Forever & Always escrita por SeriesFanatic


Capítulo 24
Quem é Percy Jackson?




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Annabeth acordou no acampamento. Ela teve um sonho estranho de que ficou doente, sua memória virou breu e depois estava no Olimpo tentando defender um garoto que ela mal via o rosto. Ela sabia o nome dele, ou ao menos achava que sabia e ela reconhecia o cheiro dele... mas não sabia de onde. Levantou, escovou os dentes e foi tomar café com os demais irmãos. Ares para varear estava infernizando a vida dos campistas novatos; Tântalo, que havia se livrado de sua maldição e como troca deveria tomar conta do acampamento, estava comendo e bebendo feito um maluco. Annabeth sentia que algo de errado estava acontecendo. Quem era mesmo o diretor das atividades antes de Tântalo? Ela não lembrava. A camisa laranja cheirava a nova, como se fosse recém impressa. Estava escrito Acampamento Meio-Sangue e tinha o desenho do templo de Zeus em baixo. Ela tinha certeza de que havia algo de errado.

– Esses jogos serão demais! – Clarisse exclamou na mesa do chalé cinco. – Aqueles traíras receberão o que merecem!

– É! – os demais do chalé gritaram.

Os Jogos Olímpicos seriam transmitido pela TV Hefesto no anfiteatro e era obrigatório que todos assistissem, como de praxe. Mas Annabeth sabia que tinha algo de errado. Ela tentou falar com o único integrante do chalé três, mas Dylan não gostava dela por ser filha de Atena e fechou a porta na sua cara. Aquilo estava errado. Tudo estava errado e disso, Annabeth tinha certeza. Depois de escrever as cartas para casa, ela foi caminhar na praia e encontrou a chata da Rachel, o Oráculo, conversando com Grover, o sátiro maluco. O que era uma combinação estranha, mas como nada ali estava fazendo sentido, ela resolveu escutar o que eles estavam dizendo, colocou o boné na cabeça e escutou a conversa.

– Estou dizendo, ninguém lembra! – Grover exclamou.

– Isso não é bom sinal. – Rachel disse aflita. – Nem Annabeth ou Clarisse?

– Clarisse quase me eletrocutou com aquela lança. Ela não se lembra de mim. Não lembra nem do Chris. – disse Grover.

– Isso não é bom. Ele foi para os jogos. – Rachel disse.

– Eu sei! O que mais me assusta é que até a Sunny não lembra. Dylan não faz a mínima ideia de quem seja Percy Jackson ou Tyson. – Grover exclamou quase pirando.

Percy Jackson... esse nome... de onde Annabeth conhecia esse nome...? Lhe era familiar, disso ela tinha certeza. Mas não lhe vinha um rosto. Não lhe vinha nada na memória. Apenas uma dor no peito muito forte, quase como se ela tivesse visto essa pessoa morrer sem ter feito nada, mas por algum motivo misterioso, ela não lembrava.

– MEUS DEUSES! O que Zeus inventou dessa vez?! – Rachel exclamou.

– Eu não sei, mas boa coisa não é. Annabeth não se lembra do Percy! – Grover disse.

– Por Afrodite!

Os dois ficaram em silêncio. Só havia uma Annabeth no acampamento. Então ela REALMENTE conhecia esse tal de Percy Jackson... mas de onde?

– Com licença?! – Annabeth disse tirando o boné.

– Por que será que eu ainda me espanto?! – Grover disse levando a mão ao coração.

– Quem é Percy Jackson? – Annabeth perguntou com um nó na garganta.

Grover e Rachel se entreolharam. Havia medo no rosto deles. Clarisse estava perto e deveria estar ouvindo a conversa, pelo que Annabeth pensou.

– Não lembra? – Grover perguntou, com medo.

Ela tentou forçar a memória, mas só lhe veio à imagem de um doce azul. Um cupcake talvez? Não, era gelatina! E não era azul. Mas Annabeth podia jurar que a primeira imagem que lhe veio à cabeça foi um cupcake azul e não gelatina. A imagem da gelatina apareceu meio que por cima da do bolinho, como se estivesse acabado de ser substituída. Como se fosse falsa.

