Radioactive. escrita por nsengelhardt


Capítulo 4
Nem tudo são flores.


Notas iniciais do capítulo

Well, depois de muito tempo, cá está o novo capítulo, espero que gostem (:



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Todos naquela cabana me receberam muito bem, exceto por uma garota alta, seu corpo em formato ampulheta, de pele pálida, olhos castanhos e cabelos louros. Não um louro quase branco como o meu, mas um louro dourado, que parecia irradiar um brilho tão forte que cheguei a pensar que fosse sua aura.

Ela estava sentada em uma poltrona marrom, segurando um livro de capa avermelhada, quando nossos olhos se encontraram. Ela me mutilou com seus olhos e então os voltou para Marco. Ela sorriu. Ele retribuiu o sorriso. Eles deviam ter alguma ligação.

Não tive tempo de perguntar quem era ela, porque alguém me puxou pelo braço e eu caí em cima de um pufe amarelo. Finalmente pude ver quem me puxara.

Era uma garota um pouco mais alta que eu, com cabelos cortados até as orelhas e avermelhados. Seu rosto era tão magro que chegava a lembrar uma ave. Tinha grandes olhos azul-cobalto, contornados com lápis preto e seus cílios estavam cobertos com um rímel dourado, o que eu achei estranho, mas então eu percebi que ela não usava rímel. Seus cílios eram naturalmente donos de uma cor um pouco dourada.

Foi ai que eu percebi que eu não era a única que nasceu de um jeito diferente, eles também eram diferentes. Comecei a me sentir um pouco melhor em relação ao meu cabelo quase platinado, porque se eles podiam lidar com isso tudo de maneira normal e tranquila, eu deveria encarar minha heterocromia e meus cabelos brancos como algo normal também.

– Oi, meu nome é Cat! - disse a garota de cílios dourados, sorrindo. - Gostei do seu cabelo, você pintou ou nasceu com eles assim?

– Eu pintei, meu cabelo na verdade é quase branco... – falo. – Eu nasci meio albina, então...

– Ah, sim. – ela analisa meu rosto com seus olhos azuis quase brancos. – Espera um pouco... – ela agarra meu rosto e me olha mais de perto na altura dos meus olhos – Você tem heterocromia! Que sorte a sua!

– Nem tanta sorte assim, eu nasci míope também, não sei se tem algo a ver com minha heterocromia...

Cat abre a boca para falar algo, mas é interrompida por Marco, que cutuca meu ombro e aponta para a cozinha.

– Quero que conheça uma pessoa. – ele diz.

Sigo ele até a cozinha, onde nos espera a garota loura que estava lendo o livro de capa vermelha quando cheguei com Marco.

– Lie, essa é a Katherine. – ela me olhou, já não estava tão séria quanto antes, e sorriu. Seus dentes eram perfeitos e brancos, ela tinha uma covinha em cada bochecha, que davam a impressão de que ela estava sempre sorrindo e que aumentavam quando sorria de verdade. – Katherine, essa é a Lie.

– Oi! – ela apertou minha mão. Suas mãos, assim como ela toda, eram perfeitas. – Você é amiga do Marco, certo? Do colégio.

– Sim, eu sou amiga dele. – falei. Ela me parecia familiar. Mas de onde eu poderia conhecê-la? Não lembro que ter conhecido-a ou de ter ouvido falar nela.

– Vocês duas podem ficar conversando ai, eu falar vou com a Cat sobre a festa de Halloween. – Marco sorriu pra mim e me dou um tapinha nas costas, então saiu em direção à garotinha dos cabelos vermelhos que me puxara antes.

– Então, você quer beber alguma coisa? Refrigerante? Água? Chá gelado? Café? – Katherine interrompeu o breve silêncio.

– Ah, um pouco de chá gelado. – respondi.

– Ok, vou pegar pra você. – por alguns segundos, ela sumiu, e então voltou com um copo descartável cheio até a metade com chá gelado. – Aqui está.

