso num coque alto que estava fixado em um vel. Eu não usava minha aliança. Caminhava numa estrada que nunca tinha visto. Não tinha civilização por perto, apenas árvores de grande poste. Continuei andando. A estrada se dividiu em duas. Tinha uma placa com letras brancas. Ela indicava os caminhos que eu seguiria. Tinha uma seta que apontava para direita. Nela havia escrito: Possível. Olhei em direção a ela. Tinha um carro vermelho com um homem loiro usando terno azul escuro. Ele mexia num tablete. Olhou para mim e disse:

- Eu quero um milhão de dólares, uma mansão e você! – piscou para mim. Erick.

Meus olhos foram em direção à outra estrada. Na placa a seta apontava: Impossível. Jonas estava lá, usando seu uniforme de garçom e segurando uma bandeja.

- Eu nunca vou te esquecer! – disse ele.

Olhei de novo para a placa. Embaixo havia escrito: Faça sua escolha! Minha escolha era óbvia. Comecei a andar em direção a Jonas.

- Mamãe! – chamou uma voz infantil vinda do lado de Erick. Olhei para o carro vermelho. Ferris saiu do automóvel seguido por Amanda e Natasha. – Vem brincar comigo!

- Mãe, eu sinto a sua falta! – declarou Amanda.

-Mãe, eu preciso de você! – falou Natasha.

Meus três filhos estavam com um sorriso forçado em quanto abraçavam o pai.

- E então? – perguntou Erick.

- Elizabeth! – chamou Jonas.

- Quem... – começou Ferris.

- ... você... – continuou Natasha.

- ... escolhe? – perguntou Amanda.

Abri meus olhos. Aquele foi um dos piores sonhos que eu já tive. Ter de escolher entre meus filhos e Jonas, seria uma decisão muito difícil. Amo o Jonas, mas são meus filhos, são parte de mim. Observei que Guilhermina não estava mais dormindo comigo. Ouvi um som de fleche de jeans se abrindo. Olhei para o lado. Jonas estava tirando a calça. Não vou menti, eu sorri. Ee tirou a camisa e ficou só de cueca box branca. Ele se virou e me olhou.

- Eu te acordei? – perguntou.

- Não! – ele se aproximou e ficou de joelhos, enquanto eu permaneci deitada – tenho algo a te pedir.

- Eu também, mas fali você primeiro.

- Tenho muitas saudades dos meus filhos. Teria como você arranjar alguma maneira deu me comunicar com eles?

- Vou dar um jeito, eu prometo.

- Obrigado. E o que você ia me pedir?

Ele se levantou e foi até o guarda-roupa. Ficou mexendo na calça jeans que tinha acabado de tirar. Eu fiquei sentada. Ele voltou para perto e colocou apenas um joelho no chão. Puxou minha mão esquerda com a palma virada para cima e colocou um anel de aço. Eu abri um grande sorriso. Na parte interior do anel tinha escrito: Liz & Jonas. Tirei do meu dedo anelar a aliança que Erick me deu e coloquei na minha bolsa.

- Eu quero passar o resto da minha vida ao seu lado. – começou ele – Quero fazer de você a mulher mais feliz do mundo. Prometo não te magoar ou abandonar. Nunca me esquecerei de você. Eu te amo e vou te amar até o momento da minha última respiração. – ele colocou o anel no meu dedo – Você me aceita?

- É claro! – uma lágrima escorreu do meu olho. Jonas nunca tinha falado algo tão profundo. Beijei-o. Ele me pôs nos braços e começou a girar dentro do quarto.

- As mulheres não preferem que um príncipe com armadura brilhante montado num cavalo branco fale isso? Eu sou um garçom só de cueca!

- Está ótimo para mim!

- Preciso tomar banho!

- Volte logo!

E ele foi até o banheiro.


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Notas finais do capítulo

Quem tá odiando a Eleonora comenta: Eleobitch! kkkkkk comentem algo mais, sejam sinceros, o q vcs tão achando dos personagens, da história, enfim...
Mas por favor comentem!