Obsession escrita por Isabelle Masen


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

agradecimentos à Mei e ShawtyBlack que mandaram reviews *-*



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Enquanto andava, meus cabelos insistiam em ir em meu rosto por causa da ventania. O pôr do sol estava realmente quente hoje, mas o mar estava numa calmaria tão gostosa que se eu deitasse, dormiria aqui mesmo. 

--- Bella! - ouvi a voz que eu sempre desejei, falando meu sobrenome. 

            Sorri e levantei o olhar, vendo-o correndo em minha direção com a metade dos botões de sua camisa branca abertos, um sorriso que iluminava o céu mais que o próprio sol e os cabelos mais bagunçados do que nunca. Seus olhos verdes brilhavam tanto que eu poderia mergulhar nos próprios pra sempre.Arfei, já não aguentando mais o tempo que demorava pra ele chegar até mim. Levantei a barra do vestido e corri, tentando alcançá-lo. Quando a distância estava mais curta, pulei em seu colo, enquanto ele me girava no ar e acabamos caindo na areia.

--- Edward, eu... - tentei falar mas ele levou seu dedo indicador à minha boca. Senti um leve arrepio no lábio inferior.

--- Não diga nada, eu sempre fui um cego por não perceber o quanto você era importante pra mim. Eu preciso de você todos os dias, preciso pensar em você pra conseguir dormir bem, preciso ouvir sua voz pra me acalmar, preciso de seu sorriso, seu cheiro... Eu preciso de você agora, Bella - disse com uma voz rouca, me fazendo estremecer completamente. 

--- Eu... Eu esperei tanto por isso - consegui dizer e um sorriso cresceu em seus lábios, que rapidamente se colavam aos...

             PIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII! 7h40min

               Novamente fui despertada de meus sonhos por causa do maldito alarme. Mas hoje, não poderia me atrasar nem que quisesse.           

            Mais um dia, mais uma luta. Abri os olhos e levantei, indo até a pia do banheiro. 

            Vestirapidamente um short limpo que achei em cima do porta toalha, uma blusa do starbucks que ganhei de aniversário e um sobretudo verde masculino. Não sou dessas preocupadas com qual sapato devo usar, então calcei apenas minhas velhas havaianas. Não preciso passar maquiagem, já que esqueci de tirar o lápis ontem. E ficou bem meio esfumaçado. 

                Desci as escadas do prédio com certo anseio. Hoje seria mais uma das entrevistas de Edward, e só eu sei o quanto ele precisa desse emprego. 

 Parei em uma panificadora qualquer e comprei um café expresso com torradas e geleia, do jeito que ele gosta. Depois, fui ao meu bar e pedi uma Heineken.

--- Você não pode comprar isso - o homem de cabelos longos e barriga saliente falou.

--- E porque não? - falei semicerrando os olhos.

  Billy Black e eu nunca morremos de amores um pelo outro. Desde os meus 18 anos, quando comecei a beber por ter alcançado a fase adulta. Nossa relação sempre foi de "cliente" e "barman". Ele passou a querer me botar pra fora quando eu passei a beber mais de 5 copos por dia e comecei a chorar por Edward na mesa de outros clientes. 

--- Porque você tem 16 anos - sorriu vitorioso e eu ergui uma sobrancelha.

--- Nem a minha aparência - apontei pro meu rosto - é jovem. Me dá logo, eu tenho dinheiro - falei vasculhando os bolsos do sobretudo e ele puxou pra si a latinha de Heineken.

--- Você é de menor, sinto muito - insistiu e eu bufei.

--- Eu tenho 22 anos, Billy. Me dá logo essa cerveja - estiquei o braço e ele desviou a latinha de mim. 

Arfei e coloquei todo o dinheiro que eu tinha nos bolsos em cima do balcão de pedra preto.

--- Aqui diz que - ele disse vasculhando o bolso - que você tem apenas 16 anos e mora na Irlanda - levantou uma identidade com minha foto, onde constava que eu tinha realmente 16 anos.

--- Não sou irlandesa - falei reforçando meu sotaque americano e uma garota baixinha sentou ao meu lado, observando a conversa. Ignorei.

--- Isabella, eu sei que essa identidade é falsa, mas foi atualizada no final de dezembro. Não posso vender isso.

--- Nem me lembro de ter criado essa... - falei e uma vaga lembrança veio à minha mente.

