Após aquele anuncio feito por Nidhogg. Mike e eu decidimos reunir todos na sala de estar da cabana e contar sobre a tal “proposta”. Porem ela não foi muito, digamos, aceitar por todos, por havia toda aquela coisa dele ser inimigo e tudo mais, e estavam todos nervosos pelo fato e aparecer um inimigo aparentemente tão poderoso sem aviso nenhum.

- Você realmente acha que será fácil assim? Acha que pode acreditar em um inimigo? – Protestou Dankan nervoso com a situação. – Acha que pode colocar todos em perigo desse jeito, por causa de uma proposta incerta?

- É por isso que estamos anunciando e pedindo a opinião de todos neste caso. – Respondeu Mike, inquieto com a tensão que estava no ar. – Essa é uma situação muito delicada, pois é uma proposta porem se recusarmos as conseqüências serão maiores que se pode imaginar.

- Mas não existe outro meio? Algo mais pacifico? – Questionou Renma. – Essa situação não é radical é mais?

- Infelizmente não. Isso se trata de uma guerra, não meios mais pacíficos. – Respondi ainda em duvida se aquela seria a melhor opção. - Principalmente quando um dos lados visa apenas à conquista forçada.

- Mas ainda assim é muito arriscado. Não sabemos ao certo se poderemos confiar em nossos inimigos. – Falou Elize. – E ainda acho que Dankan está certo por se preocupar, e quando diz que é uma “proposta incerta”.

- Como sei que isso não dará em nada no momento. Farei o seguinte: aceitarei a proposta e durante esses cinco dias vocês farão o que quiserem. – Falei de modo ríspido. – Caso queiram oficialmente responder a essa proposta estejam aqui em cinco dias e então iremos para o local que ele estabelecerá.

- Desde quando é você quem tomas as decisões por aqui?! – Interveio Marcos, levantando da cadeira tão rapidamente que quase a derrubou.

- Se tem uma opção melhor sugira. Mas caso não tenha, apenas fique calado. – Falei de maneira arrogante, querendo que aquela discussão acabasse ali. – Se ninguém tem uma sugestão melhor irei me retirar.

E assim fiz, deixando que todos pensassem o que faria, sem minha opinião e minha presença ali, achei que eles não se sentiriam obrigados a ir e nem mais pressionados que já estávamos.

Sai dá cabana e fui floresta à dentro para resfriar minha cabeça e pensar melhor, pois algo realmente me preocupava e eu não sabia o que era apenas um pressentimento ruim sobre tudo que aconteceria daquele momento em diante. Pois o que seria algo objetivo começava a formar tantos caminhos a se seguir que eu me perdia por apenas pensar nas possibilidades.

- Tem certeza que essa é a melhor decisão a se tomar? – Falou uma voz vinda do caminho que eu seguia. E quando me dei conta era Renma.

- Não sei bem se é a melhor decisão, porem é a melhor que temos no momento. – Respondi enquanto olhava para o céu que estava tão estrelado que me sentia isolado da cidade.

- Se é assim que pensa não podemos mudar sua opinião não é mesmo? – Disse uma voz mais grossa e suave ao mesmo tempo, Grifis, provavelmente.

- Mas algo ainda me preocupa, se o que eu falei daquela vez for verdade, isso pode ser o prelúdio de tudo. 7 batalhas e 7 adversários, 6 pilares e o rei. – Disse Renma preocupada, e eu já sabia o que ela queria dizer.

- E você está preocupada com a parte da “perda inevitável” não é mesmo? – Interrompi. – Não se preocupe, não irei deixar que isso ocorra, ainda temos uma chance de que isso falhe e não precisemos fazer isto. Mas de qualquer forma é a nossa melhor opção no momento.

E com isso Renma saiu aparentemente desanimada, acho que essa coisa de “ver o tempo” não é tão boa quanto se pode pensar. Até porque muitas vezes as coisas que se vê pode ser pior para quem sabe, do que sobre quem seria.

E então voltei a caminhas pela floresta por algum tempo. E apesar da noite clara a floresta parecia obscura, parecia que escondia algo que nunca deveria ser visto, nem sequer saber sobre a existência o que quer que esteja ali. E pela primeira vez meu bom senso venceu minha curiosidade e então voltei para a cabana.

Quando cheguei de volta não sabia mais ou menos quanto tempo já havia se passado porem tudo já estava escuro e as luzes da cabana estavam apagadas e por isso tentei entrar sem fazer o menor barulho e me direcionei ao lugar onde dormia enquanto estava por lá.

Quando dormi, tive um sonho novamente, e novamente não conseguia me lembrar sobre o que era e apenas acordei com o salto, como se acorda ao achar que está caindo de um penhasco ou algo do tipo, que levaria a uma morte certa.

