Forever & Always escrita por SeriesFanatic


Capítulo 23
Política de terror




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Não demorou para que Percy, Annabeth, Apolo e Hermes avistassem Nova Iorque, para o alívio dos semideuses. Percy não fazia ideia do que ia falar para o pai ou de como ia convencê-lo a concordar com Atena, mas torcia para que Annabeth conseguisse colocar juízo na cabeça da mãe, pois assim ficaria mais fácil, já que ele não tinha ideia nenhuma do que fazer. A parte fácil foi entrar no Olimpo, a difícil foi eles conseguirem andar no local. Não havia sinal algum de semideuses, como nas outras vezes em que Percy esteve lá. E os deuses menores olhavam com desprezo para o casal; podia até ser impressão de Annabeth, mas Apolo e Hermes pareciam curvar a cabeça para os deuses menores. O que era muito estranho. Quase como se eles estivessem com vergonha.

– Há algo errado. – Annabeth cochichou para Percy.

Ele tirou a caneta do bolso, pronto para destampá-la. Annabeth segurou-lhe o braço, quase como que o advertindo a não destampar a caneta, talvez porque seria uma ofensa para Apolo e Hermes depois deles lhe terem salvado a vida. Para a sorte de Percy, Blackjack os acompanhava trotando meio que cansado, mas se houvesse um perigo, ele empurraria Annabeth para o lombo do pégaso e se resolveria com Hera sozinho. Afinal, a senhora dos deuses odiava mais a Annabeth do que ele. A mão de Annabeth deslizou até a de Percy, o que o fez corar, mas também o alertou, ela só havia pego sua mão uma vez fora de uma situação normal de namorados e foi quando eles caíram no Labirinto pela primeira vez. Aquilo não podia ser coisa boa. Então encontraram os 10 Olimpianos discutindo. O que fez Percy engolir em seco.

– Apolo. Hermes. – Zeus disse frio. – Muita audácia de vocês.

Apolo e Hermes não disseram nada, apenas encararam Zeus com o que Percy pensou ser a cara de “Somos rebeldes, papai”.

– Irmão. – Ártemis chamou.

Ok, DEFINITIVAMENTE, havia algo de errado. Para Ártemis chamar Apolo de irmãos? Percy voltou a pegar a caneta no bolso.

– Nem pense nisso Perseus. – Ares advertiu. – Eu te mato em uma fração de segundos.

– Então quer mesmo tentar o melhor de três?! – Percy provocou.

Ares se levantou para fulminar o menino e Poseidon não fez objeção.

– Ares, controle-se! – Afrodite falou séria.

Ares deu um sorriso perverso e voltou a sentar. Nem Clarisse conseguia dar um sorriso tão... maquiavélico quanto aquele.

– O que está acontecendo? – Annabeth perguntou.

– É. Há algo de errado aqui! – Percy disse o óbvio.

Poseidon abaixou a cabeça envergonhado, Atena também. O coração do casal disparou. Atena abaixando a cabeça?! O.o

– ALÔ! SERÁ QUE DÁ PRA NOS DIZER QUE TÁRTATOS ESTÁ ACONTECENDO AQUI???!!! – Percy exclamou.

Apolo e Hermes foram para seus lugares e um silêncio MUITO constrangedor surgiu no local, até que por fim, Zeus falou:

– Chegou ao nosso conhecimento certas... alegações contra você Perseus Jackson.

– Hein?

– Chame como ele deve ser chamado mesmo, meu pai: Jano! – Ares exclamou.

– Ares. – Ártemis o repreendeu.

– Ares nada! Mais tá! O garoto quase nos destronou verão passado e vocês se recusam a chamá-lo de duas caras? Nem mesmo Jano é tão traíra assim! – exclamou o deus da guerra.

– UOU, UOU, UOU! Pera aí! Pausa! Como é a história? Eu salvei vocês ano passado! – Percy disse surpreso. – Zeus até me ofereceu a imortalidade como recompensa!

– Os deuses também cometem erros. – Zeus disse sério.