– Ah... não. Só lembro de... gelatina cor de rosa... – ela respondeu meio lerda.

Rachel e Grover se entreolharam. Ela estava dizendo uma fala de High School Musical? Annabeth Chase havia assistido High School Musical? O_o

– Ah... ok... Annabeth… tem… certeza de que está se sentindo bem? – Rachel perguntou delicadamente.

– Tenho! – exclamou a Annabeth de sempre. – Eu acho...

Clarisse se interessou na conversa como Annabeth previu, ela estava mesmo ouvindo. Assim como a “prima”, Clarisse se sentia muito estranha, como se faltasse algo.

– O que foi? – a filha de Ares perguntou se metendo na conversa.

Rachel e Grover se entreolharam de novo. Era melhor que as duas soubessem de uma vez, pouparia tempo. Mas do jeito que Clarisse e Annabeth eram...

– Vocês tiveram suas memórias roubadas. – Rachel disse. – Mas não foram só vocês duas, foi todos no acampamento.

Annabeth deu um passo para trás, Clarisse não pareceu surpresa com essa notícia.

– Foi ordem de Zeus. Todos os meios-sangues que tiveram contato com os “traidores” tiveram as memórias deles apagadas. E bem, os demais só tiveram apagado o geral. – disse Grover.

– Como assim o geral? – Clarisse perguntou desconfiada.

– De que Quíron era o diretor de atividades e não Tântalo. Que o diretor era Dionísio e não Ares. Que houve uma pequena guerra entre Poseidon e Atena e que essa não é uma edição exclusiva dos Jogos Olímpicos. – disse Rachel.

– Nunca houve esses jogos. Nunca houve tributos de cada chalé, com 4 caçadoras representando Hera e Ártemis. Nunca houve um vencedor por ano, que leva a glória total e ganha pilhas e pilhas de dracmas. – Grover complementou.

– E a edição desse ano não é especial só porque é a primeira com os sobreviventes do lado de Cronos e o último recebe perdão e clemência. Essa edição é “especial” por que na verdade é a primeira. – disse Rachel.

O coração de Annabeth ficou muito pequeno. Ela temia pela vida desse tal de Percy Jackson sem mesmo se lembrar do rosto dele. Como isso era possível?!

– Por que Zeus fez isso? – Clarisse perguntou.

– Não sabemos. – disse Grover.

– Mas sabemos de duas pessoas que sabem. – disse Rachel.

– Quem? – Annabeth perguntou temendo a resposta.

– Nico di Angelo e Thalia Grace. Filho de Hades e filha de Zeus. – Rachel respondeu.

Annabeth se lembrava de Thalia, uma garota chata, arrogante que se fazia de rebelde e que no fundo era emo. A única memória que tinha desse tal de Nico era que ele é um bebezão, que vivia chorando e lamentando a morte da irmã Bianca e que era muito irritadinho. Mas uma vozinha quase inaudível no cérebro de Annabeth dizia que essas memórias eram falsas.

– Então... o que faremos? – Clarisse perguntou.

– Não vai questionar? Dizer que somos doidos ou nos bater? – Grover perguntou por precaução.

– Não. Tem esse rosto que não sai da minha cabeça. Esse garoto... eu sei que o conheço. Mas não lembro o nome dele. Mas meu coração doí quando eu tento me lembrar. – Clarisse disse triste.

Annabeth sabia o que ela sentia, pois se sentia assim também. De certa forma, Annabeth invejava Clarisse, pois ela lembrava o rosto do rapaz. Annabeth QUERIA e TINHA que lembrar o rosto desse Percy Jackson. Seu coração precisava disso.

– É o Chris. Chris Rodriguez, filho de Hermes. Ele é seu namorado. – disse Rachel.

Clarisse corou, mas mostrou uma postura valente.

– Vamos atrás desse di Angelo e da Grace! – exclamou a filha da guerra.

– Assim que se fala La Rue! – Rachel sorriu.

