O Trauma De Ron escrita por Katerina_


Capítulo 8
Ataque


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me queridos leitore(a)s! Tirei uma semana de folga da minha folga (!), pra cuidar de coisas importantes da vida... Mas aqui está o oitavo capítulo para vocês, e espero que ele compense a espera. Abraços. Comentem.



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Hermione morria de vontade de fazer alguma coisa. Mas não havia como. Foi no outro dia visitar Ammy (que estava agora de seis meses), levando Rose, para ver se conseguia se distrair. Desabafar, talvez.

— Hermione! Que visita mais agradável – cumprimentou Ammy, sorrindo. Hermione devolveu-lhe um sorriso fraco.

— Tia Ammy! – Rose exclamou alegremente, estendendo os braços para a tia pegá-la. Hermione deixou-a ir com Ammy.

— Ai, Ammy, eu estou péssima – confessou Hermione, sentando no sofá.

— Eu imagino mesmo que esteja. Não está nada fácil, né? Essa situação toda que não se resolve – suspirou Ammy.

— Ontem eu saí atrás de uma pista. Era falsa. E parece que tudo é falso! – Hermione desabafou, mordendo os lábios para conter o choro. – O pior é que eu magoei tanto ele... Ele foi lá ontem, você sabe, né? Eu desconfiei dele, Ammy. Foi só um momento, mas ele percebeu. Sinto-me uma porca!

 Você não fez isso, Hermione... – Ammy arregalou os olhos para a prima. – Você é a última pessoa no mundo que poderia ter desconfiado dele. Tá certo que as circunstâncias apontam, terminantemente, para o Ron, mas você deve confiar nele – repreendeu.

— Eu confio, confiei sempre! Como eu disse, foi apenas um lapso, um pensamento que passou. Eu jamais acreditaria, Ammy. Mas se você tivesse ouvido o que eu ouvi ontem... – Hermione escondeu o rosto nas mãos. Suspirou. – Fui atrás da pessoa que ele tinha desenhado. Apontava para um Leonard Datwillis, e eu falei com a tia dele. Esse cara está morto há quase 20 anos e a pista acaba aqui – Hermione ergueu os olhos desesperados para a prima.

— Isso... é deveras assustador – Ammy arrepiou-se. – Mas não faz sentido. Por que o Ron ia... desenhar o retrato de um cara que morreu há quase 20 anos atrás? Tem coisa errada aí – e a prima de Hermione assumiu um semblante pensativo. A outra retrucou, cansada:

— Com certeza tem, Ammy. Mas eu fiquei tão chocada que minha mente só ficou funcionando pelo caminho do óbvio. E o óbvio é horrível.

— Sim, se formos pela lógica, bem... – Ammy preferiu não dizer. – Mas se quisermos ajudar o Ron, temos que investigar mais a fundo e esquecer o óbvio – sugeriu ela.

— Sim. Só que aquela velhinha era tão perspicaz, Ammy! E tão doce; ela não parecia estar mentindo, nem tinha motivo para – mas que m****! Era a tia dele, criou ele! Teria todos os motivos para acobertá-lo, ainda mais se soubesse que ele estava envolvido em algo desse tipo. Ammy, nós temos nossa pista, foi ele mesmo – Hermione começou a chorar, tão forte foi a comoção. Pôs-se de pé e começou a andar de um lado para o outro. – É ele mesmo! Só temos que encontrá-lo. Pobre Ron... Que burra eu fui, não acredito que não percebi antes...

— Sim, temos que nos fiar nisso. Mas como vamos achar esse desgraçado? Você tem mais alguma pista, ou palpite, que seja? – perguntou Ammy.

­—  Não, mas nem me importo! – Hermione riu e pegou a filha no colo, dançando e girando com ela. A menina riu. Não entendia bem do que elas estavam falando, só sabia que era do pai dela e que era bom, pela cara da mãe. – Depois nós vamos achar. O importante é que o Ron estava certo, Ammy! Existe um fato concreto, uma pessoa, para embasar o testemunho dele. Não sabemos onde está, porém isso é uma questão de tempo; um dia, duas semanas, cinco anos mas vamos achá-lo. O homem existe, é o que importa; Ron poderá ficar livre! Eu preciso escrever para ele, Ammy, me desculpe, tá? Tchau! – e Hermione beijou o rosto de Ammy, saindo pela frente da loja sem deixar tempo para a atônita prima responder. Cumprimentou George com um sorriso aberto, o que muito surpreendeu o rapaz, que há tempos só via a cunhada com ar infeliz.

— O que aconteceu com a Hermione? – ele perguntou à esposa, que aparecera na porta da loja, acompanhando a prima com o olhar.

— Depois te conto – Ammy respondeu com um sorriso, batendo no braço do marido e voltando para dentro. George encolheu os ombros, e apesar da curiosidade, continuou o trabalho na loja, que mesmo com o movimento reduzido a um quinto do normal por causa da crise Weasley (as finanças de praticamente toda a família sentiram o baque desse problema com Ron), dava ocupação bastante a ele.

