–- A Deusa flexibilizou um pouco sobre o romance da princesa com o príncipe... – minha musa da beleza se move na cama, utilizando meu peito como travesseiro, e me olha de baixo com aqueles cílios fartos.

–- Sério? – lentamente movimento minha mão para retirar a franja de sua testa. Como ela é linda...

–- Sim... – ela ronrona, eleva-se e monta no meu dorso, me hipnotizando com o sorriso – Mas... mesmo assim, está proibida de vir aqui...

–- Por quê? – suspirei enquanto olhava para seus lábios e tocava carinhosamente a coxa macia e bem definida que me envolvia.

Devo ter feito uma cara muito sugestiva, pois ela deu uma gostosa gargalhada – Informação confidencial, General.

–- Se você não falar eu vou ser obrigado a te abraçar – sorrio ameaçando-a.

–- Meu caro general, não se faz uma ameaça sorrindo deste jeito – ela colocou as mãos sobre meus ombros impedindo-me de me elevar.

–- Sem brincadeiras, pensei que nos tornaremos aliados, Lady... – sorri de forma sedutora.

–- Ainda não sei... – ela deita sobre mim e me beija tão calorosamente que quase perco a razão. – Qual a posição de seu imperador sobre o romance? – sussurra em meu ouvido.

–- Ele nada falou – menti, odeio mentir para ela... todo o clima foi perdido.

Gentilmente a afastei para o lado da cama.

O imperador é claramente contra este romance. O último encontro dele e Endymion quase saíram faíscas...

Jimmus-sama está com a ideia fixa de casar Endymion com Lady Beryl, a princesa do Clã Oeste da superfície.

–- O que foi? – minha musa me olha de lado.

Os lábios dela estavam entreabertos e seus olhos buscavam os meus, uma expressão de dúvida tão cativante que quase eu lhe revelava a verdade, porém isso me era proibido.

Endymion me pediu que nada falasse a Lady Venus. Era certo que nada aconteceria entre ele e Lady Beryl. Mas meu príncipe não queria ver uma crise de ciúmes da Princesa Serenity caso ela soubesse sobre sua pretendente, bem entendo.

–- Jimmus-sama ainda tem dificuldades de aceitar... – falei sentando-me na cama, enquanto minha musa ajoelha nos lençóis de seda e me abraça pelas costas.

–- Ele vai entender... E nesse dia – ela morde de leve o lóbulo de minha orelha esquerda – Vamos ser do mesmo reino...

Sim, seremos do mesmo reino, protegeremos e amaremos as mesmas pessoas... Mas preciso ser racional...

–- Ainda há muito em jogo... -- falo cansado...

–- Eu sei... – sua tentativa de me seduzir foi falha, então ela engatinha para o canto da cama e começa a coletar as roupas – Acho que já está na hora de eu ir...

–- Você voltará? – mesmo sabendo que era algo errado e irracional, eu queria ela comigo, queria que ela voltasse, na real, queria que ela nunca fosse, que ficasse.

–- Claro – a garota sapeca vem a mim e me beija apaixonadamente.

Será que ela quer mesmo que eu a deixe ir?

–- Preciso ter uma conversa séria com seus pais, mocinha... -- sorrio entre os beijos.

–- Por quê? – Venus faz cara de inocente...

–- Eles precisam saber o quanto que a filha deles é sedutora...

–- Sou? – ela sorri montando em meu colo e eu já estava abrindo o vestido que ela acabara de fechar.

–- Acho que ainda temos uns dez minutos -- joguei-a na cama e escuto as cornetas reais anunciando a hora da inspeção matutina...

–- Eu já acho que não...

Ela fala fechando novamente o vestido e me jogando a camisa.

–- Claro, Lady Venus – minha frustração era palpável enquanto eu abotoava a meu colete.

Quando vi que ela já estava na porta, corri para acompanhá-la.

Seguimos em silêncio até os jardins do palácio. Um caminho um pouco mais distante, mas belo e gentil que combinava perfeitamente com minha dama...

Ninguém em Elysion, além do Príncipe Endymion, sabe do nosso romance... nem mesmo Zoicity sabia quem era a minha namorada secreta e eu preferia que as coisas se mantivessem assim.

Este romance não deveria ter começado...

Mas...

Ela me completava, não tinha outro argumento e, se destino realmente existe, o meu estava ligado ao dela pela eternidade.

Minha bela sailor...

Andamos lentamente lado a lado, vez ou outra nossas mãos roçavam até quando ela sorriu e entrelaçou os dedos nos meus.

–- Os jardins de Elysion são belíssimos – ela fala maravilhada. Sorrio e aperto aquelas mãos pequenas.

Seria um pouco constrangedor afirmar que eu havia escolhido tal caminho por ele ser o mais seguro esta hora da manhã, do que pelo meu prazer de ver seu sorriso...

Ninguém nos veria...

Mas...

Fui o primeiro a perceber um movimento próximo ao cloreto de lírios. Puxo Venus para trás de uma das árvores e avistamos juntos a Princesa Serenity e o Príncipe Endymion conversando animadamente.