#FLASHBACK 31 de dezembro de 2012#

--- Rápido aí, moço! - falei estressada já batendo o pé no chão, na fila pra tirar foto pra identidade.

--- Calma Bella, dá pra me explicar denovo seu plano maluco? - Riley disse ao meu lado, olhando em volta de braços cruzados.

--- Vou criar uma nova identidade porque Edward não me deixa entrar lá. Ele vai passar o ano novo em um terraço com vista pra ponte do Brooklyn, só com os parentes dele. Eu vou me infiltrar como garçonete e vou poder ver os fogos bem pertinho do Ed! - falei animada e ele franziu o cenho, mordendo os lábios. Revirei os olhos.

--- Pode perguntar.

--- Olha maninha, você é muito inteligente, mas... Como vão te deixar trabalhar se você vai ter 16 anos? O que vai dizer pra mamãe quando não aparecer lá? Porque vai ter 16 anos? Porque vai ter seu próprio nome? Como sabe que ele não vai desconfiar de você?

--- Primeiro: as mulheres da cozinha não olham minha identidade, segundo: vou dizer que tive uma dor de barriga e não consegui sair do banheiro, terceiro: vou ter 16 porque ainda tenho aparência jovem, quarto: porque eles pedem identidade dos pais ou de alguém da família e quinto porque Edward é o encarregado da lista, e eu sei que ele fica mais interessado nas bebidas do que em convidados, mas ele sabe muito bem que todos os anos eu tento entrar de penetra na casa de Esme, então fica atento a mim. Ele sabe que eu trocaria meu nome, então checa apenas a foto e as informações. Por isso estou comessamaquiagem...

--- E com esse cabelo - apontou pro meu cabelo, me interrompendo.

--- Isso, maninho. Ele com certeza nem vai reparar no meu nome e eu ensaiei minha caligrafia a noite toda. Ninguém reconhece nada. - afirmei convicta.

--- Porque não usa só uma franja? Não precisava pintar o cabelo.

--- Porque na hora da foto o cara manda eu tirar. E eu não pintei - levantei um pouco a parte da raiz, exibindo meus cabelos presos numa touca bege. 

--- Ah, entendi. Nossa, cada detalhe é importante...

--- Pois é - falei rearrumando minha peruca.

--- Nada pode passar despercebido...

--- Claro que não - falei num tom normal e sorrindo, dando um passo a mais na fila. 

--- Tudo por um amor idiota de um baile de debutantes - riu baixo e eu me virei pra trás, pronta pra dar um murro na sua cara quando a voz da fotógrafa ecoou pela sala chamando meu nome.

--- Vai lá, Bella - Riley tentou se livrar me empurrando fraco pra frente.

--- Não pense que se livrou, viadinho - falei entre dentes e entrei na sala branca, pronta pra por meu plano em prática.

#FLASHBACK OFF#

Entortei a boca e não soube como responder. Não acredito que esqueci de renovar a porcaria da identidade!

--- Billy! - falei com uma cara raivosa, mas a voz saiu meiga até demais. O homem ergueu a sobrancelha e a garota ao meu lado riu baixo, chamando um outro garçom.

--- Sinto muito, Isabella - disse passando uma flanela úmida pelo balcão. Olhei pro relógio da parede notando que já eram quase 8h30min. Droga, tenho que estar lá em 20 minutos! 

Revesei olhares entre a latinha e o relógio. Por fim, voei em cima do balcão, tentando alcançar a merda da latinha.

--- Me dá! Me dá! - falei amontoada deslizando pra dentro do espaço dos barmans quando dois seguranças apareceram e até Billy tentou me tirar de lá.

(...)

--- Idiotas! Eu vou renovar a merda da identidade e nunca mais volto nessa espelunca! - falei quando eles me soltaram no chão, fora do bar. Limpei o máximo que pude o meu sobretudo e arrumei o dinheiro de volta nos bolsos do casaco. 

Arfei e olhei em volta, notando que todos dali me olhavam com o mesmo olhar de sempre. "Aquela desocupada, maluca e obcecada". Normal, já me acostumei tanto com isso que até sorrio pra todos eles. 

Me apoiei no poste pra levantar e... Putz, acho que torci o tornozelo quando tentei chutar o saco do segurança.

--- Merda - murmurei baixo tirando um pouco de barro do meu calcanhar, apoiando o braço no poste.

