Marylin escrita por Juliana Moraes


Capítulo 7
Invasive


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Primeiramente quero agradecer a todos vocês que estão acompanhando essa estória. Vocês me surpreendem a cada comentário. Lembrando que minha inspiração são vocês, pois a cada comentário que recebo é um capitulo que me inspiro a escrever. Boa leitura (;



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Peguei um casaco preto, vesti uma calça jeans, e calcei meu all star preto. Desci as escadas tão rápido, que meu corpo quase gritou de dor.

– Marylin? – James estava na sala assistindo TV. – A onde vai?

Droga!

– Eu vou sair. – Sorri para ele, e caminhei rápido até a porta, abrindo-a, meu coração acelerava a cada ato.

– Para onde você vai? – Ele fechou a porta, encostando na mesma. Seu tom de voz me deixou com medo.

– Eu vou nas empresas Burning Flight. – Sussurrei tão baixo, que nem eu mesma consegui ouvir o que estava dizendo.

– O que? – Ele arqueou a sobrancelha. – Marylin, você não vai a lugar nenhum sem mim.

– Mais que droga! – Bati o pé feito uma criança mimada que não consegue o tão desejado brinquedo da vitrine.

– Você acha que eu vou deixar você ir para aquela empresa? – Ele gritava como se fosse meu pai, e eu fosse uma adolescente rebelde que estava fugindo de casa para ver o namorado drogado. – Afinal, no que está pensando? O que iria fazer lá?

– Dar razão ao nome da empresa! – Gritei. Ele gargalhou.

– Então é isso? Você vai colocar fogo na empresa? – Ele continuou gargalhando. Sua risada era alta, e eu tive uma leve impressão de que ele a forçava. – Marylin pare de ser tão ingênua!

Dei um passo ficando em sua frente, poucos centímetros de seu rosto, meus olhos ardiam ao encarar os dele, e minha garganta queimava, como se eu tivesse engolido várias doses de tequila de uma só vez.

– Para de me tratar feito uma criança! – Gritei, deixando toda a raiva sair de meu corpo. – Você pode até ser meu protetor, mas não me diga o que eu devo ou não fazer. – Uma lágrima pulou do meu olho. James me encarava, quieto, diria até assustado. – Você pode até dizer que entende, que me entende, mas você nunca vi saber o que eu guardo aqui dentro. – Bati no meu peito com força, me arrependendo desse ato. – Eu não tenho ninguém Sr. Lannes, tudo o que me resta é a raiva, a angustia, a melancolia e o desejo de que todos que tiraram essas pessoas de mim, explodam! – Fiz um gesto com as mãos, tentando demonstrar uma explosão. James arregalou os olhos. – Você tem uma família, você tem mãe, pai, você tem amigos, e James! Eu te invejo por isso... Mas por favor, não finja entender, e não finja gostar de mim, pois eu sei que pra você tudo isso é uma droga. – Me afastei um pouco, sem desgrudar meus olhos do dele. – Um protetor da Máfia Britânica que tem que ficar grudado com uma garota rebelde, você deve odiar isso. – Suspirei, enxugando as lagrimas que não consegui segurar com a manga do casaco.

Comecei a andar em direção a escada.

– Marylin! – James gritou, puxando meu braço, e me fazendo voltar. Seus olhos encontraram os meus, e pela primeira vez seu olhar me transmitiu algo bom, paz. – Me desculpa não quis ser grosseiro, eu só quero te proteger e preciso que você seja sincera comigo. E eu... eu não odeio o meu trabalho, muito pelo contrario, eu gosto de ser ... seu protetor. – Sua voz era calma, tão suave que se encaixaria perfeitamente em uma canção. – Eu também não tenho um... pai, ou uma família feliz. – Ele soltou meu braço, suspirando pesadamente. Meu coração se derreteu, e eu senti uma enorme vontade de abraça-lo, mas não o fiz pois meu orgulho era muito maior. – Não sinta pena de mim, por favor.

– Eu não sinto. Só estou pensando o que eu te fiz.

– Como assim? – Ele me olhou confuso.

– O tempo todo você muda comigo, você me trata como se eu fosse uma criancinha indefesa sem capacidade de raciocínio, fala que gosta de ser meu protetor mas age como se fosse a pior coisa do mundo, e ainda pede para que eu seja sincera com você, mas você não é sincero comigo. – Cambaleei até o sofá, sentando-me. Meu coração estava disparado como se eu tivesse voltado de uma corrida, as palavras saiam de minha boca sem antes passar pela aprovação do meu cérebro, mas mesmo sem pensar eu não me arrependia de nada do que falei, ele pediu sinceridade e era isso o que eu estava lhe dando.

– Então é isso! – James sorriu sem graça. Minhas expressões deixaram bem claro que eu não havia entendido o que ele quis dizer com “ então é isso” . – Acho que precisamos nos conhecer melhor, para depois decidir o que fazer.