Ao levantar vi percebi que não havia mais ninguém por perto. Provavelmente todos haviam voltado para a cidade, do jeito que eles queriam, sem toda aquela responsabilidade e pressão sobre eles. Porem quando sai para ter certeza que todos haviam saído, encontrei com Elize e Mike conversando.

- E então para onde está indo? Posso acompanhá-la? – Perguntava Mike todo empolgado, provavelmente aproveitando a oportunidade, já que Marcos não estava por perto.

- Estou indo para casa nesse tempo. Quando chegar pensarei melhor sobre o que fazer. – Respondeu Elize. – Espero que possa encontrá-lo outra hora. – Continuou e então se despediu dele e correu em direção a estrada onde o ônibus para a cidade passava.

- Como assim espera? Nos encontraremos em breve, pode ter certeza disso. – Gritou Mike para ela.

- Já parecem até namorados. – Brinquei, e quando ele me viu, pareceu estar corado. – Não se preocupe, acho que é mais fácil achá-la na cidade do que parece. Mas ai o que ainda está fazendo aqui?

- Esqueceu-se de que não tenho lugar pra ir? Ainda não tenho muitas lembranças. – Retrucou Mike. – Mas de qualquer forma, deve saber que todos já foram, e fomos os únicos que ficamos aqui.

- Já que não tem, pegue. – E joguei a chave da minha casa. – Sei que não é uma atitude muito inteligente de minha parte, mas qualquer coisa suspeita há um posto policial há duas quadras de minha casa, e os vizinhos são bem ligados com isso, por isso nem tente nenhuma gracinha.

- Acha que sou algum arruaceiro? – Perguntou. E para falar a verdade parecia sim, Sobretudo preto, calças rasgadas, camisa branca, cabelo branco (naquela idade) e um rosto um pouco mal encarado, mas decidi não falar nada no momento. – E você não vem?

- Tenho que esperar o “mensageiro” para dar a resposta, e então quem sabe irei ou não para lá. – Lembrei-o. – Se eu não estiver aqui ele pode considerar a resposta como negativa e invadir esse mundo de qualquer jeito.

Assim que Mike saiu, aproveitei que o dia estava com uma temperatura amena e decidi caminhar um pouco pelas montanhas. Posso não ter dito antes, mas aquele era um lugar bem tranqüilo e reconfortante, quando é claro, não estávamos treinando e fazendo barulhos que poderiam ser ouvidos na cidade por causa dos treinos.

Até quem aproximadamente uma hora depois, veio um forte vento em minha direção e então notei uma figura estranha pelas arvores e quando me aproximei notei que era Nidhogg.

- E então pensou na minha humilde proposta? – Perguntou com ironia, até porque de “humilde” aquela proposta não tinha nada. – Como não sinto a presença de seus amigos por perto, posso dizer que não estão por aqui e então vocês estão se entregando?

- Não tire conclusões precipitadas. Aceitamos sua proposta. – Respondi de imediato as perguntar. – E eles não estão aqui por que não era necessário. Voltaram pra onde deveriam e estarão aqui em 5 dias como o combinado.

- Pode afirmar com tanta certeza? Eles não pareciam tão seguros de si ontem não é mesmo? – Disparou Nidhogg, e ao vê-lo falar aquilo, quis partir para o ataque, mas seria uma burrice no meu nível de força atual.

- Não se preocupe garoto, eles possuem os guardiões ao lado para apoiá-los. – Lembrou-me Ryujin. – Não deixe que ele o manipule dessa maneira. Acredite neles e você terá um retorno. Agora que este assunto está resolvido peço que se retire que quero começar o treinamento dele assim como todos os outros guardiões estão fazendo no momento, como um combinado nosso.

- Você ainda se arrependerá disso Guardião da Luz. Não se esqueça deste aviso. – Nidhogg cuspiu aquelas palavras como se fosse veneno. E então desapareceu.

- Treino? O que quer dizer com isso Ryujin? – O questionei, pois não era comum ele falar a respeito os outros guardiões.

- Acha que só vocês tomam decisões aqui? O que acha que fizemos enquanto vocês discutiam aquele assunto que já estava decidido? – Respondeu Ryujin. E falando isso agora, notei que realmente todos os guardiões estiveram quietos durante muito tempo após o anuncio de Nidhogg no dia anterior. – Antes que continue com essa cara de idiota. Foi decidido que vocês treinariam separados neste momento. E no final cada seria avaliado por seu guardião para saber se têm ou não condições para a luta e com isso aparecer aqui em cinco dias. Mas agora vamos parar com a demora e começar o treino de verdade.

Os cinco dias pareceram o inferno para mim. Ryujin me treinou de diversas formas nas montanhas me fazendo escalar, para treinar o corpo e na manipulação da luz, para algumas coisas básicas, pois para ele no momento eu precisaria melhorar minhas técnicas de combate, como a manejar uma arma e aproveitar o campo onde se está.