Hermione foi primeiro à casa da sogra. Alternava o lugar de onde mandava as cartas para Ron, para dificultar o trabalho de quem interceptava. Estava presa de tão forte comoção que quase não conseguiu limitar a ternura da carta para parecer convencional e para um primo. Voltou então para casa de trem, com o cérebro funcionando a mil, e em segundo plano cantando musiquinhas com Rose e respondendo as perguntas dela sobre o que passava pela janela. E não eram perguntas bobas, porque Rose era a criança mais inteligente que Hermione já conhecera (não por corujismo – a menina puxara a mãe nesse quesito).

Hermione evitava falar sobre Ron em sua própria casa, porque era vigiada de todos os cantos. Ela tentava deixar os feitiços de proteção para ocasiões mais necessárias como a da noite anterior, para não parecer tão suspeita. Tudo isso era difícil, principalmente nos primeiros dias. Rosie fazia um berreiro, porque era doida pelo pai. Então Hermione convencionara de conversar com ela sobre Ron sempre na hora de dormir. Contava histórias dos tempos de Hogwarts, a Pedra Filosofal, a Câmara Secreta, Sirius – e assim distraía a garotinha da ausência de Ronald.

Ela entrou em casa naquele dia cantarolando. Colocou Rosie no chão por um momento para fechar a porta, e então tudo aconteceu. Rose entrou pela casa gritando “Papai!Papai!” e antes que Hermione pudesse se dar conta do que estava acontecendo, foi jogada contra a parede do vestíbulo e três homens de varinha em punho entraram na casa aos berros de “Parado!Ninguém de mexe!”. Quase atropelaram a menina que vinha de volta pelo corredor, chorando, assustada pelos gritos. Hermione correu e agarrou-a rapidamente, encolhendo-se a um canto do corredor enquanto os homens vasculhavam toda a casa atrás de Ron.

Quando Hermione associou o que estava acontecendo, ficou deveras furiosa. Os homens já vinham voltando com ares frustrados e de quem sabia que complicações nasceriam dali. E elas começavam com aquela mulher de cabelos revoltos avançando para eles com um bebê assustado no colo.

— Eu quero ver o mandado – disse Hermione, simplesmente, com os olhos chamejando.

— Certas formalidades podem ser ignoradas quando estamos na caça de um assassino procurado, senhora – um deles tentou ser durão para ver se conseguia arrumar as coisas, no fundo lamentando a mancada.

— Coisa nenhuma! – gritou Hermione. Rose já estava chorando mesmo, e a essa altura os vizinhos já sabiam metade, que soubessem de tudo, então. – E não ouse chamar meu marido disso novamente, ou o senhor irá ver só do que sou capaz!

— Cuidado que posso mandar prendê-la por obstrução da lei, senhora, e desacato à autoridade – ele ameaçou, sentindo a espinha gelar.

— Eu é que posso mandar prendê-los. Vocês invadem a minha casa, me machucam, assustam a minha filha a ponto de poder traumatizá-la, insultam meu marido, que também é uma autoridade...

— A licença dele foi cassada! – outro, mais impaciente, caçoou, azedo.

— Quando provarem a inocência dele você vai ter que engolir isso. Só pelos danos morais eu já os deixaria falidos. E tem a minha porta estourada. Ainda que a justiça bruxa não fique do meu lado, eu posso apelar para a justiça trouxa. Pensa que não sei que estão vigiando a casa dos meus pais? Fere todos os pactos trouxa-bruxo e ainda arrisca o sigilo. Bando de hipócritas; ainda dizem que fazem isso para vingar um trouxa! – Hermione respirou fundo, abraçando a filha (que estava ficando mais nervosa, tadinha) e contendo a voz. – Vão embora. Agora . Resolverei isso amanhã.

Um deles (o terceiro) ainda ia tentar pedir desculpas, mas viu que não adiantaria nada. Então eles saíram. Hermione não estava brava especificamente com os três, nem se importou em saber quem eram. O que a irritava era a justiça bruxa. Mas aquela invasão até lhe fora proveitosa, porque era uma arma que ela tinha agora contra o Ministério. Hermione deu um sorriso de prazer cruel. Ia armar um barraco sem tamanho no dia seguinte. Departamento 2 que a aguardasse.

— Mamãe, cadê papai? – perguntou Rose, timidamente.

— Ele não está aqui, Rose – respondeu Hermione, séria. Isso era o óbvio e a menina já havia percebido, mas Hermione não tinha outra coisa pra responder.

— Ontem tava – resmungou a pequena, chorosa.

— É, mas hoje ele não pode, nem amanhã, porque esses homens malvados querem pegar ele, e ele tem que se esconder – era a primeira vez que Hermione contava para a menina algo claro sobre o que estava acontecendo, e permaneceu séria.

— Eles vieram porque eu gritei? – a menina questionou.

— Sim.

— Vou ficar quietinha, então – a garotinha apoiou a cabeça no ombro de Hermione e permaneceu falando pouco e cautelosamente, enquanto a mãe lhe dava janta e banho e colocava-a para dormir. Hermione tentou acalmar a filha, brincou com ela, conversou baixinho sobre Ron, como de hábito, mas não se esforçou tanto como poderia na tarefa porque estava com muitas coisas na cabeça. Ela mesma demorou bastante a dormir.


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