– Ah, isso. – Sorri torto. Tentei imaginar diversas maneira de isso dar certo, mas tudo nos levava a uma terceira guerra mundial. – E como quer fazer isso?

~X~

James preparou chocolate quente, muito bom por sinal, e sentou ao meu lado em frente a lareira acessa. Dividimos a coberta enquanto o silêncio percorria cada canto daquela casa.

Comecei a formular perguntas em minha cabeça e percebi que não sabia nada, além do básico, sobre o cara que morava comigo.

– O que aconteceu com seu pai? – Mesmo com tantas perguntas em minha cabeça, essa era a minha maior curiosidade.

– Ele sumiu. – Ele me encarou sem expressão. – Eu tinha dez anos quando acordei e ele não estava em casa, nem em lugar nenhum. – James deu um gole no seu chocolate quente, e voltou a me encarar. – Não tenha medo de me fazer perguntas. – Ele sorriu torto. – Serei sincero.

– Porque aceitou ser um protetor? – Eu estava realmente interessada em saber sobre a vida dele.

Queria entender o que leva uma pessoa a aceitar ser protetor de alguém, pois não parece ser algo muito legal de se fazer. Ficar vigiando alguém, o dia todo, todos os dias da semana, durante sabe se lá Deus até quando, deve ser no mínimo tedioso.

– Sinceramente? Eu não sei. – Ele suspirou, observando agora o fogo na lareira. – Eu admirava os investigadores, eu admirava o seu pai, mas quando fiz dezoito anos, decidi fazer o treinamento para protetor, me pareceu algo heroico.

– Talvez seja. – Sussurrei. Bocejei, sentindo meus olhos pesarem.

– Eu vou te ajudar. – Ele me olhou, dessa vez sério. – Eu vou te ajudar a se vingar de todos que fizeram você sofrer. Mas você tem que me prometer algumas coisas. – Ele se virou para mim, e eu fiz o mesmo, encarando seus lindos olhos azuis que agora pareciam estar mais escuros. Eu afirmei com a cabeça, pedindo para que ele continuassem. – A primeira coisa que lhe peço é que não se adiante. Iremos estudar o caso, e acharemos um meio de nos infiltrar e fazer tudo do jeito certo. – Ele parecia um James diferente do que eu estava acostumada a conviver, ele estava calmo, relaxado, e poderia até dizer que estava entusiasmado. – A segunda coisa é que continue seus treinamentos, é muito importante que você tenha uma noção de como se defender. – Ele enfatizou o muito.

– E a terceira? – Perguntei curiosa.

– Isso tem que ser um segredo nosso. A Máfia não pode nem desconfiar que estou te ajudando com isso. – Sua voz era tão séria que parecíamos estar em uma reunião de negócio. – Me promete?

– Sim, eu prometo. – Eram coisas com a qual eu poderia concordar em fazer. – Quanto tempo até começarmos a agir? – Perguntei dando um demorado gole no meu chocolate que agora estava frio.

– Algumas semanas, três, quatro, no máximo cinco. – Ele sorriu, bocejando logo e seguida. Um fraco sorriso surgiu em seu rosto, ele me olhou de uma maneira diferente, e deitou-se no tapete peludo. – Não tenha presa. – Ele fechou os olhos, e começou a cantarolar uma canção da minha banda preferida. Me deitei ao seu lado, mantendo uma certa distancia, e comecei a cantarolar com ele, baixo. – We're smiling but we're close to tears even after all theses years, we just now got the feeling that we’re meeting

For the first time! – Terminei a canção, sorrindo, fechei meus olhos para não ter que encarar James novamente. Senti todo meu corpo pesar, minhas pernas doíam, minhas costas reclamavam, e meus braços estavam debilitados. Alguém anotou a placa do caminhão que passou por cima de mim?

Pela primeira vez em anos eu estava próxima de ter um amigo. E por mais que James não seja o tipo do amigo que imaginei um dia ter, ele estava se saindo uma ótima companhia, e tudo o que espero nesse momento é que ele permaneça assim, sem mais mudanças confusas de humor, ele era tudo o que eu tinha agora, e o que mais me doía é saber que quando tudo isso acabar ele irá embora, ele não será mais meu protetor, e nem morará na mesma casa que eu. E quando ele for, eu voltarei a ficar sozinha novamente.

~X~

– James! – Uma voz aguda e muito irritante ecoou pela casa. – O que é isso?

Abri meus olhos com dificuldade. Eu estava no chão da sala, deitada no peito de James. Sem perceber acabamos dormindo aqui, e de alguma maneira aparentemente estranha acabamos nessa posição.

– Amy? – James colocou os braços no rosto, ignorando-a. – O que você faz aqui? – Ele sussurrou sonolento.

