Hymn To Love escrita por AprilandDawn


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Wow! Desculpem a demora! Estava com outras coisas para fazer e acabei me atrasando neste capítulo. Porém, espero que gostem. Foi ainda mais difícil que os anteriores para fazer! haha

;)



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Já era fim da tarde e, como sempre, a biblioteca da Université de Paris estava aberta para receber Enjolras e seus livros. Desta vez ele resolveu ir aos fundos do ambiente espaçoso, entrou em uma das salas que estavam vazias e ocupou uma cadeira na mesa de mármore ao centro daquele local. Pelo olhar parecia impaciente e, sempre que olhava para o relógio dava um suspiro cada vez mais profundo. Cerca de 20 minutos depois, entrou na sala silenciosa um outro estudante alto de óculos e mais livros na mão.

– Olá, Enjolras! Desculpe a demora. O professor decidiu que era bom promover um debate sobre Platão e Aristóteles, e o que aconteceu? A sala perdeu o controle! - disse, enquanto abria um de seus livros – Não sou um professor ainda mas, sei que esta não é a melhor forma de se discutir uma ideia.

– Talvez, Combeferre. Há assuntos que devem ser tratados de forma  agressiva. – pegou um dos jornais que estava na mesa, e indicou para o amigo – por exemplo, isto aqui. Eu estou muito preocupado.

– Mas, o que é isso? – olhou para o jornal que mostrava uma suástica com a manchete Bandeira da República de Weimar é substituída pela bandeira suástica do Partido Nazista.

– Estou dizendo Combeferre, a cada dia as coisas ficam piores! Nós devemos informar as pessoas, o máximo de pessoas que pudermos, para que elas saibam sobre essas mudanças. Até agora não ouvi ninguém comentar sobre este assunto aqui na universidade.

Enquanto dizia suas impressões para o amigo, seus outros colegas chegaram: Courfeyrac, Marius e Joly. Ao se sentar, Marius foi a causa da interrupção de Enjolras:

– Por que demorou? Os outros eu entendo, mas você? Pelo que sei é seu primeiro ano!

– Deixe ele, Enjolras – acalmou Joly. – Como se ser um novato fosse fácil... O seu primeiro ano eu não sei, mas do meu, não gosto de lembrar. Foi realmente complicado.

– Enfim, - deu um longo suspiro – eu os chamei hoje para não só pedir por favor para que leiam este jornal, como para que pensem nas consequências dessas notícias.

Todos se reuniram e leram o noticiário que Enjolras trazia com ele: novidades sobre a Alemanha, as novas ocupações espanholas e novidades do partido nazista. Apesar de todos expressarem em seus rostos o desagrado ao ler, não entenderam ainda a urgência de Enjolras.

– Me perdoe, Enjolras, mas por que especificamente nos chamou? – indagou Courfeyrac.

– Podem pensar que estou exagerando, mas devemos fazer algo! A Alemanha se reconstruiu das cinzas e agora está querendo exercer seu controle sobre outros países.

– Não só dos países! Mas de seus cidadãos também. – adicionou Combeferre, ainda olhando para os papeis. - Além da lei da bandeira do Reich, foi criada outra lei, defendendo a proteção do sangue e honra alemães, com várias condições para judeus que moram no país. Inclusive a prisão e trabalhos forçados.

– Muito mais do que isso, Combeferre. – se levantou da cadeira por impulso, como faz quando precisa não só conversar, mas influenciar. – Eles são capazes de tudo, e com certeza não seguirão apenas o que está escrito na lei. Isso é apenas um papel para justificar toda a opressão que pretendem realizar. Se existe um lugar no qual podemos informar sobre tudo isso e influenciar é aqui nesta universidade. Não devemos e não vamos ficar quietos.

– Mas você sabe que os professores não irão gostar. – adicionou Courfeyrac, ainda olhando o jornal.

– E você se importa com o que eles vão pensar? – desafiou Enjolras, que olhou diretamente para Courfeyrac, o fazendo largar o jornal que lia.

– Não... Claro que não! Se for necessário... – ponderou e, depois de respirar fundo, completou: - Nós fazemos... Mas e se nos proibirem?

– Nós precisamos mesmo contar aos professores? – disse Joly, dando um sorriso de canto. – Acredito que não é necessária uma aprovação da parte deles.

– Temos estrutura aqui de criar um jornal interno, nós fazemos tudo aqui e distribuímos durante a noite por toda Paris. – disse Enjolras, com ênfase, enquanto andava pela sala da biblioteca.

– Como vamos conseguir as informações? – questionou Combeferre.

– Eu tenho meus informantes. Todos são de minha confiança. Quanto a isso podem ficar tranquilos. – adicionou Enjolras, que já recolhia os papeis espalhados pela mesa.

– Só eu aqui percebi que o Grantaire não veio? – disse Marius, o que fez Joly e Courfeyrac se entreolharem e darem um riso abafado.

– Eu percebi que, além de atrasado, o monsieur não disse nada que pudesse agregar aos nossos planos. Mas enfim, amanhã nos encontramos aqui de novo, e os levarei até a sala de impressão, onde vamos poder usar as prensas para fazer o jornal. Hoje infelizmente não posso ainda pois tenho um artigo para fazer.