– Como assim? – Percy perguntou sem entender. – Pai?

Mas Poseidon apenas olhou para os próprios pés, provavelmente desapontado.

– Pai? – Percy chamou num sussurro.

– Podemos ao menos saber quais são as acusações? – Annabeth perguntou dando uma de advogada.

– Annabeth. – Atena chamou. – Não se meta.

– Até que tudo esteja esclarecido, minha mãe, eu irei sim me meter. – ela respondeu firme.

– Não! Não irá! – Atena respondeu mais firme ainda. – Hermes, leve-a até o pai. Agora.

– O QUE?! – Annabeth gritou.

Hermes se levantou. Assim como ele, Ártemis, Apolo, Afrodite, Poseidon e até Dionísio, Hefesto e Hades estavam com o olhar de desapontados.

– NÃO! – Percy gritou se colocando na frente dela. – Eu não voei até o México, enfrentei uma Mantícora no covil dos comedores de lótus, bati perna numa cidade infestada de monstros, caí numa armadilha, quase morri numa sala de caldeiras, quase perdi a perna e quase morri caindo de uma altura de uns cem metros para resgatá-la para quando chegarmos aqui vocês a afastarem de mim!

O rosto de Afrodite pareceu ganhar mais cor, porém ainda assim ela parecia cinza, igual aos demais.

– Eu não ligo para seus sacrifícios, “herói”. – Atena ironizou. – Minha filha irá para onde eu tiver certeza de que ela estará segura. E isso quer dizer ao lado do pai.

– Mãe, eu já tenho 17 anos, a senhora não pode decidir nada por mim. – Annabeth exclamou.

– 17 ainda é menor de idade então sim, eu posso. – justificou. – Hermes.

Hermes caminhou até eles e segurou Annabeth pelo braço, puxando-a para fora dali.

– ME SOLTA! – ela gritou.

Percy destampou Contracorrente e tentou acertar o deus, mas ele desviou com facilidade.

– Hermes, solte a minha namorada! – Percy bradou.

– Lamento Percy, eu gosto de você, é sério. Mas Atena está certa, como sempre. Você é perigoso para Annabeth. – ele disse levando a menina para longe.

– SABIDINHA! – gritou, mas as videiras de Dionísio o mantiveram no local.

– Acalme-se menino. – disse Dionísio.

– ME ACALMAR? LAMENTO SR. D, MAS VOCÊS ACABARAM DE SEQUESTRAR MINHA NAMORADA! – gritou. – Estão todos hostis comigo! Meu pai mal me olha na cara e vocês querem que eu me acalme? POR QUE NINGUÉM ME CONTA O QUE ESTÁ ACONTECENDO?!

Ninguém respondeu.

– Percy... foram encontradas provas de que... – Ártemis começou a dizer.

– De que? – ele perguntou com raiva.

– Atena, por favor continue, eu não consigo. – Ártemis pediu.

Atena concordou com a cabeça e Percy não precisava ser a Rachel para saber de aquilo não era boa coisa.

– Foram encontradas provas do seu envolvimento com o Titã Cronos. Você, Perseus Jackson, era o segundo informante do acampamento juntamente com Silena Beauregard. – ele disse sério.

– QUE? MAS ISSO NÃO É VERDADE! – ele gritou.

– Acalme-se Percy. – Apolo pediu.

– Me acalmar? Por que você e Hermes não disseram nada? – exclamou.

– Porque torcíamos para que Zeus tivesse o bom senso de não acreditar nas acusações. Mas quando Hermes e eu vimos as reações dos deuses menores... lamento muito Percy. De verdade. – o deus respondeu.

– Pai! – Percy implorou. – Eu NUNCA trairia o Olimpo! O senhor sabe disso! O senhor confia em mim! Do contrário não tinha se responsabilizado por Bessie!

Poseidon não conseguiu olhar o filho nos olhos.

– Percy, eu confio em você da mesma forma que todos aqui confiam, meu filho, mas as provas... – ele respondeu com dor.