– Obrigada. – sorri. Ela retribuiu o sorriso e se sentou em cima da bancada de mármore da pequena cozinha da cabana.

Ela pigarreou.

– Então... Marco me contou sobre a sala de aula pegando fogo e sobre você salvar uma professora... O que você é? – ela me analisa. – Mediúnicos não são capazes de fazer o que você fez.

– E-eu... Eu sou humana... – Franzo o cenho e balanço a cabeça, confusa.

– Acho que não. – ela devolve. – Bem, isso não é problema meu, mas tem alguma coisa errada com você.

Ela sai andando até a sala. Não consigo entender o que aconteceu com ela. Primeiro ela estava sendo legal comigo, e de repente mudou totalmente seu comportamento.

Olho para a sala, para aquelas pessoas. Tem algo de errado comigo? Eu sou como eles!, penso. Passo os olhos por cada um deles, então de repente minha visão fica embaçada.

Um dor de cabeça insuportável me invade, o mundo parece estar balançando, como um navio. Deixo o copo de chá cair no chão, molhando meus sapatos e o piso de madeira. Os cubos de gelo se espalham por debaixo dos balcões.

Quando minha visão fica um pouco melhor, percebo que alguém está segurando meu braço e falando alguma coisa, mas não consigo entender nada. A pessoa me segura pelos ombros e fica me olhando, ainda falando alguma coisa.

– Lie? – diz uma voz masculina. – Lie? Você está bem?

Minha visão volta ao normal, e reconheço o rosto da pessoa. O rosto de Marco está tomado por uma expressão de preocupação.

– O que aconteceu? – ele pergunta.

– Eu não sei... – digo com a voz trêmula. – Acho que foi só uma dor de cabeça.

– Quer ir pra casa? – pergunta.

– Sim, sim. Eu... – falo, respirando fundo. – Eu vou indo. Obrigada por me trazer aqui, foi bom conhecer essas pessoas, mas eu já vou indo.

– Não quer que eu te leve? Você não parece bem.

– Eu to bem, sério. Até mais. – quando aceno, já estou saindo pela porta da frente da cabana.

Vou andando sozinha pela trilha no meio da floresta até chegar no carro. No meio do caminho até outra rua, onde eu e Marco estacionamos nossos carros, ouço passos no por entre as árvores.

Uma respiração muito forte se aproximava, seguida dos passos pesados que quebram galhos e esmagavam folhas secas.

Senti uma pontada, algo fisgando o lado esquerdo do meu quadril. Uma dor insuportável, pior do que a que senti há alguns minutos, toma conta de todo o meu tronco. Olho para baixo, temendo o pior. Quando meus olhos alcançam meu quadril, vejo uma adaga de pelo menos dez centímetros ali. O cabo está na parte de trás do meu corpo.

Deixo escapar um gemido quando tento tirar a adaga. Lágrimas escorrem pelo meu rosto. Sinto a lâmina passar pela minha carne, até finalmente sair por inteira. Afasto meu casaco do corpo e levanto minha blusa. Pela luz de alguns postes da ruazinha, consigo ver o ferimento. Minha pele está com um tom de vermelho escuro, a pele envolta do corte está quase preta e roxa. Um líquido prateado sai junto com o sangue.

Levanto a adaga até um ponto onde tem luz e a examino. O mesmo líquido prateado cobre uma parte da lâmina e escorre pelo cabo da adaga. Passo meu dedo pelo líquido e o aproximo do nariz, tentando sentir seu cheiro.

O odor é o mesmo que o de um daqueles venenos para matar ratos, só que dez vezes mais forte. Percebo que estou ferrada quando, além de perceber que fui envenenada, alguns caras enormes me cercam.


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Notas finais do capítulo

Acho que o capítulo ficou um pouco curto e confuso, mas o próximo vai explicar muita coisa sobre a história.