Percy, Thalia, Clarisse e Nico chegaram à Cidade do México lá pelo crepúsculo, nenhum deles tinha certeza da hora porque, geograficamente falando, o por do sol acontece em horários diferentes no mundo todo. A parte fácil foi aterrissar a difícil foi conseguir se guiar pela cidade.

– Alguém aqui fala espanhol? –Nico perguntou.

– Eu sei como é “Oi” e “tem comida?” serve? – Clarisse respondeu.

– Ah... acho que deveríamos ter pensado nisso antes de partimos. – Thalia falou.

– Há essa hora não vamos conseguir falar com o acampamento por mensagem de Íris! Teremos que nos virar. – Percy exclamou.

– Gente qual é, deve ter alguém aqui que saiba falar inglês! – Clarisse raciocinou.

– Com sorte a gente acha essa pessoa. – Thalia disse de mau humor.

Os quatro saíram perguntando em inglês onde eles podiam achar uma pousada ou coisa do gênero, um cara que falava um "espanglês" muito ruim indicou um albergue numa tal rua que foi um inferno achar, já que ninguém entendia as placas. Quando perguntavam também sobre a tal praça, ninguém nem entendia o que eles queriam dizer. Segundo os cálculos de Thalia, eram umas onze da noite quando eles desistiram de tentar achar alguma coisa.

– Tá legal, da próxima vez a gente trás um semideus que fale espanhol! – Nico comentou.

– Ou um sátiro. – Percy sugeriu.

– Os molengas aí vão ficar reclamando ou vão tentar fazer alguma coisa? – Clarisse provocou.

– Não enche Clarisse. – Percy respondeu.

– Acha que se fizermos alguma oferenda a gente pode receber ajuda? – Nico sugeriu.

– De quem? – Percy e Clarisse exclamaram.

– Sei lá! Deve ter algum deus que fale espanhol certo? A galera de Afrodite fala francês. – ele justificou.

– É, porque o francês é a língua do amor. – Clarisse lembrou.

– E o espanhol é a língua do que? – Percy coçou a cabeça.

– Ah... sei não. – Clarisse disse.

– Língua do México?! – Nico chutou.

– E da Argentina e de 95% dos países da América do Sul. – disse Thalia.

– Cara, eu queria tanto ir ao McDonalds agora. – Nico reclamou.

– Alguém me explica como é que esse menino ainda é magro desse jeito? – Clarisse disse ríspida.

Percy segurou o riso enquanto Nico fez uma cara emburrada.

– É isso! – Thalia exclamou.

– O que? – Percy perguntou.

– A gente tá no subúrbio, se formos pro centro com toda certeza acharemos alguém que fale inglês. Ainda mais se for num hotel. – Thalia sorriu.

– Thalia, deve ser meia noite e você quer que andemos até o centro? Somos adolescentes! É um milagre ainda não termos sido assaltados! – Percy disse sensato.

– O que foi Jackson? Tá com medo de ficar de castigo por não chegar em casa na hora que a mamãe mandou? – Clarisse riu.

Clarisse saiu rindo enquanto Percy e Nico foram arrastando os pés, ele estava com sono, mas era Annabeth.

– Como é que você tá? – Nico perguntou.

– Respirando. – Percy respondeu, ele realmente não sabia o que sentir.

Clarisse e Thalia iam conversando mais a frente, a filha de Zeus confessou que estava doida para voltar à Caçada, que sentia falta das irmãs, de ser líder e de sair por ai atrás de monstros. Percy ouviu uma confissão estranha vindo de Clarisse, primeiro porque ele não sabia que ela e Thalia eram tão próximas assim e segundo porque era Clarisse, ela não falava de sentimentos.

– Ártemis não pode mais me chamar para a caçada. – Clarisse disse quase num sussurro e com as bochechas corando.

ATÉ CLARISSE NÃO ERA MAIS VIRGEM! Percy precisava fazer algo a respeito quando voltasse.

– Nico... ah... porque você foi pro acampamento esse ano? – Percy perguntou tentando desviar o assunto “sexo” da sua mente. – Quero dizer, você mesmo disse que não ia para lá porque não se sentia aceito.

