Percy estava receoso com o plano e de certa forma, ele não queria ir por causa da traição de Annabeth, mas sua preocupação com o bem estar dela era tão grande, que ele concordou com a ideia de Sunny. Tyson e Dylan dariam cobertura caso Sr. D (por algum milagre) inventasse de saber onde estavam os campistas. No primeiro raiar do dia, Percy, Rachel, Grover, Thalia e Sunny já estavam na estrada, com um carro mandado pelo pai de Rachel.

– Meus pais não entenderam muito bem essa história de “Oráculo”, na verdade, eles até acham que eu sou doida, mas como estou dando menos trabalho que antes, eles acham que o acampamento é algo legal para mim. Mesmo que eles não lembrem direito da minha existência. – ela disse enquanto eles estavam na limusine.

– Se formos pegos, iremos ter que lavar a louça do acampamento! – Grover exclamou.

– Deixa de pessimismo menino bode! – Thalia brincou.

– Pessimismo nada! Realismo! Tyson suporta aquela larva toda, eu não! Sou sensível. – Grover disse.

– Quer parar de reclamar?! – Thalia exclamou.

Enquanto Thalia tentava fazer Grover calar a boca, Rachel e Sunny estavam conversando sobre arte; Percy não conseguia parar de pensar em Annabeth. Mesmo que o beijo dela em Andrew não saísse de sua mente, o coração dele dizia que continuar até conseguir protegê-la era o certo a se fazer. Não demoraram muito para chegar a um dos hospitais mais importantes de NY, quando entraram, Thalia fez uma careta assim como Percy e Grover por causa do cheiro típico de hospital.

– Sério que vocês não gostam desse cheiro? – Sunny riu.

– Existe alguém que goste de cheiro de hospital? – Rachel perguntou cobrindo o nariz com a camisa.

– Eu! – Sunny riu.

– Só filha do deus da medicina mesmo! – Thalia disse apertando o botão do elevador.

– Tá ok, boa sorte vocês dois. – Grover disse.

– Tentem não explodir o hospital. – rRachel riu.

– Estão no vigésimo andar, Annabeth e Nico estão dividindo o quarto 20201. Boa sorte. – Sunny disse.

Rachel, Sunny e Grover voltaram para a limusine rumo ao Empire State, enquanto Percy e Thalia entraram no elevador, que para a sorte deles estava vazio.

– Tudo bem Percy? – ela perguntou.

– Uhm hum. – respondeu sem ânimo.

– Quando a Annabeth melhorar você conversá com ela. Agora é só para saber se ela estar bem. – Thalia disse.

– Eu sei. – manteve-se nas monossílabas.

Thalia não disse mais nada. Eles demoraram a encontrar o quarto e quando eles encontraram, Nico estava trocando os canais da TV, irritado com o controle e com uma aparência muito boa, enquanto Annabeth dormir feito um anjo.

– Vocês não podem entrar nesse quarto sem autorização. – disse a enfermeira.

– Mas são nossos amigos. – Percy disse.

– Lamento, só família entra sem autorização. – ela disse.

– Mas Nico é nosso primo! – Thalia exclamou.

– Primo? – perguntou a enfermeira sem acreditar.

– É. O pai dele Ha... Haroldo, é o irmão mais velho dos nossos pais Po... Potter e Ze... Zéfiro. – Percy disse.

– Zéfiro, Potter e Haroldo?! – a enfermeira levantou uma sobrancelha sem acreditar neles.

Thalia quase deu um chute na perna de Percy.

– Tudo bem, Candice, eu os conheço. – disse uma médica chegando ao encontro deles.

– Doutora, tem certeza de que esses aí não fugiram da área psiquiátrica? – a enfermeira perguntou.

– Tenho sim. Pode deixá-los comigo. – a médica disse com um sorriso lindo.

Pelo sorriso, Percy sabia que ela era a mãe de Sunny, também porque a menina era idêntica a ela. Talvez fosse por isso que a doida não fosse parecida intelectualmente com o resto dos irmãos, porque até fisicamente, ela não lembrava Apolo. A médica apontou para o quarto e os três entraram.

– PERCY! THALIA! – Nico gritou de alívio, ele estava sentando na cama. – É TÃO BOM VER VOCÊS!

– E aí Gasparzinho! – Thalia brincou.

– Como chegaram aqui? Quíron disse que ninguém fora nossa família iria nos visitar. – Nico exclamou.

