Iris escrita por diginyan


Capítulo 6
Dreamquest




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O dia esvaía-se no horizonte e as duas belas garotas percorriam a estrada por entre a iluminada floresta despreocupadamente, no topo de seus cavalos. Seu destino era o mapa do reino Aris, que ficava a dias de distância do atual reino, Glaciel. As duas continham missões em lugares opostos do grande reino, - o maior dentre os cinco - mas decidiram iniciar e completar suas missões juntas, protegendo uma a outra como irmãs que nunca tiveram. Conversaram durante as longas horas que passaram a caminho de seus destinos, e cada uma via na outra sua metade, de forma que uma bela amizade florescia dentre as duas jovens. A meio-elfa barda inspirava a jovem maga com suas cantigas e com suas melódicas canções produzidas pelo belo som de sua lira. Eram duas garotas de beleza indescritível; apesar de não possuir o charme nato de uma ninfa, Lúthien encantaria qualquer criatura com seus longos cabelos brancos e franja azulada - herança das patronas de sua Escola, as musas das artes, em especial Calíope e Erato, de quem ganhara sua lira encantada. O corpo levemente doirado da meio-elfa denunciava sua descendência humana, que apenas acrescentava à ela uma beleza ainda mais exótica. Montava em seu cavalo branco, enquanto a ninfa ao seu lado cavalgava em um belo corcel alvo.

A floresta, antes bem iluminada e com exóticas flores coloridas, tornava-se mais densa e com rarefeita flora baixa, porquanto as duas adentravam mais em seu interior. Seguiam o rastro dos vagalumes e das diminutas fadas que iluminavam de diversas cores a atmosfera semi-cerrada do local. Discutiam, então, se seria melhor que pousassem em alguma vila élfica próxima - que ainda não haviam encontrado, mas sabiam existir em algum local afastado da floresta - ou se melhor seria que continuassem sua jornada até o final e pousassem na grande cidade humana a algumas horas de distância da floresta. Preferiram continuar seguindo viagem, e decidiriam quando encontrassem a cidade élfica. Lúthien, a barda, entoava a melódica canção das nereidas do castelo de Glaciel, e fora interrompida por sussurros vindos da parte tocada pelo breu da floresta. Entreolhou-se com Orube, e a mesma já conjurava um feitiço de proteção temporária. Logo que a barreira de defesa envolvera as duas garotas, três vultos as emboscaram, antes mesmo de pensar em qualquer outra ação. Era possível distinguir que, por baixo dos longos mantos que cobriam a face e o corpo dos atacantes, haviam dois orcs e um humano. O humano, provavelmente um ladino, empunhava duas adagas em suas mãos, enquanto os dois orcs valiam-se de longas espadas banhadas em sangue.

Com sua lira, Lúthien atordoava e retardava os ataques dos saqueadores, enquanto Orube conjurava magias gélidas, que deixaram dois dos atacantes congelados, enquanto Lúthien invocava pelo som de suas cantigas a Luz, para que as curasse na batalha. Não foi uma longa batalha, pois em dupla, as duas trabalhavam perfeitamente bem. Havia uma sincronia em suas ações, e não precisavam orientar-se para o que seria feito. Assim, alguns poucos momentos após a emboscada, Orube e Lúthien já podiam observar de perto quem as atacara. Jaziam no chão os corpos finados dos dois orcs e do humano. Era possível ver que o humano não fora graduado em uma das Escolas tradicionais; possuía um pergaminho provindo da Escola Ônix em seu bolso, a formadora de trapaceiros, cavaleiros negros e ladrões. Já os orcs pareciam dominar as mesmas habilidades de alguém que passara pela Escola Rubi, mas as duas não acreditaram que poderia ser algum tipo de corrupção da alma. Antes de prosseguir, tomaram para si alguns objetos, pilhando um belo violino da algibeira do ladino, bem como algumas medalhas honrosas dos três. Ainda levaram consigo dois mantos negros, sendo um deles com detalhes em prata e lilás, que harmonizava com as vestes em cores de preto, lilás e prata da maga, e o outro bordado em fios de prata, que a barda tomara para si. A meio-elfa estava deveras contente com o violino que saqueara do ladino, mas entristecia-se por ainda não dominar as habilidades para tocá-lo. Deram a comida que encontraram para alimentar seus equinos e continuaram a cavalgar pela estrada, tomando mais cuidado na sinuosa estrada.

Após algumas horas mais de viagem, chegaram nos portões de uma cidadela dentre o coração da floresta, e adentraram os limites da muralha. Era uma cidade repleta de elfos da floresta, que habitavam os grandes troncos entalhados das árvores frondosas. A barda, que possuía noções básicas do élfico puro, perguntara a um dos guardiões da cidade sobre uma estalagem ou lugar onde poderiam ficar. Foram instruídas, então, a ir de encontro com a líder da diminuta civilização; ela providenciaria às aventureiras uma pousagem digna. Desta forma, as duas prosseguiram até a maior construção que puderam observar; a mais grandiosa árvore situava-se no local mais afastado das muralhas, porém era o mais adornado dentre todas as outras habitações.

Assim que adentraram o salão principal, fora possível notar que não era apenas uma construção de uma líder, e sim de algo mais. Prosseguiram, e os olhares de vários guardiões recaíam sobre elas. O local era decorado com objetos produzidos com matérias primas provindas da natureza, e várias borboletas coloridas, bem como vagalumes drapejavam pelo ar, criando uma agradável atmosfera. A ninfa e a meio-elfa foram guiadas por um belo elfo por acima das escadas, e o mesmo as deixara na porta de uma sala ainda mais decorada que o saguão. Sentada em um trono grandioso de coloração alva e adornado com belas flores vívidas, uma elfa as convidava para que entrassem. As duas garotas, então, prosseguiram, e fizeram uma gentil reverência à elfa, seja lá quem ela fosse - mas podiam suspeitar pelo diadema floral no topo da cabeça com longos cabelos esverdeados que a mulher possuía. Ela falara em élfico, mas não havia dificuldade em acompanhar suas palavras para nenhuma das duas presentes.

–Duas belas criaturas vocês são, intrigantes... Bem vindas à minha amada cidadela. Eu sou Isirië, a herdeira do trono e princesa deste povo. Vocês vem de algum lugar distante, eu suponho...

–Sim, majestade. Gostaríamos apenas de pousar por uma ou duas noites, de forma que pudéssemos descansar... - proferiu a barda, mais confiante em sua linguagem.

–Disponham de minha hospitalidade, então. Tenciona-me ver suas medalhas, haveria como?

As duas retiraram de suas algibeiras as respectivas condecorações que haviam acumulado durante os anos. Surpresa com a rara medalha do Pentágono, Isirië fora ainda mais cautelosa ao tratar novamente com a meio-elfa e com a ninfa.

–Se desejarem, todos os serviços de minha gentil cidade estão ao seu dispor, e asseguro que aqui não haverá hostilidade por parte de meus súditos. Um de meus guardas as acompanhará até seus aposentos, e espero que encontrem aqui o descanso que precisam.

As duas garotas fizeram-lhe outra modesta reverência e retiraram-se da sala, acompanhadas de um corpulento elfo, com torso de mesma tom ao da da princesa: um leve rubor azul-esverdeado. E assim, chegaram em uma outra construção, no interior de uma árvore um pouco menor que a anterior, e seus quartos situavam-se no topo da grande árvore. Era possível ver de suas sacadas as luzes da pequena cidade e assim, em pouco tempo, as duas adormeceram, sabendo haver um dia repleto de compromissos no dia seguinte.


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