O menino deu de ombros, parecia tímido, alguma coisa no rosto dele fez Percy se arrepender da pergunta.

– Eu... acho que tô a fim de uma menina. – ele deu de ombros.

– Isso é bom.

– É... eu acho... bem... não sei... não é só dessa menina, sabe... eu... tô a fim de várias...

Percy franziu o cenho. Óbvio que ele não entendeu.

– Ah sei lá Percy! Eu só... quero arrumar uma namorada. Sei que não sou bem aceito no acampamento e na boa, não ligo pra isso, mas... cansei de ser sozinho.

Percy queria dizer alguma coisa, não sabia como alegrar o amigo. Eles seguiram em silêncio até chegarem a um hotel com um letreiro bem iluminado em néon vermelho que se lia LOTEH ROLF OTOL.

– Alguém tá entendendo o letreiro? – Percy perguntou.

– Só conseguir identificar a primeira palavra: Hotel. – Clarisse respondeu.

– Tá ótimo pra mim! – Nico deu um leve sorriso, o que era muito vindo dele.

Os quatro entraram no hotel e tiveram sorte do gerente falar inglês.

– Estão no centro sim. – ele respondeu, tinha um sotaque pesadíssimo.

– Sabe onde fica essa praça? – Percy mostrou a foto da tal praça que os Stolls acharam na internet, mas não tinha o endereço.

– No fim da rua, dobre na segunda a direta, siga em frente até o sinal e encontrará uma encruzilhada, de lá vocês conseguirão ver a praça. – o homem disse.

– Valeu. – disse Nico,

– Gente, já que estamos aqui porque não vamos dormir? – Thalia sugeriu.

– É, meus pés tão me matando! – Nico reclamou.

– Não! Estamos perto, não vou deixar Annabeth sozinha nesse frio. – Percy disse sério.

– É um ato nobre Jackson, mas precisamos dormir. – Clarisse respondeu sem paciência.

– Acho que tenho o bastante para pagar pela diária. – Nico disse tirando as notas da mochila.

Onde Hades aquele menino conseguiu tanto dinheiro? Isso realmente não importava, eles descolaram uma suíte quadrupla que tinha até uma fonte no meio, isso serviu para mandarem uma mensagem de Íris, usando Contracorrente, dizendo que chegaram bem e perguntar se tinha como Quíron ajudar com a questão do idioma.

“Lamento, não conheço nenhum objeto mágico que os ajudem.” Ele disse.

– Nem um encanto ou coisa do gênero? – Thalia perguntou.

“Não, mas tem um semideus que não mora muito longe de onde vocês estão, o nome dele é Gastón, ele pode ajudá-los.”

– Esse não é o nome do vilão da Bela e a Fera? – Nico indagou.

– Filho de quem? – Clarisse ignorou o menino.

“Hermes. Só diga que você namora Chris, tenho certeza que ajudará. Já pedi para Chris falar com ele, não se preocupem, vocês terão ajuda.”

– Obrigado Quíron. – os quatro agradeceram.

Eles foram dormir, a cama era extremante confortável, Percy nunca deitou numa cama tão boa como aquela e dormiu logo, em seu sonho ele viu Luke em frente à entrada do hotel.

“Luke?” Percy chamou.

“Há algo errado aqui.” Ele respondeu encarando o letreiro.

“Como assim?” Percy franziu o cenho.

“Olhe” ele disse apontando para o letreiro do hotel com a cabeça.

As letras não estavam mais trocadas, agora era grego e Percy entendeu o nome do hotel, ficou com frio no pé da barriga.

“Não deixe a história se repetir Percy. Saia antes que você perca muito tempo. Annabeth precisa de você.”

“Mas Luke... como você...?”

“Estou aparecendo nos seus sonhos? Bem, uma vez eu prometi a Annabeth e Thalia que éramos uma família. Eu falhei Percy, mas não irei falhar de novo. O mínimo que posso fazer é te alertar. Te guiar. Por favor, salve minha família Percy, eu confio em você.”

“Luke...”

Luke começou a andar para longe e Percy não conseguiu se mover.

