Iris escrita por diginyan


Capítulo 5
In Nomine Patris




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Era uma movimentada noite no centro de Cellium, a capital do reino Glaciel. Um gélido vento soprava pelas ruas da cidade, mas a jovem maga estava preparada para isto. Além do mais, seus trajes a protegiam suficientemente, bem como sua resistência ao gelo faziam-a não se importar com a brisa. Observava a aurora austral que cruzava o céu noturno de Cellium do topo de uma sacada, quando viu, de longe, um relance de uma bela armadura dourada. Não precisava mais do que isso; descera correndo de encontro ao jovem humano. Abraçaram-se, e passaram a caminhar. Ao lado da ninfa, Vincent sentia-se a vontade, e encantava-se com a voz melodiosa da garota. Da mesma maneira, Orube fascinava-se com o bom humor do belo humano. Dirigiram-se a uma pequena taberna dentre as ruas da capital, para conversar sobre o dia de amanhã.

A ninfa e o humano encontravam-se sentados no balcão da taberna, bebendo diferentes drinques. Ela levava à boca uma taça de orvalho, doce como mel, enquanto ele bebia uma caneca de hidromel, de saber encorpado e amargo. Ao lado dos dois, um sátiro e sua taça de vinho ouvia atentamente a conversa. Embora os dois não pudessem lembrar-se, este era um dos principais alunos da Escola Esmeralda, tendo sido convidado à reunião que aconteceria no dai seguinte. Subitamente, o sátiro envolvera-se na conversa.

–Então, vocês conversam sobre as profecias? - interrogara aos dois jovens. Ao observar a expressão de surpresa no rosto dos Arautos, prosseguiu. - Também estou interessado no assunto, meus caros. Ouvi boatos por todos os cinco reinos, e os alvoroços se formam em diversas vilas menores.

–Bem, sim... acreditamos que esta reunião nos enviará para algum local, ou algo do tipo... como você deve ter ouvido. - cuidadosamente, proferiu a ninfa.

–Desculpe não apresentar-me, mas já conheço os dois. São falados em todos os reinos, Arautos. É uma grande honra estar na presença de vocês. Sou Licaste, e nasci ao sul do reino Ignídeo.

–Interessante, - ditou o humano - um shaman. Creio que sua natureza tenha dado-lhe uma habilidade nata com os elementos, certo?

–Evidentemente, caro Arauto do Cataclismo.

–Licaste, por acaso tu já ouvistes falar em algum outro Arauto? Suspeitamos que hajam deuses que ainda não tenham se manifestado, e, caso a era que supõe-se estar aproximando-se for real... - a ninfa fez uma breve pausa - Creio que precisaremos de todo o auxílio possível.

Os sinos badalaram pela capital, indicando que a madrugada aproximava-se. Orube e Vincent decidiram retirar-se logo após o soar dos sinos. Despediram-se do sátiro, que continuara desfrutando de sua bebida na taberna, e seguiram caminho juntos. O humano levou-a para a estalagem, deixando-a em segurança para descansar até o dia de amanhã, e dirigiu-se à sua, para fazer o mesmo. O dia seria longo e todas as dúvidas que rondavam a mente de todos seriam sanadas apenas na reunião - ou talvez nem todas.

–x-

O sol havia raiado há pouco tempo na grande cidade, e poucas pessoas transitavam entre as ruas - apenas os comerciantes que abriam e organizavam seus estabelecimentos. Ainda assim, um imperceptível movimento formava-se em frente a morada de Ishtar, o dragão de gelo. Sentados em uma pequena praça em frente ao castelo, seis indivíduos aguardavam pacientemente pelo badalar dos sinos, que indicaria o início da reunião reservada à eles pelo Pentágono dos Dragões. Cada qual diferia quase que completamente dos outros, e não interagiam entre si, perdidos em seus próprios pensamentos e expectativas pelo que aconteceria a seguir. Era possível observar, sentados em diferentes bancos, seis criaturas interessantes por si só. Uma jovem ninfa maga, um belo humano guerreiro, um intrigante sátiro shaman entreolhavam-se. Além destes, um gnomo inventor, um anão paladino e uma bela meio-elfa barda. Todos usavam seus melhores trajes e carregavam consigo suas armas, embora não houvesse necessidade de tal - pelo menos, não propriamente dita. O silêncio predominava no local, sendo apenas quebrado pelo som da fonte ao centro dos bancos ou por algum pássaro que banhava-se em suas águas, e alguns comerciantes que passavam pela fonte observavam curiosamente os aventureiros.