Por esses motivos não tive a chance de ir para casa, e me preocupava o fato e Mike ficar lá sozinho, o que diriam meus pais se chegassem exatamente enquanto ele estava lá? Não havia pensado direito sobre isso quando o mandei para lá.

Apesar do treinamento de Ryujin ser puxado, consegui sobreviver e por conseqüência desenvolvi algumas técnicas novas.

No ultimo dia eu meio que surtei durante a noite por causa de um sonho novamente, porem diferente das outras vezes, eu me lembrava de alguns fragmentos o sonho. Nele eu tinha a visão de um castelo grande por fora, todo construído através de pedras e parecia ter varias torres, porem a terra em volta dava a impressão que aquele mundo estava se autodestruindo. O chão se abrindo, vulcões em erupção e o castelo parecia estar desmoronando.  Não era uma das melhores visões que eu poderia ter. Porem na ultima parte do castelo que restava eu vi uma silhueta de duas pessoas que pareciam estar lutando e jazia 6 corpos no chão que eu não conseguia identificar de quem seria. E então eu não me lembrava e mais nada.

O resto da noite passou tão rápido que quase não notei, e quando amanhecerá eu sai para esperar o retorno, ou não, de meus companheiros, para nos dirigir ao local onde aconteceria, o dia estava nublado e parecia que iria cair uma grande tempestade, parecia uma cena de filme que dava uma ênfase a mais na “obscura” situação. E ao pensar nisso me lembrei que não sabia direito, onde e como chegaríamos no local.

- Ryujin, onde exatamente será feita essa disputa? Nidhogg não falou onde seria. Ele apareceu e desapareceu tão rápido que não me lembrei de perguntar. – O questionei, já que ele tinha uma parcela de culpa em relação a isso.

- Não se preocupe garoto, nos os guardiões os guiaremos para o local. Não gosto de admitir, mas já estivemos uma vez por lá. – Respondeu Ryujin, mas essa ultima parte ele falou de uma maneira que parecia que tinha realmente algo muito ruim para se preocupar por lá. – Mas não se preocupe, todos vocês tem muito potencial para se desenvolverem e por isso não há muito com que se preocupar. A menos que....

Porem antes que ele terminasse a frase, Renma e Red chegaram seguidas de Mike e Marcos, e isso me deixou feliz, apesar de tudo. E logo notei que eles pareciam diferentes, mais confiantes de si, e também possuíam algumas cicatrizes e curativos, provavelmente devido aos treinos.

- E então, estamos todos aqui e agora? – Falou Red com um humor melhor que o da ultima vez que nos falamos. – qual o próximo passo?

- Esperar Dankan e Elize. – disse Mike. – Estou preocupado com Elize, ela disse que estaria aqui hoje.

- Preocupado com Elize que bonitinho. Está preocupado com a namorada? – Brincou Red o que fez Mike enrubescer e deixou Marcos um pouco chateado. – Não me levem a mal meninos, mas é uma situação engraçada a de vocês três. – E com isso, Renma, Red e Eu começamos a rir.

- E você com esse casaco ai? Ele não era o Emerson? – Falou Mike enquanto apontava para o casaco que Red segurava. – O que aconteceu entre vocês? Ein? –Não gostaria de admitir, mas quando percebi que aquele era realmente o meu casaco que eu deixara com ela há algum tempo atrás. Não pude deixar e enrubescer e ela provavelmente tinha feito o mesmo.

- Que bela juventude temos aqui. Casais apaixonados, um ciumento, uma linda bonequinha e parentes que não sabem que não se lembram um do outro direito. – Disse uma voz sarcástica parecida com a desses palhaços de circo, que nos surpreendeu. Era Nidhogg, porem ele parecia mais contente com a situação. – Agora que nossos últimos convidados chegaram. – disse ele apontando para o caminho de onde Red, Renma, Marcos e Mike vieram. E lá pude ver Elize e Dankan caminhando em nossa direção e ao notarem Nidhogg apressaram o passo.

- Então é esse o cara que anunciou tudo? – Questionou Dankan, que parecia mais calmo que o normal para uma situação dessas.

- Já que estamos todos aqui nada mais justo que seguirmos em frete. – Disse Elize apressando a todos.

- Vamos começar com essa batalha de uma vez, e terminá-la mais rápido ainda. – Disse Marcos, empolgado com a situação.

- Como insistem nisso, iremos agora começar os desafios. Primeiramente achem a saída deste lugar e nos encontrem em nosso castelo. – disse Nidhogg quando um vento forte soprou e raios começaram a cair próximos, um portal se abriu atrás dele e ele entrou enquanto ria alto e loucamente. – Este é apenas o primeiro desafio então não nos desapontem jovens e guardiões.