– Pode me explicar o que é isso? – Amy gritou.

– Amy, não te devo explicações nenhuma. Não sei se você se lembra mas nós terminamos, ou seja, você não deveria estar aqui, pode ir embora e nos deixar dormir por favor? – Ele abriu os olhos a encarando, enquanto eu me afastava dele, tentando raciocinar.

– Não, James! – Ela se ajoelhou entre nós, me empurrando para o lado. Eu resmunguei, mas minha vontade era poder arranca-la dali violentamente. – Podemos conversar? Por favor? Nossa história não pode terminar assim. – Ah essa menina tem que superar essa história de termino de namoro logo! Ela está estragando minhas manhãs.

– Vá embora Amy! – Ele gritou.

– Não! – Ela cruzou os braços. James me olhou.

– Tudo bem. – Ele empurrou Amy para o lado, se ajoelhou ao meu lado me direcionando um olhar brincalhão, e me pegou no colo, levantando-se sem dificuldade. Ele caminhou lentamente até o primeiro degrau da escada, parando ali, e se virando para encarar Amy, que estava boquiaberta. – Tenha uma boa vida Amy, e quando sair fecha a porta. – Ele sorriu, começando a subir os degraus.

– Vocês... vocês estão... vocês...

– Juntos! – Ele gritou. Eu o encarei confusa, recebendo uma piscadela como resposta, eu entendi seu jogo. – Adeus Amy. – Ele continuou subindo a escada, chegando finalmente ao corredor, de onde conseguimos ouvir a porta se abrindo, e ele me colocou no chão me encarando divertidamente. – Desculpe por isso. – Ele sorriu. – Aliás, bom dia.

– Bom dia. – Sorri fraca e dolorosamente. – Por que mentiu para ela?

– Só assim ela não voltará aqui. – James suspirou, e voltou a me encarar. – Você está com uma cara péssima Marylin.

– Ah, obrigada! – Dei um tapa fraco em seu ombro, e comecei a caminhar até o meu quarto.

– Marylin... – Ele gritou sem mover um musculo de onde estava.

– Vai dormir James! – Gritei gargalhando.

Abri a porta do meu quarto, gritando desesperadamente assim que entrei nele.

– Marylin! O que aconteceu? – James correu até mim, e parou ao meu lado, seus olhos observavam a mesma coisa que eu.

O quarto estava totalmente revirado, haviam coisas minhas espalhadas por todos os cantos, os lençóis brancos da cama estavam sujos com o mesmo tom de vermelho da frase que estava escrita na parede, com letras grandes, tortas, que escorriam e me davam medo.

Você não pode se esconder de mim.

– Marylin, vamos sair daqui agora! – James sussurrou em meu ouvido, me fazendo arrepiar. – 043 A casa foi invadida! – Ele murmurou calmamente em seu relógio. Relógio?

– A lista! – Gritei desesperada, correndo até meu celular que estava na cômoda. Tirei a bateria dele, encontrando o pequeno pedaço de papel com os nomes dos assassinos ainda ali. Peguei algumas coisas pelo chão, coisas que estavam na minha bolsa, e que eu precisaria já que provavelmente sairia dali. Meus olhos passaram pela enorme cama, ela estava suja, inteiramente suja de vermelho... sangue! – James... – Eu solucei. – James! – Ele me olhou assustado. – Sangue! – Não conseguia me mover. – Sangue! – Eu gritei, sentindo o medo percorrer cada centímetro de meu corpo.

James falava ao telefone com a MB, sua voz estava cada vez mais desesperadora, o que me deu ainda mais medo. Deixei meu celular escapar de minha mão, e assim que abaixei para pega-lo, uma sombra em baixo da cama me chamou a atenção, olhei para ver o que era, e fiquei paralisada, não consegui encontrar minhas emoções, não consegui encontrar expressões, era como se uma bomba explodisse em minha frente.

– Marylin, vamos! – Ele caminhou em minha direção. – Marylin? – Meu olhar preso aquela imagem. – Marylin? – Ele gritou. Meus olhos se encheram de lagrimas, e tudo o que eu consegui fazer foi apontar para onde meus olhos estavam preso. James arqueou a sobrancelha levando seus olhos até onde eu apontava. – 064 há um corpo no local. Repito há um corpo no local! – Ele gritou com seu relógio, horrorizado. Seus braços me envolveram, me fazendo levantar, e cambalear até o corredor, dando espaço para um grupo de agentes da Máfia Britânica , que surgiram do além, entrar em meu quarto e verificar o lugar como se fazem naquelas cenas de crimes no CSI.

– Não! – Gritei aos prantos, enquanto James me abraçava, e tentava me acalmar. – Ela não!



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Notas finais do capítulo

Gostou? Então deixe seu comentário para que o próximo capítulo possa ser postado em breve. Não deixe de favoritar e recomendar (;
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