– PROVAS PODEM SER FALSIFICADAS! – Percy se estressou.

– Abaixe o tom mocinho. – Hera disse friamente. – Você está falando com seu pai, não com um mortal.

Percy já estava saturado. Não só de Hera (bem, dela também), mas de tudo. Ele achou que com o fim da profecia ia ter sossego.

– Seja lá quais forem essas provas eu tenho toda certeza de que preciso de um advogado. – Percy disse respirando fundo. – E eu quero Annabeth Chase, filha de Atena, como minha advogada.

– Lamento Percy, mas as provas são incontestáveis. – disse Hefesto.

– Todos tem o direito de defesa! – Percy correu para os pés de Atena. – Eu sei que você me odeia e não lhe tiro a razão, mas você é a deusa da justiça. Todo acusado tem o direito de defesa.

Atena fingiu que o menino não disse nada. Com exceção de Ares e Hera, os demais deuses pareciam devastados com a notícia. Até Dionísio. Hades nunca foi um tio legal a ponto de mandar presentes no aniversário dele, mas até ele parecia chocado. Até Zeus.

– Qual é gente... e aquela história de que “todos são inocentes até que se provem o contrário”? – Percy disse quase sem fôlego.

Ninguém respondeu. Atena poderia odiá-lo, mas Percy ficou pasmo ao ver que ela ia deixar uma injustiça como essa ser feita.

– Perseus, sabe como era jogado o Pancrácio na Grécia Antiga? – Hera perguntou.

Percy, que já estava hiper saturado, se invocou com a tia e com Atena e respondeu:

– Tenho cara de filhote de coruja?!

Ele pode jurar que viu Apolo, Ártemis e Afrodite segurando o riso.

– O Pancrácio era uma combinação entre a Luta e o Pugilato, sendo mais violento. Algumas vezes ocorriam mortes. – Hera disse ignorando a resposta do rapaz.

– Essa era a melhor parte! – Ares sorriu, animado.

– Vocês semideuses se esqueceram do que os deuses são capazes. Acham que podem fazer o que bem der na mente que não serão mais punidos ou usados de exemplo como antes. – Hera continuou. – Mas isso está prestes a mudar.

– Se acha que matar um inocente achando que ele é culpado é um exemplo pros demais meios-sangues, então vá em frente titia! Pode me matar! Tenho certeza de que Hades irá amar minha companhia pelo resto da eternidade! – Percy zombou.

– Não meio-sangue, não iremos matá-lo. – Hera respondeu com uma voz de sociopata. – Matá-lo não ia ser exemplo para os demais de sua espécie. Iremos fazer algo pior.

O coração de Percy parou. Ares estava sorrindo como se fosse ganhar um presente novo super irado de natal. Pela cara de maluca de Hera, Percy desejou que Tique não tivesse abençoado Blackjack e ele tivesse morrido na queda.

– Os Jogos precisam voltar. Antes era só uma diversão e uma forma de nos homenagear. Principalmente a Zeus e a Apolo. Mas agora, pequeno semideus, terá outra função. – Hera sorriu estilo Hannibal.

“Por favor, que ela não tenha lido Jogos Vorazes ou assistido nenhum dos Jogos Mortais!” Percy pensou.

– Você e os demais sobreviventes do lado de Cronos irão para o novo e melhorado Jogos Olímpicos. – disse Hera. – Onde o último sobrevivente receberá perdão pela traição de se juntar ao Titã do Tempo.

“Di Immortales, ela leu Jogos Vorazes!” Percy pensou.

– Eu juro pelo rio Estige, eu nunca trairia o Olimpo! – Percy disse firme.

– De verdade Percy, eu espero que você sobreviva. E você carrega a maldição de Aquiles, o que te faz mais forte que os outros. – Hera respondeu.

– Pai?! – Percy implorou.

Poseidon continuou encarando os próprios pés.

– Como pode? – Percy perguntou sendo levado dali por deuses menores. Lágrimas escapavam dos olhos, a garganta ardia, a perna ainda doía, mas a traição de Poseidon doía mais.