– Ei, somos seus primos, menino McDonald’s! – Percy brincou.

– Ei, é mesmo né! – Nico sorriu e por um breve momento, parecia ser o mesmo de antes da morte de Bianca.

– Doutora Walker, já sabem o que eles tem? – Percy perguntou.

– Acho que você deve ter dislexia. – a médica disse pegando o crachá que estava em seu peito e deu para Percy ler.

As letras pareciam espaguete, mas depois de uns segundos Percy leu que o sobrenome dela era “Blanchard”.

– Hayley Blanchard. – Percy leu.

– Alison me disse que lhe contou sobre o passado dela, quando me casei, adotei o sobrenome do meu marido. – a médica sorriu.

Percy pode ver o que Apolo gostou nela, além do fato de que ela cheirava e MUITO a hospital. Tinha um sorriso muito bonito e parecia ser muito inteligente.

– Seus amigos estão bem, acho que no máximo amanhã à tarde terão alta. – ela disse.

Um peso do tamanho do mundo sumiu das costas de Percy e para quem já havia segurado o céu, comparação é aceitável.

– Alguma ideia do que foi? – Thalia perguntou.

A médica explicou, mas foi como chinês para Percy. Pelo que ele entendeu, era um vírus antigo e que o homem (no caso, as pessoas que não enxergam através da névoa, pessoas normais ao longo da história da humanidade) havia encontrado a cura tinha certo tempo.

– Se era só um vírus, porque causou tanto alvoroço? – Percy perguntou.

– Bem... ele é meio raro. É como catapora, era comum e depois meio que “foi extinto”. – a médica tentou explicar.

– Quando é que ele foi comum? – Nico perguntou.

– Renascença, se eu não me engano. – ele respondeu ela.

– Vishe... – Nico se espantou.

– Bem, eu vou ver os outros, até mais. – a médica disse saindo e fechando a porta do quarto.

– Vocês não fazem ideia do quão bom é ver vocês. – Nico sorriu. – Aqui é chato, tem esse cheiro ruim de hospital e Annabeth passa a maior parte do tempo dormindo.

– Mas ela tá bem? – Percy pergunto.

– Tá, só parece que recebeu benção de Hipnos ou coisa assim. – Nico disse dando de ombros.

Percy olhou para Annabeth, ela parecia normal, como se estivesse apenas dormindo e nunca tivesse ficado doente. Ele contou a Thalia e Nico o que Sunny descobriu e sobre a conjuração de doença.

– Eu já tinha ouvido falar nisso. Algumas pessoas podem fazer, mas é perigoso. – Nico disse.

– Como assim, perigoso? – Percy perguntou.

– Deixa sequelas. – Annabeth disse acordando.

O coração de Percy parou, ele estava com muita raiva para olhá-la nos olhos.

– Isso é bom! Vai nos ajudar a encontrar o desgraçado! – Thalia se animou.

– É! Mas quem é que iria querer conjurar um vírus? – Nico disse.

– Realmente... não faz muito sentido. – Annabeth respondeu.

Ela queria matar Percy pela traição da mesma forma que ele queria matá-la. Dizem que quando duas pessoas querem se matar, é porque tem algum sentimento embutido. Talvez seja por isso que Afrodite e Ares tem um caso. Não demorou muito o debate sobre os motivos para que uma mensagem de Íris surgisse no meio do quarto.

“Percy, Thalia... O que vocês estão fazendo no hospital?” disse Quíron.

Percy pode ver Apolo e Zeus atrás de Quíron, enquanto Sunny, Grover e Rachel pareciam que iam vomitar.

– Ah... horário de visita da família. – Thalia sorriu com culpa.

“Os filhos dos três grandes juntos fora do acampamento é muito perigoso!” o centauro exclamou.

– Precisamos ver como eles estavam! – Percy justificou.

“Isso não desculpa Percy! Vocês podem ser atacados por qualquer monstro! E num hospital cheio de humanos doentes...”.

– Quíron, se lembra do meu sonho? – Percy disse antes que o centauro começasse com a bronca.

“Lembro Percy, mas isso não é justificativa para...”.

– Não vou deixar que machuquem Annabeth! – Percy disse firme.

