NAMI’S POV

– Então você não vai mesmo contar por que estão atrás de mim...? Ou... Por que eu tenho a estranha sensação que o ataque da tal Alvida no bar tem algo a ver com vocês dois...? – Arqueei uma sobrancelha após a pergunta. De alguma forma, a sentença atual parecia fazer algum sentido, visto que aqueles dois apareceram justamente na hora do ataque da morena e seus capangas.

– Está deduzindo isso apenas por que entramos no bar quase que no mesmo momento...? Estou um pouco surpreendido... Eu pensei que você fosse mais inteligente... – Ele terminou sorrindo cinicamente e aquilo me irritou de forma certeira, afinal... Quem aquele cara pensava que era...?

Não pensei duas vezes e fiz a primeira coisa que me veio em mente...

Me virei de costas vagarosamente... Apenas para agarrar o braço dele num movimento efêmero no ímpeto de jogá-lo para frente com muita força e fazer o corpo dele girar no ar, dando espaço para a ira acumulada dentro de mim após constatar tanto cinismo...

A visão que tive naquele momento foi a do corpo dele colidindo com as coisas que estavam em cima da mesa principal da sala. Naquele momento, corri na direção dele, apenas para aplicar um chute vigoroso naquele rostinho bonito e hipócrita. Porém... No mesmo instante ele bloqueou meu ataque segurando meu tornozelo com as duas mãos e me empurrando para trás.

Foi então que Trafalgar resolveu contra-atacar, lançando uma série de golpes que pude facilmente esquivar.

– Por que você é tão desconfiada...? Acha que sou algum youkai disfarçado querendo te devorar...?

– Não... Na verdade... Você não pode ser um youkai... É fraco demais para ser um... – Após o término da frase, incidi um soco na direção de seu rosto. Pude ver os olhos dele alargarem em surpresa, mas em frações de segundos ele se esquivou, o que acarretou que meu golpe fosse pego na parede, deixando uma pequena rachadura.

– Você é mesmo forte... Acho melhor levar isso a sério... – Replicou em tom de sarcasmo e aquilo mais uma vez me incomodou intensamente.

– Por quê...? Não estava levando desde o início...?

– Bem... Para falar a verdade não estava em meus planos te enfrentar... Mas se esse é o seu desejo... – E mais uma vez os lábios dele se curvaram, apenas para sorrir daquele jeito que me incomodava... Em todos os sentidos...

– Façamos um trato... Se eu vencer, você me diz o que quer de mim e então encerramos essa divergência... Tudo bem...? – Completei imperiosa.

– Certo, mas... E se eu vencer...? – Aquela feição petulante e extremamente pretenciosa me causava uma sensação curiosa. E claro... Por que raios ele disse se ele vencer...?

– Se você vencer!? Me desculpe, mas não há a menor chance disso acontecer... – Contestei com desdém.

– Me desculpe N... Mas há duas possibilidades... Que nós dois possamos vencer, então posso dar a condição caso saia vitorioso...?

– Haha... É até engraçado ouvir isso, mas tudo bem... Pode dizer... – Cruzei os braços em resposta. Aquilo era tão absurdo que tinha vontade de chamar as garotas para ficarem de plateia, apenas para ver a cara de derrotado daquele convencido depois de ser vencido por mim.

– Se eu vencer... – Ele deu uma imensa pausa antes de continuar.

– Se você vencer... – Remedei sarcástica, para ouvir a conclusão logo depois.

– Sairemos para jantar sexta-feira.

Após ouvir tais palavras, abri os olhos mais que o comum e pisquei várias vezes, tentando processar o que Trafalgar havia dito.

– Jantar...? Isso é alguma piada...? – Retorqui perplexa. Provavelmente ele estava tirando onda. Não era possível que estivesse falando sério.

– Apenas diga se aceita ou não, afinal... Essa é a condição caso perca... A menos que... Esteja com medo, é claro... – Trafalgar me lançou um olhar penetrante, como se conseguisse ir além do que eu mesma esperava de mim. Mas aquilo era imperdoável. Depois te tal afronta, seria impossível perder para aquele maldito arrogante.

– Eu aceito. Mas já vou avisando que isso não acontecerá.

– Eu não teria tanta certeza... – E mais uma vez ele sorria majestosamente presunçoso e um tanto sedutor.

Depois de tantos anos passei a sentir coisas diferentes, mas um tanto nostálgicas... Me pergunto como consegui deixar que o trabalho como Wib ficasse em primeiro lugar sobre todas as minhas prioridades, principalmente as pessoais... O que era vida pessoal mesmo...? Eu não sabia mais... O trabalho me consumiu tanto, de forma que tudo o que fazia estava ligado a ele. Inclusive em minhas folgas. Quando saia com as garotas para descontrair, nosso assunto principal era sobre o trabalho e o que deveríamos fazer para executar com perfeição o papel de uma agente de elite.

– E então... Vamos lutar aqui ou em outro lugar...? – Law interrompeu meus pensamentos com a pergunta.

– Vamos para a sala de treinamento especial. Te mostrarei as verdadeiras habilidades de uma Wib. – Terminei de forma soberba.

– Mal posso esperar... – Ele sorriu convicto e de modo esplêndido. Mas em poucos minutos eu arrancaria aquele sorriso insolente de seu rosto.