Marylin escrita por Juliana Moraes
Notas iniciais do capítulo
Olá! Obrigada mais uma vez a todos os leitores, que me inspiraram a escrever esse capítulo.
Espero que gostem! Boa leitura!
– Marylin, vamos sair daqui. – James me puxava escada abaixo, enquanto eu encontrava um meio de digerir tudo aquilo. – Vamos para a MB, você ficará segura lá. – Entramos em seu volvo preto blindado.
Durante todo o percurso até o campus da Máfia Britânica, eu fiquei em silêncio enquanto as lágrimas escorriam violentamente pelo meu rosto, e a imagem do que eu tinha visto me perturbava.
Era Cinthia! A mulher que trabalhou durante a maior parte de minha vida com minha tia Janie, foi assassinada violentamente por minha culpa. Seu corpo estava jogado em baixo da cama, seus olhos abertos imploravam por socorro, e sua boca paralisada demonstrava sua vontade de gritar, em seu corpo estava evidente toda a violência que foi usada, o seu sangue que cobria os lençóis, e serviu de tinta para que pudessem escrever aquela frase ameaçadora na parede, também estava ao seu redor, seus braços esticados em minha direção pareciam deslocados, e suas pernas estavam presas com cordas extremamente fortes. Cinthia tem uma família, ela tem um marido que a ama, e uma filha que deve estar ansiosa pela volta da mãe em sua casa para ajuda-la com o dever, qual será a reação deles quando souberem que ela não voltará? O que a MB irá falar? Qual a história que irão inventar? E pensar que todo o sofrimento que essa família enfrentará, é minha culpa.
Quem invadiu a casa teve a oportunidade de matar, teve a oportunidade de me tirar dali mas não o fez. Quem invadiu aquela casa não quer me atingir, quer tirar todos que eu amo de perto de mim. E como eu não tinha ninguém, ele está matando pessoas que eu conheço, mas porque? O que ele quer comigo? O que eu fiz? O que eu tenho?
Olhei James através do retrovisor do carro. Ele estava nervoso, suas mãos tremiam no volante, e suas expressões demonstravam preocupação, raiva, e até medo. Ele era a única pessoa que eu tinha agora.
– James! – Gritei. – Você tem que ir embora agora! – Grudei no banco da frente, meus olhos arregalados encaravam James, que sem entender nada parou o carro em uma lanchonete em um bairro movimentado. – Você tem que se afastar de mim!
– Se afastar? Ir embora? – Ele estava confuso.
– Sim! – Meu coração pulsava acelerado, somente por imaginar que ele poderia ser o próximo. – Por favor, vá embora. Saia de Londres! – Solucei, voltando a me render as lagrimas. James em um movimento certeiro, passou para o banco de trás, e me encarou sem expressão. – Você não consegue ver? Querem me tirar tudo, querer me fazer sofrer James, e você agora é tudo o que eu tenho. – Fechei os olhos para não encara-lo. – Por favor, vá embora! Eu desisto de tudo isso, eu desisto de vingança, mas por favor, se afaste de mim!
– Eu não vou a lugar nenhum Mary. – Senti seus dedos limparem minhas lagrimas. – Tudo vai ficar bem, você sabe disso.
– Não, eu não sei! – Eu abri os olhos, gritando. Ele se assustou. – James, o próximo pode ser você, e se você ... se você... eu não vou aguentar! – Ele esboçou um sorriso, e eu levei meus olhos até meus pés. – Por favor, se afasta de mim.
– Não Marylin! Não me peça isso, por favor. – Sua voz era suave, fraca, e a mesmo tempo transmitia a segurança que eu precisava. – Eu não vou me afastar de você, nem que você implore. Eu vou te proteger, e vou te ajudar a se vingar, não quero que você desista! – Ele segurou meu queixo, me fazendo olhar para ele. – Não quero que desista por mim.
– Mas James...