–- Como ela pôde? – havia raiva e indignação no rosto de Lady Venus – ela está proibida!

Lady Venus já não estava ao meu lado, mas, sim, movendo-se rapidamente para o casal.

–- Princesa Serenity!

–- V-Venus? – havia culpa no rosto da jovem princesinha da lua.

–- Não combinamos que estava proibida de vir a terra? Que se comunicaria com o príncipe por cartas?

–- Mas eu vim trazer a carta para Endymion... – não pude deixar de sorrir do rosto inocente que a princesa da Lua fazia sacudindo três envelopes brancos para minha musa.

–- Serenity, será que não é capaz de compreender a diferença de enviar e vir trazer? Vem logo, nós já vamos voltar para casa! – Lady Venus já havia segurado a princesa pelo braço.

Neste momento me aproximei do trio – Deve ser difícil ter uma Princesa tão cheia de curiosidade.. – Sorrio para as bochechas rubras de minha lady;

–- Kunzite!! – o Príncipe me repreende.

–- Ter um príncipe cheio de curiosidades também é difícil, precisamos conversar – olho com repreensão para meu mestre.

–- Claro... claro – meu mestre sorriu com as cartas na mão – Lerei suas cartas e enviarei as respostas.

–- Não demore... – A princesa Serenity fez um gesto exagerado de despedida, enquanto minha lady, embravecida, arrastava-a para longe.

–- Vamos logo!

Elas já haviam atravessado a ponte dourada sobre o rio das ilusões.

–- Príncipe, visitas da princesa são arriscadas... – adverti...

–- Da Sailor Venus também... – ele falou sorrindo – Achas que não notei que passaras a noite com ela, meu caro General.

Sim, visitas de minha musa eram tão perigosas quanto da princesa...

Ficamos sorrindo como companheiros que somos... Dois criminosos no crime de amar o impossível...

Neste momento Nephryte vem correndo ao nosso encontro, meu jovem companheiro estava nervoso, suor se acumulava em suas têmporas e seus olhos possuíam algo como um transe.

–- Príncipe, General – havia urgência na voz dele – Uma guerra civil... Acabou de estourar uma guerra civil na superfície!

Uma guerra?

Toda a descontração pelo nosso pequeno pecado desapareceu, troquei um olhar rápido e preocupado com Endymion e corremos para a sala de guerra, lá já estavam Jimmus-sama, Jadeitte e Zoicyte.

–- O que aconteceu?

–- Todos os clãs da superfície estão contra Elysion e Clã do Oeste, o clã de Lady Beryl – Jadeitte nos informa.

–- Como?

–- É uma revolta em massa contra Elysion... – Zoicyte traz alguns papeis – eles afirmam que não é legítima nossa ajuda a superfície... Que desejamos a supremacia do clã do Oeste...

–- O que faremos? – Endymion estava desesperado – Eu pensei que seria algo benéfico...

–- Não adianta lamentar, Endymion – a voz de Jimmus-sama se sobressaiu – Precisamos nos preparar... Elysion não aguentaria um ataque em massa.

–- A primeira coisa a se fazer é trazer o povo do clã do Oeste para Elysion. Precisamos proteger estas pessoas.

–- Isso não é permitido, Jadeitte! – Olhei para Jadeitte com repreensão -- O solo sagrado de Elysion não pode ser contaminado por seres da superfície.

–- O nosso solo já não é mais puro há muito tempo. – Jadeitte olhou acusatoriamente para Endymion – Os Lunares já o contaminaram.

–- General Jadeitte, isso é diferente! – Endymion se defende.

–- Calem-se – eu já estava farto – Precisamos preparar a frente de defesa. Não há tempo para discutirmos isso!

–- Concordo contigo, General Kunzite – Jimmus-sama se posicionou na cabeceira da mesa – Jadeitte junte aliados. Zoicyte proteja as pessoas de Elysion. Endymion, Nephryte e Kunzite preparem-se para proteger o nosso reino!

–- Imperador, imagino que os habitantes da lua poderão...

–- Cale-se, Endymion. – havia muita convicção no olhar de Jimmus-sama – Este é um assunto de Elysion.

Nada pude falar para auxiliar meu mestre, agora somente podia estar à frente da batalha que estava por se formar.

Saio ao lado de Nephryte e Endymion para nos encontrarmos com as tropas.

–- Preciso fazer algo antes de conversar com os soldados, por favor, sigam em frente.

Corro para os meus aposentos, lá preparei uma carta para Lady Venus informando-lhe sobre a situação na terra e implorando que ela não viesse e que cuidasse da princesa.

Após assinar a carta, envio-a por magia para a minha Afrodite.

Não há tempo para observar a carta esvanecer e flutuar pela janela...

Preciso voltar para os outros...

Logo a carta estará nas mãos de minha musa, logo lágrimas banharão os olhos de Venus...

Esta guerra pode significar o fim... Não vou poder ver Lady Venus por tão cedo... é o meu último pensamento quando transponho o portal e corro para a sala de treinamento.