Percy e os outros 23 sobreviventes do exército de Cronos foram mandados para uma casa imensa, o lugar era lindo, mas impossível de fugir. Percy tentou por diversas vezes usar mensagem de Íris, mas um filho de Hefesto disse que a deusa estava proibida de atender aos pedidos deles. Percy terminou encontrando Nicholas, que sabia um pouco do que havia ocorrido, pois a agitação foi geral no acampamento.

– Alguém deixou um envelope no serviço de entrega de Hermes direcionado a Zeus, pelo que Quíron falou, continham provas de que você esteve trabalhando para Cronos assim como aquela menina do chalé de Afrodite. Que vocês eram amantes e que você e Luke ensaiaram tudo para que ele cometesse suicídio para que os deuses pensassem que tudo estava bem, mas que Cronos, na verdade, ia era tomar conta do seu corpo e pegá-los desprevenidos. – Nicholas revelou.

– MEUS DEUSES! – Percy exclamou estupefato. – Que...? Essa é a história mais sem pé nem cabeça que eu já ouvi!

– Mas Zeus acreditou. Ele ficou uma fera. Atena e Poseidon até cessaram a luta com essa história.

– Não é verdade! NADA DISSO É VERDADE!

– Eu sei Percy, eu acredito em você. Quíron também. O acampamento inteiro acredita.

– Mas o importante é Zeus acreditar!

– Eu sei. Se serve de consolo, com exceção de Ares, Hera e Zeus, os demais deuses acreditam em você também.

– Como você sabe disso?

– Quíron nos contou antes que Hermes chegasse lá para me pegar. Estão dizendo que os Jogos Olímpicos será transmitido pela TV Hefesto.

– Que maravilha! A morte de todos será transmitida pro acampamento!. – disse Percy sarcástico.

– Pra todo o acampamento, pra todo o Olimpo e até para os lugares mais distantes, tipo Rancho Triplo G e os deuses espalhados pelo mundo. Assim como os semideuses espalhados pelo mundo. Será uma "boa lição" como Hermes "disse super animado" para dizer o contrário.

Percy começou a roer suas próprias unhas.

– Isso é Jogos Vorazes DEMAIS pro meu gosto! – ele exclamou.

– Concordo. Mas não há nada que possamos fazer. – disse Nicholas.

– Nós talvez não, mas quem sabe nossos amigos no acampamento...

– Percy, não há como mandar uma mensagem de Íris para eles.

– Eu sei! Mas será transmitido para o acampamento certo? É só pedimos para que eles se revoltem contra os deuses.

– Ô Katniss. Estamos falando dos Olimpianos! Que estão sendo liderados por Ares e Hera! Não há dupla pior que essa!

– Não precisam desafiá-los! Basta apenas que eles mostrem que isso está errado. Que sem os semideuses, os deuses não são nada. Sem nós, os deuses irão ficar no esquecimento.

– Com essa política de terror que estão fazendo, eu não acho que os semideuses se esquecerão do que os pais são capazes de fazer.

– Como assim “política de terror”?

– Tântalo voltou pro acampamento, Zeus mandou dizer que os serviços de Quíron e sua imortalidade não serão mais necessários. Ares irá substituir Dionísio como diretor. Quero nem pensar no tártaro que o CHB irá virar! – Nicholas disse evidentemente assustado.

O coração de Percy ficou menor que um grão de areia. O que estava acontecendo com os deuses? Como chegaram a esse ponto? Já não haviam aprendido que ignorar os filhos era algo ruim? Porque foi o que deixaram transparecer após a morte de Luke. E agora queriam adotar os métodos paternais de Cronos e matar os filhos? USEM CAMISINHA ENTÃO! Oras! Mas daí a irem do extremo de pais que reclamam os filhos e os mandam pro acampamento para que eles sejam treinados e não morram a BORA MANDAR OS TRAIDORES PRA ARENA E TOCAR O TERROR NO ACAMPAMENTO... o que havia de errado com os Olimpianos afinal?


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