– Sem mas! Eu vou descobrir quem é esse idiota que está atrás de você, e eu vou fazer ele se arrepender de ter nascido! – Ele cerrou os dentes. – Agora respira, e pare de chorar. – Eu olhei seu sorriso torto, e sua barba mal feita, e sorri corando. – Vem, vamos descer, você precisa comer alguma coisa. – Ele abriu a porta do carro descendo, e correu até a porta do meu lado, abrindo-a e me esperando descer.
Entramos na lanchonete, e através do vidro espelhado, vi meu reflexo terrivelmente desarrumado.
– Oh céus! Preciso ir no banheiro. – Comecei a caminhar em direção ao banheiro, e percebi que James me seguia. – Onde está indo? O banheiro masculino é do outro lado. – Murmurei.
– Eu vou com você. – Eu arregalei os olhos, e cruzei o braços sob o peito. – Eu espero na porta. – Ele riu.
Entrei no banheiro, lavei meu rosto, arrumei meu cabelo, e fiquei encarando meu reflexo no espelho. Eu estava acabada! Meus olhos estavam inchados, haviam olheiras terríveis em meu rosto, e minha pele estava tão pálida que quem me visse poderia achar que eu sofria de alguma doença seríssima.
Um barulho saiu de meu celular, e eu respirei fundo antes de ver a mensagem que tinha chego.
“ Decisão errada, companhia errada, visual errado.
Você traiu minha confiança, provocou minha ira,
e agora terá que sofrer com as consequências.
Sabe todo o amor demonstrado nas mensagens anteriores?
Ele saiu de mim assim como todo o sangue que saiu da empregadinha.
Cuidado! Se contar sobre as mensagens para alguém,
o loiro MORRE! “
–– Anônimo
– Marylin! – James gritou da porta do banheiro. – Está tudo bem?
– Sim. Eu... eu já estou saindo! – Gritei de volta.
Apaguei a mensagem, após lê-la novamente. Meu Deus! O que querem comigo?
Um barulho estrondoso ecoou vindo do corredor.
– James! – Gritei, correndo até a porta do banheiro, abrindo-a, e me deparando com ele na mesma posição que me lembro ter o visto. – Céus! O que foi esse barulho? – Perguntei assustada, porém com o coração batendo mais aliviado.
– Bêbados. – Ele riu. – Acho melhor tomarmos café na MB. – Concordei com a cabeça, começamos a caminhar. – Pensou que tivesse acontecido algo comigo? – Ele bateu em meu ombro, rindo graciosamente.
– Tire suas próprias conclusões. – Tentei rir, mas algo dentro de mim doía tanto, que tudo o que consegui fazer foi esboçar um fraco sorriso.
~X~
Mesmo com tudo o que tinha acontecido, resolvi seguir com os treinamentos que James tinha pedido, pensei que assim eu poderia ocupar minha mente com outras coisas, e esquecer pelo menos um pouco de toda essa tormenta. Eu parecia estar vivendo em um filme de terror.
Comecei com corrida, três quilômetros sem a companhia de James, que estava em uma reunião com os agentes do caso de meu pai, ou o meu caso, eu não sei direito. Meus pulmões me avisaram que poderiam explodir a qualquer momento, então resolvi parar perto de um bebedouro, e sentei na grama verde, enquanto retomava o folego. Muitas pessoas passavam por ali, todas aparentemente acompanhadas de um protetor, ou de agentes uniformizados.
Meu celular tocou.
“ Você sabe que não pode se esconder de mim Marylin. “
–– Anônimo
Resolvi responder.
“ O que quer comigo? “
–– Marylin
Recebi a resposta imediatamente.
“ Eu quero você Marylin Hayley Benson.”
–– Anônimo
Respirei fundo, pensando no que escrever, e após alguns minutos pensando, enviei outra mensagem:
“ Porque? O que eu tenho? O que eu te fiz?
Quem é você? Me deixa em paz por favor! “
–– Marylin
Esperei ansiosa a próxima mensagem que parecia nunca chegar. Bebi um pouco de água, e voltei a me sentar, dessa vez em um banco de madeira, perto do pequeno lago que havia no campus. Meu celular tocou, e meu coração acelerou.
“ Eu te amo. Mas você decidiu ficar com o loiro!
Um coração partido é suficiente para querer vingança!