“Você foi um herói, Luke.” ele disse quase que num sussurro.

O semideus virou, deu um sorriso alegre e desapareceu como uma névoa, Percy acordou e foi logo puxando Nico para fora da cama.

– Mais cinco minutinhos Bianca... – ele disse quase roncando.

– NICO! – Percy gritou.

– EU NÃO QUERO MAIS CEREAL DEMÉTER! – Nico gritou e jogou o travesseiro em Percy.

– Não sou Deméter! Sou o Percy! ACORDA MOLEQUE! – ele bateu com força usando o travesseiro.

– QUE FOI?! – Nico disse acordando assustado.

– Arrume suas coisas, vamos sair daqui! AGORA! – gritou.

– Por quê? O que aconteceu?

– Estamos no Hotel Flor de Lótus.

Nem precisou falar mais nada, Nico arrumou as coisas o mais rápido que pode e eles foram acordar as meninas, os quatro desceram na carreira, mas não acharam a porta principal.

– Eu podia jurar que tinha uma porta onde tá essa parede. – Clarisse resmungou.

– Isso não é bom, nada bom. – Thalia pegou uma flecha.

– Já estão indo? Mas estão aqui não tem nem três dias. – disse o gerente, chegando.

– Pois é né, sabe como é, temos uma reunião com o Senhor Titã do Tempo e não posso fazer essa desfeita com meu próprio avô. É rude! – Percy disse sarcástico.

Ele realmente não via Cronos como avô (mesmo ele sendo), mas o TDAH falou mais rápido e ele disse a besteira. Percy nem havia parado para pensar que, de certa forma, Quíron era seu tio.

– Vocês não irão sair daqui nem tão cedo, jovens semidioses. – disse o gerente.

– Ô coisa ruim, inglês tá! – Clarisse reclamou.

A pele do gerente começou a borbulhar.

– RUN BITCH, RUN! – Percy gritou.

Os quarto se separaram e se esconderam, o hotel que antes parecia apenas um hotel agora tava mais para um labirinto, era diferente do Hotel e Cassino Lótus em Las Vegas, talvez porque o Las Vegas também era um cassino, mas isso realmente não importava. Percy destampou Contracorrente e esperou ouvir alguma coisa, mas tudo ficou quieto. Ele então ouviu os gritos de Nico e Thalia e correu até onde achou que tinha ouvido, quase que esbarrou em Clarisse. Ela apontou para uma porta de madeira e eles abriram, Nico movimentava a espada para que a Mantícora parasse de atacá-los, Thalia também tentava acertar o animal. Percy e Clarisse nem precisaram se comunicar, os dois atacaram juntos, mas o rabo do animal os empurrou conta a parede.

– A GENTE DEVIA TER IDO ATRÁS DA ANNABETH! – Thalia gritou.

– VOCÊ ACHA?! – Nico respondeu sem paciência.

A Mantícora investiu contra Thalia e Nico, mas Clarisse conseguiu atingir o bicho com sua lança e ele recuou, ainda faltava o golpe final.

– Direita? – Percy deu um sorriso.

Clarisse assentiu, enquanto o animal protegeu seu lado direito com Clarisse e Nico fingindo que iam atacar, Percy e Thalia atacaram com tudo o lado esquerdo, transformando a Mantícora em pó. Os quatro saíram dali e logo encontraram a tal praça, mas nenhum dos mendigos era Annabeth.

– Como você descobriu Percy? – Nico perguntou inquieto.

– É?! Cara, aquela placa chega tava dando dor de cabeça. – disse Clarisse.

– Luke apareceu em meu sonho. – ele confessou.

Os demais ficaram em silêncio, Thalia engoliu em seco.

– Ele disse que ia me guiar, que falhou em proteger a família, mas que confiava em mim para isso. – disse olhando Thalia.

Ela deu um leve, porém triste sorriso.

– Bem, vamos? A Sabidinha está esperando por nós. – Clarisse disse tentando desviar os demais de pensamentos tristes.

Eles continuaram andando em direção ao que era o endereço do tão Gastón, na esperança de que conseguissem encontrar Annabeth logo.