Jonas chamou um táxi. Esperei que Guilhermina e Nicolas chegassem em casa pois queria me despedir deles. Eles chegaram, acompanhados por Santiago.

- Liz, você está indo embora? – perguntou Guilhermina me abraçando.

- Tenho que ir! Vou sentir sua falta!

- Toma! – ela entregou para mim uma folha de papel dobrada – É pra você não se esquecer de mim. - Coloquei o papel no bolso da calça e a abracei dando lhe um beijo na testa. Olhei para Santiago.

- Tenho algo para você! – peguei uma coisa dentro da minha bolsa e entreguei a ele. Era meu esmalte vermelho cereja.

- Adorei! – disse ele e me abraçou muito forte – Tchau amiga!

Olhei para Nicolas.

- Você é um bom rapaz! Queria muito que você tivesse sido meu filho! – abracei o.

- E eu queria que você fosse minha mãe!

Fui até o táxi, acompanhada de Jonas que não falava nada. Seu rosto estava frio, sério e triste. Nicolas colocou minhas malas no porta-malas. Eu sentei na parte de trás do táxi e Jonas foi comigo. Fiquei abraçada com ele. A maior parte da viagem, nós dois ficamos calados. Ele começou a passar o polegar na minha bochecha. Olhei para ele.

- Tão bonita! – falou ele – Não tiro a razão de Erick te desejar tanto. Eu não gosto de te imaginar com ele. Dói no meu coração só de pensar nele te tocando.

- Não pense!

Ele tirou uma corrente que ficava sempre presa no seu pulso.

- Me dê o anel que eu te dei. – ordenou ele. Fiz isso. Ele passou a corrente dentro do meu anel e colocou no meu pescoço. – Agora você pode voltar a usar a aliança de ouro que Erick lhe deu! Essa corrente era da minha mãe. Vai deixar o anel perto do seu coração.

Saímos do táxi. Comprei minha passagem e fiquei sentada esperando o avião com Jonas. Ele não soltava minha mão.

- Jonas, eu queria poder te pedir só mais uma coisa.

- Diga.

Segurei forte as lágrimas que ficavam insistindo em sair e respirei bem fundo.

- Eu não quero que você vá me buscar! – menti. Eu queria que ele fosse me buscar, mas tinha medo do que Erick fosse capaz de fazer. – Prometa que você não irá atrás de mim! – ele ficou calado. Olhei séria para ele. - Vai ser melhor assim! Você ficará com Eleonora e eu ficarei com Erick.

- Por que você insiste em me “juntar” com Eleonora? – perguntou ele fazendo aspas com as mãos.

Contei a ele minha conversa com ela, minha conversa com Santiago e o meu sonho.

- Eu não desejo ela!

- Mas ela é linda! Tem 26 anos...

- 25!

- Viu como ela é jovem! Ela é solteira e sedutora! Eu tenho 35 anos, sou casada e mãe de três crianças que estão sofrendo por minha causa.

- A vida é assim!

- Não entendi!

- A gente só gosta daquilo que não pode ter! Eu não ligo pra Eleonora. Eu amo você e não posso te ter. Essas duas noites que passamos juntos foram... Incríveis! Você é linda, sedutora... Perfeita! Perfeita para mim.

- Eu também te amo, mas... – as lágrimas começaram a descer. Ele as enxugou. Eu precisava pegar o avião. Ficamos em pé um de frente para o outro.

- Você me pediu uma coisa. Eu também quero pedir.

- O que você quer?

- Um beijo.

Beijei ele. Ele me apertou muito forte. Minhas costas estavam doendo muito. Mas eu não queria estragar o momento com os meus gemidos de dor. Continuei o beijo ignorando a dor. Ele tinha tirado a barba.

- Chega! – me separei dele – Eu tenho que ir! – comecei a andar, mas ele não soltava minha mão. – Por favor, pare. Você está tornando as coisas piores para mim. Esse foi nosso último beijo! Solte-me e prometa que não vai me buscar!

- Eu prometo que não vou lhe buscar! – ele falou bem devagar. Lágrimas saíram de seus olhos. Eu nunca tinha visto ele chorar.

Ele me soltou. Eu não queria ser tão dura.

- Você vai continuar me amando? – perguntou ele.

- Até o momento da minha última respiração! – respondi. Saí de lá sem olhar para trás. Entrei no avião e me sentei no meu lugar. Tirei do bolso da minha calça o papel que Guilhermina me deu. O que será que tinha lá? Desdobrei o. Tinha um desenho mostrando uma família. Pai, mãe, filho e filha. Percebi que eu era a mãe, Jonas o pai e os filhos são ela e Nicolas. Uma lágrima pingou no papel.