– Ah... gente...? Como vamos passar por Peleu? A galera do chalé nove o reprogramou para que ele matasse todos os campistas. Só sai quem tiver assinatura de Ares ou Tântalo. – Grover lembrou.

– Isso não será um problema. Eu irei visitar meu pai amanhã em Nova Iorque, já tenho a permissão. – disse Annabeth.

– Eu sou mortal e você é um sátiro, Peleu não está programado para nos atacar. – disse Rachel.

– Conheço alguém do chalé 7 que é ótima com cópias e falsificações. Ela tem benção de Hermes. Pode deixar, eu sei imitar a assinatura do meu pai. – Clarisse sorriu.

O combinado foi de que eles sairiam antes que todos acordassem em horários diferentes, para não levantar suspeita. Grover saiu de meia noite e Rachel ás três da manhã. Clarisse conseguiu uma falsificação com Sunny e saiu às cinco. Annabeth teve que esperar a hora marcada com Tântalo para ir, pois ia ser escoltada até o hotel em que seu pai estava hospedado com a esposa e os meninos. No jantar da noite anterior, ela havia pedido para Morfeu mandar lhe alguma coisa sobre esse tal de Percy Jackson, mas ele só mandou o rosto da deusa Calipso, que estava de passagem no acampamento e também de um dos pégasos do estábulo, o que não fazia sentido. De manhã, no café, Annabeth foi surpreendida pela pessoa que ela menos queria ver: Andrew Summers, que foi logo lhe tascando um beijo desentupidor de pia.

– Andy, sai. – Annabeth disse afastando ele.

– Que monstro te mordeu?! – ele disse estranhando o comportamento dela.

Do nada, ela parou de sentir repulsa dele e lembrou que eram namorados. Namoravam firme tinha três anos e já tinham ido até pra cama juntos. Ela lembrava que Andrew era o mais perto de perfeição possível para um semideus, que ele era carinhoso, romântico e fazia tudo o que ela queria. Mas o estranho era que antes de vê-lo, ela não tinha memória nenhuma dele. Apareceu como magia.

– Nada, desculpa... – ela disse confusa. – É que... eu tive um pesadelo ruim.

– Calma Annie. Você não está mais na idade de ir pros Jogos. Não precisa mais se preocupar. – ele disse como se eles já tivessem tido essa conversa.

– É. – Annabeth estranhou ser chamada de Annie. – E você tá certo.

– Manda um abraço pro teu pai, tá legal. – ele sorriu com aquele sorriso que nem Afrodite via defeito.

– Pode deixar. – ela respondeu forçando um sorriso amarelo.

Annabeth saiu escoltada por Argos e chegou ao hotel onde o pai estava esperando com os meios-irmãos e a madrasta. Mas não subiu para o quarto deles, disse a Argos que ia ao banheiro e escapou, encontrando Rachel, Clarisse e Grover na lanchonete que haviam combinado.

– Ainda acho que deveríamos falar com Sally. – disse Grover.

– Não, só irá deixá-la mais preocupada. Vamos para o cemitério e seguiremos com o plano. – disse Rachel.

– Vamos fazer o que no cemitério? – Annabeth perguntou.

– Invocar os mortos. Bianca irá nos ajudar a nos comunicar com Nico, com ele, será mais fácil encontrar as Caçadoras. – disse Rachel.

– Mas as Caçadoras irão para os Jogos. – disse Clarisse.

– Como assim? – Rachel perguntou.

– Achei que só os considerados traidores do Olimpo é que iam para os Jogos desse ano. – disse Grover.

– E é. As Caçadoras irão para fazer a segurança e tentar matar quem tentar fugir. Meu pai estava falando isso com Ártemis por mensagem de Íris ontem de tarde. – Clarisse confidenciou.

– Ótimo, isso pode ajudar. – disse Rachel.

– Ficou maluca? Já viu a Thalia atirando arco e flecha? Pois eu já! Melhor que ela só Ártemis e Apolo! – Grover exclamou.

– Relaxa menino bode! Algo me diz que Nico e Thalia NÃO tiveram as memórias apagadas como o restante do acampamento. – disse Rachel.

– Por que diz isso? – Annabeth perguntou.

