PDV Annabeth

Percy andava de um lado para o outro no saguão do aeroporto. Eu estava um pouco à frente dele, mais perto do terminal de desembarque. Pela milésima vez, ele girou o relógio no pulso. A pele estava vermelha e sensível. Segurei sua mão.

—Pare com isso antes que se machuque, seu bobo.

Ele enfiou as mãos nos bolsos.

—Annabeth, o vôo dela já foi...

—Annabeth! - O grito familiar de Thalia me fez olhar novamente para o terminal. Minha melhor amiga estava ali, com minha filha ao lado. Lilly veio correndo até nós e se jogou em meus braços. Eu a abracei com força.

—Oi, princesinha. Como foi o vôo? -Perguntei.

—Muito chato. A tia Lia dormiu o tempo todo.

Thalia chegou perto de nós com um sorriso malandro no rosto. Parecia ter dezesseis anos de novo.

—Sua pequena mentirosa. Quem dormiu foi você.

—Oi, Lia.

Minha melhor amiga me abraçou.

—Oi, Annie. Fala aí, Cabeça de Alga.

—Bom te ver, Cara de Pinheiro.

Os dois se cumprimentaram com uma batida de mãos, que me fez sorrir. Fomos conversando até o carro. Percy arrumou Lilly na cadeirinha e sorriu para ela.

—Que foi, papai?

—Você esta tão linda, e tão grande.

—Ah! Mamãe disse que eu sou uma mocinha.

—Você é sim, minha mocinha.

O carro mal começou a andar e minha filha já dormia em sua cadeirinha. Quando chegamos em casa, Percy a pegou no colo e se inclinou pra me dar um selinho.

—Até mais, Annie.

Eu iria levar Thalia em casa, já que ela aceitara acompanhar minha filha na viagem até Malibu.

—Até mais. Prometo não ficar de papo. - Ele ergueu uma sobrancelha e eu ri baixo. - Tá bem, não prometo.

A última coisa que vi enquanto me afastava com Thalia foi o sorriso de meu marido, rindo do que eu dissera.

PDV Percy

Depositei minha filha na cama e troquei sua roupa, colocando-lhe um pijama.

—Papai?

—Dorme, princesa.

—Tá escuro.

Eu a observei por um segundo e liguei a luz do abajur.

—Melhor assim? -Ela assentiu. -Boa noite, princesa.

—Boa noite. –Ela sussurrou, agarrando seu coelhinho surrado, que fora um presente meu e de Annabeth em seu primeiro aniversário. Eu afaguei seus cabelos macios e beijei-lhe a testa. Decidi tomar um banho e descansar um pouco.

PDV Annabeth

Cheguei em casa meio cansada de tanto trabalho durante a semana. Ouvi o som das cordas de um violão vindo do quarto. Corri até lá e vi Percy deitado na cama, usando uma camisa azul com um tridente na frente, dormindo a sono solto. O filme era Querido John, um que eu gostava de assistir, e estava na parte em que Savannah tocava violão. Mordendo o lábio, fui até a varanda do apartamento e peguei meu violão.

PDV Percy

Acordei um pouco depois, com o som de um violão. Pulei da cama, surpreso. Encontrei Annabeth na varanda, de pernas cruzadas e olhos fechados, tocando e cantando. Lilly estava sentada perto dela, com um sorriso admirado no rosto.

—Canta outra, mamãe, por favor! - Lilly pedia, pondo as mãos juntas e fazendo biquinho.

—Tá, mas só porque você pediu.

Eu fiquei ali, meio oculto, ouvindo minha esposa cantar. Ela parecia ser novamente a Annabeth de quinze anos de idade que eu conheci. Sorri comigo mesmo. Annabeth parecia tão durona, tão madura, mas, para mim, seria eternamente aquela adolescente que eu conheci. Enquanto olhava as duas, pensava que, realmente, dera a sorte grande na vida.