Jonas pediu para nós dois uma comida típica argentina.

– Como é mesmo o nome desse prato? – perguntei.

– Locro. – respondeu – É um ensopado a base de abóbora, feijão e milho.

Comemos. Tinha um gosto diferente, mas era bom. Ferris sentou ao meu lado estranhando Jonas.

– Oi – disse Jonas.

– Oi – disse Ferris.

– Seu filho? – perguntou Jonas.

– Sim. – respondi.

– Seu namorado? – perguntou Ferris.

– Sim. – respondi meio sem jeito. Jonas riu de canto.

Guilhermina apareceu. Ferris foi até ela e eles dois começaram a brincar.

– Eu dou no máximo quinze minutos para Eleonora chegar aqui procurando por mim. – disse ele sorrindo – Onde ela entra nessa história?

– Ela é apaixonada por você. – falei sem ânimo – E obviamente me odeia. Ela disse que iria te conseguir de qualquer jeito.

– O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? – Eleonora apareceu indignada.

– Oi querida. – disse Jonas. Ele se levantou e ia beijar sua testa, mas ela recuou.

– Não me venha com “Oi querida”. – falou num tom alto – Eu fico em casa preocupada porque você não apareceu para almoçar e te pego almoçando com essa...

– Reflita bem sobre as palavras que você vai usar comigo! – avisei – Eu posso lhe dar outro tapa.

– Não se eu lhe matar primeiro! – ela quase pulou em cima de mim, mas Jonas a segurou.

– Ninguém vai bater em ninguém aqui! – exclamou ele.

– Eleonora, podemos ter uma conversa de mulher para mulher, a sós? – perguntei.

Jonas saiu. Ele nos observava de longe enquanto organizava cardápios.

Eu e a vadia nos olhávamos mortalmente.

– Por que você teve que voltar? – perguntou.

– Porque eu quero o Jonas para mim.

– Que coincidência. – falou ironicamente.

– E eu o terei de volta!

– Não se eu puder impedir.

Continuamos nos encarando.

– Eu amo o Jonas e eu sei que ele me ama! – disse ela convencida – Afinal, ele me pediu em noivado!

– Você está se passando por mim sua abestada! Ele não gosta de você! E eu farei com que ele se lembre de mim.

Santiago sentou ao meu lado.

– O que você quer seu viado? – perguntou Eleonora grosseira.

– O que eu quero? É simples: um homem gostoso, uma massagem nas costas e explodir esses seus seios falsos, além de tacar a mão no meio da sua fuça, sua depravada! – respondeu ele.

Eleonora abriu a boca em um “O” perfeito. Eu ri do comentário do Santiago. Jonas sentou ao lado dela. Ferris e Guilhermina sentaram a mesa também. Era uma mesa retangular para oito pessoas coberta por uma toalha vermelho vinho.

Jonas apoiou os cotovelos sobre a mesa e baixou a cabeça. Suas narinas soltaram o ar de uma só vez. Ele parecia frustrado.

– Algum problema amor? – perguntou Eleonora fazendo um cafuné na cabeça dele e me olhando de forma provocante.

– Sim! – disse ele ainda de cabeça baixa – Só direi quando o Nicolas chegar! – decretou.

– É alguma coisa séria, papai? – perguntou Guilhermina com a voz medrosa. Jonas levantou a cabeça e olhou para ela.

– É! Mas não é nada que você tenha que se preocupar! É só uma revelação que eu tenho que fazer!

– JONAS VOCÊ É GAY? – perguntou Santiago exaltado. Jonas o repreendeu com o olhar.

– NÃO! – falou lentamente.

Uma hora depois...

– Cadê o Nicolas que não chega? – perguntava Santiago a si mesmo – Eu vou acabar criando raízes nessa cadeira!

Todos nós estávamos cansados de estar sentados, mas o Jonas pediu para que permanecêssemos assim até o Nicolas chegar.

– Aposto que aquele universitário deve estar pegando uma universitária. – supôs Ferris – E ainda diz que ama a minha irmã!

– FERRIS! – exclamei.

Jonas pediu vinho.

– Sabe Liz, nós argentinos somos o quinto maior produtor de vinho do mundo. – informou Jonas. Mandei um olhar de “legal”.

Nicolas chegou.

– Como foi a prova? – perguntou Guilhermina.

– Aqueles cálculos não eram de Deus! – declarou ele – Mas acho que me saí bem.

– É BOM TER SE SAÍDO BEM NAQUELA PROVA PRA DEMORAR TANTO ASSIM! – falou Santiago mortalmente. Nicolas o estranhou.

– Filho senta! – disse Jonas calmamente.

– Eu já passei horas sentado...

– Senta aí. – gritou Eleonora. Nicolas sentou ao lado do pai.

Ferris e Guilhermina eram os únicos que não tinham uma taça de vinho. Eles tinham suco de uva.

Jonas ficou de pé segurando uma taça de vinho.

– Eu gostaria muito de propor um brinde à minha adorada noiva Eleonora Sanchez. – ele fez com que ela ficasse de pé puxando a sua mão. Eu não acredito que ele me fez ficar uma hora sentada para ficar ouvindo coisas sobre a Eleonora!

Santiago, Nicolas e eu bufamos. Eleonora sorriu em vitória.

– Obrigado amor! – disse ela.

– Devemos propor um brinde a você sabe por quê? – perguntou ele. Os olhos dela se acenderam – Por que não é todo dia que a gente encontra uma vaca como você!