– Porque do contrário eles estariam lá no acampamento, vivendo como zumbis idiotas como todos os demais. Eles estão fora, devem ter notado que algo ruim ia acontecer. – disse Rachel.

Fazia sentido. De noite eles compraram muito McLanche Feliz (mesmo sem Annabeth entender porque, já que os mortos tradicionalmente eram invocados com sangue) e foram para um cemitério. Enquanto Rachel dizia as palavras, Annabeth teve um pequeno deja vu, ela sabia que conhecia aquelas palavras de algum lugar, só não sabia de onde e lhe impressionou Rachel sabê-las também. Logo o chão foi coberto por neblina, havia meio que umas imagens tremeluzentes que davam calafrio na espinha. Mas Annabeth teve a sensação de que aquela não foi a primeira vez que presenciou uma invocação aos mortos com batata frita, hambúrguer e refrigerante. Uma das formas ficou mais parecida com pessoa e logo Annabeth viu um rosto familiar, sabia que aquela era Bianca di Angelo, mas não sabia mais nada sobre ela.

– Bianca, precisamos que contate Nico. Estamos receosos sobre as mensagens de Íris. – Grover disse quase que gaguejando.

– Fiquei sabendo do que está acontecendo. Hera está maluca de vez. – disse a fantasma.

– Hera? Mas pensávamos que fosse Zeus? – Clarisse estranhou.

– Não. É Hera. Ouvi papai conversar com Deméter. Zeus não queria isso, mas Hera o convenceu e teve a ajuda de alguém do acampamento. – Bianca respondeu.

– Mas Lola está morta. – Grover lembrou. – A última espiã de Cronos morreu.

– Eu sei Grover, mas isso não é sobre Cronos. Ou Poseidon e Atena. Isso é sobre Percy e Annabeth. – disse Bianca.

O coração de Annabeth acelerou. Ouvir seu nome seguido do nome do tal de Percy Jackson deixou seu coração doendo.

– Por causa deles? Por quê? – Rachel franziu o cenho.

– Perguntem a Afrodite. Vocês têm mais aliados do que pensam. Todos os deuses com exceção de Hera, Zeus e Ares estão do lado de vocês. Mas estão certos de não tentaram usar a mensagem de Íris. Luke ouviu um boato de que elas estão sendo ouvidas pelos seguidores de Hera. – disse Bianca.

Em algum lugar no cérebro de Annabeth, ela sabia quem era Luke. Lembrava-se do rosto e da cicatriz que ela achava bonitinha. Mas não havia uma memória ou momento com ele em sua cabeça.

– Tenho que ir. Hades pode estar do lado de vocês, mas Zeus está de olho nele. Vão para a casa de Sally Jackson, Nico encontrará vocês amanhã. Boa sorte meninos. Sem pressão nem nada, mas o destino dos semideuses e dos deuses dependem de vocês. – Bianca disse desaparecendo.

Algumas almas continuavam bebendo a coca cola na tumba. Mas os meninos não ligaram para isso, foram até a casa de Sally e contaram o que aconteceu. Ela e Paul ficaram pálidos, segundo eles, Poseidon apenas mandou Tyson ir lá dizer que Percy estava em missão em nome do pai. Provavelmente ele não quis preocupar Sally, o que foi muito nobre da parte do deus do mar. Mas ainda assim deixou Grover intrigado. Clarisse é que ficou irritando Rachel para saber como ela, uma mortal que só tinha a benção de Apolo, havia conseguido invocar os mortos. Rachel respondeu dizendo que não sabia, mas Annabeth pode ver que era mentira. Antes de dormir e depois que acordou, a loira passou o tempo todo procurando uma foto de Percy Jackson na casa da mãe, mas não achou. Preferiu não perguntar para Sally se ela tinha alguma foto do rapaz, não queria incomodá-la em um momento difícil. Logo depois do almoço, a campainha tocou.

– Nico. – Sally disse abrindo a porta.

– Ei Sally. – Nico disse entrando. – E então galera, prontos para causar uma rebelião contra o Olimpo? – sorriu.


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