Quíron analisou o rosto determinado do garoto. Percy sentia que seu coração parecia um grão de feijão, enquanto Annabeth queria pegar um bisturi e rasgar o braço dele. Como é que ele ousava a dizer uma coisa dessas depois de tê-la traído com Calipso? O.o

“Rachel, Sunny e Grover irão voltar agora para o acampamento e vocês irão juntos. E podem se preparar para o castigo que Dionísio vai escolher!” Quíron disse encerrando a mensagem.

Ao chegarem ao acampamento, Percy e Thalia foram obrigados a lavarem a louça pelo resto do mês enquanto Grover, Rachel e Sunny ficaram encarregados de limparem os estábulos. Sr. D até achou graça na “travessura” deles. No jantar, Percy agradeceu a Apolo e Atena e não quis nem saber o que os amigos descobriram no Olimpo. Ao dormir, Percy teve um dos piores sonhos da sua vida. Não era um bebê coruja e sim Annabeth, sendo atacada pelo feroz grifo. Percy só via as silhuetas deles, mas Annabeth gritava e chorava muito, Percy sentiu até o cheiro de sangue enquanto o animal atacava a Sabidinha. Ele gritava e tentava se mover para salvá-la, mas seus pés estavam presos ao chão. O grifo então começou a mudar de forma e se tornou Luke, mas não era Luke e sim Cronos no corpo de Luke. Só que parecia Jano, o lado direito estava gostando de quase matar Annabeth e o esquerdo era o velho e legal Luke, chorando por estar machucando Annabeth.

"Percy." disse o lado direito. "Isso é por ter me derrotado!"

A gargalhada deixou Percy paralisado, a voz de Cronos ficou ecoando por sua cabeça.

"Percy, ele quer vingança!" alertou o lado esquerdo."Proteja Annabeth"

Percy acordou com Tyson o chacoalhando e chamando seu nome, a luz do sol queimando seus olhos.

– Percy! Percy! Percy! – Tyson o chamava.

– O que?! – ele gritou assustado.

– Você estava gritando. – disse Tyson.

Percy se sentou e respirou fundo, ele sentia vontade de vomitar.

– Que horas são?

– Dez. Você dormiu muito essa noite. – Tyson disse. – Tentei te acordar de manhã, mas você roncava muito.

Percy conseguiu regularizar sua respiração, ainda assim ele se sentia muito mal.

– Annabeth! – Percy exclamou, levantando de supetão.

– Ela está no hospital, Percy. – Tyson disse.

– Não ligo! – ele disse colocando uma calça jeans.

– Quíron não vai deixar você ir vê-la! Você já está de castigo. – Tyson lembrou.

– Tyson, eu sei o que está acontecendo! É Cronos! Ele quer se vingar de mim e vai tentar matar Annabeth! – ele disse terminando de calçar o tênis e saindo do chalé.

Percy correu mesmo sem camisa até a casa grande e contou a Quíron e Sr. D sobre o sonho.

– Faz sentido. – disse Quíron. – Por isso que Apolo achou muito estranho alguém conjurar um vírus tão antigo assim.

– Precisamos fazer alguma coisa! – Percy exclamou.

– Acalme-se Peter Johnson. Argos está com a Annie Bell. – disse Sr. D.

– CRONOS ESTÁ TENTANDO MATAR MINHA NAMORADA! EU NÃO VOU ME ACALMAR! – Percy gritou, estressado.

– Olha como fala comigo, semideus! – Dionísio disse se levantando com raiva.

– Acalmem-se! – Quíron disse. – Percy, garanto que Annabeth está segura!

Percy passou a mão pelo rosto, nervoso.

– Ei gente! – Nico disse.

Percy se virou e viu ele, Annabeth e os demais entrando no acampamento. Ele correu para abraçá-la.

– Achei que fosse te perder! – ele disse com o coração aliviado.

Annabeth desfez o abraço e deu um soco na cara dele.

– Você já me perdeu imbecil! – ela disse com raiva.

Ela caminhou em direção ao chalé de Atena.

– Depois que vocês saíram ontem, ela só falava dos beijos que você deu na Calipso. Cara, mulheres são chatas! – Nico reclamou, mórbido.

Percy poderia resolver o mal entendido mais tarde, naquele momento a única coisa que importava era que Annabeth estava viva. O resto poderia ser resolvido depois. Ainda tinha a questão de qual campista servia a Cronos, mas Percy tinha certeza de que ia ser fácil encontrar, por causa das tais sequelas. Ele confiava em Quíron para localizar o traidor.