– Então, por enquanto estamos liberados, Enjolras? – perguntou Courfeyrac.

– Sim, por hoje. Amanhã já teremos trabalho a fazer. – respondeu ao amigo, apesar de não ter lhe agradado o tom em que lhe perguntou. As vezes ele deseja sentir o mesmo entusiasmo nos outros porém, para ele o único que realmente entende suas visões e compartilha da sua paixão pelo país é Combeferre.

Joly, Marius e Courfeyrac deixaram o ambiente e, após Combeferre terminar um de seus artigos deixou a sala. Enjolras, como sempre, foi o último a deixar não só a sala, mas também a biblioteca.

Ao atravessar os portões da universidade, encontrou a rua já vazia. Enjolras já estava acostumado a sair nesse horário e até achava melhor assim pois podia no caminho pensar sobre coisas a adicionar nos próximos encontros, ou nas suas dissertações. E era isso mesmo que acontecia, ele pensava apenas em como esconder de todos as atividades dele e seus amigos, e ao mesmo tempo distribuir da melhor forma os jornais. Algumas quadras de distância, e concentrado em seus pensamentos, Enjolras viu algo se mexer debaixo de uma sombra na rua ao seu lado esquerdo, e que parecia olhá-lo. Decidiu fingir que não havia percebido. Mas ainda não sabia quem era...

– Bonsoir, Monsieur. – respondeu a voz feminina.

Ele virou seu olhar a ela e lembrou: era a menina que cantou para ele na rua.

– Olá, sombra. Bonsoir. – depois de responder, tentou voltar ao seu caminho, como no outro dia, mas aquela voz o interrompeu, mais uma vez.

– É tão difícil assim ser simpático? Realmente, é um arrogante! – sua voz mudou o tom. Para ela ser gentil era algo de sua natureza, mas, quando alguém não retribui do mesmo jeito sem motivos aparentes, ela também não se importa de mostrar seu lado mais agressivo.

– Como? Pelo tempo em que nos conhecemos acho que não te dei o direito de falar assim de mim. – ele se aproximou dela e seu olhar estava realmente irritado pela impertinência daquela garota.

– Mas é o que você é! Eu também não te dei liberdade para me chamar de sombra!

Enjolras deu um longo suspiro e continuou:

– Pardon, Éponina. Au revoir. – Deu um leve toque no ombro dela e virou-se sentido à rua. A resposta dele causou riso em Éponine, e ao mesmo tempo surpresa. Cruzou os braços olhando para aquele moço que buscava ir embora como se quisesse escapar dela e de suas questões. E percebendo, Éponine fez questão de atrapalhá-lo na sua tentativa.

– Éponine. Como sabe o meu nome?

– Olha, me desculpe, mas eu não tenho tempo!

– Eu sei que está saindo da universidade. E provavelmente saiu tarde porque estava fazendo suas tarefas com antecedência. Então, deixe de fugir.

– Fugir do que, se me permite?

– Antes, pode me dizer seu nome?

– Me chame de Enjolras.

– Esse é seu nome?

– Não. Mas todos me chamam assim.

– E quando vou poder saber seu verdadeiro nome?

– Talvez nunca. Ou acha que vamos sempre nos encontrar por acaso? Eu espero que não. – deu um riso abafado.

– Então, eu falava disso! – e apontou para o peito de Enjolras, tocando-o.

– Está louca?! – deu uma risada de desdém. – Por acaso pensa que eu estou querendo algo com você?

– Claro que não. Apenas que, enquanto você sabe disso – apontou para sua cabeça, - eu entendo disso – e apontou de novo para o coração dele. Entendendo o olhar de incompreensão dele, continuou:

– Quero dizer que, uma hora você vai precisar deixar os estudos de lado. Viver um pouco, sabe.

– AH! Não é a toa mesmo que vive andando por aí com o Grantaire! O mesmo discurso!

– O que ele tem a ver?

– Me desculpe, mas minha vida é muito mais do que os estudos, caso não saiba! E sim, agora posso dizer com toda a liberdade que você é uma impertinente! Au revoir! Adieu! Ciao!

Enjolras a deixou parada e saiu andando, dessa vez de forma mais rápida.

– ENJOLRAS, FOI UM PRAZER INCOMODÁ-LO! – gritou para que ele pudesse ouvir e deu uma gargalhada. Ele ouviu e não pode acreditar que havia encontrado alguém que lhe pudesse incomodar tanto. Na verdade, até o seu caminho de casa, as perguntas tão impertinentes e aquela gargalhada não puderam deixar a sua mente, tomando o lugar dos assuntos anteriores. Mesmo que contra a sua vontade.

Já Éponine seguiu em rua oposta, em direção ao Musain Cabaret, para mais uma noite de músicas, risos, aplausos e algumas garrafas a mais.


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Notas finais do capítulo

Gostou? Odiou? ETC? Responda, please! Vou adorar saber a sua opinião.



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