--- Acho que esqueceu isso - ouvi uma voz feminina e levantei a cabeça, vendo a garota que estava sentada a meu lado há pouco tempo atrás com o café de Edward e as torradas. Sorri forçado pra ela e peguei o café da manhã.

--- Obrigada - falei e virei as costas, começando a andar pela rua.

--- Espera! - ouvi ela gritar e me virei.

--- Olha, eu estou atrasada e...

--- Eu espero! - me interrompeu com um brilho esperançoso nos olhos. Ergui uma sobrancelha apoiando o café e as torradas em um braço só, tirando uma carteira de cigarro do bolso do sobretudo.

--- O que você quer? - falei levando um maço à boca. Ela mordeu o lábio e arrancou-o da minha boca.

--- Eu sou uma escritora e pretendo escrever um best-seller pra...

--- Todos os escritores querem um best seller - revirei os olhos.

--- Tem razão. Mas eu quero uma história tocante, pra poder conquistar o meu chefe. Mas não quero que ele se apaixone só pelo livro... Se é que me entende - falou piscando e eu ri sem humor.

--- E o que eu tenho haver com isso?

--- Bom, eu consigo enxergar uma boa história de longe - sorriu e me olhou de cima a baixo - ou de um bar da esquina. Eu aposto que tem uma história interessante pra me contar - disse abrindo mais ainda seu sorriso, se é que isso era possível.

 Analisei-a de cima a baixo com a boca entreaberta. Por um lado, acho que seria bom desabafar com uma pessoa que não me conhece ao invés de tentar fazer pessoas que me julgam como "louca" me entenderem. 

--- Tudo bem - falei e ela bateu palminhas - onde te encontro?

--- No starbucks perto do Brooklyn - disse dando pulinhos se afastando - aah! 

Não pude deixar de rir com a cena e virei as costas, continuando a andar.

(...)

Por sorte, os ônibus decidiram colaborar com a minha pessoa e eu peguei um, que levou menos de cinco minutos pra cruzar as ruas e chegar ao destino final. Como sempre, o porteiro não me deixou entrar porque Edward me proibiu de subir. E já que Riley roubou minha peruca loira pra sei lá o que, tive que escalar até o terceiro andar, pra entrar na saída de ar e conseguir pegar um elevador até o último andar. Edward tem essa mania de acordar e passar pelo menos uns 15 minutos na cama tentando dormir denovo. Ri imaginando Edward sem camisa, se contorcendo e rosnando um "cinco minutos" com dona Esme abrindo as cortinas da janela. Meu sorriso se desfez ao lembrar de quando eu pude presenciar esse momento, há exatos cinco anos.

Lembro nitidamente, como um filme em minha mente dos cabelos de Esme, mãe de Edward, esvoaçando ao abrir a janela do quarto tentando frustradamente acordar o filho, que estava atrasado pra escola. Lembro dos braços de Edward me envolvendo enquanto ele dormia com o nariz em meu cabelo. Lembro de acordar quase uma hora antes dele mas nem sequer mover um centímetro do meu corpo só pra ter aquele momento ao seu lado. Mas logo depois, sua ressaca foi embora e ele esqueceu de mim, como num passe de mágica... E desde aí me julgou por "louca" por não lembrar da noite mais marcante de toda minha vida. Mas eu ainda terei muitas outras, há se vou.

Sentei em seu tapete de bem vindo e apaguei o cigarro. Sempre soube que Edward odiava fumo, mas não consigo evitar. A nicotina me faz esquecer por uns míseros segundos dos seus olhos, dos seus traços perfeitos, dos seus cabelos, de seu sorriso cintilando quando está feliz...

--- Bom... - a porta se abriu atrás de mim e eu virei, vendo um Edward descabelado e com uma toalha branca cobrindo apenas a parte de baixo do seu quadril - dia. Ah meu deus, quem te deixou subir? 

--- Calma! Eu... - falei levantando e erguendo o café com as torradas, mas quando levantei o olhar a porta já estava fechada. Suspirei e bati na porta.

--- Edward... - falei com a voz pidona.

--- Vai embora! - ele gritou e pela sua voz estava afastado da porta.

--- Eu trouxe café - falei aproximando o rosto da porta - eu sei que você bebeu muito, que gastou o dinheiro pra pagar o taxi pra aquela - fiz uma careta - morena e sei também que não tem nada na sua geladeira. E você precisa se arrumar em - olhei pro relógio - 10 minutos.