Não se preocupe, deixarei o loiro morrer bem rápido,
sem sofrimento... ou não! “
–– Anônimo
O medo voltou a percorrer por todo o meu corpo, e imediatamente senti algumas lagrimas ameaçarem a sair de meus olhos novamente.
“ Por favor, não faça nada com ele. Me diga o que quer,
me diga quem é, e eu faço qualquer coisa! “
–– Marylin
Comecei a andar de um lado ao outro, em volta do banco, sentando e me levantando, sem rumo, sem saber no que pensar, meus olhos não desgrudavam do celular, eu precisava saber quem era, eu não podia deixar que nada acontecesse com James. Onde está o James?
Uma nova mensagem!
“ Você faria tudo por ele, não é mesmo?
E é por isso que eu tenho que dar fim nele,
Só assim vou poder te ter. Só para mim. “
–– Anônimo
– Marylin! – James gritou, me assustando, e fazendo com que eu deixasse meu celular caísse. Ele pegou o celular e assim que iria me entregar, seus olhos passaram pela tela do mesmo, lendo a mensagem. – O que é isso? – Droga! Senti minhas pernas amolecerem. – O que é isso Marylin?
– James, por favor... não saia daqui! – Implorei em meio a lagrimas. – Por favor. – Coloquei a cabeça entre as mãos, fechei os olhos com força, enquanto sentia meu corpo todo tremer.
– Vou rastrear esse anônimo agora mesmo! – Ele começou a andar em direção ao laboratório de analises tecnológicas, e eu corri atrás dele. – Eu vou quebrar a cara desse idiota! – Ele gritava enquanto dava passos rápidos.
– James, não, por favor... – Eu tentava seguir seus passos, mas era impossível. – James! – Ele parou em minha frente, se virando para me encarar. – Mas que droga! – Gritei sentindo minhas pernas amolecerem, cai no chão, e o encarei séria. Ele correu até mim, se ajoelhando ao meu lado.
– Você está bem?
– Por favor, se vai fazer algo não saia daqui, não saia de perto de mim. – Implorei apertando minhas mãos em seu braço. – Eu não posso perder mais ninguém James. – Fechei meus olhos para não encara-lo, e não sentir aquelas coisas que eu sentia toda vez que meus olhos encontravam o dele.
– Ninguém mais irá se machucar, eu prometo. – Senti sua mão agarrar meu ombro. – Porque sempre fecha os olhos quando fala comigo Marylin? – Ele riu. – Vem, vamos para a sala de analises.
~X~
Eu estava na sala de analises tecnológicas esperando James, e os investigadores, decidirem o que fazer a respeito das mensagens que eu tinha recebido. Eu cambaleava de um lado ao outro, tentando entender a conversa entre eles, mas eu parecia uma garotinha de cinco anos sem entender as palavras difíceis que eles usavam.
Dentro de mim tudo estava uma completa bagunça. Medo, angustia, culpa, e raiva me invadiam o tempo todo, e pareciam estar dançando de mãos dadas por minhas veias. Meu estômago doía como se eu tivesse levado um soco certeiro, minha cabeça começou a doer, com certeza devido as inúmeras lágrimas derramadas por hoje. Eu me sentia vulnerável a tudo, meus sentimentos pareciam gritar em desespero, procurando alguma forma de sair de mim.
– Temos um nome! – O rapaz barbudo e careca, que estava sentado em frente a um computador de ultima geração, gritou. Todos olharam para ele, caminhando ao seu redor curiosos.
James fez um sinal para que eu verificasse o nome que apareceu na tela. Corri até ele desleixadamente e forcei meus olhos a lerem o nome que estava em baixo da foto do rapaz.
– Você o conhece? – O careca perguntou.
Deslizei meus olhos por todos, que me encaravam aflitos, enquanto pensava sobre aquele nome, que me parecia muito familiar.
– Marylin, você conhece esse rapaz? – James segurou meu braço, me fazendo fitar seus olhos arregalados.
Em um flashback rápido e exato as lembranças desse nome invadiram minha cabeça.
– Sim! Eu o conheço... mas ele? Não pode ser ele!
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