— Quanto ao Brad, estava feliz por estar namorando-o mas... Não sei, me sinto insegura. Talvez ele... não me ame como eu o amo, entende? — Carly disse com um olhar abalado e o tom de voz mais baixo.

— Como assim? Ele está querendo apenas se "divertir" com você? Por que ele faria isso? — perguntei meio incrédula.

— Não sei. — Percebi seu medo e segurei sua mão com o intuito de confortá-la.

— Vai ficar tudo bem. Existem muitos outros caras que poderão ficar com você por amor. Ele mesmo é quem está perdendo... Quem não iria querer uma morena com esse sorriso lindo e com todo esse carisma acolhedor? Você é a melhor pessoa que eu já conheci.

— Será mesmo?

— Claro. Se Brad não souber aproveitar a sua companhia da forma certa e do jeito que você merece... acho que nós dois conversaremos depois. Confia em mim. — falei para que minha amiga se acalmasse.

— Muito obrigada, Sam. Espero que não seja preciso... — Ela riu. — Mas, mudando de assunto... Quanto a "achar um outro alguém", esse alguém pode ser até mesmo o Freddie?

— Não, ele não. Você sabe.

[...]

Ponto De Vista - Geral

Apesar de ter a quem confortá-la, Samantha nunca se esquecia de seu verdadeiro propósito: ver-se livre da morte de Pamella que a perseguia à cada mísero instante. Ainda pensava nela à noite, tentava até mesmo segurar as lágrimas que teimavam cair quase sempre que sua memória refletia sobre a mãe. Era difícil, foi difícil desde o princípio. Mas agora parecia mais complexo fugir de todo aquele tormento. Uma semana passou-se desta vez, a rotina mantinha-se a mesma.

Carly, por sua vez, vidrava seus pensamentos em Spencer. A saudade que a corroía e a preocupação que a rodeava tornava quase impossível decifrar com clareza os tratamentos do namorado em relação a si. Passava por situações dificílimas com o tempo, decisões que ela quase não suportava cogitar. Nervosa e impaciente, não tinha a quem recorrer. Evitava falar com a loira que já estava entre transtornos, e acabava não solicitando a ajuda do amigo que aparentemente já estava ocupado cuidando de Sam. Consequentemente, a cabeça da morena estava dando voltas e giros sem um sequer intervalo de tempo.

Segunda-Feira / 19 de Outubro / 8 Horas AM

Certo moreno acordara pensativo. Dirigiu-se até a cozinha e preparou seu café da manhã. Percebera, por mais sigilosa que fosse, a angústia de Carly nos últimos dias. Não a via como antes — sorrindo como sempre, animada e tentando, de mesma forma, fazer a amiga que parecia tão tensa sorrir. Desconfiou que fossem problemas relacionados ao amor e resolveu não interferir. Sabia exatamente que era algo que só ela pode curar com o tempo... Que nada resolveria-se com sua intromissão. Mas, com sua loira era diferente, já que era perceptível que seus problemas evidentemente não eram relacionados a quaisquer sentimentos amorosos, e sim a outros tipos de sentimentos. De qualquer forma, ainda persistia em fazer tudo aquilo sumir.

Tentando esvaziar sua mente das demais coisas que o preocupavam e focando somente nele, Freddie, após tomar seu café, voltou-se para deitar e relaxar por mais um tempo.

Assim que adentrou novamente o cômodo onde encontrava-se seu quarto, percebeu algo que nunca houvera percebido anteriormente. Era um bilhete caído ao chão, levemente próximo a porta. Repentinamente, a curiosidade de abri-lo e ler o que nele estava descrito o consumiu.

Pegou o bilhete sem mais hesitar, o abrindo vagarosamente. Nem se importando muito com o que encontraria naquele médio pedaço de papel frágil e empoeirado, passou seus olhos em toda sua superfície. Depois, leu cada palavra com devida atenção.