--- Como sabe de tudo isso? - ouvi sua voz aveludada e sorri abobalhada.

--- Eu sei que você gosta de café com espuma e torradas com geleia porque pediu pra sua mãe fazer quando acordamos na sua casa, sei que você bebeu porque estava na mesma balada que você, sei que pagou o táxi pra morena porque eu amassei a barra do meu vestido contendo minha vontade de socar a cara dela por fazer você ficar sem dinheiro nem pra pegar um ônibus. E não tem nada na sua geladeira porque o Emmett não sabe falar baixo. E precisa se arrumar em - olhei pro relógio novamente - oito minutos.

 Ele ficou em silêncio por alguns minutos e deduzi que estivesse no banho. Apoiei as costas na soleira da porta, e dei uma sacudida no café, pra ele não ficar muito quente no fundo. 

A porta foi aberta e Edward estava mais cheiroso do que nunca. Apesar de suas olheiras, seu rosto ainda parece ter sido esculpido por deuses. Seus olhos denunciam seu sono e sua barba por fazer o deram um ar super sexy ao homem de terno em minha frente. Suspirei e ele trancou a porta, virando pra mim.

--- Olha - sorriu forçado - eu sei que você tem um problema, e eu sinceramente não tenho paciência pra lidar com esse tipo de gente.

--- Não tenho problema.

--- Claro que não. Você é louca, garota - disse colocando a chave em baixo do tapete e foi direto pro elevador.

--- Não sou louca - falei colocando o café e as torradas em sua mão - loucura é viver sem você, Edward - falei tentando acompanhar seu passo. Ele andava cada vez mais rápido pelo corredor e correu um pouco pra alcançar o elevador, me deixando pra trás - espere! Boa sorte! - gritei parando na porta do elevador, que já estava se fechando.

Sem paciência, corri até a saída de incêndio e pulei dois degraus das escadas, correndo embasbacada até o térreo. Empurrei a alavanca de emergência pra abrir a porta e começou a soar um alarme no prédio, saindo água pra todo lado. Nesse momento agradeci a mim mesma por ter ido de chinelo e voei até a entrada do prédio, onde Edward já estava jogando o copo de café vazio no lixo.

--- Você entrou denovo garota! - ouvi a voz de Aro, o porteiro.

--- Chamem a polícia! - uma velha gritou mas eu não me dei ao trabalho de virar. 

--- Edward! Boa sorte! - gritei acenando e logo senti várias vaias em minhas costas. Observei-o partir e desejei, com todo meu coração, que ele conseguisse esse emprego.

--- Sua maluca! vai lavar um prato! - a mesma velha resmungou.

--- Vagabunda! - um homem gritou com uma cerveja na mão.

--- Não tem nada melhor pra fazer não? - uma grávida me mostrou o dedo do meio e eu me encolhi no sobretudo, tentando desviar fracassadamente dos tomates e bolinhas de papel que jogavam em mim. Assim que atravessei o portão, virei e mostrei meu dedo do meio pra todos, e saí correndo.

--- Olha ela ali denovo - ouvi uma mulher em um bar comentando com alguém.

Que se danem todos eles. Eles ainda vão aprender quem é Isabella Swan.

Caminhei quase voando e me escondi no sobretudo quando sirenes da polícia e de uma clínica qualquer passavam pela rua com aquele som irritante ecoando pelas esquinas.  Logo já estava dentro do starbucks, avistando a garota baixinha e de cabelos repicados sentada na frente do vidro, bebendo seu café ansiosa e com uma espécie de gravador ao lado do copo de café.

--- Isabella! - ela cumprimentou ao me ver, abrindo os braços. Apenas sentei de frente pra ela sem cerimônias.

--- Como descobriu meu nome?

--- Disseram por aí - deu de ombros - você é famosa, sabia?

--- Olha... - falei erguendo uma sobrancelha, lembrando que nem sabia seu nome.

--- Alice.

--- Alice, eu vim aqui porque eu precisava desabafar sobre esses últimos anos que passei sem ninguém passar cinco minutos no mesmo ambiente que eu sem ter que me chamar de "maluca" ou ligar pras clínicas psiquiátricas.

--- Pois bem, não estou te julgando - ergueu as mãos em forma de rendição - só quero saber da sua história desde o começo.

--- Tudo bem, vamos lá - falei colocando as mãos nas pontas da mesa, relembrando do primeiro dia que passei com Edward.


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