Jonas pôs a taça em cima da cabeça da Eleonora e derramou o vinho no cabelo dela. Devo ter ficado com um sorriso muito grande na cara.

– O que você está fazendo? – perguntou ela indignada batendo no peitoral dele.

– Como você pôde ter sido tão baixa? – perguntou ele. Que bom que não tinha muitos clientes próximos a nós. – Você fingiu que era a mulher que eu amava e me arrastou para cama. Que tipo de pessoa faria isso?

– Você ainda pode me amar! – disse ela cinicamente – Ainda podemos ficar juntos. – ela pôs as mãos nos ombros dele – Ainda podemos ser felizes.

– Eu não quero ser feliz com você! – disse ele friamente – Eu quero ser feliz com a Liz! –ele andou até mim. Escorou a cabeça na minha – Desculpa – sussurrou no meu ouvido. Voltou a olhar para Eleonora – Por que ainda está aqui? Vá embora! – disse lentamente.

– Por que você insiste em ficar com ela? Sabe que ela é casada e com quem é casada! – rosnou ela – Ela só te fará sofrer! Eu não! Eu nunca te faria sofrer!

– Só foi eu ficar com você por mais de um mês que eu briguei várias vezes com meu tio, com os meus filhos e me tornei uma pessoa que eu não sou! Não sei se eu estou sendo claro, mas eu quero que você saia da minha vida!

Eleonora gritou alto. Foi um grito tão alto e estridente que chamou a atenção de todos no restaurante. Ela saiu empurrando pessoas e tudo que atrapalhava o seu caminho. Saiu do restaurante.

– Eu acho que devemos brindar a isso! – sugeriu Nicolas erguendo uma taça com vinho. Nós brindamos.

– Saúde! – dissemos todos menos Jonas.

– Eu acho que vou mudar o nome desse lugar de Restaurante do Alfredo para... Restaurante do Barraco! – disse Santiago. Ele, Nicolas, Ferris e Guilhermina saíram.

Jonas sentou ao meu lado. Sua expressão era séria.

– Tem um lugar onde nós dois possamos ficar em... Particular?

– Sim. – respondi.

[...]

Chegamos ao hotel em que eu estava hospedada. Fiquei sentada na cama em que eu dormia. Jonas continuava sério, andando de um lado para o outro. Ele parecia buscar as palavras certas para conversarmos. O silêncio reinava naquele quarto.

– Qual o meu nome completo?

– Que é? – perguntou confuso.

– Qual é o meu nome completo? – repeti. Ele sentou no chão de frente para mim.

– Elizabeth Costa Gomes.

– Quantos anos eu tenho?

– Tem trinta e cinco.

– Quais são os nomes dos meus filhos?

– Ferris, Natasha e Amanda.

– Qual é a minha cor preferida?

– Vermelho. – respondeu com os olhos brilhando para mim.

– Você me ama?

– Amo! – ele ficou de joelhos – Amo muito!

– E até quando você vai me amar? – perguntei olhando nos olhos dele.

Ele encostou a ponta do nariz no meu nariz.

– Até o momento da minha última respiração. – respondeu. Selou nossos lábios com um beijo.

Foi um beijo calmo e sem malicia, como o nosso primeiro beijo. Sentou ao meu lado, desgrudando nossos lábios.

– Desculpa! – disse ele.

– Desculpar pelo que?

– Eu descumpri minha promessa... De novo!

– Como assim?

– Eu prometi não te abandonar ou te magoar. E falei que nunca iria me esquecer de você. Posso ser chamado de: Jonas, O descumpridor de promessas!

Ri de canto. Ele deitou e ficou a encarar o teto.

– Como eu pude ter sido tão bobo e cego? Namorar a Eleonora? Credo!

– Não foi culpa sua!

– E por que o Nicolas não queria que eu soubesse da verdade? – perguntou curioso. Apoiou-se nos cotovelos e me fitou.

– Por que ele estava com raiva de mim. Ele achava que seria melhor você ficar com a Eleonora porque ela é solteira e mora aqui.

– Isso não explica ele ter raiva de você!

– O Erick... – minha voz queria falhar – Ele... – lembranças da Natasha vieram à minha mente. Os olhos verdes que ela herdou de mim e o cabelo loiro que ele puxou do pai. Uma lágrima escorreu do meu olho.

– Ei. – disse Jonas calmamente. Ele sentou e escorou a minha cabeça no ombro dele. Enterrou os dedos no meu cabelo – O Erick matou a sua filha, eu sei. Mas o que o Nicolas tem haver com isso?

– Nicolas namorou a Natasha por pouco mais de um mês. Eles terminaram porque ele se apaixonou pela minha outra filha, a Amanda. Depois de matar Margaret e Ruth, Erick tentou atirar no Nicolas...

– Aquele filho da puta tentou atirar no meu filho? – interrompeu.

– Sim. Só que a Natasha se pôs na frente dele, morrendo no lugar dele. Erick colocou na cabeça do Ferris e da Amanda que foi o Nicolas que matou a irmã deles. Por isso o seu filho tinha raiva de mim! Porque eu não entreguei o Erick, pois se eu entregasse ele iria machucar o bebê que eu estou esperando.

Jonas beijou a minha testa. Olhei para ele e nos beijamos. Afastei minha cabeça.

– Como você lembrou de mim? – perguntei.

– Eu não sei explicar! Foi tão de repente. – ele colocou a mão dentro do bolso da calça – Enquanto você estava conversando com a Eleonora eu fiquei encarando isso! – ele tirou do bolso da calça o anel e a corrente que ele me deu. Nem havia percebido que tinha deixado aquilo com ele.

Ele pôs a corrente no meu pescoço.

– Aí eu me lembrei de quando eu te dei o anel. – ele sorriu – Eu tinha acabado de chegar do trabalho, fui até o meu quarto e vi você e a Guilhermina dormindo abraçadas. Pus minha filha na cama dela. Comecei a tirar minha roupa de costas para você. Quando dei fé, você estava me observando enquanto eu me despia. Sua tarada! – dei um tapa no peitoral dele. Nós dois rimos. – Aí eu te entreguei o anel e a gente se beijou. Eu fui tomar banho e quando eu voltei a gente ficou até quatro da manhã fazendo altas loucuras! – falou malicioso.

– Não exagere!

– Tá, foi só até às três da manhã.

Ele continuou a me beijar. O dia já estava bom outra vez. Ele me fitou com aqueles olhos castanhos escuros. Senti algo dentro da minha barriga.

– Que foi? – perguntou.

– Nada, foi só um chute!

Ele começou a acariciar minha barriga. Depois deu um beijo nela.

– Eu te amo Jonas!

– Também te amo Liz!