O soar do sino ecoou dentre todas as ruas quase desertas da cidade, e todos levantaram-se para seguir até as escadarias da grande torre em que a sala situava-se. Os únicos sons que ouvia-se em torno do grupo, além do som de suas passadas e do tilintar das armaduras, eram os que as belas nereidas guardiãs do castelo entonavam, na faixa de água que rodeava o castelo. As vozes das belas criaturas místicas eram doces e suaves, inspirando sentimentos de pureza e de tranquilidade em cada indivíduo que atravessava a ponte para a entrada do castelo. A meio-elfa, em especial, encantou-se profundamente pela melodia que ouvia, e, retirando um pequeno pergaminho de sua algibeira, lançou um feitiço para guardar em seu rolo a bela sinfonia entoada pelas nereidas. Prosseguiu caminho logo atrás dos outros. E assim, poucos momentos depois, postavam-se em frente à grande porta, no topo da maior torre do castelo.

A porta de mármore branco abriu-se, revelando um impressionante salão alvo, com paredes brancas e decoração de lápis-lazúli, bem como um belo chão quadriculado em tons de preto e branco, criando um contraste agradável aos olhos. Em uma grande mesa de mármore ao centro, os cinco dragões do Pentágono postavam-se sentados, esperando pelos pródigos discípulos, transformados em suas versões humanoides. Os seis, então, atravessaram o salão, fazendo uma saudação honrosa aos governantes ao chegar a poucos metros da banca.

–Bem vindos. - proferiu Ishtar, o anfitrião que situava-se no centro da mesa. - Nosso assunto é de importância magna, portanto, é melhor que não nos prolonguemos em saudações ou congratulações.

Os jovens acataram com um leve aceno da cabeça, e ouviam atentamente ao que os dragões tinham a dizer-lhes.

–A situação que tende a alastrar-se por todos os cinco reinos, meus jovens, diz-se ser terrível. O mal, combatido pelo último Arauto, está prestes a retornar, pelo que dizem as profecias. - pacientemente proferiu o dragão de fogo, Sephirot.

–E nós, como o conselho de finalidade proteger todas as raças de nossas civilizações, tememos pelo pior. Não trata-se do que dizem apenas as profecias, e sim do que pode e está acontecendo em algumas vilas e pequenas cidades de nossos reinos. - disse Chemosh, o dragão do ar.

–Além do mais, alguns dos maiores mestres em proficiência com os quatro elementos primordiais, avisam a todos que a terra prepara-se para uma grande mudança. Precisamos lidar com isto antes que saia de nosso controle. - explicou Behemot, o dragão da terra, do reino Herba.

–Por tudo isto, meus amados, necessitamos dos mais aptos aprendizes; e estes são vocês. - por último, concluiu Astaroth, a dragonesa arcana.

Os aprendizes trocaram olhares por alguns instantes, e o paladino por fim questionou o que aparentemente todos questionavam-se também.

–Bem, meus senhores... mas o que vocês querem que façamos? - perguntou Dwalinn, o anão paladino.

–Enviaremos cada um de vocês a uma missão em um específico local. - esclareceu Ishtar, o dragão gélido. - Isto, é claro, se aceitarem as missões que lhes cabem.

O dragão instruiu para que pegassem os pergaminhos de suas missões logo a frente, na bancada, e decidissem se aceitariam ou não a missão destinada a si. Obviamente, todos ponderavam fortemente em acatar a missão, pois não só grande glória recaía sobre os fiéis servos dos dragões, mas fortuna e reconhecimento. Era exatamente o que precisavam para iniciar suas carreiras como honrados aventureiros. Sendo desta maneira, todos guardaram consigo seus pergaminhos e relataram aos regentes que estavam prontos para seguir em suas jornadas.

–Ainda temos algo a dar-lhes. - sucedeu Ishtar. - Queremos que aceitem nossa vigilância porquanto com esta medalha, e também aconselhamo-lhes-ei que não partam sozinhos em viagem. Vocês terão os melhores cavalos que esta cidade pode dispor-lhes, mas ainda assim, não sabemos quais os perigos encontrarão nesta longa missão.

Todos os discípulos receberam as medalhas do Pentágono, e guardaram-as em suas algibeiras; alguns a colocaram no peito, como sinal de respeito. Os dragões despediram-se dos jovens e assim, os aventureiros deixaram a torre, reunindo-se novamente na praça em frente ao castelo.

Encontraram-se novamente, então, em frente ao grande chafariz, e se puseram a discutir sobre suas missões. O gnomo, chamado Groobnin, e o sátiro, Licaste, possuíam missões no mesmo sentido e em mapas de curta distância entre si, e decidiram seguir viagem juntos. Dwalinn, o anão, tinha como destino um mapa oposto a todos os outros de seus companheiros, e aceitou cumprir sua missão sozinho. Sobraram, então, Orube, Vincent e a meio-elfa, Lúthien. Vincent, apesar de desejar mais do que tudo seguir sua viagem em conjunto com a tão adorada ninfa, preferiu seguir solitário, pois seria um mapa distante demais para Orube e para a meio-elfa. Os dois juraram falar-se sempre que possível, e as duas garotas seguiram juntas para a jornada que lhes cabia.

Sendo assim, todos partiram para suas missões, e sabiam precisar retornar o mais rápido possível. O Pentágono, os cinco reinos e todo o mundo de Iris contava com a astúcia dos seis melhores dentre todo o continente.






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